sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Composição da dívida é favorável contra crise


O Estado de S. Paulo - 06/01/2012
 

País tem 30% dos papéis atrelados à Selic; maioria é prefixada ou corrigida pela inflação

O governo blindou a dívida pública federal contra as incertezas do cenário mundial em 2012. O Tesouro Nacional começa o ano com a melhor composição da dívida e a perspectiva de chegar em dezembro com indicadores muito próximos do nível que os economistas consideram ótimo para a gestão do endividamento.
Mais de um terço da dívida do governo federal é composto por papéis que o Tesouro sabe de antemão quanto terá de pagar aos investidores, os prefixados. Outro pedaço é representado por títulos atrelados à inflação, que está desacelerando, e a parcela mais complicada, com retorno ligado à flutuação da taxa básica de juros (Selic), abriu o ano em cerca de 30% do total da dívida.
Para completar o cenário favorável, apenas 23% da dívida vencerão nos próximos 12 meses. Quanto menor a parcela do endividamento com vencimento de curto prazo, menor o risco de financiamento do governo em casos de grandes turbulências no mercado financeiro. Ao longo deste ano, vencem cerca de R$ 419 bilhões de títulos da dívida interna e externa.
É a primeira vez, desde 1999 - início da série histórica - que o governo consegue atingir, ao mesmo tempo, níveis mais favoráveis para todos os indicadores relativos aos tipos de papéis que compõem o estoque da dívida e relacionados aos prazos e estrutura de vencimento dos papéis.
Recorde. O Estado apurou que os papéis com rendimento prefixado fecharam 2011 em 37% do total da dívida. Os títulos com rentabilidade atrelada a índices de preços somaram cerca de 28%. Juntos, esses dois tipos de papéis - considerados melhores para o perfil do endividamento - atingiram o valor recorde de 65% do total dos débitos.
Outros 30% são papéis flutuantes, corrigidos basicamente pela variação da taxa Selic. Esses são os títulos que mais dificultam a vida dos administradores da dívida porque o pagamento aos investidores que compraram esses papéis não é conhecido quando a venda é realizada. O restante são papéis atrelados à variação da taxa de câmbio.
Em 2002, quando a economia brasileira viveu uma crise econômica, a participação de títulos prefixados era de apenas 1,99%. Foi depois desse período turbulento para o Brasil que o Tesouro começou a estratégia mais forte de aumentar o volume de prefixados e papéis vinculados ao IPCA.
PAF. No fim deste mês, o Tesouro deve divulgar o novo Plano de Anual de Financiamento (PAF), documento que contém as diretrizes e metas para a gestão da dívida. No PAF, há bandas mínimas e máximas para os principais indicadores do endividamento, que devem ser perseguidas pelo Tesouro.
No cenário mais otimista, segundo apurou o Estado, a perspectiva é de que a dívida termine o ano com os papéis prefixados e atrelados à inflação no piso da banda de participação considerada ótima. Já para os flutuantes, a perspectiva é de que o piso da banda ótima só seja atingido em 2013, quando vence um grande volume de LFTs (papéis vinculados à Selic). Segundo o PAF, o Tesouro considera como banda ótima para prefixados 40% a 50% do total da dívida; flutuantes de 10% a 20%; e índices de preço entre 30% e 35%.

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