sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A menor poupança em 5 anos


Autor(es): agência o globo:Gabriela Valente
O Globo - 06/01/2012

O saldo de R$14,2 bilhões foi 63% inferior ao recorde de 2010
BRASÍLIA. Com o mundo em crise, crescimento menor do emprego, além da alta da inadimplência e do endividamento, o brasileiro guardou menos dinheiro na caderneta de poupança em 2011. Foi o pior resultado dos últimos cinco anos. Os depósitos superaram os saques em R$14,2 bilhões no ano passado, a menor marca desde 2006. Segundo o Banco Central (BC), a queda foi de 63% em relação ao ano anterior, quando a captação líquida de R$38,7 bilhões quebrou todos os recordes do Plano Real.
A alta dos juros básicos - promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no início do ano passado - fez com que os investidores procurassem aplicações mais rentáveis que a poupança. A captação dos fundos de renda fixa, por exemplo, foi de R$80 bilhões em 2011, quase seis vezes mais, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A rentabilidade também deixou a desejar. Dados da entidade mostram que os fundos DI - que têm como referência a taxa básica de juros - renderam cerca de 11,85%. Já os de renda fixa retornaram 12,47% para os aplicadores no ano passado. Na contramão, estão as ações negociadas na Bovespa, que tiveram uma queda de 17,79% em 2011. Enquanto isso, o brasileiro que depositou dinheiro na caderneta de poupança no início do ano passado teve rendimentos de 6,8%. Mas a inflação, que deve fechar o ano perto de 6,5%, comeu os ganhos da poupança.
Inflação diminuiu sobra
para poupança
Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, não é apenas a alta da Selic que fez com que a poupança tivesse o pior desempenho dos últimos cinco anos. A inflação em alta corroeu parte da renda do trabalhador disponível para poupar. Outro fator que prejudicou a poupança foi a decisão da equipe econômica de contrair o crédito no fim de 2010 para conter a inflação. Os bancos ficaram mais exigentes na hora de conceder crédito, e isso mexeu no planejamento familiar:
- Foi um ano muito difícil para o consumidor, com inflação em alta e aperto da renda e do crédito. A inadimplência subiu por isso.
Na avaliação do economista, em 2012 será o inverso do ano passado. As sucessivas quedas na taxa básica de juros, que caíram de 12,5% ao ano em julho para 11% no fim do ano, deixam as outras aplicações menos atraentes. Isso beneficia a poupança, mas cria um problema para o governo, que se financia com aplicações dos investidores em títulos da dívida pública:
- Em algum momento, o governo terá de mudar a forma de rentabilidade da poupança porque vai criar um problema para a dívida pública. O governo já está estudando essa mudança.
Para o economista-chefe da corretora Prosper, Eduardo Velho, isso não deve acontecer em 2012 por um motivo: é ano eleitoral. E qualquer mudança na poupança - aplicação mais segura, já que o governo garante parte dos depósitos - implicaria um custo político muito alto.
Ao todo, o brasileiro guarda R$420 bilhões na caderneta de poupança. Este é o estoque, de acordo com o BC. Como o saldo cresce normalmente de um ano para o outro, os rendimentos creditados pelos bancos para os correntistas aumentam. Foram de R$21 bilhões em 2010 e chegaram a R$27 bilhões no ano passado.

Caderneta de poupança tem a menor captação em cinco anos

Autor(es): FERNANDO NAKAGAWA
O Estado de S. Paulo - 06/01/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/1/6/caderneta-de-poupanca-tem-a-menor-captacao-em-cinco-anos

Em 2011, captação foi de R$ 14,2 bi. resultado 63,3% menor que o de 2010, melhor ano da história para a caderneta
O investimento na poupança despencou em 2011. Dados do Banco Central mostram que a captação de novos recursos somou R$ 14,2 bilhões no ano passado, valor mais baixo desde 2006. Esse resultado é 63,3% menor que o visto em 2010, o melhor ano da história para as cadernetas. O maior comprometimento da renda das famílias com as dívidas, que reduz a capacidade de poupar, e a migração de recursos para os fundos de renda fixa podem explicar a piora dos números.
Pelo sexto ano consecutivo, os depósitos superaram os saques na poupança. O ritmo das aplicações, porém, foi o mais fraco em cinco anos. Nem mesmo na crise passada, entre 2008 e 2009, as cadernetas sofreram tanto. Analistas dizem que a queda dos números não surpreende porque uma série de fatores colaboraram durante o ano para a menor capacidade de poupança das famílias.
"O aumento do endividamento observado nos últimos anos eleva o pagamento mensal das parcelas e diminui o fôlego para poupar", diz o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo José de Almeida. "Com dívidas que podem ser um pouco acima do razoável e o aumento do juro no primeiro semestre, a renda fica mais comprometida."
A professora de finanças do Insper, Angela Menezes, concorda e diz que esse fenômeno afeta especialmente os poupadores de menor renda. "Já que o crédito segue em expansão, o desemprego não piorou e a renda segue crescendo, os números podem sinalizar alguma indisciplina financeira. Poupadores de maior renda não usam tanto a poupança e costumam ter mais folga no orçamento", diz.
Dados do BC mostram que as dívidas comprometem uma parcela cada vez maior da renda das famílias. Em setembro de 2008, 18,2% do salário de cada brasileiro era gasto mensalmente para pagar dívidas. Há um ano, a parcela havia crescido para 19,3%. Nos últimos meses, porém, a velocidade cresceu com força e o comprometimento alcançou 22,6% da renda em outubro, novo recorde.
Migração. Outro fenômeno que prejudica as cadernetas é a migração de recursos para os fundos de renda fixa. Levantamento da entidade que representa as instituições do mercado financeiro e de capitais, a Ambima, mostra que os fundos de renda fixa captaram R$ 55,4 bilhões em novas aplicações no ano passado. Essas carteiras são uma das mais conservadoras porque aplicam em títulos do governo que seguem a remuneração da taxa Selic. Por isso, são consideradas concorrentes da poupança.
Não é difícil entender os motivos para uma migração de recursos. Em 2011, a média dos fundos desse tipo rendeu 12,47%, quase o dobro do rendimento das cadernetas que pagaram juro próximo de 7% no ano.
"Além da rentabilidade, houve uma mobilização por parte dos bancos para atrair mais recursos", diz Ricardo José de Almeida, da FIA.
Nos últimos anos, muitos bancos reduziram taxas de administração, facilitaram o acesso a essas carteiras e, em algumas casas, até passaram a oferecer sorteio de brindes como carros para atrair novos clientes.

06/01/2012 - 16h46

Ouro ganha disparado da inflação em 2011; poupança fica pouco acima

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A inflação no Brasil em 2011 foi de 6,5%O investimento que mais rendeu e se distanciou da inflação no ano passado foi o ouro, com ganho real de 8,83%. A poupança ganhou só um pouco além da inflação -menos de 1% real. O pior resultado foi o da Bolsa, que perdeu 18%.
O rendimento acumulado do ouro em 2011 foi de 15,9%. Descontada a inflação, a aplicação resultou num ganho real de 8,83%.
Os cálculos foram feitos pelo economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

RENTABILIDADE DOS PRINCIPAIS INVESTIMENTOS EM 2011
Rendimento de aplicação de R$ 1.000 feita entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2011

TIPO DE INVESTIMENTORENDIMENTO BRUTORENDIMENTO LÍQUIDO ACIMA DA INFLAÇÃOVALOR TOTAL FINAL
Ouro15,90%8,83%R$ 1.159,00
Dólar12,20%5,35%R$ 1.122,00
Tesouro Direto11,75%4,30%R$ 1.117,50
CDB11,80%3,43%R$ 1.118,00
Fundo de Renda fixa11,70%3,33%R$ 1.117,00
Fundo DI11,60%3,24%R$ 1.116,00
Poupança7,50%0,94%R$ 1.075,00
Ibovespa-18,11%-27,66%R$ 818,90
Situação muito diferente foi aquela enfrentada por quem investiu na Bolsa. O índice Ibovespa, que representa uma média dos rendimentos dos principais papéis negociados na BM&F Bovespa, registrou queda de 18,11% em 2011.
Descontados imposto, taxa de administração e inflação, a perda chega a 27,66%, segundo Miguel de Oliveira.
Os cálculos levam em conta não apenas a inflação acumulada no ano passado, mas também a cobrança de taxas de administração (em média, de 0,5% para fundos de renda fixa, DI, CDBs e títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto).
Consideram, ainda, o Imposto de Renda (que não incide sobre o ouro, o dólar e a poupança, mas tem alíquota de 22,5% sobre o rendimento no caso de aplicações em CDBs, fundos de renda fixa e DI com prazo inferior a 180 dias, por exemplo).

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