segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Preços agrícolas sobem 14,57% no acumulado de 2011 devido ao efeito cana

 Publicado em 09/01/2012 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF




O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor rural, subiu 14,57% na variação acumulada de 2011, segundo o Instituto de Economia Agrícola(IEA) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA).

O índice geral foi puxado pelo grupo dos produtos de origem vegetal, cujo índice aumentou 18,31%, devido ao efeito cana-de-açúcar, enquanto o índice de preços dos produtos de origem animal apresentou variação positiva de 3,45%.

Os preços da cana, de grande importância na composição dos indicadores, cresceram 36,42% no ano. Assim, sem considerar a cana, os preços agropecuários caíram 1,87%, com queda ainda maior nos preços dos produtos vegetais (-9,01%).

"Para uma inflação anual medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se estima em torno do teto da meta de 6,5% em 2011, os preços da cana acabaram determinando variação dos preços agropecuários paulistas superiores aos índices inflacionários", dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves. Ou seja, com a exclusão da cana, "as pressões inflacionárias não tiveram origem no campo."

O comportamento dos preços da cana decorre de preços internacionais ainda mantidos em patamares elevados para o açúcar e a escassez relativa do álcool combustível no mercado interno, observam os analistas do IEA. O resultado são preços mais elevados aos consumidores.

"Isso permitiu ao segmento recuperar margens defasadas (valendo-se de sua posição de oligopólio) ainda que a gestão dos preços da gasolina dentro da estratégia federal de segurar a inflação acabe levando a que, mesmo nos meses de maior oferta na bomba dos postos de gasolina, os preços do álcool tivessem se mantido no limite superior da proporção de economicidade para o consumo (70% do preço da gasolina)."

Além disso, prosseguem os pesquisadores, "apenas em unidades da Federação com políticas tributárias favoráveis em termos do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), como o Estado de São Paulo, são mantidos estímulos consistentes ao álcool combustível, que vem se tornando um fenômeno praticamente paulista."

Na comparação de dezembro de 2011 com o mesmo mês de 2010, as maiores altas foram verificadas nos preços do feijão (79,76%), do algodão (66,30%), do tomate para mesa (44,82%), da cana (36,42%), do café (32,63%), do leite C (17,49%), da banana nanica (16,88%), dos ovos (16,50%), do leite B (14,02%); e do amendoim (6,53%), todos com elevações superiores à inflação acumulada no período.

"O feijão ganha destaque pela magnitude do aumento, mas deve-se ter em conta o patamar muito baixo verificado em dezembro de 2010 (R$ 68,36 por saca de 60kg), abaixo do custo de produção em torno de R$ 90 por saca para padrões médios de produtividade." Os técnicos consideram, porém, que os preços de dezembro de 2011 (R$ 122,89/saca) não podem ser considerados exacerbados em face da necessária remuneração adequada do lavrador.

Da mesma forma, apresentaram variação positiva, mas em percentuais inferiores aos verificados pela inflação do período, os preços do milho (3,48%) e da carne de frango (3,15%). Na verdade, explicam os analistas, esses produtos também contribuíram positivamente para o comportamento da inflação, junto com outros oito produtos que mostraram queda de preços no acumulado dos últimos doze meses, ou seja: laranja para mesa (-43,03%); batata (-38,28%); laranja para indústria(-33,04%); arroz(-10,50%); soja (-9,86%); carne suína (-7,20%); carne bovina (-3,47%) e o trigo (-3,21).

Entre as quedas, chama a atenção o caso das laranjas (mesa e indústria), que haviam apresentado preços remuneradores durante o ano de 2010 e que, dada a safra elevada em 2011, mostram preços muito menores. Isso gera "uma realidade preocupante de remuneração dos citricultores e ao mesmo tempo o limite para a expansão da oferta, tanto no mercado interno para sucos caseiros como para a exportação de sucos cítricos, com as agroindústrias processadoras tendo trabalhado no limite de sua capacidade de moagem", dizem os especialistas.

Mesmo contribuindo com menores impactos inflacionários, a maioria dos preços agropecuários paulistas apresenta em dezembro de 2011 níveis satisfatórios de remuneração dos custos de produção, conforme concluem os pesquisadores do IEA. "E com isso há perspectiva de renda setorial consistente com a rentabilidade adequada."

A íntegra da análise está disponível em www.iea.sp.gov.br

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