quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Brasil perde exportação até para a Colômbia

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/28/brasil-perde-exportacao-ate-para-a-colombia
Autor(es): Marli Olmos | De São Paulo
Valor Econômico - 28/10/2010

A valorização do real começa a levar os fabricantes de automóveis a apelar para conexões com países vizinhos para diminuir o custo da exportação. A Renault planeja vender no México o modelo Duster, que será produzido no Brasil no próximo ano. Mas, ao descobrir que fica mais barato abastecer o mercado mexicano a partir da Colômbia, a empresa decidiu transferir esse contrato de São José dos Pinhais (PR) para Medellín. O lado pitoresco da operação é que a fábrica colombiana basicamente monta veículos com componentes comprados principalmente do Brasil.

"Ao fazer a equação percebemos que não somos competitivos na produção desse veículo no Brasil para enviá-lo ao México", diz o vice-presidente mundial da Renault para a região Américas, Denis Barbier. Segundo o executivo, a diferença de custo entre a exportação do Brasil e da Colômbia, no caso, fica entre 500 e 700 por veículo. "No Brasil, somos penalizados pelas pressões de custos", diz Barbier, ao apontar não apenas a valorização da moeda brasileira como também aumentos de preços de matéria-prima, como aço, e reajustes salariais.
A fábrica que a Renault possui na Colômbia funciona basicamente com montagem. Além do Brasil, a linha recebe peças da fábrica na Romênia. Com uma produção de veículos ainda tímida, a a rede de fornecimento de peças colombiana é insuficiente. Por isso, as montadoras operam no sistema chamado CKD, que monta os carros com kits importados.
Com pouco mais de 200 mil veículos, o mercado colombiano equivale a menos de um mês de vendas no Brasil. Metade sai das fábricas instaladas no país.
A Renault tem interesse em reforçar presença no México, onde começa, aos poucos, a elevar a participação, que estava em 1,5% no ano passado e agora chega a 2,5%. O Duster, modelo já vendido na Europa e que será produzido no Brasil a partir do segundo semestre de 2011, é um utilitário que vai concorrer no segmento do Ecosport, da Ford.
A decisão da Renault de desviar a exportação que caberia à filial brasileira para a unidade colombiana reforça posição de executivos de outras montadoras, que se queixam da dificuldade em continuar vendendo para o México em razão da valorização do real.
O mercado mexicano prometia ser um dos principais destinos dos veículos fabricados no Brasil em razão do acordo comercial fechado há oito anos e também da estratégia das montadoras com fábricas nos dois países. O México ocupou o segundo lugar nas exportações de veículos do Brasil, em 2009, com 57 mil unidades, atrás da Argentina, principal destino, com 270 mil unidades.
Há um ano, a Renault decidiu escalar um dos vice-presidentes para cuidar exclusivamente da região Américas, na qual a operação brasileira tem maior peso. A montadora não participa do mercado dos Estados Unidos. Com a venda de 300 mil veículos da marca na América Latina, a fatia do Brasil está em 50% . Apesar disso, a participação no mercado brasileiro na média do ano ainda é de 4,6% .
Barbier está, no entanto, otimista porque nos últimos resultados mensais, o índice subiu para 5,4%. Ele reconhece que a concorrência das marcas asiáticas será forte, principalmente no segmento de carros mais baratos. A Renault, diz, tem feito pesquisas para estudar como atender melhor um segmento de mercado que cresce à medida que recebe consumidores que começam agora a comprar carros novos.


São Paulo lança pacote de desoneração fiscal

Autor(es): Fernando Taquari | De São Paulo
Valor Econômico - 28/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/28/sao-paulo-lanca-pacote-de-desoneracao-fiscal

O governador paulista, Alberto Goldman (PSDB), assinou ontem nove decretos com incentivos e desonerações para empresas do Estado. Entre as medidas anunciadas está a desoneração do ICMS na aquisição de bens de capital para 58 setores. Além disso, está isento o ICMS do transporte de mercadoria destinada à exportação. Ou seja, a operação de transportar a mercadoria da fábrica até o local onde ela será embarcada ao exterior passa a ser desonerada.
O decreto também prevê o adiamento do ICMS nas operações com insumos utilizados na fabricação de equipamento para a geração de energia eólica, além de partes, peças e componentes usados na fabricação de máquinas e equipamentos para a extração mineral e a construção.
Entre outras medidas, está a ampliação do uso de créditos acumulados de ICMS no pagamento do imposto devido na importação de mercadorias. Com isso, os créditos passam a ser admitidos também para a quitação de eventuais multas moratórias ou juros de mora nos casos em que haja atraso na aduana.
Já os contribuintes que ficaram inadimplentes ao ingressarem no Programa de Parcelamento Incentivado de débitos do ICMS poderão regularizar sua situação fiscal até 28 de fevereiro de 2011.
O governo paulista ainda estendeu até 31 de março de 2011 o prazo para utilização dos benefícios do Programa de Incentivo ao Investimento pelo Fabricante de Veículo Automotor (Pró-Veículo). Assim, os créditos acumulados de ICMS poderão ser usados em projetos de ampliação e modernização das linhas de montagem de veículos localizadas no Estado. Outra prorrogação se refere aos benefícios às empresas integrantes do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, que serão estendidos até 31 de março de 2011.


Emergentes podem fechar pacto comercial

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 28/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/28/emergentes-podem-fechar-pacto-comercial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar um dos poucos acordos comerciais concluídos em seus oito anos de mandato. No dia 15 de dezembro, em Foz de Iguaçu, 11 países em desenvolvimento podem acertar um acordo de preferências tarifárias. Apenas um ponto ainda não está fechado: a participação ou não do Irã no tratado.
Há três décadas, a iniciativa foi lançada e nunca chegou a uma conclusão. O acordo inclui corte de pelo menos 20% das tarifas de cada país. No mínimo, 70% dos produtos agrícolas e industriais serão afetados. As estimativas, porém, são de que o impacto não seja significativo.
Ainda assim, o acordo tem duas finalidades: aumentar o comércio bilateral entre emergentes em áreas que não causem prejuízos e dar um sinal político aos países ricos de que os países em desenvolvimento estão dispostos a fechar acordos comerciais.
Mas as ambições iniciais do Brasil tiveram de ser revistas para baixo para permitir que o acordo fosse fechado ainda durante o mandato de Lula. Há um ano, a esperança era de que 20 países aderissem ao tratado, o que representaria 13% do Produto Interno Bruto mundial e 15% dos fluxo comercial do planeta.
Um ano depois, porém, o número de participantes caiu de forma drástica. Confirmados estão apenas 11 países, dos quais 4 já são membros do Mercosul.
Originalmente, a ideia era a de ter Chile, Cuba, Egito, Índia, Indonésia, Malásia, México, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Sri Lanka, Tailândia, Vietnã e Zimbábue, além do Mercosul. Mas Lula vai ter de se contentar com Cuba, Egito, Coreia do Sul, Indonésia, Índia, Marrocos e Malásia.
Lula termina sua presidência sem ver a conclusão da Rodada Doha, com o acordo Mercosul-União Europeia ainda indefinido e com a Alca enterrada há anos. O perfil das exportações brasileiras também sofreu uma mudança profunda. Em 2010, por exemplo, a Argentina caminha para se tornar o segundo maior destino de produtos brasileiros, enquanto a China superou já os Estados Unidos. Hoje 47% das exportações de bens industrializados do Brasil ainda vão para os demais mercados latino-americanos.
Teerã. Mas a dúvida ainda no acordo de dezembro se refere à participação do Irã. A meta do Itamaraty sempre foi a de não isolar o governo iraniano, mesmo diante das pressões americanas e europeias por sanções. O Itamaraty explicou que produtos que fazem parte da lista de sanções do Conselho de Segurança da ONU não entrarão no tratado.


Dólar sobe com força e já mira R$ 1,75

Por dentro do mercado
Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico - 28/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/28/dolar-sobe-com-forca-e-ja-mira-r-1-75
Desde a mínima de 13 de outubro o dólar já subiu 4,05%.

A moeda americana teve um pregão de firme valorização na quarta-feira, retomando a linha de R$ 1,72 pela primeira vez em mais de um mês.

Parte da alta pode ser atribuída à piora de humor externo, que deu fôlego ao dólar e tirou força dos ativos de risco. No entanto, as ordens de compra por aqui não recuaram mesmo com o pessimismo perdendo força no fim no pregão.

O assunto em pauta no campo externo era o tamanho do plano de ajuda que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, poderá adotar para estimular a economia.

Cabe lembrar que muito do tom positivo das últimas semanas, que foram pautadas pela venda do dólar e aportes em ativos de risco, foi estimulado pelas expectativas de uma firme atuação da autoridade monetária americana na compra de títulos do Tesouro como forma de derrubar os juros e, assim, estimular a economia.

No entanto, reportagem do The Wall Street Journal indicou que o Fed estaria estudando a compra de algumas centenas de bilhões de dólares em títulos, enquanto alguns agentes pensavam em trilhão de dólares.

A contribuição doméstica para essa puxada no preço da moeda americana foi incerta.

O volume no mercado à vista foi baixo, o que exclui a ocorrência de remessas relevantes de dólares para fora do país.

Alguns operadores chamaram a atenção à movimentação de corretoras que tipicamente operam para estrangeiros, que estariam em firme movimento de compra, indicando zeragem de posições vendidas.

Há quem enxergue, também, uma cautela pré-eleições, já que as últimas pesquisas contrariaram os rumores de mercado e mostraram crescimento da candidata governista, Dilma Rousseff.

Os operadores mais técnicos chamam atenção para o fato de o dólar ter rompido pontos gráficos importantes, que caso confirmados, colocariam a moeda rumo a R$ 1,75.

Quanto mais explicações para um mesmo fato, maior a percepção de que esse mercado "tem dono", ou seja, há grandes agentes defendendo ou mudando sua posição.

Ontem, o dólar comercial chegou a cair a R$ 1,703, mas encerrou o dia R$ 1,722, o que representa uma alta de 0,93% (veja gráfico abaixo) e a maior cotação de fechamento desde 20 de setembro, quando valia R$ 1,728. Chamou atenção o baixo volume estimado para o mercado interbancário, apenas US$ 1,4 bilhão.


Desde 13 de outubro, quando encerrou o dia a R$ 1,655 (menor preço desde 1º de setembro de 2008) o dólar comercial já subiu 4,05%.

Mérito das medidas do governo? Segundo o analista de câmbio da BGC Liquidez, Mário Paiva, é muito difícil medir a contribuição das atuações do governo via aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nessa rodada de valorização da moeda americana.

"As medidas ajudam, mas a influência do governo é pequena com relação ao tamanho do mercado."

Para o analista, a tendência para o dólar segue a mesma, ou seja, perdendo força no mundo todo. "Mas é óbvio que se o ambiente global se deteriorar, o dólar pode subir um pouco mais."

Hoje, atenção à ata do Copom. Não é esperada alteração no viés de estabilidade do juro básico em 10,75%. Com isso, ganha peso a leitura dos comentários do Banco Central sobre o comportamento da inflação, demanda doméstica e ambiente internacional.

Eduardo Campos é repórter


Uma em 4 empresas fecha no 1o- ano

Autor(es): Agencia o Globo/Rennan Setti
O Globo - 28/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/28/uma-em-4-empresas-fecha-no-1o-ano

Firmas com alto crescimento somavam 8,3% do total, segundo IBGE

No Brasil, uma em cada quatro empresas fecha antes de completar um ano. A Demografia das Empresas, divulgada ontem pelo IBGE, mostra que 23,9% das 464,7 mil firmas surgidas em 2007 foram encerradas em 2008.

A sobrevivência está diretamente ligada ao porte: desapareceram 29,4% das que não tinham funcionários, mas apenas 4,3% das com dez ou mais empregados.

A taxa de sobrevivência também é maior no Sudeste (79,1%) e no Sul (79,8%).

A pesquisa utilizou dados de 2008 — é, portanto, pouco influenciada pela crise global que eclodiu em setembro daquele ano — e considerou os indicadores de empreendedorismo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo ela, 8,3% das empresas com dez empregados ou mais que existiam apresentavam crescimento considerado alto. Essas geraram 57,4% de todos os 4,9 milhões de postos de trabalho formais que se abriram entre 2005 e 2008.

O percentual de empresas de alto crescimento no Brasil (8,3) é maior, segundo o IBGE, do que o dos EUA, Espanha (cerca de 6%) e de Áustria e Canadá (3%). Segundo a pesquisa, o número de empregados nessas empresas aumentou 173,7% entre 2005 e 2008, enquanto a média de todas as firmas foi de 22,2%. Foram consideradas empresas de alto crescimento aquelas que, por três anos, tiveram expansão de pessoal assalariado superior a 20%.

— O alto crescimento indica amadurecimento no mercado.

O bom momento da economia brasileira é um dos fatores — Juarez Silva, analista do IBGE.

Só 9% das 4,1 milhões de empresas tinham mais de dez empregados em 2008. Dessa minoria, 64,3% ficaram estagnadas ou reduziram seu quadro de funcionários no período.

A idade média das empresas era de 9,7 anos.A indústria de transformação tinha maior fatia das empresas de alto crescimento (27,4%), seguida pelo comércio (26,4%). Mas 61,6% dessas empresas tinham apenas entre 10 e 49 funcionários.


Consumo lidera crescimento e PIB repete o mix de 2009

Autor(es): João Villaverde
Valor Econômico - 29/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/consumo-lidera-crescimento-e-pib-repete-o-mix-de-2009
O consumo voltou a ditar o ritmo da economia brasileira. Enquanto os principais indicadores da indústria - produção, demanda por crédito, emprego e intenção de novos investimentos - desaceleraram nos últimos meses, a demanda continua em ascensão. No primeiro trimestre de 2010, a indústria cresceu 4% sobre o final de 2009, enquanto o consumo das famílias subiu 1,4%. Essa composição de crescimento mudou - o consumo parece liderar o crescimento, o que faz 2010 mais parecido com 2009.

Enquanto o ano de 2009 começou com recessão econômica e terminou com aceleração da indústria, tendo como motor o aquecido consumo das famílias, o ano de 2010 se iniciou com ritmo chinês de crescimento na produção e deve terminar com a indústria andando mais devagar - desde abril o setor vem reduzindo o ímpeto.

O comércio varejista, no entanto, continua de vento em popa. O Índice Antecedente de Vendas (IAV) do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, que coleta os resultados dos 35 maiores varejistas do país, subiu 7,9% em setembro sobre mesmo mês do ano passado, quando o consumo já era muito aquecido. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), calculada, como o PIB e os indicadores de produção da indústria, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), continuou avançando forte ao longo do ano e cresceu 2% em agosto sobre julho.
Na indústria de transformação, a produção de agosto foi 2,6% inferior a de março, enquanto o setor passou a contratar proporcionalmente menos. Nos primeiros três meses do ano, a indústria respondeu por 29% dos empregos criados, segundo série do Cadastro Geral de Admitidos e Demitidos (Caged) ajustada pela LCA Consultores. No mesmo período, o comércio respondeu por 22% das novas vagas. No terceiro trimestre, o peso da indústria recuou para 19% e o varejo manteve a mesma proporção.
A perda de ímpeto do setor produtivo também aparece no crédito. Não só a procura por empréstimos bancários na indústria despencou 4,2% em setembro sobre agosto, como as consultas do setor por financiamento do BNDES no ano tem sido focadas: nos primeiros sete meses do ano - até onde é possível pesquisar - os fabricantes de alimentos, em alta devido ao consumo das famílias, fizeram consultas 30% maiores que em igual período de 2008, o auge. Por outro lado, a demanda de indústrias de metalurgia e máquinas e equipamentos por novos investimentos foi inferior a de 2009, quando, em igual período, a economia apresentava crescimento fraco.
Valor levantou as consultas feitas por 24 setores industriais junto ao BNDES para conseguir financiamentos do banco. No mês de julho, o dado mais recente, 13 dos 24 setores tiveram seu mês mais fraco em demanda por financiamento, enquanto outros cinco registraram em julho o segundo pior mês em apresentação de novos projetos.
Há diferenças de ímpeto entre os setores. Aqueles mais ligados ao consumo das famílias e menos afetados pela competição com importados, como os fabricantes de alimentos, apresentaram pedidos (consultas) no equivalente a R$ 10, 6 bilhões nos primeiros sete meses do ano, valor superior ao apresentado em igual período de 2009 e 2008, quando foram solicitados R$ 4,6 bilhões e R$ 7,5 bilhões, respectivamente. Já a indústria metalúrgica, que reúne desde os fabricantes de veículos até as siderúrgicas, apresentou consultas inferiores à dos últimos dois anos - 61% inferior aos primeiros sete meses do ano passado e 26,8% abaixo do registrado em 2008.
Os fabricantes de máquinas e equipamentos, importantes por apresentarem a disposição do conjunto da indústria em ampliar sua capacidade de produção, ainda apresentam ritmo de consulta por financiamentos do BNDES inferior ao que apresentavam em 2008, quando a atividade estava acelerada - R$ 3,2 bilhões, entre janeiro e julho deste ano, e R$ 3,5 bilhões em igual período de 2008.
Segundo a Serasa Experian, que calcula uma estimativa mensal do PIB, o desempenho do terceiro trimestre será "próximo a zero" frente ao segundo, avalia Luiz Rabi, gerente de indicadores da Serasa. "Quando os incentivos fiscais acabaram, em março, a economia começou a rodar mais devagar mesmo, culminando com o terceiro trimestre, que teve o desempenho mais fraco do ano", diz Rabi, para quem o quarto trimestre será "um pouco mais forte". Em julho, o PIB mensal calculado pela Serasa apresentou queda de 0,2% frente a junho, e em agosto alta de 0,3% sobre o mês anterior. "Andamos de lado no terceiro trimestre", diz Rabi.
Diferente da Serasa, a Tendências Consultoria estima que o PIB do terceiro trimestre ficou no azul, ainda que em queda frente aos anteriores. No segundo trimestre, a economia cresceu 1,2% sobre o primeiro, nos dados oficiais do PIB.
A Tendências desenvolveu um índice de atividade antecedente do PIB, denominado de ITA, calculado mensalmente, que apresentou elevações de 0,7% e 0,6% em julho e agosto, respectivamente. "A elevação do segundo trimestre foi, em sua maior parte, construída pelo efeito positivo dos primeiros três meses, que foram muito fortes. Foi por isso que os indicadores de produção industrial caíram em todos os três meses entre abril e junho, mas ainda registraram avanço de 1,9% na comparação trimestral do PIB, mas todo o "carry-over" foi gasto no segundo trimestre" diz Bernardo Wjuniski, economista da Tendências, que estima avanço de 0,8% entre julho e setembro.
Os analistas consultados pelo Valor avaliam que o resultado do PIB será cadente, tendo crescido entre 0,8% e 1%, no terceiro trimestre contra o segundo, e outro resultado semelhante, isto é, em torno de 1% de avanço, neste último trimestre do ano. "O último trimestre é sempre mais forte que o terceiro graças às festas de fim de ano, que impulsionam a produção da indústria em outubro e novembro e o comércio em dezembro", diz Wjuniski.
Segundo estimativas do Departamento de Pesquisas Econômicas do Bradesco, a demanda doméstica aumentará 9,5% no ano, sustentada, principalmente, pelo mercado de trabalho. Bancos e consultorias estimam que a taxa de desemprego deve oscilar em torno de 6% em dezembro, o patamar mínimo histórico - a MB Associados estima que a taxa será de 5,2% no fim do ano.
"São mais de 2,2 milhões de empregos formais criados apenas entre janeiro e setembro. Além disso, os salários estão em alta, o que também amplia a concessão de crédito às pessoas físicas, e tudo se reverte em consumo", dizem os economistas do Bradesco, que estimam um avanço de 6% da massa salarial para este ano, e de 18% da concessão de crédito para pessoa física - a RC Consultores apresenta estimativas ainda mais otimistas, com alta de 6,7% na massa real de rendimentos e de 23% na concessão de crédito à pessoa física.
Parte desse incremento do consumo está sendo atendido pelo exterior. Não à toa, as importações, em volume, estão 40% maiores neste ano em relação a 2009, quando o consumo já era muito elevado. Diante do fraco desempenho das economias mais desenvolvidas, a demanda por exportações brasileiras continua em baixa, fato agravado pela valorização do real. Como consequência, o saldo comercial sairá dos US$ 40 bilhões verificados em 2007 para um resultado pouco superior a US$ 15 bilhões em 2010. [O saque pelo consumo, lembrando os tempos pré-30, em que os interesses dos exportadores e dos importadores divergiam, e estes montavam sobre aqueles.]


Fiesp alerta para risco de desindustrialização

Autor(es): Fernando Taquari
Valor Econômico - 29/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/fiesp-alerta-para-risco-de-desindustrializacao
Se não fosse o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil, a atividade na indústria paulista de transformação poderia registrar um crescimento acima dos 11% que são projetados para este ano.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o setor opera com capacidade folgada e teria totais condições de atender de forma mais ampla a forte demanda interna, que, atualmente, tem uma parcela significativa abastecida por produtos importados.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, avaliou que o país nunca correu um risco tão grande de desindustrialização como agora. Essa situação, para ele, reflete um cenário de guerra cambial entre países desenvolvidos e emergentes, real sobrevalorizado e demanda interna em expansão. "A participação da indústria de transformação sobre a formação do PIB (Produto Interno Bruto) caminha para uma rota descendente", disse Francini.
Se nada for feito nos próximos anos, acrescentou o diretor da Fiesp, a participação do setor no PIB pode cair de 15% para até 10%, configurando um quadro de desindustrialização. "Isso pode se reverter em um problema para a economia nacional, já que temos a crença de que a indústria é fundamental para as aspirações do Brasil de se tornar um país desenvolvido", observou. Para Francini, a produção doméstica só vai se tornar mais competitiva quando ocorrerem mudanças nas políticas cambial e fiscal.
"São questões centrais que devem ser tratadas pelo próximo presidente da República, seja Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). Não vamos partir da inocência de que os candidatos não sabem disso", ressaltou.
Ao apresentar o resultado do Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista no mês setembro, a Fiesp trouxe um quadro em que mostra que as importações registraram nos últimos meses um ritmo de crescimento que não encontra precedente na história recente do país, sendo maior, inclusive do que a curva de evolução apurada em 1994, quando o real também estava valorizado. "E não há sinais de acomodação. Aliás, as compras do exterior continuam numa trajetória ascendente, o que faz com que parte do crescimento da demanda interna tenha sido adquirida pelas importações", frisou Francini ao afirmar ser esta uma das preocupações da Fiesp para os próximos anos. [Manifestação do 'fim da crise' de 2008, a tentativa de recompor as taxas de mais-valia no centro do capitalismo, exportar produtos acabados para a periferia, junto com os ativos financeiros]
"Em relação ao ano de 2010, não há razões para inquietação, já que as condições estão dadas com a expansão da renda e do emprego, do crédito e da demanda. A indústria de transformação também vai bem e deve crescer em torno de 11% neste ano", afirmou.
No mês de setembro, o INA registrou uma queda de 0,1% na série com ajuste sazonal em relação a agosto. Sem ajuste, a retração foi de 0,4%, enquanto no acumulado dos 12 meses houve avanço de 12% em relação aos 12 meses anteriores.
O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria de transformação paulista ficou em 83,5% em setembro, sem ajuste sazonal, abaixo do índice de 84% em agosto, mas superior aos 82,6% de setembro de 2009. Na série com ajuste sazonal, o Nuci ficou em 81,9% no nono mês de 2010, inferior aos 82,5% de agosto e dos 81,3% de setembro de 2009.
O total de salários reais pagos pela indústria paulista caiu 1,3% entre agosto e setembro, com ajuste sazonal, segundo a Fiesp. Em relação a setembro de 2009, o indicador registrou acréscimo de 5,3%. O total de horas trabalhadas na produção apresentou avanço de 0,2% no nono mês deste ano, ante agosto. No comparativo com setembro de 2009, houve alta de 9,1%, segundo a pesquisa.

COMPRAS das teles SOBEM 137%
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/caladao-da-vivo

O crescimento dos mercados de telecomunicações e de eletrônicos no Brasil tem feito com que a balança comercial desses setores pendesse cada vez mais para o lado das importações. De acordo com dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o complexo eletrônico, composto pelos segmentos de informática, eletrônicos de consumo, telecomunicações e componentes, importou US$ 15 bilhões (R$ 25,7 bilhões) em 2009, número cinco vezes superior ao volume registrado em exportações, de US$ 2,9 bilhões (R$ 4,9 bilhões).

O rápido desenvolvimento da procura pelos produtos, puxado principalmente por computadores e celulares, tem acelerado intensamente a situação deficitária do setor. Entre 2004 e 2008, a taxa de crescimento das importações foi de 137%, enquanto o montante de exportações teve alta de 60%. Esse movimento fez com que o saldo comercial negativo crescesse 169% no período, atingindo US$ 12,1 bilhões (R$ 20,7 bilhões).

Telecom
Segundo o Ipea, apesar de o segmento de componentes (peças, fios, cabos, chips, entre outros) ser responsável por 54% das importações do grupo de eletrônicos, o maior crescimento anotado no deficit comercial foi de equipamentos de telecomunicações (364%). As importações desse tipo de equipamentos estão muito relacionadas aos planos de investimentos das operadoras, enquanto os volumes de exportações estão ligados a estratégias de expansão das fabricantes para outros países, disse o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Lucas Ferraz Vasconcelos.

Na avaliação do pesquisador, o desempenho exportador do segmento de telecomunicações, apoiado principalmente nos aparelhos celulares, se mostrou bastante irregular nos últimos anos por conta das mudanças de estratégias das empresas do setor. Por questões comerciais, muitas companhias têm preferido exportar seus equipamentos a partir de outros países, que não o Brasil. Na própria América Latina, principal destino para onde as empresas enviavam seus produtos, a participação de equipamentos produzidos por aqui tem se reduzido significativamente por causa da forte chegada de aparelhos fabricados na China, afirmou. (FB)

ESTAGNAÇÃO
O cenário de desequilíbrio comercial é uma tendência também neste ano, principalmente por causa da valorização do real frente ao dólar. No primeiro semestre de 2009, as importações do complexo eletrônico foram de US$ 6 bilhões (R$ 10,2 bilhões). No mesmo período de 2010, os desembarques chegaram a US$ 9 bilhões (R$ 15,4 bilhões), num aumento de 50%.

Ao mesmo tempo, o estudo do Ipea observou uma estagnação das exportações, que variaram de US$ 1,3 bilhão (R$ 2,2 bilhões) para US$ 1,4 bilhão (R$ 2,4 bilhões).

Para Mallory, importar não é vantajoso

Para Mallory, importar não é vantajoso
Valor Econômico - 29/10/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/29/para-mallory-importar-nao-e-vantajoso/?searchterm=mallory
Diferentemente de outros grupos que têm aumentado a importação mesmo de itens fabricados no Brasil, a Mallory vai elevar a produção doméstica com sua terceira unidade no país, em Maranguape (CE), de onde sairão liquidificadores, batedeiras e ferros de passar. "É mais interessante ter fábrica aqui do que importar da nossa planta na China porque temos mais agilidade e podemos fazer produtos mais direcionados", explica Àngel Riudalbàs, presidente do grupo espanhol Taurus, que controla a Mallory desde 2002. Nestes oito anos, a Taurus, que opera em 27 países, registra no Brasil sua maior expansão. No país, investe US$ 30 milhões para triplicar de tamanho até 2015 e prevê aquisições.

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