domingo, 8 de janeiro de 2012

Crise corta cem mil vagas no setor financeiro e ameaça emergentes

São Paulo, domingo, 08 de janeiro de 2012Mercado
Mercado

Cortes serão na Europa e nos EUA; no Brasil, pode atingir corretoras e filiais de estrangeiros
Bancos estrangeiros poderão reduzir negócios no país para se adequar às novas exigências de capital
VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Crise nos mercados é sempre seguida de demissões. Dessa vez, o encolhimento deverá custar pelo menos cem mil vagas nos bancos e corretoras globais, podendo respingar em países distantes do epicentro da turbulência, como o Brasil.
Os grandes bancos anunciaram, desde o início de 2011, que terão de demitir 91 mil no mundo. Mas os números devem ser maiores.
Só nos EUA, foram cortados 56.191 de janeiro a novembro -162% mais que em 2010, segundo a consultoria Challenger, Gray & Christmas. O setor financeiro foi o segundo que mais demitiu, atrás só do governamental.
No Brasil, as filiais de bancos estrangeiros terão de demitir se tiverem de reduzir (ou se desfazer de) áreas de negócios para se enquadrarem às exigências regulatórias.
Para Luis Santacreu, analista da Austin Ratings, as mais ameaçadas até agora são as corretoras brasileiras por conta da crise na Bolsa.
A corretora britânica Icap demitiu em outubro 56 dos 200 funcionários no Brasil. Os britânicos previam "pagar" em dois anos e meio os investimentos feitos para entrar no país, mas a crise atrasou o cronograma e implicou um "redimensionamento".
Segundo o sindicato dos bancários, o Itaú cortou 4.000 no final do ano. "Os cortes não têm nada a ver com a crise, mas com a fusão com o Unibanco", disse Daniel Reis, diretor do sindicato e funcionário do Itaú.
O Itaú não confirma as 4.000 demissões, mas admite que fez ajustes devido a uma remodelagem de negócios. Diz ainda que reaproveitou 2.000 funcionários.
"Em 2008, os cortes foram rápidos. Depois, a situação melhorou e tiveram de recontratar. Demitir, contratar e treinar têm custo. Houve um aprendizado", diz Santacreu.
O HSBC cortará 30 mil, mas diz que o país será poupado por ser estratégico. O banco tem 9% do fluxo financeiro entre o Brasil e a China.
O Goldman Sachs quer fortalecer a unidade brasileira, que contava com 30 pessoas em 2007 e tem 300 hoje.
O Citi, que pode afastar até 4.500 pessoas, também quer reforçar a operação no país.
O francês BNP Paribas diz que o Brasil faz parte do esforço para sua reestruturação global, já concluída e que envolveu demissões. A previsão é de 1.400 cortes no mundo.
Na França, o Société negocia as demissões com os sindicatos. No Brasil a estrutura é pequena, mas todas as contratações foram suspensas.

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