terça-feira, 29 de novembro de 2011

Exportação de industrializados é irreal

São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2011Mercado
Mercado


Pelo critério adotado pela OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil superestima o peso dessa categoria
Pela classificação da entidade, o Brasil exportou 60,4% de produtos básicos em outubro, e não 49,3%
MAELI PRADO
DE BRASÍLIA
Pelo critério da OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil superestima o peso dos produtos industrializados nas exportações.
No mês passado, 49,3% das exportações brasileiras foram de produtos básicos, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Para a OMC, o percentual é de 60,4%.
É o que mostra levantamento feito pela Folha, com base nos padrões seguidos pela OMC, nos produtos exportados que constam da balança comercial divulgada pelo ministério.
Esses critérios são usados unicamente para elaboração de estatísticas, mas são importantes porque refletem o valor tecnológico que cada país consegue adicionar às suas vendas.
O Brasil, que sofreu críticas à participação excessiva de commodities nas exportações, adota desde os anos 1960 um padrão que valoriza o peso dos manufaturados.
Há uma lista de pelo menos 15 produtos que o governo brasileiro classifica como industrializados (divididos entre manufaturados e semimanufaturados), mas que, para a entidade internacional, são básicos.
O que mais chama a atenção, pelo peso que possui na pauta exportadora, é o açúcar "em bruto", ou seja, aquele que passou pela primeira etapa de refino.
O US$ 1,2 bilhão exportado do produto pelo Brasil em outubro, com 5,38% de participação nas vendas externas totais do país, é contabilizado na categoria "semimanufaturados".
A OMC também adota uma subcategoria com esse nome, mas os produtos que a compõem são manufaturados de couro, borracha, cortiça e madeira, fios e tecidos e partes de alumínio e de ferro.
SUCOS
Já da versão brasileira fazem parte produtos como ouro para uso não monetário, borracha sintética, manteiga e sucos e extratos vegetais. Com exceção do ouro, que entra em um grupo à parte, todos são básicos para a OMC.
"A categoria semimanufaturados como a conhecemos foi criada há décadas, quando o governo queria estimular um maior grau de beneficiamento nos produtos exportados", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
"Até hoje é assim, apesar de sabermos que os semimanufaturados são commodities com um pequeno grau de beneficiamento."
Pelo critério da OMC, a participação dos semimanufaturados no total das exportações cairia de 13,6% para 6,4% e a dos manufaturados, de 34,7% para 30,7%, pelos dados de outubro.
"Do mesmo jeito que a nossa categoria semimanufaturados é enganosa, muitos produtos classificados como manufaturados também são", afirma o economista Fernando Sarti, da Unicamp.
"O celular, por exemplo, é um produto de elevada tecnologia, mas grande parte é apenas montada no Brasil. Isso não é agregar valor."



OUTRO LADO
Sistemas não são comparáveis, diz ministério
DE BRASÍLIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/11820-sistemas-nao-sao-comparaveis-diz-ministerio.shtml




O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio afirmou que o critério adotado pela OMC não é comparável ao brasileiro. Segundo o ministério, a OMC leva em conta principalmente a origem do insumo, e não o grau de elaboração da mercadoria.
"Pode-se citar como exemplo dessa incompatibilidade a classificação de produtos agrícolas da OMC, que inclui itens notoriamente industrializados", diz texto enviado pela assessoria de imprensa. Entre os exemplos citados estão cigarros, cerveja, café solúvel e chicletes.
O ministério afirma que o conceito adotado pelo Brasil prevê que os produtos básicos são aqueles que guardam características próximas ao estado em que são encontrados na natureza (ou seja, com baixo grau de elaboração).
Já os industrializados são os que sofreram uma transformação importante.
O método de classificação usado pelo Brasil surgiu da fusão dos critérios do Intal (Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe) e da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento), com adaptações.
O ministério salientou ainda que, para negociações comerciais, o governo usa um outro sistema de classificação, chamado Sistema Harmonizado, adotado globalmente.
(MP)

Fundo domina mercado de armas nos EUA

São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2011Mundo
Mundo


Empresa desconhecida de Wall St. compra marcas tradicionais como Remington e é alvo de teorias conspiratórias
No mercado, Freedom Group é conhecido por recuperar companhias para revendê-las, mas falhou anteriormente
DO "NEW YORK TIMES"
Nos últimos anos, muitas armas que estão entre as mais vendidas nos EUA -como as da Remington Arms, fundada há 195 anos, as da Bushmaster Firearms e as da DPMS- passaram sem alarde para mãos de um só controlador: o Freedom Group.
A empresa é a força mais poderosa e misteriosa na indústria de armas dos EUA. Não ouviu falar no grupo?
Você não é o único. Mesmo entre os aficionados por armas, o Freedom Group é até certo ponto um enigma. Sua ascensão vem sendo tão rápida que a empresa se tornou alvo de especulações acirradas e teorias conspiratórias.
Quem está por trás desse empreendimento é a Cerberus Capital Management, empresa de investimentos privados que primeiro chamou a atenção do público quando comprou a Chrysler, em 2007 (mais tarde, a Chrysler precisou ser resgatada pelos contribuintes norte-americanos).
Com muito menos fanfarra, a Cerberus, por meio do Freedom Group, vem adquirindo grandes nomes nos setores de armas e munição.
Desde sua sede em Manhattan, a Cerberus já montou um arsenal notável. Ela começou com a Bushmaster e depois comprou a Remington, cuja história data da época das espingardas de pederneira e hoje supre o governo do Afeganistão de fuzis M24 para atiradores de elite.
"Acreditamos que a escala e amplitude de nossos produtos não têm igual no setor", disse o Freedom Group no ano passado em relatório arquivado na SEC (que regula o mercado de ações).
Na seara dos rifles e das espingardas para consumidores -conhecidos no setor como "long guns", ou armas compridas-, o grupo domina o mercado.
Segundo suas próprias contas, o Freedom Group vendeu 1,2 bilhão de armas compridas e 2,6 bilhões de cartuchos de munição nos 12 meses encerrados em março de 2010, o ano mais recente para o qual as cifras estão disponíveis ao público.
Alguns aficionados por armas alegam que a eminência parda por trás da empresa é George Soros, o bilionário de fundos de "hedge" e ativista liberal. Para elas, Soros estaria comprando empresas americanas de armas para poder desmontar a indústria.
As especulações cresceram tanto que em outubro a Associação Nacional de Rifles divulgou comunicado negando os boatos.
Soros não faz parte do grupo, mas não está claro por que a Cerberus investiu nas empresas de armas.
Muitas firmas de investimento privado evitam setores como esse, para não afastar grandes investidores como fundos de pensão.
Sob muitos aspectos, porém, a iniciativa lembra o estilo Cerberus: investir em companhias que outras pessoas podem não querer, mas que ela acredita que poderá recuperar.
A empresa faz parte de um dos ramos de atuação mais fortes em Wall Street na década passada: "private equity" (compra de participação em companhias).
Os reis das aquisições de empresas, como Stephen Feinberg, 51, presidente-executivo da Cerberus, procuram adquirir empresas subavaliadas, muitas vezes com dinheiro emprestado, as reorganizam e então ou as vendem com lucro ou abrem seu capital na Bolsa.
Antes da crise financeira de 2008, dezenas de empresas americanas conhecidas passaram para as mãos de firmas de "private equity".
Para os financistas, as recompensas muitas vezes eram enormes. Mas algumas companhias que eles adquiriram mais tarde enfrentaram problemas, em parte porque carregavam o ônus da dívida decorrente das aquisições.
Quando a Cerberus iniciou sua orgia de aquisições no setor de armas, ela basicamente tinha o campo de atuação livre apenas para ela.
"Existe muito menos competição para a aquisição destas firmas", diz Steven N. Kaplan, da Escola Booth de Administração da universidade de Chicago e especialista em "private equity".
Tradução de CLARA ALLAIN

Há desindustrialização no Brasil?


Autor(es): Juan Jensen
Valor Econômico - 29/11/2011

Há algum tempo os economistas têm debatido se há desindustrialização no Brasil. As respostas têm divergido, até porque não há uma única definição para o termo.
A produção industrial mostrava trajetória de crescimento até a crise mundial no final de 2008. Em 2009, a indústria recuperou-se, mas desde março de 2010 tem oscilado próximo ao patamar pré-crise. E essa estabilidade ocorre mesmo com a continuidade do crescimento da demanda, como mostram as vendas do varejo, atualmente 23% acima do registrado no período pré-crise.
Uma das explicações para esse fraco desempenho está no comércio exterior, devido à baixa demanda externa e à taxa de câmbio relativamente apreciada. Um exercício que simula influência neutra do setor externo, mantendo o peso das exportações e importações de bens manufaturados em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) iguais ao período pré-crise (terceiro trimestre de 2008), mostra que a produção industrial estaria, no terceiro trimestre de 2011, em patamar 7,8% superior ao pré-crise, em vez de estar 1,1% abaixo. O aumento das importações de manufaturados, de 18,7% no período, "retira" 5,7 pontos percentuais. da produção doméstica, enquanto a queda das exportações, que estão 11,9% abaixo do pré-crise, retira 3,2 pontos adicionais.
Os dados mostram que parte da demanda doméstica foi atendida pelo aumento de importações. A indústria nacional não atendeu essa demanda adicional, entre outras coisas, pela falta de capacidade instalada. O nível de utilização da capacidade instalada está hoje 2 pontos abaixo dos picos, ou seja, a indústria segue com baixa ociosidade, em vários dos setores e subsetores.
Entretanto, os investimentos têm sido feitos, ainda que pouco tenha efetivamente maturado. Desta forma, o aumento da produção vai ocorrer naturalmente à medida que a capacidade instalada se eleve.
É claro que a competitividade de alguns setores vai continuar baixa mesmo que o real não esteja tão valorizado neste momento. Aqui vale, inclusive, um parêntese: a apreciação do real deriva, em grande parte, das boas condições internacionais para as commodities brasileiras, e esta situação de preços externos deve perdurar, ainda que o crescimento global esteja aquém do esperado. Ou seja, as forças para apreciação do real tendem a voltar e o setor industrial deve buscar outras formas de ganhar competitividade.
Antes de analisar as outras formas de se ganhar competitividade, vale mencionar que o setor de serviços vem crescendo consistentemente mais que o setor industrial, ao menos nos últimos 30 anos. E isto não quer dizer que a indústria diminuiu de tamanho, apenas que cresceu menos que outros setores. É um movimento global, principalmente nos países desenvolvidos, onde o percentual da indústria no PIB é bem mais baixo que no Brasil. Ou seja, à medida que o país caminhe rumo a um PIB maior, é natural que o setor de serviços cresça mais que o industrial.
Quanto aos entraves a um maior dinamismo da indústria no Brasil, destacam-se a alta carga tributária, a infraestrutura precária e o ambiente de negócios ruim. O Brasil não só tem uma carga tributária incompatível com seu nível de desenvolvimento, como tem baixa eficiência econômica por ter muitos impostos em cadeia. Além disso, o setor industrial é penalizado com uma carga tributária relativamente mais alta. Maior eficiência econômica no sistema tributário brasileiro, junto com maior igualdade na tributação, pode permitir melhor situação para indústria, ganhando inclusive competitividade em relação a outros setores.
A infraestrutura precária eleva os custos marginais de produção e resulta de vários fatores. Apesar da carga tributária alta, a péssima estrutura de gastos públicos ocasiona um baixo nível de investimento federal. Faltam parcerias público-privadas, concessões e privatizações que alavanquem o crescimento dos investimentos em infraestrutura. Sem falar no ambiente regulatório ruim, que diminui os incentivos para a participação privada no setor. Melhoras nesses quesitos favoreceriam a indústria, mas também setores como a agropecuária e a mineração, o que pode levar a uma taxa de câmbio ainda mais apreciada, limitando, então, os ganhos ao setor industrial.
Por fim, o ambiente de negócios ruim desloca os insumos produtivos e escassos para atividades que não geram ganhos de bem-estar. Na pesquisa "Doing Business", do Banco Mundial, entre 183 países, o Brasil ocupa a 126ª posição no ranking de 2012, sendo que em 2010 estávamos em 120ª lugar. Para o pagamento de impostos, por exemplo, devido ao confuso sistema tributário, o país está na 150ª posição, e segue piorando. A diminuição da burocracia impacta significativamente a produtividade e deve auxiliar a dinâmica da indústria. Nesse caso, o setor de serviços também melhora, então, isso provavelmente não fará com que a indústria deixe de crescer menos que o setor de serviços.
Assim, se desindustrialização significa redução da produção, não está ocorrendo desindustrialização no Brasil. Mas o ponto é que a dinâmica da indústria pode ser muito melhorada por reformas estruturais, passando, inclusive, longe de controle cambial ou benefícios exclusivos a um ou outro subsetor. Agora, se desindustrialização significa perda relativa do setor industrial, isso, de fato, vem acontecendo e mesmo com reformas estruturais e horizontais, é provável que continue, uma vez que outros setores (que têm maior vantagem comparativa) também devem ser beneficiados. Esse é o custo a se pagar na direção de um país mais desenvolvido.
Juan Jensen é doutor em economia pela USP e sócio da Tendências Consultoria Integrada.


Conceição, Bresser e Lessa querem que o real seja desvalorizado

Autor(es): Por Chico Santos e Diogo Martins | Do Rio
Valor Econômico - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/conceicao-bresser-e-lessa-querem-que-o-real-seja-desvalorizado

A desvalorização do real e a adoção de salvaguardas para defender a indústria do país da concorrência chinesa foram as medidas defendidas ontem pelo PT e seus aliados PDT, PSB e PC do B, via suas respectivas fundações de estudos e pesquisas, durante o seminário "A Crise do Capitalismo e o Desenvolvimento do Brasil", realizado no Rio de Janeiro.
A desvalorização do real foi proposta pelo menos por três dos mais importantes palestrantes, os economistas Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda (governo José Sarney) e da Administração (primeiro governo Fernando Henrique Cardoso), Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES (primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva) e Maria da Conceição Tavares, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Conceição também defendeu a adoção de medidas protecionistas para defender a indústria da concorrência chinesa, no que foi seguida, no painel seguinte, pelo economista Ricardo Carneiro, professor da Universidade de Campinas (Unicamp). "Pode-se fazer por tarifas, subsídios, pode-se fazer por acordos com os países. Tem-se que fazer uma política agressiva com os chineses", disse Conceição, ressaltando que o Brasil só não pode é adotar nenhuma medida sem a prévia concordância dos seus parceiros do Mercosul para não correr risco de arranhar o encaminhamento da unidade na região.
"Estamos perdendo mercado na América do Sul mais rápido do que dentro do Brasil", disse Carneiro, fazendo eco com as propostas da economista. "É proteção cambial, tarifas... Não dá para ser pelo câmbio somente", completou, ressaltando que a simples desvalorização cambial vai acabar tendo impacto negativo sobre os salários.
Bresser Pereira, principal defensor da desvalorização cambial hoje no país, disse em rápida entrevista que já está comprovado em estudo que o efeito de uma desvalorização do real de 30% não seria tão deletéria assim sobre os salários. Segundo ele, os economistas José Luiz Oreiro e Nélson Marconi já demonstraram que para uma desvalorização de 30% as perdas salariais seriam de apenas 6%.
Bresser argumentou que a desvalorização, recuperando a competitividade da indústria, permitiria ao Brasil voltar a crescer, de forma consistente, a taxas de 5% a 6% ao ano. Nesse cenário, as perdas salariais seriam recuperadas, com sobras, em cerca de três anos. As perdas salariais e a aceleração inflacionária são os dois principais problemas vistos por Bresser no processo de desvalorização do real para cerca de R$ 2,40 por dólar.
"Depois da mudança vai ficar tudo azul, mas no processo há problemas", disse, ressaltando que os ganhos de competitividade para a economia compensam os percalços no caminho. "Passei anos procurando uma metáfora para explicar a importância do câmbio. Agora acho que encontrei: ele é um interruptor de luz que liga ou desliga as empresas tecnologicamente competentes da demanda mundial", explicou Bresser-Pereira, no evento.
Carlos Lessa disse que "o câmbio (desvalorizado) protege a indústria avançada da extinção", além de elevar a rentabilidade das commodities em real. Tanto ele como Bresser Pereira defenderam que, durante o processo de desvalorização da moeda brasileira, seria necessário também impor uma taxação sobre as exportações das commodities mais valorizadas.
Bresser mostrou que dessa forma os produtos não ficariam mais caros e os exportadores não perderiam nada, uma vez que a taxação, variável para cada produto, não ultrapassaria o limite do ganho obtido com a desvalorização cambial. Dessa forma, a desvalorização serviria apenas para aumentar a competitividade da indústria.
Os economistas disseram ainda que nada do que propuseram terá efeito se o governo não der continuidade à atual política de redução da taxa de juros básica que, na avaliação de Bresser, dever cair a um nível de 2% a 3% em termos reais.

28/11/2011 09:04
Brasil Econômico (SP): Prebisch e as commodities - Rodrigo Sias

Gerente da área internacional do BNDES

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=12349&Itemid=75

Historicamente, a dependência de exportações de commodities tende a tornar os países vulneráveis externamente.
Raul Prebisch foi um dos primeiros a falar dos possíveis males deste tipo de inserção na economia mundial.
Para o economista argentino, os termos de troca dos produtos primários seguiriam uma tendência de deterioração frente aos produtos industrializados, o que levaria a crescente vulnerabilidade da posição externa dos países especializados na exportação desses produtos.
A Argentina era um dos países mais ricos do mundo, com uma economia complementar à inglesa, a potência hegemônica da época.
Com o deslocamento do centro dinâmico da economia mundial para os EUA, um país com forte setor agroindustrial, e a entrada de Austrália e Nova Zelândia nesse mercado, o preço de seus produtos de exportação desabaram.
A hipótese de Prebisch sobre a “deterioração dos termos de troca” foi muito influenciada pela situação da Argentina nos anos 20 e foi construída, basicamente, durante o período de decadência econômica do qual o país nunca mais saiu.
Escrevendo na década de 50, Prebisch não contava com a ascensão da China, que modificaria radicalmente esse panorama, deslocando o centro dinâmico da economia mundial para a Ásia.
A China, de um lado, atua no lado da oferta, fornecendo produtos industriais a custos cada vez menores.
Por outro lado, exerce uma demanda crescente por produtos primários, inflando seus preços.
Alargando a série estatística usada por Prebisch, não encontramos evidência definitiva de que os preços dos produtos primários sempre cairão relativamente aos produtos industriais.
Na verdade, a evidência empírica concreta é de que os preços dos produtos primários são muito mais voláteis que os preços de produtos industriais.
Mesmo antes da China, episódios como as crises do petróleo da década de 70, já registravam como os preços de produtos primários poderiam ser voláteis.
Embora a “hipótese de deterioração” não tenha sustentação empírica robusta, os efeitos da inserção na economia mundial com esse tipo de pauta exportadora são tão potencialmente danosos para a economia quanto se a hipótese fosse verdadeira.
Com isso, a conclusão de Prebisch seria válida e suas proposições também apontariam na direção correta quando falavam da diversificação da economia e na agregação de valor na pauta exportadora.
Recentemente, o Ipea divulgou um estudo denominado “As relações do Mercosul com Estados Unidos e China ante o deslocamento do centro dinâmico mundial”, que mostra uma série de dados acerca do comércio exterior e da relação de investimentos estrangeiros do Mercosul, EUA e China.
A conclusão do estudo é que o crescimento chinês tem reforçado duas características históricas da economia da região: a primarização da pauta exportadora e a predominância do capital estrangeiro como dinamizador das economias locais.A América Latina não deveria desprezar as lições de Prebisch e se acomodar com a atual conjuntura, por ora, favorável.

Alta produtividade garante evolução constante do agronegócio brasileiro

 Publicado em 28/11/2011 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF




Apesar da queda de preços nos alimentos de 60% a 75% no mundo e de 80% no Brasil nos últimos 30 anos, o cenário nacional do agronegócio brasileiro é de evolução permanente. Essa foi a análise de Geraldo Sant Anna de Camargo Barros, engenheiro agrônomo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) durante o Seminário MS Agro, realizado dia 25 de novembro de 2011 no auditório da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

"O que garantiu a estabilidade e até mesmo o crescimento da economia foram os investimentos em tecnologia que refletiram numa maior produtividade. A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio é a prova disso", explica Barros. De 1994 a 2010, o PIB do setor aumentou em 37%, saindo de 600 bilhões para 820 bilhões no ano passado. "Se os preços estivessem num patamar mais elevado poderíamos chegar a 950 bilhões", aponta. O ano de 2011 vai fechar ainda com um crescimento de 5,8% no PIB do setor.

AGRICULTURA

A produção e comercialização de grãos da safra 2011/2012 vão garantir lucros ao produtor. "Estamos diante de um cenário ainda mais favorável na agricultura do que vivemos em 2011. Estoques baixos de grãos nos Estados Unidos, maior produtividade no Brasil e valorização do real vão segurar preços altos e trazer maior rentabilidade ao produtor brasileiro", aponta André Pessoa, engenheiro agrônomo, mestre em Economia Agrícola e sócio-diretor da Agroconsult.

"Os Estados Unidos passam pelo sexto ano com estoques críticos de soja. No Brasil, estamos com 25 milhões de hectares de área plantada e uma produção que pode chegar a 78 milhões de toneladas se tivermos uma alta produtividade, o que pode superar a expectativa inicial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 72 milhões", explica Pessoa. "Apesar do aumento de custo na produção do grão, que cresceu 7% em relação à última safra, o cenário internacional nos favorece e com isso mantemos a lucratividade do setor", complementa.

Em relação à produção de milho, Pessoa aponta tendências ainda mais positivas. "O aumento na produção será maior. Temos previsão de 40 milhões de toneladas para essa safra e mais 25 milhões para a safrinha. É uma grande oportunidade já que no mundo o grão também está com estoques baixos. Por conta da redução nos Estados Unidos, por exemplo, o Brasil tem hoje 20 novos mercados para exportação do milho", relata o palestrante.

PECUÁRIA

Sendo a pecuária uma atividade de investimento de médio a longo prazo, a análise dos cenários econômicos nacional e internacional é ainda mais relevante ao produtor. "O mercado de alimentos cresce em função do aumento do consumo mundial, mas é preciso cautela. Antes de qualquer investimento, o produtor necessita analisar os custos de sua produção", enfatiza o professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia AplicadaSérgio De Zen.

Segundo De Zen, o produtor precisa conhecer detalhadamente os custos que movem sua atividade econômica e somente diante disso investir na ampliação de sua produção. "Ainda temos muito a crescer. O Brasil tem muito mais terras agrícolas sem uso do que qualquer outro país. São 170 milhões de hectares de terras inexploradas. Com gestão de seu negócio, todo o país irá continuar a crescer", diz De Zen.

O SEMINÁRIO

Em sua segunda edição, o MS Agro trouxe palestras e discussões que apontaram os cenários econômicos e as tendências de mercado para 2012. O evento é uma realização da Famasul e conta com o apoio da AprosojaBolsa Brasileira de Mercadorias (BB&M), Banco do Brasil (BB), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Regional de Mato Grosso do Sul (Senar/MS), Sebrae/MS e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/MS).

FONTE

Sato Comunicação
Luciana Modesto - Jornalista
Telefone: (67) 3042-0112




Cenário é menos positivo para as margens de lucro

Autor(es): Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
Valor Econômico - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/cenario-e-menos-positivo-para-as-margens-de-lucro

São cada vez mais cristalinos os sinais de que o campo brasileiro terá muitas dificuldades para repetir em 2012 os resultados positivos recordes deste ano.
Na 44ª reunião do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada ontem na capital paulista, representantes do setor ouviram do consultor André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, que a crise financeira irradiada de países desenvolvidos, sobretudo europeus, "começa a contaminar a demanda globalmente".
Trata-se de um fator que tira sustentação das cotações das commodities agrícolas no mercado internacional e, assim, a pressão sobre as margens de lucro dos produtores tende a ser maior nesta temporada 2011/12.
No ciclo 2010/11, as margens em culturas como soja, milho e algodão alcançaram níveis recordes no país, embaladas pelo firme consumo em países emergentes como a China, quebras na oferta provocadas por adversidades climáticas no Hemisfério Norte e grande interesse de fundos de investimentos em atuar nos mercado agrícolas.
Agora, lembrou Pessôa, os estoques globais de grãos estão em geral em recomposição - ainda que sigam apertados - e, em razão de movimentos financeiros derivados da crise no mundo desenvolvido, a posição dos fundos de investimentos está "quase no fundo do poço".
Se de fato a demanda cair consideravelmente, com parte dela represada em virtude de uma tendência de aperto do crédito que ganha força, a conjunção negativa estará completa. Mesmo que as estimativas iniciais do governo apontem para uma relativa estabilidade na colheita de verão de grãos em 2011/12, Pessôa observou que no caso do milho, por exemplo, as perspectivas são de aumento da produção brasileira.
A Agroconsult projeta a colheita de milho em 65 milhões de toneladas, enquanto a Conab prevê entre 58,4 milhões e 59,5 milhões de toneladas, até 3,4% mais que na temporada passada.
No caso da soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, a Agroconsult elevou seu cálculo para a produção em 2011/12 para 74,8 milhões de toneladas, o que também seria um avanço. Para a Conab, a colheita da oleaginosa ficará entre 71,5 milhões e 73 milhões de toneladas, queda de até 5,1% sobre 2010/11.
Tanto no milho quanto na soja, a diferença entre as estimativas decorre das incertezas climáticas que pairam sobre o desenvolvimento das lavouras em decorrência do fenômeno La Niña.
No mercado de algodão, cujos preços bateram todos os recordes de alta entre o segundo semestre de 2010 e início deste ano, Pessôa acredita que haverá problemas. Primeiro porque os preços externos já despencaram nos últimos meses, e poderão cair ainda mais. E em segundo lugar porque as fibras sintéticas avançaram no mercado durante a disparada das cotações da pluma, o que pode limitar qualquer reação.
Nesse caso, a soja poderá ganhar fôlego na disputa por terras com o algodão. Na safra 2010/11, em algumas regiões do país, como no oeste da Bahia, foi difícil ampliar a área plantada de soja por conta da forte expansão da cotonicultura.
Apesar do cenário bem menos positivo do que nesta mesma época do ano passado, quando a safra 2010/11 estava sendo plantada, Pessôa não acredita que as margens de lucro definharão tanto a ponto de se tornar negativas. "Ainda será uma safra muito boa".
E como a posição dos fundos nos mercados agrícolas globais está mais baixa, nota, qualquer problema mais sério na oferta ou sinal de que a demanda mundial poderá surpreender positivamente tende a atraí-los de volta, oferecendo suporte extra aos preços. Em outubro, por exemplo, o saldo dos investimentos globais dos fundos em commodities em geral (inclusive não agrícolas) voltou a ser positivo após a fuga de setembro.
Ontem, por exemplo, prevaleceu nos mercados uma expectativa positiva em relação a ações que podem ser adotadas contra a crise europeia, o que influenciou a queda do dólar diante de outras moedas e a alta das commodities agrícolas em geral.
Presente ao encontro na Fiesp, a secretária da Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi, agregou que o horizonte para a cana não é dos melhores na próxima safra (2012/13), pelo menos do ponto de vista da oferta do Estado, maior produtor do país, já que a recuperação dos canaviais é demorada.
Caíram nos últimos dois anos os aportes das usinas na renovação de suas lavouras, que também sofreram com clima adverso na temporada 2011/12. Em contrapartida, altas de preços de açúcar e etanol, em parte provocadas pela própria quebra no Centro-Sul do Brasil, ajudaram os resultados dos principais grupos sucroalcooleiros que atuam no país.

O monstro amazônico: a serviço do colonizador

28.11.11 - Brasil

Lúcio Flávio Pinto
Jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP)
Adital
Em 1980 a Companhia Vale do Rio Doce ainda era estatal (foi privatizada por FHC em 1997). Seu patrão era o governo federal, controlado pelo último general do ciclo de presidentes do regime militar, iniciado em 1964, com a deposição do presidente constitucional, João Goulart.
A CVRD estava a meio caminho de colocar em produção a melhor jazida de minério de ferro do planeta, na serra dos Carajás, 550 quilômetros ao sul de Belém. A entrada desse excepcionalmente rico minério –o mais usado pela indústria contemporânea– no mercado, em 1984, revolucionou a siderurgia mundial.
Dentre outros motivos, por desbancar alguns gigantes industriais, como a americana United States Steel (que foi dona exclusiva de Carajás de 1967 a 1969, quando os militares a obrigaram a se associar à CVRD), a 1ª do ranking nessa época; e favorecer a ascensão das empresas japonesas, chinesas e coreanas, deslocando o eixo hegemônico internacional na Amazônia para a Ásia, uma tendência ainda em processo na economia global. Uma história que permanece inédita, como quase tudo na Amazônia recente.
Com Carajás, a Vale consolidou sua posição de maior produtora de minério de ferro interoceânico, abriu para si o mercado asiático, galopou para o topo das mineradoras, tornou-se a maior empresa brasileira e a maior exportadora do país. Não é pouco poder. Mas a Vale queria e quer mais.
Em 1980 ela entregou ao governo um estudo que encomendara. O título estava em inglês: Metal Amazon. O texto, também. O documento nunca precisou ser traduzido para atingir seus objetivos: ampliar ainda mais o domínio da mineradora sobre um território muito maior.
A província mineral de Carajás, a mais importante que existe na Terra, ocupa 1,5 milhão de hectares. Mas a Vale desejava controlar um território 10 vezes maior, de 15 milhões de hectares, equivalente ao tamanho do Estado da Paraíba.
Para não provocar as previsíveis reações, um órgão oficial foi criado para exercer sua jurisdição sobre esse quase-Estado (coincidente, em território paraense, com o Estado de Carajás, que irá a julgamento plebiscitário no dia 11 de dezembro, a partir de projeto de um representante político do Vizinho Tocantins, não exatamente por acaso).
Nesse espaço, o governo federal, por delegação da empresa, executaria um vasto programa de infraestrutura e de indução a investimentos produtivos, que chegaria a 62 bilhões de dólares (valor da época). O programa, do qual o projeto Carajás da Vale passou a ser apêndice (embora nele tenha tido origem), passou a ser conhecido superlativamente por "Carajazão”, ou Grande Carajás, para poder distingui-lo (nem sempre com sucesso) do Carajás "apenas” mineral.
Recursos públicos iriam subsidiar tanto ferrovias, portos, estradas e hidrovias quanto siderúrgicas, metalúrgicas e reflorestamentos, em escala ciclópica e com energia explosiva. Era preciso acelerar o ritmo da ocupação, alargar-lhe o horizonte e colocar os produtos gerados a caminho dos mercados internacionais, especialmente da Ásia.
Na base ideológica e técnica dessa empreitada, o tal Metal Amazon, a Amazônia era comparada ao monstro de Loch Ness (ou Lago Ness, localizado na Escócia). Os engenhosos ideólogos, que continuam a movimentar as engrenagens da formação das fronteiras econômicas, recorreram à figura mitológica do monstro para explicar o "fator amazônico”, um elemento complicador próprio da região (tão selvagem quanto as brumosas paragens escocesas), a onerar os investimentos públicos e privados.
Mesmo sendo constituída pela maior floresta tropical do mundo (com um terço da mata remanescente), a maior de todas as bacias hidrográficas e a presença humana remontando a mais de 10 mil anos, a Amazônia, nessa bitola colonial, seria um "espaço vazio”.
Árvores, águas e nativos são invisíveis por essa ótica, que tem sido a matriz da política de dominação da região. Mais do que isso: são um estorvo para o desenvolvimento e o progresso, estes, sim, conceitos estranhos ao bioma amazônico e a toda sua história anterior à chegada dos europeus. Mas impositivos nos tempos atuais. Ferramentas dos colonizadores vitoriosos, que consideram visões mais íntimas do universo florestal como reminiscências de um tempo morto e enterrado pela "modernidade”. Um anacronismo.
Daí ter-se desencadeado a maior destruição de florestas de toda história humana (mais de 700 mil quilômetros quadrados em menos de meio século), pondo-se abaixo um recurso muito mais nobre, como a madeira e toda diversidade biológica, e substituindo-o por outro de valor incomparavelmente inferior.
É o que explica um município rico em florestas, como São Félix do Xingu, também no sul do Pará, abrigar agora o maior rebanho bovino do país. Milhares e milhares de exuberantes árvores multicentenárias foram abatidas –e continuam a ser derrubadas– para dar lugar a pastos. Sobre essa vegetação rasteira se multiplicaram os animais, com rebanho de 2 milhões de cabeças, sem, no entanto, adquirir qualidade bastante para lhes conferir maior valor agregado minimamente satisfatório no mercado da carne. Maior município pecuário brasileiro é apenas um título de pobreza quantitativa.
É também por isso que o orçamento de uma grande hidrelétrica, como Belo Monte, no rio Xingu, antes mesmo de começar a ser construída, no intervalo de apenas dois anos, passa de 19 bilhões de reais para R$ 28 bilhões (movimento acompanhado pelas grandes empreiteiras nacionais, que pularam da posição de concessionárias de energia para o posto que lhes cabe, de construtoras de grandes obras, em geral superfaturadas).
O exemplo mais recente é o da ponte sobre o rio Negro, ligando Manaus a Iranduba, no Estado do Amazonas, inaugurada no dia 24 do mês passado pela presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Com 3.600 metros de extensão, é a maior já construída sobre águas fluviais no Brasil. Devido aos "fatores amazônicos” engendrados pelo monstro de Loch Ness, o custo da obra cresceu 90% além do limite previsto, indo a mais de R$ 1 bilhão, nos quatro anos em que foi construída.
Justificativas, números e planilhas sempre são apresentados para dar endosso à obra ou carimbar seu custo extraordinário. Mas quando nenhum argumento é convincente, o desconhecido e inexplicável é chamado à ribalta para assustar os céticos ou iludir os crentes. E assim, sob a face do monstro, a Amazônia desaparece.



Vale reduz investimentos e vê entraves em licenças

Vale reduz investimentos em 11% e diz ter dificuldades em obter licenças ambientais
O Estado de S. Paulo - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/vale-reduz-investimentos-e-ve-entraves-em-licencas
 
O plano de investimentos da Vale, maior exportadora brasileira e o segundo maior grupo de mineração do mundo, vai encolher cerca de 11% em 2012, para US$ 21,4 bilhões. A cifra, ainda vultosa, mas inferior à prevista no início do ano para 2011, foi anunciada ontem em Nova York e abre temporada de mais cautela da empresa.
O presidente da mineradora, Murilo Ferreira, disse que a Vale terá "mais disciplina e precisão na alocação de capital" para evitar expectativas que não se cumprem, por exemplo, por questões ambientais.
Ferreira capitaneou uma equipe de executivos da empresa que participou ontem do "Vale Day", na Bolsa de Nova York e, ao anunciar a redução na previsão de investimentos - como havia antecipado o Estado -, evitou vincular a mudança diretamente à crise mundial. E garantiu que a maior parte dos investimentos (71,5%) será alocada na expansão da própria produção, com ênfase para projetos no Brasil, praticamente afastando a possibilidade de grandes compras de empresas.
"Falando francamente, hoje não é fácil ir ao mercado e ter aquisições como eram feitas no passado", disse o executivo, citando compras como a de 2006, da canadense Inco, segunda maior produtora de níquel do mundo, por US$ 18 bilhões.
Antes do evento na Bolsa, os executivos participaram de teleconferência com analistas internacionais, que se mostraram preocupados com a demanda asiática, que determina o crescimento do setor. Recentemente, alegando dificuldade de atracação, a China impediu o desembarque de minério de um supergraneleiro da Vale, cuja carga foi desviada para a Itália.
O diretor de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou que o objetivo da mineradora brasileira é manter a participação mundial em minério de ferro. "Queremos manter a liderança no mercado e vamos fazer de tudo para isso."
Martins destacou que a empresa passa a ser "mais prudente em seus investimentos" e admitiu que a companhia enfrenta dificuldades em seus projetos, por causa de atrasos em licenças ambientais, falta de equipamentos e mão de obra especializada.
O diretor executivo de Finanças da companhia, Tito Martins, também ressaltou que fatores ambientais e falta de profissionais especializados como inibidores do crescimento. Por causa disso, a Vale decidiu que agora só inclui projetos que já tenham licenças aprovadas.
Ferreira admitiu que teve dificuldades com a estrutura da Vale deixada pela administração anterior. "A estrutura passa a ter responsabilidades bem definidas. Nesses seis meses, tive dificuldades de entender bem (a estrutura) e achei que deveríamos partir para uma coisa mais simples." Antes de Ferreira, o cargo era ocupado por Roger Agnelli. / COLABORARAM MÔNICA CIARELLI E GLAUBER GONÇALVES

Receita de exportações de celulose e papel cresce 8,5%


De janeiro a outubro, vendas externas do setor registram saldo de US$ 6 bilhões
Redação *
De janeiro a outubro, a receita de exportações da indústria brasileira de celulose e papel totalizou US$ 6 bilhões, crescimento de 8,5% na comparação com o mesmo período de 2010. Os números são da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). 

Do total, as vendas externas de celulose corresponderam a 69,2%, somando US$ 4,2 bilhões, aumento de 7,2% frente 2010. Já a receita das exportações de papel atingiu US$ 1,8 bilhão, incremento de 11,6% ante o ano anterior. 

No acumulado do ano, a produção do setor permanece estável em relação a 2010: foram produzidas 11,7 milhões de toneladas de celulose. Já a produção de papel chegou a 8,2 milhões de toneladas.
No âmbito doméstico, o volume das vendas de papel também mantém o nível de 2010. Em relação às importações, verifica-se aumento de volume de 1,5% sobre o resultado do mesmo período de 2010.
Até outubro, a importação no segmento de papéis de imprimir e escrever está no mesmo patamar de 2010, enquanto que no segmento de papel cartão registra-se alta de 7,1%.

* Com informações da Bracelpa

Tribunal francês suspende proibição de milho da Monsanto

http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2011/11/tribunal-frances-suspende-proibicao-de-milho-da-monsanto-3577556.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+RuralBR+%28Not%C3%ADcias+-+RuralBR%29


28/11/2011 | 17h53


Governo do país vetou o uso do produto MON 810 em 2008 por representar riscos para a saúde e ambientais

  • Filipe Domingues
Um tribunal administrativo da França ordenou que o governo cancele a proibição imposta em 2008 para o milho geneticamente modificado desenvolvido pela companhia norte-americana Monsanto. Segundo comunicado, o "conseil d'Etat", como é conhecido o tribunal, tomou sua decisão sobre o caso apresentado pela Monsanto e outras companhias que se opunham à proibição, imposta sobre a variedade de milho MON 810.
O "conseil d'Etat" afirmou que seguiu uma determinação do Tribunal de Justiça da União Europeia - os governos individuais de Estados membros só são autorizados a impor proibições unilaterais sobre transgênicos se puderem provar que há uma emergência ou se houver "um risco elevado de ameaça à saúde humana ou animal ou o ambiente de forma manifesta".
O governo francês proibiu o uso do milho MON 810 em fevereiro de 2008, por entender que representa riscos para a saúde e ambientais, embora o tribunal tenha dito que o ministério apenas mencionou documentos questionando se a safra era perigosa para a saúde, o ambiente e a economia.
O grupo ambientalista Greenpeace disse que se opõe à determinação do tribunal e pediu que o governo francês ordene uma "investigação científica séria" sobre os possíveis riscos associados ao milho geneticamente modificado da Monsanto.
Agência Estado