segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mercado emergente continua no foco das montadoras

Autor(es): Por Marli Olmos | De Detroit
Valor Econômico - 09/01/2012
 

Apesar de o crescimento de vendas de veículos nos Estados Unidos em 2010 ter reanimado o setor, o foco da estratégia das montadoras continua voltado para os mercados emergentes. No final deste ano, a General Motors começará a fabricar no México o seu mais recente modelo compacto, o Sonic, produzido hoje nos EUA e Coreia. A produção no México servirá para abastecer também o mercado brasileiro. Trata-se de uma maneira de a empresa aproveitar o benefício da isenção do Imposto de Importação, garantida pelo acordo comercial entre Brasil e México.
Os recentes resultados da indústria automobilística no mercado americano são mais motivo para festa no setor do que os próprios lançamentos de automóveis no salão de Detroit, que começa a ser apresentado à imprensa hoje. "É uma satisfação ver que a GM conseguiu fechar o ano com 14% de crescimento nas vendas no mercado americano", diz o vice-presidente da GM do Brasil, Marcos Munhoz. Não foi apenas a montadora americana que sentiu melhora nas vendas nos Estados Unidos nos últimos meses.
Os resultados de dezembro em particular, que mostraram volumes 9% acima do total de um ano atrás na média geral, animaram os fabricantes. No ano, o total de 12,8 milhões de veículos vendidos mostra crescimento em relação aos 11,6 milhões de 2010 e uma significativa recuperação na comparação com os 10,4 milhões de 2009, o ano que expôs a gravidade da crise que obrigou a indústria automobilística americana a pedir socorro financeiro ao governo. Mesmo assim, o desempenho está ainda longe dos tempos em que o mercado americano chegava a volumes em torno de 17 milhões de unidades.
O aumento no nível de emprego nos EUA, divulgado na semana passada, também colabora para melhorar o ambiente que envolve o salão. Até o clima ajuda. A cidade que costuma estar escura e coberta de neve nessa época, iniciou o ano com dias ensolarados e parte da vegetação ainda verde.
Para a presidente da GM do Brasil, Grace Lieblein, que viveu muitos anos na região de Detroit, o cenário, está, de fato bem menos sombrio, o que ajudará o setor a fazer um salão mais otimista. "Todos os fabricantes americanos estão vivendo dias melhores", diz.
Lieblein não confirma que a GM pretende vender seu novo modelo compacto Sonic no Brasil. Mas a intenção ficou clara ontem, quando a montadora decidiu convidar jornalistas brasileiros para irem até seu museu de carros antigos a bordo de dez unidades do novo modelo. Na entrada do museu o grupo era aguardado por ela, ansiosa por saber as impressões do "test drive".
No Brasil, o Sonic entraria na faixa de mercado ocupada hoje pelo Novo Fiesta, que a Ford também importa do México. Trata-se de um segmento chamado no Brasil de compacto premium, com preços em torno de R$ 50 mil. Nos EUA, o modelo é vendido por US$ 15 mil, em média.
O Sonic representa uma nova cultura de automóvel no país habituado aos carrões. É por isso, que as vendas desse segmento de compactos ainda são tímidas. Em 2011, foram vendidos nos EUA 300 mil veículos desse segmento, o que representou pouco mais de 2% do mercado. Segundo o chefe de engenharia do Sonic, John Buttermore, as vendas desse tipo de carro tendem a crescer. Mas, ao contrario do Brasil, onde veículos assim são usados quase sempre para levar a família toda, nos EUA a GM busca atrair os solteiros, aposentados ou quem busca o segundo carro da família. Ele diz que o consumidor local já está deixando de se perguntar se automóveis como esse não são "pequenos demais".
Mesmo com a recuperação das vendas no mercado local, é, porém, nos países emergentes que os fabricantes americanos mantêm as estratégias de crescimento mundial. Por isso, à esteira do lançamento de um compacto como o Sonic vem sempre a pesquisa das chances de estender as vendas do veículo para as regiões como o Brasil, onde a GM já concentra cerca de 10% das vendas no mundo.
Há seis meses no comando da subsidiária brasileira, Lieblein diz que 2012 será um ano importante para a GM no Brasil por conta da renovação de produtos. Segundo ela, a empresa vai lançar sete modelos este ano.
A executiva também se prepara para organizar, junto com a direção mundial da companhia, o próximo plano de investimentos no Brasil. "Em algum momento neste ano teremos que decidir volumes de recursos a serem aplicados a partir de 2013 e saber quanto será destinado à modernização de produtos e ampliação industrial".
Lieblein diz que a empresa leva em conta até a possibilidade de ter mais uma fábrica no Brasil. A GM já produz veículos em São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS). Está construindo uma fábrica de motores em Joinville (SC) e prestes a definir outra unidade para a produção de transmissões.
Em fase de expansão do Cobo Hall, nome do pavilhão de exposições, Detroit começa a apresentar hoje à imprensa sua 24ª edição do salão do automóvel. Numa maratona de mais de 30 entrevistas, serão apresentados 40 lançamentos. Para o público, a feira será aberta de 14 a 22. Para os aficionados mais abastados, foi preparada exposição especial já ontem: cem pessoas pagaram US$ 500 por um ingresso para visitar uma galeria dos mais luxuosos exemplares de marcas, como Aston Martin, Corvette, Ferrari, Jaguar e Rolls Royce.

Nenhum comentário:

Postar um comentário