quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dívida externa de banco médio soma US$ 10,4 bi


Autor(es): Por Carolina Oms
Valor Econômico - 05/10/2011
 
Os bancos de pequeno e médio porte têm US$ 10,4 bilhões em dívidas no exterior e 27% desse total, ou US$ 2,8 bilhões, vencem em 2013, segundo a agência de classificação de risco Moody"s. Só que com o aumento da aversão ao risco nos mercados local e internacional, as instituições podem encontrar um ambiente menos propício para se financiar neste e nos próximos dois anos. "Essas instituições vão ter uma dificuldade maior para enfrentar a incerteza lá fora, pois o caixa delas é mais restrito", explica a analista sênior para bancos brasileiros da agência, Ceres Lisboa.
No conjunto, as instituições locais possuem apenas 7% de sua dívida no exterior. Esse percentual, porém, aumenta para 18% no caso daquelas de médio porte, chegando a U$ 10,4 bilhões.
Para Ceres, as instituições focadas no crédito consignado, cuja geração de caixa é dificultada pelo prazo longo da carteira, devem sofrer no ambiente de menor liquidez e isso que deve se refletir na captação local.
A Moody"s identificou algumas tendências entre essas instituições para contornar o "funding" mais escasso. Podem ocorrer parcerias, em busca de complementaridade de negócios, e as fusões, como nos casos do BMG e Schahin e do JBS e Matone. Outra alternativa é a encontrada pelo Indusval, que recebeu aporte de R$ 200 milhões de um fundo de "private equity".
A Moody"s já colocou o rating de três bancos de médio porte em revisão, com perspectiva negativa. Cruzeiro do Sul, Bonsucesso e BMG podem ser rebaixados não só em consequência da crise internacional, mas também pelo impacto das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central e à dificuldade de cessão de carteiras desde o rombo no PanAmericano. "Todos esses fatores combinados questionam a sustentabilidade do atual modelo de banco médio no Brasil", avalia Ceres.
Nesse cenário, os bancos médios com foco em operações de crédito ao consumo sofrem mais do que aqueles que têm o negócio voltado ao financiamento de empresas de médio porte.
Já os bancos grandes, além de contarem com uma parcela pequena de suas dívidas fora do país, são apontados como "recebedores naturais de dinheiro", diz a analista. Visto como um todo, a Moody"s enxerga um sistema financeiro brasileiro sólido e apto a enfrentar os obstáculos colocados por um provável agravamento da crise
Apesar do cenário preocupante para os médios, o analista da Moody"s Alexandre Albuquerque não acha que a crise provocará uma concentração ainda maior do sistema financeiro brasileiro: "Já há uma concentração elevada, os grandes bancos já detêm uma parcela muito grande do mercado."

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