domingo, 31 de outubro de 2010

Without the walls of Athens

ACT IV - SCENE I. Without the walls of Athens.
Enter TIMON

TIMON
1    Let me look back upon thee. O thou wall,
2    That girdlest in those wolves, dive in the earth,
3    And fence not Athens! Matrons, turn incontinent!
4    Obedience fail in children! slaves and fools,
5    Pluck the grave wrinkled senate from the bench,
6    And minister in their steads! to general filths
7    Convert o' the instant, green virginity,
8    Do 't in your parents' eyes! bankrupts, hold fast;
9    Rather than render back, out with your knives,
10   And cut your trusters' throats! bound servants, steal!
11   Large-handed robbers your grave masters are,
12   And pill by law. Maid, to thy master's bed;
13   Thy mistress is o' the brothel! Son of sixteen,
14   pluck the lined crutch from thy old limping sire,
15   With it beat out his brains! Piety, and fear,
16   Religion to the gods, peace, justice, truth,
17   Domestic awe, night-rest, and neighbourhood,
18   Instruction, manners, mysteries, and trades,
19   Degrees, observances, customs, and laws,
20   Decline to your confounding contraries,
21   And let confusion live! Plagues, incident to men,
22   Your potent and infectious fevers heap
23   On Athens, ripe for stroke! Thou cold sciatica,
24   Cripple our senators, that their limbs may halt
25   As lamely as their manners. Lust and liberty
26   Creep in the minds and marrows of our youth,
27   That 'gainst the stream of virtue they may strive,
28   And drown themselves in riot! Itches, blains,
29   Sow all the Athenian bosoms; and their crop
30   Be general leprosy! Breath infect breath,
31   at their society, as their friendship, may
32   merely poison! Nothing I'll bear from thee,
33   But nakedness, thou detestable town!
34   Take thou that too, with multiplying bans!
35   Timon will to the woods; where he shall find
36   The unkindest beast more kinder than mankind.
37   The gods confound--hear me, you good gods all--
38   The Athenians both within and out that wall!
39   And grant, as Timon grows, his hate may grow
40   To the whole race of mankind, high and low! Amen.
Exit

sábado, 30 de outubro de 2010

Coletânea auxilia a traçar plano de internacionalização

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3010201002.htm
Livro arrisca ao usar caso chinês como modelo, mas análise é interessante 

ROBERTO GIANNETTI DA FONSECA 
ESPECIAL PARA A FOLHA
O fenômeno da internacionalização de empresas brasileiras é muito recente e ainda carente de estudos e pesquisas sobre sua breve experiência. A obra "Multinacionais Brasileiras" vem exatamente preencher essa lacuna, ao apresentar uma análise abrangente sobre o tema.
Construído em quatro blocos, o livro apresenta tanto aspectos teóricos como experiências práticas de selecionadas companhias multinacionais brasileiras.
No primeiro bloco os autores examinam as estratégias de internacionalização das empresas nas ultimas décadas, com ênfase na experiência chinesa, e como evoluíram os padrões de competição e gestão internacional.
A escolha da experiência chinesa é questionável por tratar-se de caso muito especifico de uma economia altamente centralizada, mas não deixa de se constituir em análise muito interessante, na qual são relatadas as motivações e estratégias vistas pelas multinacionais chinesas nos últimos 20 anos.
Ainda no primeiro bloco, os autores descrevem com muita competência os processos de internacionalização de empresas, e como o gradualismo e a descontinuidade desses processos têm sido observados pelos estudiosos do tema.
No segundo bloco, destacam a experiência brasileira recente de internacionalização e relacionam esse processo com a evolução da atividade exportadora. São abordados também os obstáculos internos e externos que dificultam o processo, e como as empresas deste país podem enfrentá-los.
Em seguida é realizada uma análise do grau de internacionalização das empresas brasileiras, seja por indicadores contábeis ou gerenciais, seja por coeficiente de exportações sobre o faturamento. Também são estudadas as relações de trabalho observadas na experiência de internacionalização, e o caso específico do setor calçadista brasileiro.

CASOS DE SUCESSO 
No terceiro bloco é analisada a questão da inovação como fator competitivo das multinacionais brasileiras, com relato de experiências bem-sucedidas como as de Embraer, Odebrecht, Gerdau, Natura e Petrobras. Esses casos emblemáticos representam uma valiosa referência da cultura empresarial brasileira no mercado internacional.
Finalmente, o quarto e último bloco trata de experiências de "offshoring" de serviços no Brasil, comparando-as com casos semelhantes na Índia, na China e em Taiwan, entre outros países. Em seguida discute-se como alavancar recursos para a internacionalização de micro, pequenas e médias empresas, e as dificuldades intrínsecas desse segmento empresarial nesse processo. Por fim, os autores referem-se aos consórcios de exportação como importante ferramenta de inserção das pequenas e médias empresas no mercado internacional.
Esta coletânea reúne valiosa contribuição prática e teórica para que empresários, executivos e estudiosos do tema obtenham melhor compreensão do processo de internacionalização e, assim, consigam formular melhores estratégias e iniciativas nos seus próprios casos.
Trata-se de obra para ser lida e consultada pelos interessados nesse fascinante tema contemporâneo. 

ROBERTO GIANNETTI DA FONSECA, economista e empresário, é diretor titular de comércio exterior e relações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
MULTINACIONAIS BRASILEIRAS

AUTOR Moacir de Miranda Oliveira Jr. e colaboradores 
EDITORA Bookman 
QUANTO R$ 68 (358 págs.) 

Empurrando com a barriga - CoP15

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Empurrando-com-a-barriga/
Convenção de Biodiversidade termina no Japão com metas modestas de conservação para os próximos dez anos. A boa notícia está em acordo contra biopirataria.

Capivaras no Parque do Cristalino (MT). A região sofre ameaças de redução da extensão e corte ilegal de madeira.
Após uma longa ressaca pelo fracasso da Convenção de Clima (COP15), no final de 2009, finalmente uma reunião da ONU acena com uma resolução se comemorar. A 10ª Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) fechou seus trabalhos hoje em Nagóia, no Japão, com o aguardado acordo de combate à biopirataria, sobre uma divisão mais justa dos benefícios gerados pelo uso de recursos genéticos. Mas fracassou no principal: metas ambiciosas de conservação da biodiversidade marinha e terrestre.

A falha é antiga. Frente à impossibilidade de cumprir as metas mundiais anteriores, estabelecidas em 2002 e com validade de dez anos, a CDB propõe novo plano decenal, o Protocolo de Nagóia, com metas muito semelhantes às anteriores. Até 2020, 10% de áreas marinhas protegidas e 17% de áreas terrestres, aumento de apenas 2% frente ao que já há hoje no mundo.

“É muito pouco”, garante Paulo Adário, diretor do Greenpeace. “Reivindicamos, até 2020, 40% de áreas marinhas conservadas, além da criação de uma rede global de áreas terrestres protegidas e o desmatamento zero para a Amazônia, uma das mais ricas fontes de recursos naturais do mundo”, diz.

Idealizado pela ONU como o Ano Internacional da Biodiversidade, 2010 termina sem o cumprimento da meta de zerar a perda da biodiversidade em áreas de alto valor de conservação. “Agora eles querem mais dez anos para tentar novamente. Ficamos menos ambiciosos”, complementa Paulo Adário.

A boa notícia ficou por conta da ratificação do protocolo de repartição de benefícios dos recursos genéticos de fauna e flora (Protocol on Access and Benefits Sharing –ABS). O protocolo é resultado de antigo embate entre países ricos em biodiversidade, caso do Brasil, e países usuários de biodiversidade.

O acordo garante o pagamento de royalties tanto pela extração, quanto pelo uso do conhecimento tradicional - de comunidades indígenas, por exemplo, acerca dos recursos naturais. A meta é criar um fundo para investimentos em conservação e, a longo prazo, inibir a biopirataria no mundo. “O protocolo reconhece que existe tecnologia envolvida no saber antigo sobre o potencial da nossa biodiversidade e, portanto, esta tecnologia precisa ser paga”, conclui Adário.

Países alcançam acordo da biodiversidade
Após 18 anos negociando, eles assinam o Protocolo de Nagoya, considerado maior pacto ambiental desde Kyoto
Novo tratado garante a soberania dos países sobre os seus recursos genéticos; Brasil é visto como grande vitorioso



RICARDO MIOTO

FSP, 30 out 10



Representantes de quase 200 países chegaram a um acordo ontem, em Nagoya (Japão), e assinaram um tratado sobre a biodiversidade.
As nações concordaram em reconhecer o direito dos países sobre a sua biodiversidade. Isso significa que países que desejarem explorar a diversidade natural (como plantas, animais ou micro-organismos) em territórios que não sejam seus terão de pedir autorização para as nações donas dos recursos.
Se estudo da fauna e da flora alheia resultar em novos produtos, como fármacos ou cosméticos, os lucros terão de ser repartidos entre quem os desenvolveu e o país de origem do recurso, conforme contrato prévio.
Se houver comunidades que utilizem os recursos genéticos tradicionalmente, como tribos indígenas, elas também terão direito de receber royalties pela exploração comercial da biodiversidade.
Os diplomatas chamam esses pontos de ABS, uma sigla em inglês para "acesso e repartição de benefícios".


VITÓRIA BRASILEIRA
As negociações para estabelecer esses pontos sobre o acesso aos recursos genéticos levaram quase 20 anos. Desde a Eco-92, no Rio de Janeiro, temas ligados à biopirataria são discutidos, e os países ricos relutavam em assinar um pacto que garantisse a soberania dos países sobre a sua biodiversidade.
Por isso, o acordo realizado agora, na COP-10 (10ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica), em Nagoya, foi visto como uma grande vitória brasileira, país dono da maior biodiversidade do mundo e protagonista nas negociações no Japão.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, chefe da delegação brasileira, disse estar satisfeita.
"É realmente uma vitória. Estou certa que temos um novo arranjo para a conservação biológica. Para nós é bom, finalmente avançamos, mas não é excelente."
Ela diz isso porque algumas posições brasileiras, como o efeito retroativo para direitos sobre a biodiversidade (haveria royalties por substâncias já desenvolvidas e comercializadas, por exemplo), não estão no acordo.
A ministra defendeu, porém, que algum acordo é melhor do que nenhum acordo. "É necessário entender que precisamos de conciliação, senão não há resultados."
Ela diz que o sucesso de Nagoya, com um consenso entre centenas de países, pode servir de exemplo para as negociações do clima, que seguem em Cancún, em dezembro. "Sou uma mulher pragmática e otimista."
Não foi só Teixeira que saiu de Nagoya sorrindo. O clima entre os representantes de todos os países era de comemoração pelo acordo, que parecia distante conforme as negociações avançavam pela madrugada de sexta para sábado no Japão.
"Não é só um protocolo chato. Ele se refere a bilhões de dólares da indústria farmacêutica", disse Tove Ryding, do Greenpeace.
"Se Kyoto entrou para história como o lugar onde o acordo do clima nasceu, em 1997, Nagoya terá destino similar", diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CBD), responsável pela conferência.
Além do protocolo sobre a biodiversidade, várias metas de aumento na quantidade de terras e áreas marítimas preservadas foram estabelecidas (veja à direita).
A única ausência notável foi a dos Estados Unidos, que nunca participaram da CBD.

PRINCIPAIS PONTOS DO
PROTOCOLO DE NAGOYA


  Os países são soberanos sobre a sua biodiversidade e recursos genéticos (incluindo plantas, animais e micro-organismos). Nenhuma outra nação pode acessar e explorar isso sem autorização do "dono" do recurso natural

  Caso algum país crie, com recursos naturais de outro, novos produtos (como remédios), ambos devem ser "sócios" e dividir os lucros oriundos de eventual comercialização

  Esses lucros devem ser divididos, também, com as comunidades que usam o recurso tradicionalmente -caso uma multinacional desenvolva um cosmético a partir de uma planta que uma tribo indígena utilize, pagará royalties a ela

  10% das áreas marinhas e costeiras vão virar regiões protegidas até 2020. Hoje, 1% está sob preservação

  Também até 2020, 17% das áreas terrestres devem estar protegidas. Hoje, esse valor é de 12%

  Resta, porém, um ponto de discórdia sobre os royalties de recursos naturais: países em desenvolvimento querem que eles existam inclusive para substâncias já desenvolvidas, mas os países ricos não aceitam royalties retroativos

três textos de Frei Beto

DEZ CONSELHOS PARA OS MILITANTES DE ESQUERDA

Frei Betto
 1. Mantenha viva a indignação.
       Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.

      Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.

 2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
     
      Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.

 3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
     
      O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.

      O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6,1 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.

      Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros(as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.

      Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos(as) companheiros(as).

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".

      "Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.

      O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.

6. Seja rigoroso na ética da militância.
     
      A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo – a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.

      Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.

      O verdadeiro militante – como Jesus, Gandhi, Che Guevara – é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa. 

7. Alimente-se na tradição da esquerda.
     
      É preciso oração para cultivar a fé,  carinho para nutrir o amor do casal,  "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.

      Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.

      Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.

9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.

      São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.

      Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.

      A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.

      Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.

      Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente. 

Frei Betto é escritor, autor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.


DESAFIOS À NOVA ESQUERDA

Frei Betto

 O ideário socialista ruiu, vítima de sua pragmática identificação com o progresso material. Lenin enfatizou o socialismo como sinônimo de eletrificação. Os partidos comunistas no poder empenharam-se em desenvolver a infraestrutura de seus respectivos países, porém sem a mesma atenção à formação da sociedade civil, democratização da estrutura política e ampliação do mercado varejista.

 Socialismo deve rimar com emancipação humana, soberania nacional e, sobretudo, felicidade pessoal. No capitalismo, que exalta a competitividade, suporta-se a lógica de que a felicidade de um decorre da infelicidade de muitos. É outra vertente ética, enraizada na solidariedade, que torna o socialismo radicalmente diferente. "De cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade".

 A esquerda latino-americana é desafiada, agora, a tornar-se menos leninista e mais guevarista. A autocracia partidária cede lugar às emulações morais. Mais leitura de Os manuscritos econômico-filosóficos de Marx & Engels;e menos de 
O capital.

 
A ideologia progressista não pode mais ser reduzida a uma teoria econômica de natureza positivista. O socialismo não pode ser projetado como um capitalismo sem capitalistas. O que significa que não pode ser pautado por padrões de tecnologia e modelos de consumo.

 O resgate da ética, a transparência no trato com a coisa pública, a tolerância nas relações e a intransigência nos princípios, o compromisso efetivo e afetivo com os setores mais carentes da população - eis a condição para uma esquerda que pretenda recuperar sua credibilidade e seu poder de humanização da sociedade.

 O peruano José Carlos Mariátegui, que latinoamericanizou o marxismo, renunciou em seus escritos o culto supersticioso da idéia de progresso. Interessado em superar o positivismo e o determinismo, ele propôs um socialismo como "criação heróica" a partir do povo, tendo ao centro, na América Latina, a questão indígena, o universo camponês, a multidão de pobres, e não o prometeico proletariado industrial. Em suma, mais atenção ao povo e menos rigor na ótica de classe.

 Na atual conjuntura latino-americana, fica descartada a estratégia libertadora centrada na proposta de assalto ao Estado. A Nicarágua sandinista comprovou que, devido à internacionalização do aparelho repressivo, monitorado pelos EUA, antes de apelar para a idéia de força é preciso recorrer à força das idéias. A eleição de Lula e de tantos chefes de Estados progressistas na América Latina são expressões desse novo caminho.

 Não se conquista o aparelho estatal sem antes estar consolidado o apoio de corações e mentes da maioria da população. Não se pode subestimar o sujeito popular: jovens, crentes, donas-de-casa etc. Esses setores não podem ser considerados mera massa eleitoral. Se a esquerda não se livrar do sectarismo e do dogmatismo, permanecerá isolada em suas purezas e certezas, sem condições de elaborar um novo senso comum popular.

 Nem sempre a esquerda partidarizada reconheceu o merecido valor das práticas populares alternativas: lutas por sobrevivência e resitência; denúncias; conquista de direitos; preservação do meio ambiente; relações de gênero, combate à discriminação racial e/ou étnica etc.

 Inútil dar um passo atrás e fixar-se na utopia do controle do Estado como pré-condição para transformar a sociedade. É preciso, antes, transformar a sociedade através de conquistas dos movimentos sociais, e de gestos e símbolos que façam emergir as raízes antipopulares do modelo neoliberal. Combinar as contradições de práticas cotidianas (empobrecimento progressivo da classe média, desemprego, disseminação das drogas) com as grandes estratégias políticas.

 É fazer concessão à lógica burguesa admitir que o Estado é o único lugar onde reside o poder. Este se alarga pela sociedade civil, os movimentos populares, as ONGs, a esfera da arte e da cultura, que incutem novos modos de pensar, de sentir e de agir, modificando valores e representações ideológicas, inclusive religiosas.

 "Não queremos conquistar o mundo, mas torná-lo novo", proclamam os zapatistas. Hoje, a luta não é de uma classe contra a outra, mas de toda a sociedade contra um modelo perverso que faz da acumulação da riqueza a única razão de viver. A luta é da humanização contra a desumanização, da solidariedade contra a alienação, da vida contra a morte.

 A crise da esquerda não resulta apenas da queda do Muro de Berlim. É também uma crise teórica e prática. Teórica, de quem enfrenta o desafio de um socialismo sem stalinismo, sem dogmatismo, sem sacralização de líderes e estruturas políticas. E prática, de quem sabe que não há saída sem retomar o trabalho de base, reinventar a estrutura sindical, reativar o movimento estudantil, incluir em sua pauta as questões indígenas, raciais, feministas e ecológicas.

 Neste mundo sem esperança, só a imaginação e a critividade da esquerda são capazes de livrar a juventude da inércia, a classe média do desalento, dos excluídos do conformismo. Isso requer uma ideologia que resgate a ética humanista do socialismo, abandonando toda interpretação escolástica da realidade e, sobretudo, toda atitude que, em nome do combate à burguesia, faz a esquerda agir mimeticamente como burguesa, incensando vaidades, sonegando informações sobre recursos financeiros, reforçando a antropofagia de grupos e tendências que se satisfazem em morder uns aos outros.

 O pólo de referência das esquerdas, em torno do qual devem se unir, só pode ser um: os direitos dos pobres.

Frei Betto é escritor, autor de “Cartas da Prisão” (Agir), entre outros livros. 

ATEÍSMO MILITANTE  artigo de Frei Betto

ATEÍSMO MILITANTE
 
Frei Betto 
      No decorrer da campanha presidencial afirmei, em artigo sobre Dilma Rousseff, que ela nada tem de “marxista ateia” e que “nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar com violência os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte".
      O texto provocou reações indignadas de leitores, a começar por Sr. Gerardo Xavier Santiago e Daniel Sottomaior, dirigentes da ATEA (Associação Nacional de Ateus e Agnósticos).
      Desfruto da amizade de ateus e agnósticos e pessoas que professam as mais diversas crenças. Meus amigos ateus leram o texto e nenhum deles se sentiu desrespeitado ou comparado a torturadores.
      O que entendo por “ateísmo militante”? É o que se arvora no direito de apregoar que Jesus é um embuste ou Maomé um farsante. Qualquer um tem o direito de descrer em Deus e manifestar essa forma negativa de fé. Não o de desrespeitar a crença de cristãos, muçulmanos, judeus, indígenas ou ateus.
      A tolerância e a liberdade religiosas exigem que se respeitem a crença e a descrença de cada pessoa. Defendo, pois, o direito ao ateísmo e ao agnosticismo. Minha dificuldade reside em acatar qualquer espécie de fundamentalismo, seja religioso ou ateu.
      Sou contrário à confessionalidade do Estado, seja ele católico, como o do Vaticano; judeu, como Israel; islâmico, como a Arábia Saudita ou ateu, como a ex-União Soviética. O Estado deve ser laico, fundado em princípios constitucionais e não religiosos.
      Não há prova científica da existência ou inexistência de Deus, lembrou o físico teórico Marcelo Gleiser no encontro em que preparamos o livro “Conversa sobre Ciência e Fé” (título provisório) que a editora Agir publicará nos próximos meses. Gleiser é agnóstico.
      Assim como não tenho direito de considerar alguém ignorante por ser ateu, ninguém pode “chutar a santa” (lembram do caso na TV?) ou agredir a crença religiosa de outrem. Por isso, defendo o direito ao ateísmo e me recuso a aceitar o ateísmo militante.
      Advogar o fim do ensino religioso nas escolas, a retirada dos crucifixos nos lugares públicos, o nome de Deus na Constituição e coisas do gênero, nada têm de ateísmo militante. Isso é laicismo militante, que merece minha compreensão e respeito.
      O Deus no qual creio é o de Cristo, conforme explicito no romance “Um homem chamado Jesus” (Rocco). É o Deus que quer ser amado e servido naqueles que foram criados “à sua imagem e semelhança” – homens e mulheres.
      Não concebo uma crença abstrata em Deus. Não presto culto a um conceito teológico. Nem me incomodo com os deuses negados por Marx, Saramago e a ATEA. Também nego os deuses do capital, da opressão e da Inquisição. O princípio básico da fé cristã afirma que o Deus de Jesus é reconhecido no próximo. Quem ama o próximo ama a Deus – ainda que não creia. E a recíproca não é verdadeira.
      Ateísmo militante é, pois, profanar o templo vivo de Deus: o ser humano. É isso que praticam torturadores, opressores e inquisidores e pedófilos da Igreja Católica. Toda vez que um ser humano é seviciado e violentado em sua dignidade e direitos, o templo de Deus é profanado.
       Prefiro um ateu que ama o próximo a um devoto que o oprime. Não creio no deus dos torturadores e dos protocolos oficiais, no deus dos anúncios comerciais e dos fundamentalistas obcecados; no deus dos senhores de escravos e dos cardeais que louvam os donos do capital. Nesse sentido, também sou ateu.
      Creio no Deus desaprisionado do Vaticano e de todas a religiões existentes e por existir. Deus que precede todos os batismos, pré-existe aos sacramentos e desborda de todas as doutrinas religiosas. Livre dos teólogos, derrama-se graciosamente no coração de todos, crentes e ateus, bons e maus, dos que se julgam salvos e dos que se creem filhos da perdição, e dos que são indiferentes aos abismos misteriosos do pós-morte.
Creio no Deus que não tem religião, criador do Universo, doador da vida e da fé, presente em plenitude na natureza e nos seres humanos.
Creio no Deus da fé de Jesus, Deus que se aninha no ventre vazio da mendiga e se deita na rede para descansar dos desmandos do mundo. Deus da Arca de Noé, dos cavalos de fogo de Elias, da baleia de Jonas. Deus que extrapola a nossa fé, discorda de nossos juízos e ri de nossas pretensões; enfada-se com nossos sermões moralistas e diverte-se quando o nosso destempero profere blasfêmias.
Creio no Deus de Jesus. Seu nome é Amor; sua imagem, o próximo.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de “Mística e Espiritualidade” (Vozes), entre outros livros.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Bancada ruralista diminui 45%, mas mantém núcleo duro

http://www.mst.org.br/Bancada-ruralista-diminui-45-mas-mantem-nucleo-duro%20
8 de outubro de 2010

Por Edélcio Vigna
Assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos- Inesc

A bancada ruralista da legislatura 2006/2011 perdeu 50 de seus 117 integrantes. A bancada era composta de 117 deputados, mas por diversos motivos (cassação, renúncia, novos cargos e falecimento) seis deles foram impedidos de concorrer.
Além disso, dos 50 que não voltarão à Câmara dos Deputados, 30 foram derrotados nas urnas e 21 optaram por não se candidatar. Assim, a bancada ficou reduzida a 111 parlamentares e, entre estes, 61 (55%) foram reeleitos. Isso significa que a atual bancada perdeu 45% dos seus membros.
Parlamentares importantes para a articulação dos ruralistas como Mendes Thame, Gerson Peres, Hugo Bhiel, Bonifácio de Andrada, Odílio Balbinotti, Raul Julgmann, Valdir Colatto e Vadão Gomes, que foi presidente da Comissão de Agricultura, foram rechaçados nas urnas.
Porém, o núcleo duro da bancada se manteve intacto com a reeleição dos deputados Ronaldo Caiado, Ônyx Lorenzoni, Darcísio Perondi, Lupion, Micheleto, Heinze, Paulo Bornhausen, Sandro Mabel, Valdir Colatto, entre outros.
A bancada teve três baixas devido ao falecimento dos deputados Max Rossemann, Mussa Demes e Fernando Diniz. O deputado Jerônimo Reis foi cassado e Waldir Neves, renunciou.
Por outro lado, os deputados Waldemir Moka (MS) e Ciro Nogueira (PI) se elegeram senador e vão reforçar, naquela Casa, o campo agrário-empresarial com a senadora Kátia Abreu.
O deputado Jader Barbalho (PA) conseguiu votos suficientes para se eleger ao Senado Federal, mas está sob judice pela lei da Ficha Limpa. O deputado João Oliveira se tornou o vice de Siqueira Campos eleito governador de Tocantins e o deputado José Mucio Monteiro assumiu o Tribunal de Contas da União (TCU).
Nas eleições de 2010, o partido que mais reelegeu ruralistas foi o PMDB (15), seguido do PFL (13), PP (10) e PSDB (9). O PPS reelegeu quatro, o PTB e o PR reelegeram três e o PDT, dois.
Em relação às unidades federativas, o Paraná manteve o maior número de ruralistas (11), seguido de Goiás e Minas Gerais, com sete cada um. Os estados onde a bancada teve as maiores baixas foram Bahia e Minas Gerais onde não se reelegeram sete ruralistas, respectivamente. São Paulo elegeu apenas três ruralistas, mas o apoio de setores agropecuários e do agronegócio garantiu a reeleição de Aldo Rebelo (PCdoB).
A rejeição de quase a metade dos atuais componentes da bancada ruralista pode estar indicando que há uma nova composição do eleitorado, mesmo do meio rural, que exige uma atuação parlamentar mais do que a simples postura de defesa dos interesses agropecuaristas.
Os deputados que se reelegeram e os novos que integrarão a bancada têm que tomar consciência que, os anos de confronto entre agricultura comercial de exportação e agricultura familiar e camponesa, estão sendo superados pelas sucessivas crises ambientais, climáticas e alimentares globais.
A pauta de defesa radical do continuado rolamento das dívidas agrícolas está anacrônico e não corresponde mais as demandas da sociedade do século 21. O discurso produtivista do agronegócio está, atualmente, restrito aos setores patronais que vem perdendo espaço como puxadores de votos. Por outro lado, entendemos que este discurso não amplia sua capacidade de sedução eleitoral. O eleitorado está demandando mais políticas públicas sociais, como saúde, educação, segurança alimentar, entre outras.
As grandes empresas agropecuárias, proprietárias das cadeias de produtivas e dos grandes estabelecimentos de distribuição, terão que fazer mais do que ocupar terras férteis com monocultura, mais do que fazer o país campeão mundial de uso de agrotóxicos banidos em outros países ou produzir safras recordes de grãos para alimentar animais nos países desenvolvidos.
Terão que enfrentar os desafios da mudança climática, da redução das emissões de gases de efeito estufa, do desmatamento, da degradação do solo e da perda de biodiversidade, como um problema decorrente da atividade agrícola.
A bancada ruralista, assim como nos mandatos passados, deverá se recompor na legislatura 2011/2015, mas se não evoluir nas práticas e no discurso, incorporando a preocupação ambientalista e de sustentabilidade, poderá ser varrida para a lata de lixo da história.
Os ruralistas, nas eleições presidenciais, tiveram um desempenho dúbio apesar de terem sido um dos setores mais favorecidos pelo governo Lula. A candidata Dilma perdeu em estados considerados domínio dos grandes agropecuaristas como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Por outro lado, a candidata ganhou em Tocantins e Goiás e o Rio Grande do Sul. Este resultado paradoxal demonstra que a Bancada Ruralista só atua de forma coordenada nas votações congressuais onde seus interesses imediatos estão em pauta.
Não há e não houve uma articulação por dentro da Bancada para definir o apoio a um ou outro candidato presidencial. Houve uma espécie de liberação tácita de voto. Os candidatos se articulam conforme seus interesses locais e regionais durante o processo eleitoral.
Em fevereiro de 2011, de volta a normalidade legislativa os coordenadores da Bancada Ruralista vão contar as baixas, refazer os flancos perdidos, recompor a articulação e iniciar a disputa, por dentro dos seus partidos, para ocupar alguns espaços de decisão na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e no governo, independente de quem seja o Presidente da República.

Escola do MST tem a melhor nota no Enem em Abelardo Luz

http://www.mst.org.br/node/10798
22 de outubro de 2010
Por Ernesto Puhl
Do Jornal Sem Terra
Na Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. A escola é dirigida por militantes do MST e professores
indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1418 famílias, morando em 23 assentamentos.
A escola foi destaque no Exame Nacional do Ensino médio (Enem) de 2009, divulgado na pagina oficial do Enem. Ocupou a primeira posição no município, com uma nota de 505,69. Para muitos, esses dados não são mais do que um conjunto de números que indicam certo resultado, mas para nós, que vivemos neste espaço social, é uma grande conquista.
No entanto, essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação.
A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e do êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são para uma pequena elite.
E mesmo com todas as dificuldades a Escola Semente da Conquista foi destaque entre as escolas do Município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim de uma proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado.

Brasil ficará com 63% do investimento da Vale em 2011

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/brasil-ficara-com-63-do-investimento-da-vale-em-2011
Autor(es): Eduardo Laguna e Silvia Fregoni
Valor Econômico - 29/10/2010
 

A mineradora Vale vai investir no próximo ano US$ 24 bilhões, um volume recorde na história do setor, segundo o presidente da companhia, Roger Agnelli. Os desembolsos serão custeados pela geração de caixa da empresa.

As operações no Brasil ficarão com US$ 15,318 bilhões dos recursos, montante que representa 63,8% do total aprovado. Haverá aporte de US$ 1,959 bilhão no Canadá, onde a companhia tem importantes ativos de níquel e projeto de fertilizantes, além de investimentos em vários outros países.

Para Agnelli, o cenário para os próximos 12 meses é muito positivo e a empresa continuará operando com plena capacidade, na esteira do forte consumo chinês e da continuidade da recuperação na produção industrial no mundo.

O executivo disse que o risco para a Vale hoje é a questão cambial, não só no Brasil como também nos outros países produtores de commodities. "O câmbio faz o custo dos projetos subir, porque a mão de obra e boa parte os equipamentos são locais."

Segundo a Vale, o minério de ferro ficará com maior parte dos investimentos previstos para 2011, ou 35,5% do total. A estratégia do grupo é produzir 311 milhões de toneladas desse insumo no ano que vem. A produção deve alcançar 522 milhões de toneladas em 2015.

Em fertilizantes - a mais recente investida da Vale dentro da estratégia de diversificação do portfólio de produtos -, serão investidos US$ 2,5 bilhões, o que corresponde a 10,4% de tudo que será desembolsado no próximo ano (veja quadro).

A empresa quer mais que dobrar em cinco anos a produção de todos minerais e metais, com um crescimento médio anual de 16,3% entre 2011 e 2015. No período de 2003 a 2008, o índice de produção da mineradora avançou a uma taxa média anual de 9,8%.

Para tanto, a mineradora vai destinar 81,3% dos investimentos de 2011 para sua expansão orgânica - o que envolve aportes na execução de projetos (US$ 17,535 bilhões) e pesquisa e desenvolvimento (US$ 1,986 bilhão).

O orçamento já foi aprovado pelo conselho de administração e corresponde a uma alta de 125,1% sobre os US$ 10,662 bilhões dos 12 meses terminados em 30 de setembro, sem incluir US$ 7,156 bilhões referentes a aquisições.

O executivo destacou que a Vale investiu, nos últimos quatro anos, em ativos que ainda não começaram a gerar receita. "A empresa que estamos construindo é quase do tamanho da que opera hoje."

Segundo a companhia, 18 grandes projetos - somando US$ 26 bilhões em investimentos - entrarão em operação entre 2010 e 2012. "A entrada em operação desses projetos aumenta a capacidade de financiamento da expansão das atividades da companhia sem a necessidade de alavancar o balanço", diz a empresa.

Em entrevista ontem sobre os resultados, o presidente da Vale disse que vê uma tendência de maior estabilidade nos preços do minério de ferro para o começo de 2011, após as oscilações observadas ao longo deste ano.

"Não posso dizer se a flutuação vai ser positiva ou negativa, mas diria que deve haver uma estabilidade maior de preços", comentou o executivo, acrescentando que o valor do insumo deverá oscilar perto da cotação atual praticada no mercado spot (à vista) na China, que está ao redor de US$ 148 por tonelada.

Agnelli disse que a China está conseguindo mitigar os efeitos de uma recessão na Europa e de uma lenta recuperação nos Estados Unidos. Para o executivo, não há risco de grandes mudanças na expansão chinesa. "Não só eu tenho que rezar para a China, mas todo mundo tem que rezar para a China continuar crescendo", afirmou.

O presidente da Vale evitou, mais uma vez, tecer comentários sobre as especulações acerca de sua saída do comando da mineradora. "Dispenso qualquer tipo de comentário nesse sentido", disse, após afirmar que a companhia já emitiu um posicionamento claro sobre o tema - referiu-se à nota, divulgada na terça-feira, em que a mineradora nega, por orientação de acionistas controladores, planos de substituir Agnelli.

Ele comentou que a mineradora é "extraordinariamente importante" para o desenvolvimento do país e que qualquer governo vai querer trabalhar de forma "muito próxima" à companhia.

Como expandir a educação superior sem financiamento?

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/como-expandir-a-educacao-superior-sem-financiamento
Autor(es): Fábio J. Garcia dos Reis
Valor Econômico - 29/10/2010
Estão matriculados em no ensino superior apenas 13,7% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos 
Desde janeiro, o Departamento de Educação dos Estados Unidos está negociando novas regras com os diferentes atores que atuam na educação superior com o objetivo de instituir algumas deliberações no Higher Education Opportunity Act, que regulamenta o financiamento federal para os estudantes.
A regra que tem gerado maior polêmica é a que requer que alunos das "for-profit institutions" não possam contrair uma dívida de financiamento se a projeção do seu salário, após terminar a graduação, não for compatível com o empréstimo solicitado. Como o Estado financia o aluno das instituições privadas, mas o estudante não consegue pagar o empréstimo em função dos baixos salários ou mesmo do desemprego, o governo americano questiona se deve continuar financiando estudantes de instituições com fins lucrativos.
O exemplo dos EUA pode servir de parâmetro para a discussão do assunto aqui no Brasil, embora não necessariamente como modelo, pois os sistemas são diferentes. Entre nós, o tema principal do debate ainda é o da urgente necessidade de expansão do ensino superior, mas ele passa obrigatoriamente pela questão do financiamento. Afinal, como vamos expandir nosso sistema de educação superior sem financiamento?
No Brasil, apenas 13,7% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em instituições de ensino superior, sendo que 25% deles estudam em instituições públicas, enquanto o setor privado é responsável por 75% das matrículas. Nos EUA, mais de 60% dos jovens nessa faixa etária estão na universidade e, ao contrário do Brasil, 73% deles estudam em instituições públicas e 27% em instituições privadas. Por sua vez, apenas 6,2% dos alunos matriculados no ensino superior brasileiro têm financiamento reembolsável, número muito negativo quando comparado com os EUA, onde mais de 50% dos universitários recebem algum tipo de financiamento estudantil.
O Brasil investe pouco no financiamento da sua educação superior. Não só o percentual brasileiro é muito baixo, como a sua evolução é negativa. Um país que ostenta uma das piores taxas de escolarização líquida, e que possui um baixo número de vagas ofertadas nas universidades públicas, não poderia jamais ter apenas 6,2% dos estudantes com acesso a financiamento estudantil, um índice que era de 8,1% em 2005, e vem caindo desde então.
O Ministério da Educação e os dirigentes públicos continuam se recusando a discutir a cobrança de mensalidade nas instituições de ensino superior públicas brasileiras, sob o argumento que a educação é um bem público, um dever do Estado e, portanto, a oferta pública de educação precisa ser integralmente financiada pelo Estado. Mas poderíamos inverter a discussão. Se o ensino é um bem público, as pessoas que se formam nas instituições públicas utilizam suas habilidades e conhecimentos para o benefício público ou privado? Qual o real retorno para a sociedade? Como as instituições públicas fazem o controle do gasto dos recursos públicos?
Nos EUA, o ensino superior é pago, inclusive em todas as instituições públicas. Segundo o Almanac Issue 2009-2010, um relatório sobre a educação superior publicado pelo jornal "The Chronicle", o preço médio de uma instituição de ensino superior pública (4 anos), com taxas e mensalidades, é de US$ 5,9 mil (cerca de R$ 10,2 mil). Já em uma instituição privada (4 anos), nas mesmas condições, é de US$ 21,5 mil (cerca de R$ 37 mil). No Brasil, segundo dados o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), um aluno do curso superior matriculado em uma universidade pública custa anualmente aos cofres públicos R$ 15 mil, o que representa três vezes mais o custo médio de um aluno matriculado numa instituição privada.
Os EUA gastaram, em 2008, mais de US$ 10 bilhões em algum tipo de auxílio para os estudantes. No Brasil, segundo informações do Semesp, o governo brasileiro gasta por ano cerca de R$ 860 milhões por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e do Programa Universidade para Todos (ProUni). Esse valor representa cerca de US$ 480 milhões, ou seja, nem um décimo do gasto americano.
O Departamento de Educação dos EUA abriu o debate sobre as regras de financiamento. Aqui, uma boa oportunidade para o debate desse assunto aconteceu em setembro, em São Paulo, quando o especialista em educação sênior do Banco Mundial, Michael Crawford, apresentou alternativas para ampliação do financiamento e do acesso à educação superior durante fórum sobre o ensino superior particular brasileiro. Mas o que ressaltou no evento foi que o foco precisa estar na construção de um sistema de educação superior em que as regras sejam discutidas pelos atores que atuam no interior do sistema, exatamente como está ocorrendo nos EUA.
O Brasil corre o risco de ser pouco competitivo no que se refere a inovação e conhecimento se não aumentar o acesso ao ensino superior, repensar seus indicadores de qualidade na educação superior e estabelecer um Plano Nacional de Educação (PNE) com objetivos e metas coerentes com a nossa realidade e que tenha como parâmetro indicadores internacionais. No geral, as atuais propostas são ideológicas. E, sem uma mudança nessa linha de pensamento, o país não conseguirá promover a expansão do seu sistema de educação superior, com graves consequências para o futuro de toda uma geração.
Fábio José Garcia dos Reis é professor e diretor acadêmico do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) e doutor em História Social pela USP.



Caixa das universidades federais soma R$ 20 bi

Autor(es): Luciano Máximo
Valor Econômico - 29/10/2010
 

Educação: MEC defende expansão, mas gestão anterior aponta evolução menor na média anual de matrículas


As 57 universidades federais brasileiras terminam 2010 com um caixa de R$ 19,7 bilhões - já descontado o pagamento de aposentadorias e pensões. O valor é o mais elevado em duas décadas e representa um salto de quase 120% na comparação com o orçamento verificado em 2005, de acordo com números compilados pelo professor Nelson Cardoso Amaral, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e pelo Ministério da Educação (MEC).

Os últimos cinco anos ficaram marcados pela execução das duas fases do programa federal de interiorização das instituições de ensino superior e de expansão da oferta de vagas e cursos, da contratação de professores e funcionários e dos investimentos para ampliação da infraestrutura da rede, com novos prédios de salas de aula, laboratórios e equipamentos. O aumento do orçamento das universidades sucede um longo período de estabilidade orçamentária, que durou 11 anos, entre 1995 e 2005.

Observador do desempenho orçamentário das universidades federais desde 1989, o professor Amaral lembra que, apesar da recente evolução, os recursos destinados a investimentos precisam crescer, pois são bem inferiores aos gastos com salários, aposentadorias, pensões e até manutenção. Segundo a execução orçamentária de toda a rede, dos R$ 22,1 bilhões do orçamento integral de 2009 (incluindo inativos), R$ 1,4 bilhão (6,5%) foi a rubrica capital, destinada à ampliação da infraestrutura ou aquisição de equipamentos. Folha de pagamento e inativos representam fatia que supera 80% do caixa das universidades.

"Gastos com salários são importantes, porque mão de obra é a maior riqueza de uma universidade. Ainda assim, o crescimento é o maior dos últimos anos e ajudou a superar o período de estagnação no custeio e investimento durante os oito anos do governo FHC. Muitas universidades ficaram endividadas", diz Amaral.

Cálculos do acadêmico apontam que o orçamento das federais registrou ligeira queda entre 1994 e 2002, passando de R$ 9,2 bilhões para R$ 9 bilhões, já descontados inflação e gastos com inativos. Os investimentos recuaram com maior intensidade no período (de R$ 278 milhões para R$ 45 milhões), enquanto os recursos empregados em manutenção - contas de água, luz e telefone e serviços de limpeza e segurança - também caíram, de R$ 996 milhões para R$ 537 milhões.

O ex-ministro da Educação do governo FHC Paulo Renato Souza, atual secretário da Educação de São Paulo, contesta os números. Segundo ele, o levantamento do acadêmico não contempla o Programa de Modernização das Universidades Federais, que previa a concessão de créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de organismos internacionais para a aquisição de equipamentos. Com a iniciativa, diz Souza, a média anual de gastos com custeio em oito anos foi de R$ 1,3 bilhão.

"Não tivemos diminuição de recursos, observamos que era possível fazer mais com o que havia. Concentramos a distribuição de recursos de custeio e investimentos com base no número de alunos e cursos e, depois, criamos, o programa de estímulo à docência", ressalta Souza, destacando que havia muito desperdício na administração das universidades federais e "foi preciso instituir mais cobrança por parte do MEC".

Na opinião de Amaral, da UFG, as universidades correram um risco de queda de qualidade com a adoção da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) na gestão de Souza no MEC, abolida em seguida, ainda quando Cristovam Buarque era ministro da Educação no governo Lula. "Ao provocar uma maior preocupação com índices de produtividade, a GED poderia ter consequências negativas, por forçar uma atuação burocrática do docente, apenas preocupado em somar pontos numa tabela que resultaria em aumento da parcela salarial", avalia.

Souza diz também que as matrículas nas universidades federais durante o governo FHC cresceram a uma taxa média anual de 6%, enquanto no governo Lula ela foi menor, de 3,2%, considerando dados até 2008. O tucano também contesta os números de formação nos cinco anos do governo Lula. "Em termos absolutos, o número de formandos caiu mesmo com toda essa derrama de dinheiro, faltou eficiência ao MEC e iniciativas de cobranças."

O MEC rebate as acusações, afirmando que foi obrigado a passar os primeiros anos de gestão "apagando fogo da expansão irresponsável" promovida nos últimos anos do governo anterior, de acordo com um dirigente do ministério. As universidades federais, acrescenta, tinham mais de R$ 2 bilhões em dívidas. "Só a Unifesp em São Paulo tinha uma única conta de água não paga de R$ 50 milhões. Além disso, o calendário universitário estava atrasado 120 dias por causa das greves e tivemos que chamar novos concursos públicos para substituir os professores temporários contratados no passado. A expansão só pôde ser iniciada depois que saldamos as dívidas com cada fornecedor, a partir de 2004", diz a fonte.

Segundo ela, se a comparação da evolução do número de matrículas levar em conta os mandatos completos de Lula e FHC, a vantagem é do primeiro. Considerando a previsão de matrículas de 2010, de 860 mil novos alunos, a expansão entre 2003 e 2010 será de 51%, enquanto que, entre 1995 e 2002, o crescimento foi de 44%.

Quanto à taxa de formação, a fonte do MEC explica que, por conta da fase de ajustes no início do mandato, o número de titulados se manteve estável e já começa a registrar crescimento. Entre 2003 e 2009, a taxa de formação cresceu 9%. "E crescerá ainda mais nos próximos anos. Segue uma lógica clara: se a expansão se intensificou em 2005, e é preciso pelo menos cinco anos para a formação, não tinha como aumentar antes de 2009."

De Norte a Sul, campi viram canteiros de obra

Valor Econômico - 29/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/de-norte-a-sul-campi-viram-canteiros-de-obra

Dois anos depois da implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que injetará R$ 3 bilhões até 2012 na rede federal de ensino superior, o Ministério da Educação (MEC) contabiliza a construção de 128 novos campi universitários, que se estendem por mais de 220 cidades brasileiras. "São 3,5 milhões de m2 de área construída ou em fase de reforma em todo o Brasil", diz Maria Paula Dallari Bucci, secretária de Ensino Superior do ministério.

Reitores de todo o país ouvidos pelo Valor contaram que, depois de mais de dez anos sem investimentos significativos em ampliação, as universidades federais são consideradas "verdadeiros canteiros de obra".

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o orçamento cresceu 56% entre 2004 e 2010, para R$ 454 milhões, sem considerar pagamentos a inativos e sentenças judiciais. A adesão ao Reuni permitiu a instituição contratar 450 professores e 400 servidores a partir de 2007. O reitor Carlos Alexandre Netto informa que outros concursos estão paralisados por causa do período eleitoral. "Os dados mostram que, pela primeira vez, o Brasil vive uma política séria de apoio à educação superior. O que se demonstra é um aumento de 10% do orçamento de custeio, que paga as despesas correntes da nossa instituição, e aumento significativo de capital pelo Reuni, que garante obras, novos cursos e a entrada e permanência de novos estudantes", relata.

Pela meta do Reuni, a UFRGS já criou 750 novas vagas desde 2007 e deverá criar outras 750 até 2012. "O foco são os cursos noturnos, em todas as áreas: criamos novas vagas, principalmente nas licenciaturas, saúde e engenharias", complementa Netto. A federal gaúcha tem 34 mil alunos de graduação e pós-graduação e 5 mil professores e técnicos administrativos.

Com um vocabulário de executivo de negócios, o reitor também destaca a ampliação física da federal. "Antes era proibitivo sequer pagar a manutenção dos espaços acadêmicos, agora registramos 90 mil m2 de área construída na nossa carteira de projetos. Nos últimos anos, foram inaugurados dois prédios de sala de aula, um novo prédio está em fase adiantada e mais quatro novas unidades acadêmicas e laboratórios terão as obras iniciadas até o fim do ano", conta o reitor.

Além da infraestrutura para aulas e pesquisa, a UFRGS investe em outros setores. "Os restaurantes universitários eram mantidos com recursos próprios, agora recebemos nas rubricas orçamentárias da União. Não é pouca coisa, nas cinco unidades servimos 1,2 milhão de refeições por ano."

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a UFPE, em Pernambuco, planejaram expansão em direção ao interior. No caso da primeira, o crescimento orçamentário, de 77% de 2004 a 2010 (para R$ 203 milhões), permitiu que antigas unidades acadêmicas provisórias - instaladas em Benjamim Constant, a mil quilômetros da sede em Manaus, na fronteira com a Colômbia e o Peru - fossem convertidas em um campus permanente.

"O campus de Benjamim Constant ganhou autonomia, passou a receber recursos específicos de pessoal, custeio e capital, que estão sendo usados para construir prédios e contratar professores e técnicos. Passaram a ter vida", afirma Albertino de Souza Carvalho, pró-reitor de planejamento e desenvolvimento institucional da Ufam. Segundo ele, a presença da universidade na pequena cidade de 25 mil habitantes do Alto Solimões era esporádica. "Tínhamos parcerias com a prefeitura para fechar alguma turma, aí a gente enviava professores para lecionar. Eles usavam as salas de aula das escolas municipais ou espaços cedidos por alguma associação."

A expansão da Ufam também chegou às cidade maiores, como Humaitá, Parintins, Coari e Itaquatiara. Carvalho diz que a escolha dos cursos nesses locais está relacionado com o perfil econômico e cultural, além das tradicionais licenciaturas, estratégia para fortalecer a educação básica. "No Alto Solimões, 70% da população é indígena, lá prevalecem os cursos de antropologia. Em Humaitá, no sul do Estado, há um grande desenvolvimento na área de grãos, então demos atenção para a criação de cursos de agronomia e engenharia ambiental. Nas outras se destacam a biodiversidade e a pecuária, o que justifica a criação de institutos acadêmicos de engenharia ambiental, saúde, biotecnologia, agronomia e zootecnia", explica o pró-reitor.

A UFPE focou grandes reformas no campus de Recife e a expansão dos campi de Caruaru e Vitória de Santo Antão. "Apenas universidades privadas ou estaduais ocupavam essas localidades, mas tinham infraestrutura muito reduzida. A presença de uma universidade federal tem um poder multiplicador para a renda das pessoas e um forte efeito de desenvolvimento regional", diz Hermino Ramos de Souza, pró-reitor de planejamento da UFPE. O orçamento da universidade nordestina cresceu 14% nos últimos sete anos, para R$ 300,9 milhões.

O reitor Edward Madureira Brasil, da Universidade Federal de Goiás (UFG), destaca a construção de novos prédios de salas de aula e laboratórios de pesquisa, obras viárias nos dois campi da capital goiana e nos de Jataí e Catalão. "Essas unidades foram contempladas com várias centros com 30, 40 salas de aula e laboratórios. A maior obra que edificamos foi um centro de eventos no campus de Goiânia, onde são feitas 100% das colações de graus, sem custo para o estudante. Além disso o espaço também é usado para a realização de feiras e congressos, gerando recursos extras para a universidade." Uma das metas da UFG no Reuni é abrir um novo campus na cidade de Goiás, antiga capital do Estado.

Os planos do pró-reitor de administração da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Manoel Fernando Martins, para cumprir as metas do Reuni é abrir cerca de mil vagas por ano até 2012. A instituição conta com orçamento de R$ 150,5 milhões neste ano. "Estamos resgatando uma dívida com a sociedade, que permaneceu intocada entre 1994 e 2004. Estamos voltando a manter estrutura do início da década de 1990, resgatando o nível de funcionamento de antes, mas ainda com muito atraso", avalia Martins.