quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quadrinhos, 13/jan/11







27.11.2010 Martin Rowson cartoon







Steve Bell's If... 03.11.2010



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Indústria

Cerveja ainda depende de lata importada

Autor(es): Lílian Cunha | De São Paulo
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/cerveja-ainda-depende-de-lata-importada
 

Terminou em 31 de dezembro o prazo para importar latas para embalar bebidas, pagando-se alíquota de 2%. Desde então, o imposto de importação voltou a 16%, patamar cobrado até maio de 2010, quando a Câmara de Comércio Exterior (Camex) determinou a redução. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) vai pedir hoje à Camex, em uma reunião em Brasília, que estenda o benefício por mais três meses.
Os fabricantes de bebidas, principalmente a de cerveja, ainda sente um déficit no fornecimento de latinhas - estimado pela Abralatas em 800 milhões de unidades de janeiro a março. "Depois desses três meses, a indústria de latas nacional já deverá estar produzindo com a capacidade aumentada", afirma o diretor executivo da Abralatas, Renault de Freitas Castro. "Mas por enquanto, ainda não há latas suficientes para suprir a demanda, principalmente da indústria de cerveja", acrescenta ele.
A falta de latas é concentrada em cervejas por dois motivos: as cervejarias usam proporcionalmente mais latas que a indústria de refrigerantes e o crescimento de vendas da bebida vem sendo superior ao de outras, como sucos e bebidas carbonatadas (refrigerantes). No Brasil, as latas representam 30% das vendas de cerveja em volume. Essa fatia é de 10% para os refrigerantes. Em sucos, é ainda menor: mais de 95% do volume é vendido em embalagens acartonadas.
Conforme fontes do setor, as vendas de cerveja em 2010 tiveram um crescimento de 12% em volume em relação a 2009. Sucos e refrigerantes também venderam mais que em 2009, mas a alta não chega a 10%, conforme fontes ligadas aos fabricantes.
De maio a dezembro de 2010, segundo a Abralatas, foram importadas 1,1 bilhão de unidades. Pelo acordado com a Camex, a importação com imposto de 2% poderia ter chegado a 1,9 bilhão até dezembro. Essa diferença, de 800 milhões de latas, é que a Abralatas está pleiteando para ser feita até março. "Estamos otimistas em relação à prorrogação", diz Castro.
Mas nem todos concordam. "Tudo isso é um "lobby" para beneficiar grandes empresas", diz Fernando Bairros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), que representa produtores regionais. "Com o dólar em baixa, as empresas preferem trazer latas importadas, sai mais barato. E se for pagando menos impostos, melhor ainda para elas", diz ele. As cervejarias não comentaram o assunto.

Finanças

Bancos do Brasil lideram crescimento dos ativos

Bancos brasileiros lideram em crescimento de ativos no mundo
Autor(es): Assis Moreira | De Basileia
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/bancos-do-brasil-lideram-crescimento-dos-ativos
 

Os ativos dos grandes bancos brasileiros estão entre os que mais cresceram no ano passado, em dólar, na comparação com os principais sistemas bancários do mundo e só foram superados pelos japoneses, revela o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que reúne as maiores instituições financeiras globais. Desde o fim de 2009, os ativos (dinheiro, títulos, empréstimos para empresas, famílias, setor público e imobilizações) dos principais bancos brasileiros cresceram 17,7%, muito próximo aos 18,27% dos japoneses e bem acima dos 12,3% dos chineses. Na Europa, houve forte contração.

Os ativos dos grandes bancos brasileiros estão entre os que mais cresceram no ano passado, em dólar, na comparação com os principais sistemas bancários do mundo, só superados pelos japoneses, revela um relatório do Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade das maiores instituições financeiras globais.
Desde o fim de 2009, os ativos (dinheiro, títulos, os empréstimos para empresas, famílias e entidades do setor público, e imobilizações) dos principais bancos brasileiros cresceram 17,70%, próximo, dos 18,27% dos japoneses e superando largamente os 12,3% dos chineses, enquanto a contração foi forte em boa parte dos bancos europeus.
Quando se leva em conta a variação cambial desses países, fica mais evidente a liderança dos bancos brasileiros em termos de crescimento de ativos em 2010. Levantamento do Valor Data indica que a valorização do real frente ao dólar foi de 5% no ano passado. Já o iene avançou 14,7% e o yuan, 3,3%. Ou seja, se fosse descontado o efeito do câmbio de cada país, o Brasil provavelmente assumiria a liderança do ranking.
Numa comparação dos países que compõem os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), feita para um período mais longo, o IIF mostra que, entre 2005 e 2010, a elevação dos ativos foi acima de 300% no caso dos cinco maiores bancos brasileiros, superando largamente a expansão registrada nos balanços das instituições dos demais países, que mais que dobraram os ativos no mesmo período.
Sempre pelo cálculo em dólar, em volume, os cinco principais bancos do Brasil saltaram de US$ 420 bilhões para US$ 1,73 trilhão de ativos entre 2005 e 2010.
A China, que mantém a moeda desvalorizada, registrou alta significativa dos ativos de seus bancos na comparação internacional na moeda americana. Em volume, as cinco maiores instituições chineses aumentaram os ativos de US$ 2,72 trilhões para US$ 6,94 trilhões entre 2005 e 2010.
Os ativos dos grandes bancos do Oriente Médio e da África dobraram entre 2005 e 2007, mas o ritmo de expansão diminuiu desde então. Nos últimos tempos, os bancos americanos procuraram preservar os balanços que tinham antes da crise. Já na Europa, a contração nos sistemas bancários foi forte, com exceção da Alemanha e Suécia.
Para analistas, a forte valorização do real explica em boa parte o desempenho dos brasileiros. Reflete também o crescimento vigoroso da economia do país nos últimos anos, enquanto boa parte do mundo estava em recessão. Bernhard Speyer, do Deutsche Bank, destaca o forte avanço do crédito no país, e o apetite dos investidores que mantém o persistente fluxo de capital para o mercado brasileiro.
"O fato de a relação créditos/depósitos dos bancos brasileiros ser inferior a 100% faz com que possam expandir crédito sem restrições de financiamento", concorda Carlos Joaquim Peixoto, analista do banco BPI, de Lisboa, que acompanha também a situação das instituições brasileiras. "Na Europa, ocorre o inverso".
Na Europa, muitos bancos continuam tendo problemas sérios de funding e tiveram de cortar ativos. Na Irlanda, a contração foi de 15,9% desde fim de 2009. Mas parte disso é resultado de estatística, com a criação pelo governo do "banco podre", que pegou créditos que não valiam nada dos balanços das principais instituições do país para tentar evitar a falência.
Em sua avaliação atual sobre os bancos, o IIF mostra que o ritmo de empréstimos dos bancos americanos para o setor privado aumentou ligeiramente em novembro, enquanto na Grã-Bretanha está virtualmente estagnado. Na zona euro, registrou modesto crescimento.
Bancos de vários paises desenvolvidos aproveitaram a melhor rentabilidade no primeiro semestre de 2010 para reforçar o nível de capital, ajudados por menos provisões para perdas de créditos. A Irlanda é a exceção.
Embora boa parte dos bancos americanos e europeus não tenha retornado aos níveis de lucratividade de antes da crise, as grandes instituições espanholas se beneficiaram da "regulação prudente" e exposição à América Latina. As operações do Santanderno Brasil já são mais importantes que as da Espanha.
As necessidades de refinanciamento por parte dos bancos nos EUA e na Europa são mais altas do que habitualmente. A preocupação é maior em relação aos europeus. Eles têm necessidade de refinanciar €1,1 trilhão em 2011 e 2012. Aqueles com mais operações internacionais já conseguiram levantar mais de €7 bilhões no mercado na primeira semana deste ano. Mas o funding é bastante difícil para instituições da periferia da Europa, incluindo os portugueses.

Japão vai socorrer europeus

Correio Braziliense - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/japao-vai-socorrer-europeus
 

A exemplo do que fez Pequim, Tóquio promete comprar títulos da dívida de países da Zona do Euro para ajudá-los a saírem do atoleiro
 
Para ajudar a Europa a contornar a sua crise da dívida, o Japão prometeu comprar bônus da Zona do Euro neste mês. O ministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda, disse a jornalistas após uma reunião de governo que Tóquio está considerando comprar cerca de 20% dos bônus de países da região, que forem emitidos em janeiro, com o objetivo de levantar fundos e ajudar a Irlanda.

O Japão usaria as reservas em euro para pagar pela dívida.
“Eu acho apropriado para o Japão comprar uma certa quantia de bônus e impulsionar a confiança no Instrumento Europeu de Estabilidade e fazer uma contribuição como um país”, disse Noda. Na semana passada, a China já havia prometido que compraria títulos espanhóis. Para as duas potência asiáticas, é importante que seja mantida a estabilidade da Zona do Euro, importante polo das exportações chinesas e japonesas.

Os ministros das Finanças da Zona do Euro vão considerar na próxima semana a opção de elevar a capacidade efetiva de empréstimos do fundo de resgate da região para seu valor nominal total de 440 bilhões de euros, dos cerca de 250 bilhões de euros no momento, como parte dos esforços para acalmar os mercados de dívida soberana.

Dificuldades


As preocupações estão voltadas para Portugal e Espanha, que apresentam dificuldade em pagar suas dívidas. Ontem, o governo português trouxe relativo alívio ao mercado, ao anunciar que o país conseguiu reduzir o deficit orçamentário do ano passado para abaixo da meta de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB). “É um resultado excelente para Portugal”, disse o primeiro-ministro José Sócrates a jornalistas. Em 2009, o deficit foi de 9,3% do PIB.

Sócrates negou, novamente, que Portugal estaria sob pressão para pedir ajuda financeira. Ele disse que Portugal continuará financiando-se nos mercados e mostrou confiança sobre a emissão de bônus que o país fará hoje, de até 1,25 bilhões de euros. A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou que Portugal adotou “medidas muito importantes” em meio aos problemas de dívida.

O banco central português, no entanto, previu que a economia do país deve encolher 1,3% neste ano, após ter crescido 1,3% em 2010. Em relatório divulgado ontem, a instituição avaliou ainda que os bancos portugueses continuarão dependendo da ajuda do Banco Central Europeu para continuar mantendo a sua liquidez.

Movimentos

Curtas

Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/curtas
 

Cesta básica

O custo da cesta básica de alimentos apresentou forte alta em 2010, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 14 das 17 capitais pesquisadas, os aumentos ultrapassaram 10% no ano passado. A maior elevação foi verificada em Goiânia, onde a cesta básica ficou 22,9% mais cara. Em São Paulo, o aumento foi de 16,20%; no Rio de Janeiro e em Brasília, houve elevação de 13,74% e 5,15%, respectivamente. Aracaju foi a cidade em que os reajustes foram menores - de 3,96% em 2010.

Cesta básica subiu mais de 10% em 2010

Autor(es): A gência o globo :
O Globo - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/cesta-basica-subiu-mais-de-10-em-2010
 

SÃO PAULO. O preço da cesta básica subiu mais de 10% em 2010 em 14 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. Levantamento divulgado ontem indica que as maiores altas foram em Goiânia (22,9%), Recife (19,96%) e Natal (18,14%). No Rio de Janeiro, a variação foi de 13,74%. Já em Aracaju os preços variaram menos: 3,96%.

O feijão ajudou a puxar a alta: em dez capitais, o aumento anual passou de 50%. Em Goiânia, o preço quase dobrou (99,04%), assim como em Recife (97,84%). No Rio de Janeiro, a alta foi de 25,10%. O menor aumento foi em Brasília (22,82%).

A carne bovina também encareceu: em 14 cidades, a alta passou de 20%. Goiânia (44,65%), Rio de Janeiro (39%), Fortaleza (36,94%) e São Paulo (35,32%) registraram as maiores altas. A menor foi em Aracaju (6,73%).

A estiagem foi responsável pela elevação do preço do leite em Florianópolis (25,11%), Goiânia (25,10%) e Salvador (22,83%). E a quebra da safra de grandes produtores fez o preço subir mais de 20% em nove capitais. As duas maiores quedas de alimentos da cesta básica no Rio de Janeiro foram a da batata (38,97%) e a do tomate (21,95%).

Desvalorizada, batata vira ração de gado ou vai para o lixo em MG

Autor(es): Marcelo Portela
O Estado de S. Paulo - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/desvalorizada-batata-vira-racao-de-gado-ou-vai-para-o-lixo-em-mg
 

Produtor diz que custo de produção de uma saca é de R$ 32 a R$ 35, mas produto é vendido por[br]R$ 15 a R$ 18 a saca

A batata está se tornando ração para gado e até lixo no sul de Minas Gerais. A região concentra mais da metade da produção do vegetal no Estado que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi responsável pela maior colheita de batatas do País em 2010, com 1,1 milhão de toneladas.
No entanto, é justamente o excesso de produção que tem levado agricultores a optarem por jogar a safra fora em função da queda nos preços.
Segundo o secretário-executivo da Associação dos Bataticultores do sul de Minas Gerais (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, a região produz, em média, 320 mil toneladas de batata. Este ano, porém, a estimativa é de que a colheita atinja 360 mil a 380 mil toneladas.
O motivo, segundo Ribeiro, foi o alto preço alcançado pelo produto de meados de 2009 até agosto do ano passado. "O preço de venda chegou a três vezes o custo de produção. O retorno alto atraiu muitos produtores, que antes não eram dessa atividade. Houve crescimento de 13,5% na área plantada", afirmou.
O sul de Minas é responsável por 56% da chamada primeira safra de batatas em Minas, seguida pela região do Alto Paranaíba, com 35,6% da produção. "Além do crescimento da área, foram feitos vários investimentos que aumentaram a produtividade", acrescentou o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez.
Desvalorização. Ele concorda com avaliação da Abasmig de que essa produtividade maior, aliada à falta de planejamento de parte dos produtores, foi responsável por um aumento da safra bem superior à demanda, com a consequente desvalorização.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de ter figurado entre os itens responsáveis pela alta do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010, a batata passou de alta de 7,30% em novembro para queda de 11,96% em dezembro.
Outro detalhe que agrava o problema é a opção pela batata da variedade Ágata, registrada no Brasil em 1999. Apesar da alta produtividade, ela é uma espécie que tem prazo curto, de 15 dias, para ser colhida após o ciclo. Hoje, de acordo com a Abasmig, a Ágata responde por 30% do plantio em Minas.
"O custo de produção de uma saca é de R$ 32 a R$ 35. Mas o produto é vendido em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro ou São Paulo por R$ 15 a R$ 18. Não paga nem o transporte. E isso para os que conseguem vender", salientou José Daniel Ribeiro. "Tem gente que prefere alimentar o gado (com a colheita de batatas), mas isso também tem limite. O resto está indo para o lixo."
O pior é que, pela previsão dos bataticultores, a crise deve durar mais alguns meses. Para João Ricardo Albanez, isso significa um "impacto muito grande" na economia agrária.

Agronegócios

'Dança das cadeiras' ameaça política agrícola

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/danca-das-cadeiras-ameaca-politica-agricola
 

As esperadas mudanças no segundo escalão e nas empresas estatais ameaçam deixar o setor rural sem alguns de seus principais formuladores na política agrícola. No momento em que produtores e industriais reclamam mais mediação do Estado, além de uma ampla reforma das regras de financiamento e comercialização, estão no jogo político cargos-chave nos ministérios da Agricultura, Fazenda, Desenvolvimento Agrário, na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Banco do Brasil.
A pressão dos alimentos sobre os índices de inflação nos próximos meses, a administração de uma nova safra recorde e as gestões do setor privado por recursos e subsídios exigirão planejamento e sintonia fina na execução das políticas públicas para o setor em 2011. E a "dança das cadeiras" na Esplanada dos Ministérios, alertam dirigentes do setor de forma reservada, pode comprometer um ano de bons resultados.
"Não é hora para mudanças bruscas", diz um líder ruralista. "Ganhamos dinheiro em 2010, fomos bem. Mas essa área é sensível. Não queremos ver esses cargos como moeda de troca de partidos", afirma um dirigente.
No Ministério do Desenvolvimento Agrário, o secretário de Agricultura Familiar, Adoniram Sanches Peraci, deixou o posto para assumir cargo no escritório regional da FAO, braço das Nações Unidas na área, em Santiago do Chile. Em seu lugar, deve assumir o coordenador internacional do ministério, Laudemir Müller. Peraci foi responsável pela abertura do MDA às grandes cooperativas agropecuárias, que têm milhares de médios produtores associados.
Antes, apenas cooperativas de pequenos produtores tinham acesso a subsídios e programas com juros baixos operados pelo MDA. A difícil troca de ministros já tinha causado questionamentos de movimentos sociais da agricultura familiar e da reforma agrária.
Um dos principais formuladores do governo na área, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, também deve deixar o posto ocupado desde 2006. Há fortes pressões do PMDB para instalar um afilhado em seu lugar. Está cotado o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, que se tornou próximo do ministro Wagner Rossi e do presidente da empresa, Alexandre Magno Aguiar. Mas a bancada na Câmara se movimenta para indicar nomes.
Na Conab, o diretor de Política Agrícola, Silvio Porto, luta para virar presidente. Apoiado por ministros do PT, movimentos sociais e parte do setor privado, Porto responde pela "costura" das políticas na agricultura familiar. Mas a briga partidária pode comprometer essa formulação setorial, sobretudo no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que deve ter orçamento de R$ 2 bilhões.
O secretário-executivo da Agricultura, Gerardo Fontelles, um dos mais respeitados especialistas do governo, também deve ceder o cargo a um nome mais próximo de Rossi. O principal cotado é o atual chefe de gabinete do ministro, Milton Elias Ortolan. Mas a bancada na Câmara quer emplacar o deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG).
No Banco do Brasil, uma disputa de bastidores pela vice-presidência de Agronegócios também pode "esterilizar" outro preparado formulador da política agrícola. O atual ocupante, o ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto, enfrenta a candidatura do secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gilson Bittencourt, cujo preparo técnico o credencia para reivindicar o posto. Ele tem apoio de ministros do PT, mas a bancada ruralista é contrária ao seu nome.

Exportação de carne suína tem queda de 11% em 2010

Autor(es): Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/exportacao-de-carne-suina-tem-queda-de-11-em-2010
 

O setor exportador de carne suína fechou 2010 com exportações de 540,4 mil toneladas, um recuo de 11,04% sobre o ano anterior e também abaixo da estimativa feita em dezembro passado. Naquela ocasião, a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) havia previsto vendas externas de 560 mil toneladas do produto.
Segundo a Abipecs, a oferta ajustada à demanda externa, a forte expansão do consumo interno, a valorização do real, a alta dos preços nos mercados interno e externo e a maior concorrência internacional influenciaram as exportações de carne suína em 2010. Enquanto os volumes caíram, a receita com as exportações cresceu 9,32%, saindo de US$ 1,23 bilhão, em 2009, para US$ 1,34 bilhão no ano passado.
Os números mostram uma recuperação de 22,9% nos preços médios na exportação, mas, conforme a Abipecs, os valores ainda estão aquém dos preços obtidos no período de janeiro a outubro de 2008, antes do início da crise financeira mundial.
Segundo a Abipecs, a Rússia foi o principal mercado para a carne suína brasileira em 2010, com a importação de 233,9 mil toneladas ou 43,30% do total. O segundo maior importador foi Hong Kong, com 99,7 mil toneladas ou 18,46% do total.
Outra razão para a queda nas exportações de carne suína no ano passado foi a perda de competitividade do Brasil, em mercados como a Rússia. Com a valorização do real ante o dólar, concorrentes como os EUA e países da União Europeia ficaram mais competitivos, argumenta a associação.
Para Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, este ano deve ser novamente de demanda forte no mercado interno para a carne suína. Para as exportações, a previsão é alcançar 600 mil toneladas. "Precisamos abrir mercados de preços mais altos", disse. Segundo ele, a expectativa é concluir processos de abertura de mercados em países como Coreia, Japão e também com União Europeia.
A Coreia, um desses mercados de bons preços, enfrenta atualmente uma epidemia de febre aftosa e precisa de carne suína importada. O país negocia a abertura de seu mercado à carne suína de Santa Catarina, mas o processo está paralisado pois a Coreia aguarda uma resposta do governo brasileiro em relação ao trânsito indevido de carne bovina gaúcha no Estado. Como Santa Catarina é reconhecida como livre de aftosa sem vacinação, o trânsito de produto de Estados com status diferente não é permitido.

Transformação do CTC em S.A. deve ser decidida hoje

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/transformacao-do-ctc-em-s-a-deve-ser-decidida-hoje
 
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que detém um dos maiores bancos genéticos de cana-de-açúcar do mundo, deve, finalmente, transformar-se em uma sociedade anônima (S.A.). Seus associados - usinas e fornecedores de cana - reúnem-se hoje em assembleia na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo, para votar a formalização da mudança societária.
Fundado em 1969 pela Copersucar, o CTC é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), cujo patrimônio líquido (PL) está na casa dos R$ 20 milhões. No entanto, estima-se que o valor de mercado do centro é mais de dez vezes superior ao seu PL. Uma referência de negócio no mesmo setor é a compra, pela Monsanto, em 2008, das duas empresas de melhoramento genético e biotecnologia para cana do grupo Votorantim- CanaVialis S.A. e Alellyx S.A., por US$ 290 milhões.
As discussões para a mudança societária iniciaram-se há mais de um ano. Nos últimos meses, foi definida a formação de um bloco de controle, liderado por Copersucar, Cosan, Bunge, Açúcar Guarani, São Martinhoe pelo grupo nordestino Coruripe. O bloco controlador terá participação acionária de 60% do novo CTC, mesmo percentual de cotas detidas na Oscip.
LDC-SEVe ETH Bioenergia, que estão participando das discussões em torno do estatuto da S.A., lideram o bloco dos minoritários e devem ser acomodadas com um assento cada no conselho.
Para a criação da S.A, é necessário aprovação de dois terços dos associados. Como o bloco de controle detém 60% das cotas, há poucas chances de a aprovação não ocorrer, segundo uma fonte ouvida pelo Valor. Apesar disso, é possível que haja alguma resistência na assembleia de hoje, principalmente por parte dos produtores de cana, que juntos detêm cerca de 10% do CTC via Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul (Orplana).
Procurados, o presidente da Orplana, Ismael Perina, e do conselho de administração do CTC, Roberto Rezende Barbosa, limitaram-se a dizer que só vão comentar o assunto na assembleia de hoje.
Além de aprovação da transformação em S.A., a assembleia deve eleger uma nova diretoria, provavelmente formada por membros do bloco de controle.
Christophe Akli, diretor de Operações da LDC SEV, explica que a companhia participou de todo o desenho da nova estrutura do CTC. A preocupação, diz ele, é garantir que as usinas mantenham forte controle sobre o patrimônio da S.A.. "Algumas discussões específicas sobre este ponto ainda estão ocorrendo. Esperamos amanhã alcançar consenso", afirma. Segundo ele, o conselho de administração que deve ser eleito amanhã terá dez assentos, dos quais seis indicados pelos majoritários e quatro, pelos minoritários.
A alteração societária trará mudanças na forma de arrecadação de recursos para pesquisa do CTC. Atualmente, os associados contribuem compulsoriamente com valor proporcional ao volume de cana processada - ou produzida, no caso dos fornecedores. Nesse sistema, os associados tinham direito a um pacote básico que incluía o uso de variedades e tecnologias do centro de pesquisa. Se a usina tivesse alguma demanda específica, pagava hora técnica para o Centro.
Como S.A., o CTC deve passar a cobrar uma taxa tecnológica, os chamados royalties. A proposta é de que, em um segundo momento, quando o centro precisar de um dinheiro novo, a S.A. poderá buscar capital, por meio de parcerias em projetos específicos de pesquisa, como as já existentes com a Basf e a Bayer. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, o CTC pode ainda, em três anos, abrir capital, como forma de se financiar.

Ferrovia levará 50% mais açúcar a Santos

Autor(es): Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/ferrovia-levara-50-mais-acucar-a-santos
 

O porto de Santos promete dar um salto rumo à diminuição do desequilíbrio da matriz de transporte do açúcar, que é uma carga líder em exportação e que chega ao porto fortemente apoiada no modal rodoviário. Das quase 89 milhões de toneladas movimentadas de janeiro a novembro de 2010 no porto, a commodity foi responsável por aproximadamente 20% do volume. A estimativa é que neste ano a ferrovia amplie sua participação em 50% na carga de açúcar, chegando a 7,5 milhões de toneladas. Em 2010, via trem foram 5,1 milhões de toneladas que desembarcaram em Santos e no ano anterior, 3,4 milhões de toneladas.
Esse desempenho reflete uma combinação entre o crescimento orgânico da operação de açúcar via trilhos e a transferência para a ferrovia de cargas da commodity antes transportada por caminhão. No porto como um todo, a movimentação de açúcar a granel crescerá "apenas" entre 20% e 25%.
De acordo com o diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Paulino Vicente, parte da migração do açúcar para o trem é resultado direto da conclusão do viaduto da Santa, assim batizado por ficar na altura de uma praça com a imagem de Nossa Senhora, na margem direita, em Santos. A obra recém-inaugurada eliminou o encontro rodoferroviário na região de Outeirinhos, onde estão localizados os terminais que movimentam o granel, dando uma opção logística mais viável e econômica para agilizar a chegada da carga às instalações. "A obra favorece de maneira decisiva o modal ferroviário porque cria condições de, sem atrapalhar o transporte rodoviário, incrementar sobremaneira a ferrovia com trens maiores. Já estamos caminhando para composições de 80 a 85 vagões. Hoje, o padrão médio é de 40", afirma o diretor.
O aumento da utilização da ferrovia mostra três aspectos que Vicente considera benéficos. Primeiro é a possibilidade de ofertar um açúcar com preço mais competitivo no mercado externo, visto que chegará mais barato ao porto. Segundo, a diminuição dos congestionamentos de carretas nas vias portuárias. Por último, e consequentemente, a melhoria ambiental em Santos com redução de emissões de gás carbônico.
A projeção dos terminais de açúcar é que só neste ano sejam retirados 297 mil caminhões de circulação com a transferência da carga para a ferrovia. No ano passado, já com o processo de crescimento do modal, 203 mil carretas deixaram de chegar ao porto; em 2009, 135 mil veículos que transportam açúcar foram "eliminados" da operação na região do porto santista.
O viaduto da Santa integra o conjunto de obras da avenida perimetral da margem direita, empreendimento orçado em R$ 130 milhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até agora o traçado consumiu quase R$ 50 milhões. Também está planejada uma avenida perimetral na margem esquerda (Guarujá), cujo processo licitatório para definir a empresa ou consórcio que fará a obra está em andamento. As duas vias estarão concluídas até o fim de 2014.
As perimetrais foram planejadas dentro da lógica de reduzir os entroncamentos entre ferrovia e rodovia, de forma a evitar situações esdrúxulas em que o caminhão fica parado até a composição do trem passar. O viaduto da Santa é o segundo desse projeto. Com ele, só se dirigem às regiões do Paquetá e de Outeirinhos os caminhões com destino aos terminais de açúcar naquelas redondezas.
Hoje, as instalações da margem direita são responsáveis por quase 90% do açúcar escoado pelo porto e contam com uma capacidade estática de aproximadamente 800 mil toneladas - a maior oferta portuária dedicada à exportação de açúcar do mundo. Com os dois novos viadutos, Vicente vê espaço para a expansão da oferta de armazenagem. "Para 2011, pelo menos dois armazéns já apresentaram projetos de aumento de capacidade expressivos que, juntos, somam 180 mil toneladas adicionais".
A Rumo Logística, do grupo sucroalcooleiro Cosan(com terminais no porto de Santos), tem investimentos que totalizam R$ 1,2 bilhão na malha ferroviária da América Latina Logística (ALL) para fortalecer o modal no transporte de açúcar no Brasil. Do montante, R$ 535 milhões serão para duplicar, ampliar e melhorar a via permanente e pátios do corredor ferroviário Bauru-Santos; R$ 435 milhões para aquisição de 50 locomotivas e 729 vagões e R$ 206 milhões para construção e ampliação de terminais no interior do Estado e no porto de Santos.
Os próximos passos da perimetral de Santos são a construção do trecho na entrada do porto, em Alemoa e Saboó, e do Mergulhão, que será uma passagem subterrânea para carretas, no Valongo. Ontem tiveram início as prospecções arqueológicas onde ele será construído. O intuito é identificar possíveis vestígios arqueológicos, históricos e culturais da área.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quadrinhos, 12/jan/11









Steve Bell 12.01.11











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Indústria

Importações saltam 62% na Zona Franca

Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/importacoes-saltam-62-na-zona-franca
 

Principal polo de eletroeletrônicos do País, a Zona Franca de Manaus importou o equivalente a US$ 10,2 bilhões, de janeiro a novembro de 2010, um salto de 62,17% (sem contar os efeitos da valorização do real) em relação aos US$ 6,4 bilhões do mesmo período do ano anterior. Em 2008, as importações somaram US$ 9,4 bilhões em onze meses. "A indústria de componentes eletroeletrônicos é a que mais tem sofrido", diz o presidente do Sindicato de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Amazonas, Wilson Perico.
O real valorizado encarece as exportações ao mesmo tempo em que torna as importações mais baratas. Com os custos da produção pressionados para cima pela carga tributária, logística, energia e mão de obra, entre outros fatores, as empresas aceleraram a importação de componentes na tentativa de manter a parcela de mercado.
"Nos últimos três anos, cerca de dez empresas deixaram o polo, mas continuaram abastecendo o mercado com produtos importados de outras filiais, principalmente da Ásia", conta o presidente do Sinaees. Entre outros, ele cita a fabricante de condutores elétricos Gatesby, a Panasonic Componentes e a Molex.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que apenas dez empresas instaladas em Manaus responderam por 55% das importações, a maioria de eletroeletrônicos. A liderança é da Samsung (US$ 1,357 bilhão), seguida pela LG ( US$ 908,9 milhões). A China continua sendo o principal fornecedor de produtos, seguida de Coreia do Sul e Japão.
Os próprios fabricantes de bens de consumo diminuem a produção e passam a importar toda a linha, ou parte dela, para não perder mercado. "Alguns produtos que já foram carro chefe de muitas empresas hoje praticamente desapareceram, como os aparelhos de DVD e de áudio, que passaram a ser importados", cita Perico. "O risco de isso vir a acontecer com outros produtos é grande."

Agronegócios

Cana e laranja puxam alta de 14% do valor da produção de SP

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/cana-e-laranja-puxam-alta-de-14-do-valor-da-producao-de-sp
 
Com aumentos de produção e preços, cana-de-açúcar, laranja destinada às indústrias de suco e café beneficiado lideraram o forte incremento do valor bruto da produção agropecuária e florestal (VBP, da "porteira para dentro") de São Paulo no ano passado.
Conforme estimativas preliminares do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado, o VBP paulista, o maior do país, como atestam estatísticas do Ministério da Agricultura, totalizou R$ 49,5 bilhões em 2010, 14,1% mais que em 2009 (R$ 43,4 bilhões).
Para a cana, carro-chefe do agronegócio estadual, o valor da produção foi estimado em R$ 20,7 bilhões, 13,6% superior ao do ano anterior. Segundo o IEA, o resultado foi determinado por aumentos tanto do volume produzido quanto do preço médio no mercado - 1,2% e 12,3%, respectivamente.
"Apesar da queda dos investimentos em 2009, por causa dos reflexos da crise financeira internacional, em 2010 o mercado doméstico cresceu para açúcar e etanol e colaborou para o desempenho observado. No caso do açúcar, a quebra da oferta internacional também ajudou a elevar a demanda e os preços das exportações", lembra João Sampaio, secretário da Agricultura de São Paulo.
No caso da carne bovina, segundo produto agropecuário no ranking do VBP paulista, o valor estimado pelo IEA para 2010 foi de R$ 4,9 bilhões, 4,2% superior ao de 2009. O volume produzido subiu 2,3%, enquanto o preço médio no ano foi 1,5% maior. "É uma cadeia que continuará sendo importante, mas há desafios tributários [ligados à cobrança de ICMS] à vista, já que o Estado perdeu força como criador e ganhou como abatedor", afirma Sampaio.
O acelerado avanço da produção de madeira de eucalipto no Estado - em 2010 o salto foi de 19,6% - rendeu a este segmento um incremento de 28,5% do VBP em relação a 2009, para quase R$ 4 bilhões. Trata-se de uma atividade bastante concentrada nas mãos de grandes empresas de papel e celulose, mas ainda assim uma alternativa relevante que ganhou força, inclusive no arrendamento de terras.
Mas talvez o maior destaque do levantamento preliminar do IEA tenha sido a laranja. Impulsionados pela valorização do suco no mercado internacional, o preço médio da fruta destinada às indústrias subiu 75,8% no ano passado. A produção aumentou 1,6%, e desta conjunção resultou uma expansão de 78,6% do VBP nesta frente, para R$ 3,4 bilhões.
Como os respingos desse cenário ampliou o valor da produção da laranja para mesa em 71,7%, para praticamente R$ 1 bilhão, depreende-se que o VBP total da fruta chegou a R$ 4,4 bilhões, devolvendo à citricultura um status perdido em 2009, por causa dos baixos preços.
"Foi um ano de boas notícias para a laranja", afirma Sampaio. O secretário costurou em 2010 a aproximação entre indústrias de suco e citricultores para a criação do Consecitrus, "ambiente" para as partes discutirem os rumos da área. Um protocolo de intenções nesse sentido foi assinado no fim do ano passado.
A carne de frango completa a lista dos cinco principais produtos agropecuários paulistas em valor da produção. De acordo com o IEA, foram R$ 2,3 bilhões no ano passado, mas aqui houve queda na comparação com 2009, de 1,5%, por conta de uma retração de 8,5% nos preços.
O secretário também realçou a relevância dos segmentos de ovos e café no Estado, ao mesmo tempo em que voltou a destacar o avanço das frutas. Em número de produtos, é possível dizer que o campo de São Paulo continua sendo um dos mais diversificados do país, mas a concentração do VBP ainda preocupa, sobretudo pelos eventuais efeitos em economias regionais de crises em uma das âncoras.
Sozinha, a cana representou 41,7% do valor total da produção agropecuária estadual em 2010, ante 41,9% em 2009. A fatia conjunta dos cinco principais produtos engordou de 69,6% para 71,3%.

Movimentos

População da zona rural diminui

Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/populacao-da-zona-rural-diminui
 
 
As pequenas cidades seguiram a tendência de urbanização do país, mas isso não se traduziu, necessariamente, em uma economia mais dinâmica para o município. Segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE), a taxa de urbanização da população aumentou de 81% para 84% na última década.
Em Nova Canaã Paulista, no interior de São Paulo, a população rural ainda é predominante, mas o município segue a tendência de maior urbanização. No ano 2000, os moradores da região urbana representavam 33,1% da população da cidade. Pelo último censo, a população urbana avançou para 41,6%.
Tendência semelhante segue a pequena Cássia dos Coqueiros, cuja população urbana cresceu de 58% do total dos moradores da cidade no ano 2000 para 68,1% no ano passado.
Em nenhum dos dois municípios, porém, a migração dos habitantes para a zona urbana foi resultado um processo de dinamização da economia na região mais central da cidade.
O agricultor Gustavo Paes, de 28 anos, por exemplo, deixou o sítio no qual morava na zona rural de Cássia dos Coqueiros e passou a morar na área urbana há cerca de três anos. Continuou, porém, com a atividade que sempre exerceu desde que começou a trabalhar: o cultivo de braquiária, semente de capim. Paes nasceu em Arthur Nogueira e mora em Cássia dos Coqueiros desde os dez anos de idade, quando chegou à cidade com os pais.
Ele conta que se mudou para a parte urbana quando se casou. Atualmente, reside numa casa alugada e diariamente vai ao campo para cuidar das plantações. O agricultor decidiu morar na região central da cidade para facilitar o trabalho de sua mulher, que é professora, embora ela não esteja exercendo a profissão no momento.
Tanto em Cássia dos Coqueiros como em Nova Canaã Paulista a taxa de urbanização da população aumentou porque o ritmo de redução dos moradores da zona rural foi maior do que o do crescimento dos habitantes na área urbana.
Em Cássia dos Coqueiros o número de habitantes da zona urbana aumentou 7,5% enquanto a população da área rural caiu 30,6%. Em Nova Canaã Paulista a quantidade de moradores da parte urbana teve uma expansão de 7,1% enquanto a do campo apresentou queda de 25,7%.
Altamente dependentes das transferências de recursos federais, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), as cidades muito pequenas acabam não registrando nenhum impacto em suas receitas com a queda de população.
O FPM é rateado entre os municípios de acordo com o número de habitantes. O coeficiente mínimo, porém, de 0,6% é aplicado a todos os municípios com até 10.188 habitantes. As prefeituras costumam acompanhar a contagem de moradores nos levantamentos do IBGE para não reduzir sua conta de participação no FPM. Cidades que estão bem abaixo do limite mínimo de 10.188 habitantes, porém, acabam não sofrendo impacto com a redução de população. Como sua arrecadação própria é baixa, a máquina administrativa não sente a queda de receitas tributárias com a evasão de moradores.
As prefeituras que percebem aumento de população na cidade, porém, passam a ter preocupação maior não só em receber maiores cotas dos repasses federais como também em atrair empreendimentos para elevar a arrecadação própria. Isso porque o aumento de população gera demandas e custos maiores em serviços públicos.

Reunião anual da SBPC será sobre o bioma Cerrado

O Estado de S. Paulo - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/reuniao-anual-da-sbpc-sera-sobre-o-bioma-cerrado
 
Bioma que registra hoje o mais acelerado ritmo de desmatamento no Brasil, o Cerrado será tema da 63.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O encontro deste ano será no câmpus da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, em julho.
Dados oficiais apontam que o Cerrado perdeu cerca de metade da vegetação nativa até agora. O tema dos debates durante a reunião será "Cerrado: água, alimento e energia". O evento terá conferências, simpósios e mesas redondas. No ano passado, o foco da reunião da SBPC foi "Ciências do Mar: herança para o futuro". O encontro ocorreu em Natal (RN). Com a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos, os olhos tanto do governo quanto das ONGs se voltaram para o Cerrado. Para conseguir cumprir sua meta de cortar as emissões de gases-estufa, o País precisará diminuir o desmate neste bioma em 40%.
Troca. O presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, foi nomeado para a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB). Por isso, ele afirmou ontem que se licenciará da função e que quem assumirá o posto é Helena Nader, atual vice-presidente da SBPC. Ela é bióloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Conquista em cativeiro
O zoológico de São Carlos, a 230 km de São Paulo, conseguiu realizar a reprodução em cativeiro do papagaio-charão (Amazona pretrei). Os dois filhotes nasceram em outubro e deixaram o ninho ontem.
ECONOMIA VERDE
Começam preparativos para a Rio+20
Começou ontem, no edifício-sede da ONU, em Nova York, a primeira reunião do processo preparatório da Rio+20, a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que marca os 20 anos da Rio 92 e está prevista para ser realizada em maio de 2012 no Rio. Na reunião preparatória estão sendo elaborados documentos e propostas a serem trabalhados na próxima conferência. "É um processo aberto à participação não só dos governos de todo o mundo, mas também dos demais segmentos sociais, como ONGs, trabalhadores, consumidores e empresas", diz Aron Belinky, um dos representantes da delegação brasileira no encontro, ao lado de Rubens Born, da ONG Vitae Civilis.

Finanças

Diminui distância entre salários de SP e outras regiões metropolitanas

Autor(es): Chico Santos | Do Rio
Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/diminui-distancia-entre-salarios-de-sp-e-outras-regioes-metropolitanas
 

Uma análise dos números do rendimento do trabalho nos últimos oito anos mostra que diminuiu a diferença entre os salários pagos em São Paulo e nas demais regiões metropolitanas. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) feita pelo IBGE, a região metropolitana de São Paulo foi onde houve a menor elevação dos rendimentos, quando se compara a média dos 11 primeiros meses de 2003 com a dos mesmos meses de 2010 em valores atualizados para novembro do ano passado.
O aumento da renda média real das pessoas ocupadas na capital paulista e arredores foi de apenas 12,65%, menos da metade do crescimento no Rio de Janeiro (26,74%) e Belo Horizonte (26,04%) e quase a metade da elevação na região metropolitana de Salvador (24,21%). Com isso, a diferença entre os salários pagos nos diferentes polos diminuiu.
Em 2003, na média até novembro, o salário pago aos trabalhadores na região metropolitana do Rio de Janeiro representava 84,6% do pago em São Paulo, uma diferença de 15%. No ano passado, na mesma comparação, a diferença caiu para menos de 5%. Esse movimento aconteceu em todas as regiões - em Recife, a menor queda, a diferença passou de 38% para 35%, enquanto em Porto Alegre ela diminuiu de 18% para 9%, sempre na comparação entre os salários médios de 2003 e 2010.
Além disso, o baixo crescimento dos rendimentos do trabalho em São Paulo e região, que foi persistente ao longo dos oito anos analisados, provocou um fenômeno inédito ao longo da pesquisa do IBGE, pelo menos na série atual, iniciada em março de 2002. Em novembro do ano passado, pela primeira vez, o rendimento das pessoas ocupadas na região metropolitana do Rio de Janeiro ( R$ 1.616,60) foi maior do que o da grande São Paulo (R$ 1.611,80). Quando considerada a média de janeiro a novembro de 2010, São Paulo segue na liderança.
Para Cimar Azevedo, gerente do IBGE responsável pela PME, o movimento está relacionado com os esforços distributivos da renda no país, como os seguidos aumentos reais do salário mínimo e os programas de distribuição de renda do tipo Bolsa Família. Embora o programa do governo federal não seja computado na renda do trabalho, Azevedo argumenta que ele dá ao trabalhador de baixo rendimento o poder de barganha para reivindicar melhores salários para continuar trabalhando.
Os números da pesquisa do IBGE mostram que no período pesquisado foi justamente a renda dos que têm seus ganhos próximos ao limite do salário mínimo ou do direito a receber os benefícios sociais do Estado que mais aumentou em quase todas as seis regiões metropolitanas pesquisadas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), inclusive na capital paulista. A renda dos prestadores de serviços domésticos cresceu 42,35% em Recife, 48,34% em Salvador e 47,69% em Belo Horizonte.
Os dados evidenciam também que o segmento que envolve funcionários públicos civis e militares e trabalhadores em saúde e educação, justamente o grupamento de maior renda no conjunto das regiões metropolitanas pesquisadas, teve papel importante na gradativa queda da diferença da renda do trabalho entre São Paulo e as demais regiões do país. Os ganhos reais desse grupo de atividade aumentaram apenas 12,22% em São Paulo, ante 38,69% em Salvador, 27,07% no Rio e 26,66% em Recife.
Segundo Azevedo, a aproximação gradativa entre a capital paulista e as demais regiões do país, estimulada pelo crescimento econômico que tem mostrado regiões como a do Rio de Janeiro, vem sendo impulsionada também pelo aumento da formalização do trabalho em regiões menos desenvolvidas do que a capital paulista. Essa formalização, segundo ele, está levando para outras capitais o crescimento de relações de trabalho há muito enraizadas em São Paulo, como a terceirização de serviços, um processo que, segundo ele, contribui para a formalização do trabalho (carteira assinada).
Embora os dados mensais isolados da PME não sejam adequados para medir os avanços ou recuos nas várias regiões, quando se comparam os números relativos aos rendimentos das pessoas ocupadas referentes a novembro de 2002 e a novembro de 2010, observa-se que o maior crescimento entre um mês e outro ocorreu justamente nas cidades mais pobres, Salvador (22,89%) e Recife (20,32%).
Em São Paulo, o rendimento cresceu apenas 3,35% quando se compara o primeiro com o último novembro da pesquisa. O economista Oswaldo Guerra, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), concorda com Azevedo, do IBGE, ao dizer que a política de reajustes reais do salário mínimo praticada no governo passado, seus reflexos sobre a renda dos aposentados, e os programas sociais de distribuição de renda têm peso decisivo na nova geografia da renda do trabalho.

Empresas fazem proteção parcial da dívida externa

Dívida em dólar de grandes empresas é de R$ 178 bi e tem proteção limitada
Autor(es): Fernando Torres, de São Paulo
Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/empresas-fazem-protecao-parcial-da-divida-externa
 

As 15 companhias abertas mais endividadas do país têm pouco mais da metade de suas dívidas indexadas ao dólar e outras moedas. Balanços da Petrobras, Vale, Telemar, Eletrobras, CSN, JBS, Gerdau, Braskem, Cemig, Fibria, CPFL, Usiminas, Marfrig, Sabesp e Suzano apontam endividamento externo de R$ 177,8 bilhões em setembro. Descontada a variação cambial, houve alta de 15% nessas dívidas em relação a dezembro de 2009.

Passados pouco mais de dois anos desde os anúncios das perdas bilionárias de empresas com derivativos, e com o cenário atual de dólar em baixa, o recém-empossado presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um alerta na semana passada para as companhias que estão se endividando no exterior sem atentar para os riscos. "É sempre bom lembrar que uma tendência de curto prazo pode mudar de forma repentina", disse ele.
Os dados dos balanços das 15 companhias abertas com maior dívida financeira do país - Petrobras, Vale, Telemar, Eletrobras, CSN, JBS, Gerdau, Braskem, Cemig, Fibria, CPFL, Usiminas, Marfrig, Sabesp e Suzano- , mostram empréstimos somados de R$ 347,8 bilhões ao fim de setembro. A parcela desse total indexada ao dólar ou outras moedas é de R$ 177,8 bilhões. Descontada a própria variação cambial, houve alta de 15% no endividamento externo na comparação com dezembro de 2009.
Embora cada caso precise ser avaliado de forma particular, ao se analisar as notas explicativas dos balanços dessas companhias, em especial os quadros de sensibilidade a variações de 25% e 50% do dólar, exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde 2008, percebe-se que em boa parte dos casos há proteção contra variação cambial apenas referente à receita de exportações, custo de importação ou ao vencimento de dívidas e encargos de curto prazo. O estoque mais longo da dívida não é protegido totalmente em mais da metade delas, ou pelo menos isso não é demonstrado. Entre aquelas que evidenciam uma proteção cambial praticamente completa estão Telemar, CSN e JBS.
A explicação dada nos comentários sobre as políticas de risco das companhias analisadas costuma citar casamento com ativos no exterior ou concentração grande de receitas com exportações, que são considerados como hedge (proteção) natural. Apesar da divulgação dos quadros de sensibilidade, as informações são de difícil avaliação, dada a falta de padronização (veja matéria abaixo).
Mas o fato é que o cenário cambial hoje se assemelha ao observado no terceiro trimestre de 2008, ainda antes da quebra do Lehman Brothers. Tudo vai bem e parece que a moeda americana só tem um caminho: ladeira abaixo.
Assim, ganha força o argumento de especialistas de que é muito caro fazer essa proteção, contra uma eventual variação de preço de curto prazo que não tem efeito imediato no caixa. "Você pode ter um guarda-chuva. Mas não fica o dia inteiro carregando ele. É um desgaste muito grande", exemplifica o consultor Milton Wagner, da Wagner Investimentos, para explicar porque as empresas não protegem todas suas operações o tempo todo. Segundo ele, a estabilidade alcançada pelo país nos últimos anos ajuda nesse sentido, o que tem feito reduzir o volume de proteção. "Hoje ficou mais viável fazer hedge exclusivamente quando o mercado vai contra. É possível também fazer um menor quando está a favor e um maior quando "chover"."
Por meio de um sistema de redes neurais que busca identificar as concentrações de posições dos grandes investidores em diversos ativos, Wagner tenta identificar, para as empresas clientes, quando elas devem se proteger e qual o nível de preço mais favorável para o travamento. Essas concentrações, que mudam com os dias, representam pontos de resistência grande, mas, quando rompidas, podem significar uma reversão de tendência das cotações.
A estratégia para lidar com os riscos ligados ao câmbio passou a ter divulgação obrigatória pelas companhias abertas com a criação do Formulário de Referência, pela instrução nº 480 da CVM. Somente a obrigação de tornar essa política pública obrigou as empresas a pensar sobre o caso, assim como a crise vivida entre o fim de 2008 e início de 2009.
O vice-presidente da Mahle, Axel Brod, conta que o impacto da turbulência financeira sobre as exportações da companhia mostrou que o velho modelo de gestão de risco usado pela empresa não era eficiente. "Era inimaginável que os mercados poderiam sofrer uma queda tão forte", afirmou, em entrevista concedida no ano passado. De acordo com Brod, uma falha que ficou evidente era o risco de fazer um hedge excessivo, que pode não ser compensado em caso de queda muito grande das exportações, por exemplo.
Brod explica que no atual sistema existem controles internos que monitoram em base diária a exposição, que é fixada pela política de hedge, sendo que ele acompanha a posição duas vezes por semana e recebe um relatório mensal sobre as transações.
A existência de transparência e controle sobre as políticas de gestão de risco são consideradas fundamentais pela CVM. "Muito do debate que houve lá fora (sobre a turbulência financeira) talvez não se aplique ao caso brasileiro. A crise no Brasil foi motivada mais por uma questão de governança e transparência do que financeira", disse Otavio Yazbek, diretor da CVM, em seminário realizado no ano passado, em São Paulo.
Os relatórios de acusação sobre os casos mais emblemáticos sobre derivativos, envolvendo Sadia e Aracruz, revelam que alguns sistemas de controle e supervisão até existiam no papel, mas nem tanto na prática.

Prejuízos em 2008 e 2009 geram dedução e reduzem arrecadação de IR

Autor(es): Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/prejuizos-em-2008-e-2009-geram-deducao-e-reduzem-arrecadacao-de-ir
 

 
Os prejuízos dos balanços em 2008 e 2009 ajudaram a gerar deduções que afetaram a arrecadação do Imposto de Renda (IR) das empresas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no ano passado. As deduções geradas ainda devem manter efeito semelhante na arrecadação deste ano.
Essa é a conclusão de um levantamento do escritório Machado Associadoscom base no balanço das 88 maiores companhias de capital aberto. Em 2008, quando os balanços já refletiram os efeitos da crise financeira, esse grupo de empresas gerou R$ 19,6 bilhões em ativos fiscais diferidos. No ano seguinte foram mais R$ 6,6 bilhões. Esses valores resultam da forma de cálculo do IR e da CSLL e funcionam, na prática, como deduções que podem abater os dois tributos em períodos seguintes.
Para o consultor do Machado Associados, Luís Rogério Farinelli, coordenador do levantamento, os ativos que propiciam "deduções futuras" foram gerados principalmente por prejuízos fiscais e também por ágio pago em aquisições. Os dois itens, acredita, já foram usados para dedução tributária pelas empresas a partir do ano passado, o que pode explicar o crescimento abaixo da expectativa da arrecadação do IR e da CSLL em 2010. Ao divulgar o resultado de arrecadação durante o último trimestre do ano passado, a Receita Federal anunciou que estava investigando a razão de a evolução da arrecadação do IR e da CSLL estar abaixo do crescimento da arrecadação total.
De janeiro a novembro de 2010 a arrecadação de IR das pessoas jurídicas e de CSLL somou R$ 122,3 bilhões, um aumento nominal de 1,69% em relação a igual período de 2009. Usando o mesmo critério de comparação, a arrecadação da receita total administrada pela Receita cresceu 14,62%. Parte do descompasso pode ser explicado pelos ativos fiscais gerados com os dois impostos em 2008 e 2009. Esses ativos são consequência da metodologia de cálculo dos tributos.
Existe uma diferença entre o lucro contábil (aquele divulgado pelas empresas em seus balanços) e o lucro tributável (calculado segundo os critérios da Receita somente para a apuração do IR e da CSLL). O quadro conjuntural, com a crise financeira fazendo maior diferença a partir dos últimos meses de 2008 e provocando prejuízos, ajuda a explicar a grande divergência entre o lucro contábil e o lucro usado como base tributária não só daquele ano como dos períodos seguintes.
Farinelli lembra que os resultados contábeis totais de 2008 e 2009 foram afetados por várias empresas que registraram prejuízos nos balanços. Uma empresa que tem prejuízo contábil num ano deixa de pagar o IR e a CSLL daquele período. De acordo com as normas tributárias, porém, a perda gera um ativo, o chamado prejuízo fiscal, que poderá ser deduzido de parte do lucro tributável a partir do exercício seguinte.
Outro fator que afetou os balanços de 2008, diz Farinelli, foram as despesas de ágio nas aquisições, que reduziram o resultado contábil, mas não foram consideradas despesas para redução do lucro tributável. O consultor Pedro César da Silva, da ASPR Auditoria e Consultoria, explica que as aquisições podem gerar despesa de ágio para o cálculo do IR e da CSLL, mas isso não acontece sempre no momento da aquisição. Acontece em casos como a incorporação formal da empresa ou com a venda do investimento. Ainda assim, essa dedução do lucro tributável não é feita de uma só vez, mas de forma amortizada. Os balanços ainda foram afetados, lembra Farinelli, por perdas que não são dedutíveis no lucro tributável ou são dedutíveis com restrições, como os prejuízos apurados no exterior e as perdas financeiras com a variação do dólar.
"Tudo isso ajudou a gerar uma carga tributária corrente alta de IR e CSLL em 2008 e 2009", diz Farinelli. Segundo o estudo, a alíquota efetiva corrente média com os dois tributos no universo das 88 empresas em 2008 foi de 30,9% (sobre o lucro contábil) e a de 2009, de 31,5%.
Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, acredita que a explicação acontece caso a caso, mas, segundo ele, os prejuízos fiscais provavelmente foram a razão mais generalizada para a geração de ativos que garantem deduções futuras. Para ele, é preciso relativizar o menor crescimento de arrecadação do IR e da CSLL em 2010. Ele lembra que o aumento de recolhimento do dois tributos em períodos anteriores foi maior do que o da arrecadação total.

Brasil no topo

Autor(es): Ana Paula Ragazzi | De São Paulo
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/brasil-no-topo
 
Os papéis do Brasil lideraram em 2010, pelo terceiro ano seguido, o volume negociado com American Depositary Receipts (ADRs), os recibos de ações de empresas estrangeiras listados na Bolsa de Nova York.
No ano passado, as transações com ADRs de 27 empresas brasileiras movimentaram US$ 744 bilhões, ou 24% do total de US$ 3,1 trilhões girados por companhias internacionais que negociam nos Estados Unidos, conforme dados compilados pelo Bank of New York Mellon. Em relação a 2009, o crescimento de transações com papéis brasileiros foi de 21%.
"O interesse do investidor internacional por papéis da América Latina, e em particular do Brasil, é imenso", afirma Scott R. Cutler, vice-presidente executivo da Nyse Euronext.
A bolsa americana espera que mais empresas acessem o mercado a partir deste ano e setores que tendem a se destacar são consumo, tecnologia, financeiro, indústria e setor imobiliário.
"O IFRS, novo padrão contábil adotado pelas empresas brasileiras, é aceito pela SEC, o que vai reduzir os custos para as companhias se listarem", afirma Alexandre Ibrahim, diretor administrativo da Nyse Euronext, destacando que a exigência de balanços em US Gaap, padrão americano, era um dos principais pontos a encarecer os custos de negociação de papéis na bolsa americana.
Para Curtis Smith, diretor regional do Bank of New York Mellon, deverá aumentar a adesão de companhias já abertas no Brasil ao mercado americano. "Não esperamos que as ofertas inicias saiam com a dupla listagem porque é muito complicado, neste momento, lidar com dois órgãos reguladores", diz.
Segundo os executivos da Nyse, a gigantesca oferta de ações da Petrobras ano passado ofuscou tanto os volumes quanto os planos de outras companhias para lançar papéis lá fora.
"Da parte da distribuição da petrolífera alocada nos Estados Unidos, mais de 60% foi para o investidor de varejo, o que mostra a força do papel por aqui e também o interesse em relação ao Brasil", dizem. A expectativa pela operação inibiu novos negócios.
As transações com os ADRs da mineradora Vale, representativos de ações ordinárias (com direito a voto) e preferenciais (sem voto), somaram US$ 243 bilhões e superaram os volumes, também de ONs e PNs, de Petrobras, que tradicionalmente tinham a liderança e giraram menos, US$ 225 bilhões. A oferta afetou a liquidez dos ADRs da petrolífera, assim como no Brasil.
Conforme cálculos do Valor Data, de janeiro a setembro do ano passado, portanto antes da concretização da oferta da petrolífera, os ADRs que representam ONs da Vale tinham média diária de negócios de US$ 750 milhões. Depois da oferta, de setembro a dezembro, esse valor baixou para US$ 643 milhões. No caso da Petrobras, ocorreu movimento inverso. Antes da distribuição, negociavam US$ 616 milhões ao dia, em média, e depois alcançaram US$ 720 milhões.
O volume somado de ambas responde por 63% de tudo o que se negocia, em Nova York, com papéis brasileiros.
As duas companhias estão entre as dez com mais transações nos Estados Unidos. Na lista de 2010 que mostra os ADRs mais negociados, o portal de buscas chinês Baidu vem em primeiro lugar, com US$ 249 bilhões, mas está listado na Nasdaq. A Vale vem em segundo lugar, com movimento de US$ 243 bilhões, mas entre os papéis da Nyse tem a liderança. A Petrobras, que girou US$ 225 bilhões, ficou em quarto lugar na lista geral. O Itaú Unibanco ficou em oitavo, com US$ 63 bilhões.
O recorde de negociações com ADRs brasileiros foi em 2008, quando somaram US$ 848 bilhões - ou 23% do total de US$ 3,6 trilhões girados. De 2006 até agora, apenas em 2007 o Brasil não esteve à frente das negociações, posto ocupado pelas empresas chinesas.


Crescimento global

Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/crescimento-global
 

A expansão da economia global deve ganhar força nos próximos meses, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O índice de atividade econômica calculado pela entidade, que tem por objetivo apontar tendências para a economia mundial, subiu de 102,6 pontos em outubro para 102,8 pontos no mês seguinte, a terceira alta consecutiva. O ritmo de expansão vem crescendo desde setembro. Quatro países, de acordo com a OCDE, se destacam por apresentar "claros sinais de aceleração na atividade econômica": China, EUA, França e Japão.

 

Produção francesa

A produção industrial da França subiu 2,3% em novembro, na comparação com outubro, segundo o Insee. O resultado superou as projeções dos economistas, que esperavam um crescimento de 1%. A alta foi conduzida principalmente pela recuperação da produção de coque e refino, que mais que dobrou em novembro em relação ao mês anterior. O crescimento acentuado da produção em novembro ocorreu após uma queda de 0,8% em outubro, quando a produção sofreu com greves contra a reforma da previdência.

Alta das importações na China derruba superávit

Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/alta-das-importacoes-na-china-derruba-superavit
 

 
A China registrou em dezembro seu menor superávit comercial em nove meses, num momento em que o crescimento das exportações desacelerou e o ritmo das importações aumentou.
Analistas dizem que a alta das importações pode não se sustentar, pois se deveu em boa parte à compra de commodities energéticas por causa do inverno excepcionalmente rigoroso.
O país anunciou que seu superávit comercial encolheu fortemente, de US$ 22,9 bilhões em novembro para US$ 13,08 bilhões em dezembro, conforme dados da Alfândega. A notícia que pode ajudar a aliviar as tensões comerciais do país com os EUA antes do encontro que o presidente chinês, Hu Jintao, terá com seu colega americano, Barack Obama, neste mês.
As exportações da China em dezembro cresceram 17,9% em relação a um ano antes, porcentual menor do que os 34,9% de novembro e da mediana das previsões dos economistas, que apontava alta de 24,8%. As importações aumentaram 25,6%, ante uma expansão de 37,7% em novembro, acima da mediana das previsões na pesquisa da Dow Jones de um crescimento de 24,3%.
Em 2010, o superávit comercial da China totalizou US$ 183,1 bilhões, abaixo dos US$ 196,06 bilhões de 2009. No quarto trimestre, de acordo com um cálculo da Dow Jones, o superávit comercial chinês diminuiu ligeiramente para US$ 63,12 bilhões, de US$ 65,64 bilhões no terceiro trimestre. Em bases ajustados sazonalmente, as exportações da China tiveram redução de 4,4% em dezembro na comparação com novembro, enquanto as importações aumentaram 3% sobre o mês anterior.

Emergentes dão basta à era das cópias [exagero...

Autor(es): Stefan Wagstyl | Financial Times
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/emergentes-dao-basta-a-era-das-copias
 


A marca Pulpy pode ser desconhecida em Londres, Nova York ou Tóquio. Mas a bebida à base de frutas mais vendida da Coca-Colaé a última moda em Xangai, Jacarta e Cidade do México.
Lançada na China pela Minute Maid, uma unidade da empresa americana, e depois levada a outros países da Ásia e América Latina, a marca agora se prepara para estrear no Leste Europeu e em outras regiões.
A Pulpy é o primeiro produto internacional da Coca-Cola a ser desenvolvido no mundo emergente e contribuir de forma significativa para as vendas mundiais do grupo, embora não se revelem valores. "É uma das inovações mais bem-sucedidas da Coca-Cola no século XXI", afirma Joanna Lu, diretora de marketing da Coca-Cola.
O sucesso da bebida coloca em evidência a importância cada vez maior da inovação nos países emergentes. China, Índia, Brasil e outros países não proporcionam às empresas apenas perspectivas de alto crescimento, mas também oportunidades para desenvolver novos produtos, serviços, técnicas de produção e processos administrativos.
Essas inovações não envolvem ainda mudanças tecnológicas transformacionais - tais invenções continuam sob o domínio do mundo desenvolvido com suas tradicionais universidades e laboratórios comerciais. O mundo emergente, no entanto, está criando aperfeiçoamentos de produtos com implicações comerciais suficientes para mudar inteiramente o cenário do jogo. Não ganham prêmios Nobel, mas geram dinheiro.
As multinacionais que minimizam a importância dessas inovações, atribuindo-as às circunstâncias locais, o fazem por conta e risco. As vantagens que os concorrentes ganham nos países emergentes também acabam sendo transferidas ao mundo rico. "O perigo para muitas [multinacionais] é que não vejam as inovações nos mercados emergentes chegando, porque elas não estão chegando direto a seus mercados domésticos. Mas elas chegarão", afirma Christoph Nettesheim, da empresa de consultoria em administração Boston Consulting Group.
Há precedente: nos anos 1970, os produtos de grupos japoneses que avançavam nos mercados mundiais eram muitas vezes menosprezados como imitações de baixa qualidade e custo. Posteriormente, foi preciso admitir que eram inovadores, especialmente na miniaturização e nas técnicas administrativas de redução nos prazos de produção. Embora as próprias empresas japonesas estejam agora sob pressão de grupos ocidentais revigorados e de novos rivais do leste da Ásia, suas inovações são imitadas por todos os lugares.
A inovação nos mercados emergentes não é algo novo. Há mais de 20 anos, a Hindustan Lever, afiliada indiana de bens de consumo da anglo-holandesa Unilever, foi pioneira nos minissachês, como forma de levar seus sabonetes para os consumidores mais pobres. A novidade é o volume cada vez maior de tais inovações, a velocidade com que capturam mercados e o crescente papel em inovações das empresas locais, especialmente das chinesas, indianas, brasileiras e sul-africanas.
Certamente, as economias emergentes produzem aos montes produtos de má qualidade e várias cópias roubadas de originais japoneses e ocidentais. Mas meras imitações não sustentam uma empresa por muito tempo, tendo em vista a feroz concorrência nas grandes economias, principalmente na China. "Eles não precisam mais roubar. Isso é passado", como diz o vice-presidente da Nokia, Dieter May.
Com a China superando o Japão como 2ª maior economia do mundo, suas empresas encabeçam o ataque. A Huawei, líder em tecnologia de conexões, concorre frontalmente com a Ericsson, da Europa, até na Europa. A Mindray, fabricante de equipamentos médicos, desenvolveu monitores que custam 10% dos produtos rivais ocidentais. A Haier, empresa de produtos da linha branca, fabrica minigeladeiras de baixo custo.
Em outros países, a Tata Motors, da Índia, determina novos padrões de carros de baixo custo com o Nano, de US$ 2,5 mil. O laboratório farmacêutico Ranbaxydesenvolveu um remédio contra a malária a partir do zero. A SAB Miller, cervejaria sul-africana, desenvolveu uma cerveja de baixo custo com base no sorgo, uma colheita local que substitui o malte importado, mais caro. No Brasil, a Embraerfabrica aviões comerciais de menor porte de classe mundial. Mesmo na Rússia, onde as condições de negócios são particularmente duras, também há inovações comerciais. A empresa de software KasperskyLaboratories exporta programas de segurança de qualidade mundial, com sua própria marca.
Na área de serviços, a Bharti Airteltornou-se a maior operadora de telefonia móvel da Índia ao terceirizar quase tudo, desde a rede de transmissão até o sistema de contas. O médico Devi Shetty desenvolveu um sistema para fazer cirurgias cardíacas em massa em seu hospital, em Bangalore, com mil leitos.
Algumas empresas transformaram setores mundiais inteiros. Na área de terceirização, grupos indianos, encabeçados pela TCSe Infosys, revolucionaram a gestão da informação ao separar o trabalho feito por consultores in loco, de alto custo, do que é realizado fora do país, mais barato. "Mudamos o setor", diz Kris Gopalakrishnan, executivo-chefe da Infosys.
Países emergentes ainda têm muito pela frente até alcançarem as economias desenvolvidas em termos de ciência. Apenas a Rússia tem um número significativo de vencedores de prêmios Nobel científicos. A China, no entanto, está na dianteira mundial em formar engenheiros e cientistas - 2 milhões por ano, cinco vezes mais do que nos EUA, segundo a Research-Works, empresa asiática da área de investimentos.
Muitos dos melhores talentos partem do país, com cerca de 30% dos doutorados em ciência e engenharia nos EUA tendo nascido na China. "Nossas instituições de educação são fracas", afirma Win Yinga, chefe do China Capital Group, um fundo chinês de capital de risco. "Eles são criados para o aprendizado baseado na memorização, e não para criar formados voltados à inovação." Mas há progressos. Acadêmicos chineses formados no ocidente estão voltando ao seu país em números cada vez maiores. A China produz mais estudos científicos, revisados por especialistas, do que qualquer outro país, com exceção dos EUA.
A superioridade científica não se traduz necessariamente em sucesso econômico, como mostram as dificuldades da Rússia para diversificar-se além das commodities. A inovação comercial é mais importante, como evidencia a ascensão da China. Os investimentos chineses em pesquisa e desenvolvimento, em dólar, já superaram os do Japão e encaminham-se a passar os da União Europeia e igualar os dos EUA nos próximos 20 anos. Como os custos trabalhistas com a pesquisa e desenvolvimento ficam entre 20% e 50% dos verificados no ocidente, os números acabam superando os dos EUA, União Europeia ou Japão.
As principais empresas começam a ter resultados. Em 2008, a Huawei registrou mais patentes do que qualquer outra empresa, segundo o escritório de patentes mundiais, Wipo. No ano passado, havia ficado em segundo, atrás da Panasonic, do Japão. Ainda há, porém, um longo caminho pela frente: a única outra chinesa entre as cem primeiras foi a ZTE, outra fabricante de bens eletrônicos.
As multinacionais ocidentais reclamam que as empresas chinesas roubam tecnologia em sua investida de modernização, financiada pelo governo. Muitos projetos, no entanto, foram cedidos voluntariamente, em acordos de cooperação: as multinacionais apostam que os riscos valem a pena para entrar na China. Agora, as empresas chinesas estão entrando nos mercados mundiais, algumas vezes em parceria com rivais ocidentais. Um exemplo é a área de trens de alta velocidade, em que a CSR, da China, trabalha com a General Electric (GE), dos EUA, e a Siemens, da Alemanha.
Os céticos consideram muitas das inovações de países emergentes como apenas pequenos aperfeiçoamentos incrementados ao que já existe. Para as empresas, contudo, isso é irrelevante, se tais aperfeiçoamentos de fato levarem a melhores serviços, processos e produtos. "As inovações podem ser incrementais. Os efeitos não", diz Peter Williamson, professor de gestão internacional, na universidade de Cambridge.
As principais multinacionais concordam. Engenheiros da afiliada indiana da Siemensdesenvolveram uma câmera de raios-X de baixo custo e boa qualidade, que será usada em equipamentos de países desenvolvidos. "Uma boa ideia ou produto da Índia, por exemplo, pode ser conectado a um sistema global de vendas e produção", diz o executivo-chefe da Siemens, Peter Löscher. "Ajuda a aumentar a competitividade não apenas dos mercados emergentes, mas também dos países industrializados."
Várias multinacionais fazem o mesmo. A GE vende aparelhos de eletrocardiograma desenvolvidos na Índia e scanners de ultrassonografia projetados na China por todo o mundo. A Nokia usa software indiano e chinês para desenvolver smartphones. A Vodafonelançou um sistema sem fio de transferência de dinheiro chamado M-Pesa, na Safaricom, sua afiliada queniana. Esquemas similares voltados às pessoas sem contas bancárias foram lançados na África e, agora, na Índia.
As multinacionais também estão ampliando a pesquisa e desenvolvimento no mundo emergente, especialmente na China e Índia. A Siemens tem 12% de seus 30 mil funcionários de pesquisa e desenvolvimento na Ásia. Há cinco anos, eram 7%. A Microsoftencabeça uma lista de cerca de cem grandes empresas com centros de pesquisa e desenvolvimento na China. A GE é umas das mais de 50 multinacionais com centros na Índia. "Em outros tempos, as soluções administrativas fluíam do ocidente para o oriente", diz o Navi Radjou, especialista em administração da universidade de Cambridge. "Agora, da mesma forma, fluem do oriente para o ocidente."
As empresas não buscam simplesmente disseminação geográfica - ou satisfazer pressões políticas para localizar seus centros de pesquisa e desenvolvimento. Querem as ideias geradas por pessoas trabalhando em condições econômicas e culturais diferentes. Ideias para cortar custos são fundamentais.
Muitas multinacionais antigamente almejavam apenas os segmentos de maior renda nos países emergentes. Agora, voltaram-se aos grupos de renda média, que crescem rapidamente. "Precisamos empurrar os produtos pirâmide abaixo", diz Abbas Hussain, chefe de mercados emergentes do laboratório farmacêutico britânico GSK.
Apenas reduzir custos, contudo, não é suficiente. Os consumidores nos mercados emergentes também querem qualidade, conveniência e elegância, afirma Jean-Philippe Salar, chefe de design da Renault. "Os indianos querem carros com visual dinâmico. O visual é muito importante." Além disso, com os consumidores no mundo desenvolvido deparando-se com tempos de austeridade, eles também querem alternativas baratas. "A Índia é o lugar perfeito para projetar novos carros. Novos veículos precisam ser econômicos, pequenos e leves em comparação aos de dez anos atrás", diz Salar.
Radjou sugere que o sistema bancário por telefone celular - desenvolvido pela Safaricom - possa estendido aos países desenvolvidos. Mesmo nos EUA, cerca de 17 milhões de adultos não têm conta bancária. Alguns governos ocidentais estudam os tratamentos hospitalares de baixo custo lançados na Índia. Outros compram equipamentos médicos mais baratos , como os scanners de ultrassonografia desenvolvidos pela GE na China.
Lançar inovações mundiais não é nada fácil. Executivos de países desenvolvidos frequentemente subestimam seus colegas em mercados emergentes. As linhas de comunicação se rompem quando se alongam em divisões culturais.
Mas as empresas têm poucas opções a não ser inovar nas economias emergentes, porque é lá que estão os clientes. Como Mark Foster, da empresa de consultoria Accenturediz, "a inovação não surge em caixas, surg e em mercados". (Tradução de Sabino Ahumada)