sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ipea diz que Brasil está longe de atingir pleno emprego

17/02/2012 17:05

"Não é pleno emprego o que temos hoje no Brasil: mercado informal grande, pessoas com subocupação e rendimentos médios baixos".
Da Redação, com Agência Brasil
O emprego no Brasil está crescendo de forma quantitativa e qualitativa, com aumento de empregos com carteira assinada e do rendimento real do trabalho, ou seja, reajustes que ficam acima da inflação. Os dados são de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para quem a interpretação desse quadro significa que o padrão de crescimento do país mudou para melhor.
Mas, ainda assim, o Ipea constata que os brasileiros estão longe de alcançar a situação de pleno emprego. “O pleno emprego é uma situação onde todos teriam uma colocação no mercado de trabalho e com remuneração que o empregado considere justa para o seu trabalho. Não é pleno emprego o que temos hoje no Brasil: mercado informal grande, pessoas com subocupação e rendimentos médios baixos que não condizem com uma situação de pleno emprego”, explicou a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andreia Lameira.
O estudo aponta que, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 80% das vagas criadas na economia são remuneradas em até dois salários mínimos. Andréia Lameira considerou esse valor baixo, mas ressaltou que “o salário mínimo vem crescendo e de forma real, isso melhora o resultado como um todo”.
A quantidade de empregados domésticos representa cerca de 7% das ocupações nas regiões metropolitanas, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número vem caindo, já representou 9% em anos anteriores, mas demonstra o alto nível de informalidade e de baixos salários na sociedade, de acordo com a pesquisa.
O coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Roberto Messember, defendeu a atuação do governo na promoção de mais e melhores empregos por meio de investimentos. “O pleno emprego é uma construção social. O mercado de trabalho é um resultado do desempenho da macroeconomia. O governo pode cooptar o setor privado a investir e romper pontos de estrangulamento na economia, na infraestrutura, transporte e energia, alavancando a produtividade do sistema e de um desenvolvimento econômico sustentável”.
O professor Fernando Mattos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador do Ipea, observou que falta uma estatística de abrangência nacional para medir o desemprego no país. “Temos apenas pesquisas nas regiões metropolitanas e sobre emprego formal. Existem diferenças de região, entre setores da economia e um alto grau de informalidade no mercado. O ideal seria que existisse uma pesquisa nacional mensal que considerasse os diferentes degradês de desemprego”.
As pesquisas no Brasil sobre emprego e desemprego medem apenas a taxa de desemprego aberto: pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva, nos 30 dias anteriores ao da entrevista, e não exerceram nenhum tipo de atividade nos sete dias anteriores à pergunta. Nesse conceito, não estão pessoas em situação de subemprego, pessoas em inatividade por diversos fatores e outras situações consideradas “desemprego oculto”.
De acordo a PME, o número de pessoas ocupadas nas seis regiões metropolitanas do país e cobertas pela pesquisa saltou de 17,6 milhões, em junho de 2002, para 22,7 milhões, em setembro de 2001, um aumento de cerca de 30%. Ainda segundo o IBGE, o desemprego nessas regiões fechou com média de 6% em 2011, contra 6,7% em 2010. O resultado é o menor desde 2002. "Mas as taxas de desemprego ainda são muito altas. Em Salvador, por exemplo, a taxa de desemprego aberto é 10,3% e oculto, 5%", ressaltou Mattos.
Veículo:
CORNÉLIO DIGITAL  
Editoria:
Data:
16/02/2012 
Assunto:
CONAB
SAFRAS 
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Um antídoto para o desânimo que contamina os produtores de trigo do Paraná vem sendo formulado pelas cooperativas. Dois novos moinhos vão entrar em operação. Um em Cascavel, em julho, e outro nos Campos Gerais (possivelmente em Ponta Grossa), em 2013. As duas plantas poderão processar, juntas, 240 mil toneladas de grão – 9,5% da produção estadual ou 4% da nacional.
Na safra passada, o Paraná limitou o cultivo a 1 milhão de hectares (área 10% menor que a de 2010), enquanto o Rio Grande do Sul, onde os produtores não têm opção de plantar a segunda safra de milho, seguiu caminho inverso, plantando 868 mil hectares (+9,4%), conforme a Com­panhia Nacional de Abasteci­mento (CONAB). Mesmo no Paraná, faltam compradores. A comercialização só voltou a andar no último mês com a intervenção dos leilões do governo.
“Pela primeira vez, vou parar com o trigo [em 2012]”, afirma Emerson Penachiotti, triticultor de Floresta (Centro-Oeste), que cultivava de 40 a 60 hectares. Além de ter enfrentado perdas de mais de 30%, ele ainda não conseguiu vender a produção do ano passado. Em sua avaliação, além de os preços entre R$ 23 e R$ 28 serem desanimadores, não vale a pena produzir porque o mercado regional é muito fraco.
A Coopavel confirma para julho a inauguração de um moinho de R$ 43 milhões que vai industrializar 120 mil toneladas de trigo por ano. A meta é facilitar o escoamento da produção e também estimular o plantio, que caiu de 60 mil para 35 mil hectares em quatro anos na área de abrangência da cooperativa. “Devemos ao menos voltar a produzir 130 mil toneladas [o dobro do volume atual], até para alimentar o moinho”, afirma o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
A Batavo articula com a Castrolanda e a Capal a construção de um moinho que receba a produção dos Campos Gerais. A indústria deverá processar 120 mil toneladas, ante uma colheita que chega a 130 mil na região. Os equipamentos começam a ser comprados em julho. O investimento deve ser de R$ 30 milhões, incluindo um armazém de 50 mil toneladas, que garantiria estoques na entressafra. Sem essa estrutura de armazenagem, a região continuaria tendo de vender a maior parte da safra na colheita e de importar grandes volumes no verão para viabilizar o negócio.
A ideia nos Campos Gerais também é resolver a falta de liquidez enfrentada todo ano, afirma Antonio Carlos Campos, gerente-geral da Batavo. Não há promessa de que o moinho vá pagar mais pelo trigo dos cooperados. “Não esperamos preço acima de mercado. Mas se o moinho der lucro, seremos indiretamente beneficiados”, avalia o agricultor Richard Dijkstra, cooperado da Batavo.
A Coamo – maior cooperativa de produção de GRÃOS da América Latina, com sede em Campo Mourão (Centro-Oeste do estado) – avalia que o trigo merece espaço para que os agricultores não se exponham cada vez mais unicamente aos riscos do milho de inverno. O presidente da cooperativa, Aroldo Gallassini, acredita que o trigo, com demanda interna duas vezes maior que a produção, pode ser mais valorizado a medida em que o país for resolvendo seus gargalos logísticos.
O desinteresse se expressa inclusive em regiões tradicionais no cultivo do trigo, como a área de atuação da cooperativa Agrária, que tem sede em Entre Rios, em Guarapuava (Centro do estado) e opera um moinho há meio século. A área de trigo chegou a 31 mil hectares em 2008 e, desde então, vem caindo ano a ano. A previsão é que sejam plantados 24 mil hectares em 2012, 23% a menos. “Se liberássemos a área de cevada (atualmente com teto em 29 mil hectares), a do trigo ficaria ainda menor”, observa o agrônomo Leandro Bren. O moinho da Agrária vem processando de 128 mil a 148 mil toneladas de trigo ao ano.

JBS arrenda quatro unidades e eleva em 10% sua capacidade total no país

Autor(es): Por Gerson Freitas Jr.
Valor Econômico - 16/02/2012
 
A processadora de carnes JBS acertou nesta semana o arrendamento de quatro frigoríficos, com capacidade de abate total de 3.050 cabeças por dia, junto ao grupo Guaporé Carne, de Mato Grosso. Com o negócio, a empresa amplia em 10% sua capacidade diária de abate bovino no Brasil, atualmente estimada em cerca de 30,7 mil cabeças.
Procurada, a processadora declarou que não iria comentar a informação. Os representantes do Guaporé também foram procurados, mas não atenderam à reportagem. Os valores da transação ainda são desconhecidos.
As unidades arrendadas estão localizadas nos municípios de Confresa, Juína, Colíder, todos no norte de Mato Grosso, e em São Miguel do Guaporé, em Rondônia. Segundo o Valor apurou, as plantas mato-grossenses eram operadas pelo frigorífico Independência até 2009, quando foram devolvidas aos controladores do Guaporé. O Independência está em recuperação judicial há dois anos.
A transação indica uma mudança de postura da JBS. Após um ano dedicado a "arrumar a casa", cortar custos e integrar as empresas adquiridas nos anos anteriores, a processadora está definitivamente de volta ao mercado.
Na semana passada, o presidente da JBS, Wesley Batista, disse ao Valor que o grupo estaria "aberto a oportunidades" em 2012. "No ano passado, nossa posição era "não quero nem ouvir". Agora mudamos para "podemos conversar, mas continuamos focados no nosso negócio"", afirmou o executivo.
Especulações sobre a movimentação da companhia têm ganhado força, especialmente após o anúncio oficial da separação e abertura de capital de sua unidade de lácteos, a Vigor Alimentos, na semana passada.
Atualmente, a JBS opera 11 frigoríficos em Mato Grosso e mais dois em Rondônia. Com os novos ativos, a companhia passa a ter 39 unidades de abate no Brasil. Nos seis países em que atua, são 62 plantas, com capacidade de abate total estimada em 87,2 mil cabeças por dia.
Já o Guaporé Carne, até então o maior frigorífico da região, fica com apenas uma unidade em Mato Grosso, no município de Pontes e Lacerda, uma em Rondônia (Extrema) e uma no Pará (Castelo dos Sonhos). Segundo fontes de Mato Grosso, não havia sinais de que a empresa passava por problemas financeiros e precisasse arrendar ativos. "O Guaporé tem a fama de só pagar à vista. Para o pecuarista, isso é um sinal de segurança", afirma uma delas.
Em contrapartida, o frigorífico sofre com problemas de ordem trabalhista. Em agosto passado, a Justiça do Trabalho de Mato Grosso determinou a interdição temporária do setor de embalagens da unidade de Confresa devido à falta de segurança.
Três meses antes, dois trabalhadores morreram e três ficarem feridos na unidade de Colíder em um acidente no tanque de resíduos de animais.
No fim do ano passado, o Ministério Público do Trabalho de Rondônia pediu à Justiça do Trabalho a condenação do frigorífico por dano moral coletivo, em meio a denúncias de jornadas de trabalho excessivas, adulteração de registros de ponto e coação dos empregados.

Abertura de capital da Embrapa ganha impulso

Autor(es): Tarso Veloso
Valor Econômico - 16/02/2012
 
O projeto de lei que pretende abrir o capital da estatal Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e transformá-la em uma sociedade de economia mista recebeu voto favorável do senador Gim Argello (PTB-DF), relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no dia 1º de fevereiro. Depois de apreciado pelo plenário da CAE, o texto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será votado em caráter terminativo. Se for aprovado na CCJ, seguirá diretamente para a Câmara.
Mesmo que a transformação da Embrapa receba sinal verde definitivo no Congresso, o Projeto de Lei 222/2008, de autoria do Senador Delcídio Amaral (PT-MS), prevê a manutenção de seu controle nas mãos da União, que preservaria mais de 50% das ações com direito a voto. Para Amaral, a capacidade de investimento da estatal foi sendo reduzida nos últimos anos e uma injeção de recursos privados pode viabilizar o aumento de suas pesquisas. Atualmente, a Embrapa usa mais de 70% de seu orçamento para cobrir custos de pessoal e encargos.
A discussão se arrasta há anos. Em agosto de 2009, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) votou pela rejeição do projeto. Após a decisão da CRA, o PL foi submetido à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em setembro de 2009. Ficou parado e, em 17 de março de 2011, o presidente da comissão, Delcídio Amaral designou o colega Gim Argello para a relatoria.
O parecer da CRA, com relatoria do ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO), afirmou que a abertura de capital da Embrapa à iniciativa privada diminuiria da atuação da estatal em projetos de caráter social, e que tal medida poderia colocar em risco o grau de desenvolvimento da pesquisa agropecuária nacional. A CRA não constava no despacho inicial de distribuição do PL e só tramitou por ela após requerimento.
Em seu voto, o relator Gim Argello discorda do argumento e diz que "a alocação de recursos para pesquisa agropecuária tem sido muito prejudicada e tende a continuar assim. Portanto, novas soluções para o financiamento da pesquisa devem ser encontradas". Segundo o relator, com a mudança serão feitos mais investimentos "Não se muda time que está ganhando. Vamos manter as coisas boas e melhorar as que precisam ser melhoradas", disse.
O próprio Amaral reconhece que o projeto é polêmico. "É polêmico e prudente. Vamos abrir para dinheiro privado, mas com o controle do governo", afirmou. O senador cita a Petrobras como exemplo e disse que ainda vai se reunir com a Embrapa para discutir mudanças no texto. "Vamos permitir uma valorização dos servidores da Embrapa e vamos nos reunir com membros da estatal para fazer ajustes no texto".
O relator afastou a hipótese de que multinacionais que eventualmente comprem muitas ações possam colocar pressão para que sejam realizadas pesquisas somente em áreas de interesse comercial. "As empresas não têm interesse em investir na Embrapa. Elas já possuem grandes laboratórios e equipes de cientistas", disse Argello.
O relator também deixou claro que os recursos genéticos depositados nos bancos de pesquisas da Embrapa distribuídos pelo país terão seu valor calculado pelos técnicos da instituição. "Eu acredito que isso vale tanto quanto diamante e não tem como mensurar", afirmou ele.

Vale tem lucro recorde de US$ 22,8 bi

Vale lucra US$ 22,8 bilhões, um recorde
Correio Braziliense - 16/02/2012
A empresa ampliou investimentos, mas já se ressente da crise na Zona do Euro e das mudanças nas cotações de seus produtos
A mineradora brasileira Vale registrou lucro líquido recorde de US$ 22,8 bilhões em 2011, o primeiro ano sob o comando de Murilo Ferreira, que substituiu Roger Agnelli, retirado do cargo por pressão do Palácio do Planalto. O resultado foi 32,5% maior do que o contabilizado em 2010. O faturamento no período chegou a US$ 60,4 bilhões, também sem precedentes na história da companhia. "Nosso desempenho financeiro foi extraordinário, o melhor de todos os tempos. Batemos vários recordes, a despeito de um ambiente econômico desafiador", comemorou Ferreira, em comunicado.
Segundo ele, a execução disciplinada de uma estratégia e a performance das operações foram essenciais para que a companhia se beneficiasse da forte demanda global por minérios e metais. Os ganhos recordes ocorreram apesar de a empresa ter contabilizado, no último trimestre do ano passado, recuo de 21,4% no lucro ante o mesmo período de 2010, para US$ 4,6 bilhões. A queda decorreu da baixa dos preços do minério de ferro a partir de setembro no mercado à vista da China, principal destino dos embarques realizados pela empresa.
Entre outubro e dezembro, acirrou-se a pressão das siderúrgicas, especialmente as chinesas, pela adoção de um modelo de preços mais próximo do valor spot (à vista). No comunicado ao mercado, a Vale justificou o tombo no lucro do quarto trimestre, aos "menores preços devido à recessão europeia e às expectativas negativas produzidas pela crise de endividamento da Zona do Euro".
Desembolsos
Segundo a empresa, as vendas de minério de ferro e pelotas atingiram recorde histórico: quase 300 milhões de toneladas. Já os embarques de níquel e de cobre registraram o melhor desempenho desde 2008. A mineradora informou ainda que investiu US$ 17,9 bilhões em 2011, 41,6% a mais do que no ano anterior, mas 25% menos do que o programado no fim de 2010 (US$ 24 bilhões). No quarto trimestre, especificamente, os desembolsos foram de US$ 6,6 bilhões.
O detalhamento desses números será feito hoje pelo comando da empresa. A expectativa dos investidores é grande. Ontem, as ações da empresa tiveram um dia ruim. Os papéis preferenciais apontaram queda de 1,86%, cotados a R$ 42,08. Já os ordinários, que dão direito a voto nas decisões da mineradora, recuaram 1,76%, para R$ 43,37.
Governo age contra a especulação
Preocupado com as operações de empresas brasileiras no mercado futuro, o Ministério da Fazenda e o Banco Central assinaram portaria conjunta na qual criam um grupo técnico que fiscalizará o mercado de derivativos (contratos futuros). A meta é evitar que se repita a história da Sadia, da Aracruz e de outras empresas que quase quebraram durante a crise mundial em 2008 por especularem com a alta do real ante o dólar. As companhias acreditavam que a moeda brasileira se manteria valorizada em relação à divisa norte-americana. Mas, com a quebra do Banco Lehman Brothers, os preços do dólar dispararam e as perdas foram monstruosas. Tanto que a Sadia acabou absorvida pela Perdigão e a Aracruz, pelo grupo Votorantim.

Crise afeta lucro da Vale

Autor(es): agência o globo:Henrique Gomes Batista, Vinicius Neder e Bruno Rosa
O Globo - 16/02/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/2/16/crise-afeta-lucro-da-vale

Apesar de recorde de US$ 22,9 bi em 2011, ganho da mineradora recua no quarto trimestre

Embora tenha apresentado faturamento e lucro líquido recordes em 2011, a Vale viu seus resultados desacelerarem no quarto trimestre, afetados pela crise global. Os papéis da companhia viveram um dia de forte queda com a expectativa do anúncio dos números, que só foram divulgados na noite de ontem. Segundo balanço divulgado, a receita operacional no ano passado chegou a R$ 105,5 bilhões, valor 23,6% superior aos R$ 85,3 bilhões faturados em 2010. O lucro da empresa somou R$ 37,814 bilhões em 2011, 25,75% a mais que os R$ 30,070 bilhões do ano anterior.
Em dólares, o lucro líquido fechou o ano em US$ 22,9 bilhões, uma alta de 32,6% sobre os US$ 17,264 bilhões de 2010. A empresa admitiu, no entanto, que o resultado do último trimestre foi pior por causa da crise internacional, que reduziu os preços do minério de ferro, principal produto da companhia.
"Os resultados do quarto trimestre de 2011 foram bastante robustos, mas inferiores (em dólar) ao do terceiro trimestre de 2011, como consequência de menores preços devido à recessão europeia e às expectativas negativas produzidas pela crise de endividamento da zona do euro", afirmou a empresa em comunicado.
Lucros menores
em 2012
A redução do lucro no quarto trimestre veio em linha com o esperado pela maior parte dos analistas do mercado financeiro, que estimavam uma redução entre 20% e 22% no resultado da companhia em dólares - na moeda americana, o lucro líquido caiu de US$ 5,917 bilhões no quatro trimestre de 2010 para US$ 4,672 bilhões nos últimos três meses do ano passado, uma redução de 21,04%. O número do fim de 2011, contudo, indica que a empresa pode ter resultados menores em 2012, uma vez que a crise continua, com uma economia europeia enfraquecida. Além disso, é esperada uma redução do crescimento da China, principal locomotiva da economia global.
Em reais, o lucro líquido de outubro a dezembro do ano passado somou R$ 8,354 bilhões, resultado 16,5% inferior aos R$ 10,002 bilhões registrados no quarto trimestre de 2010. Já em relação ao terceiro trimestre do ano passado, por causa da variação cambial, houve ganho de 5,8%.
Pela manhã, foi divulgado relatório do banco de investimentos Credit Suisse, que rebaixou a recomendação para as ADRs (recibos de ações negociados no mercado americano) da Vale. As análises do banco suíço costumam ser seguidas por investidores estrangeiros. Ontem, as corretoras que se destacaram vendendo ações da mineradora na Bovespa foram Credit Suisse, Morgan Stanley e Link, controlada pelo também suíço UBS, de acordo com dados da agência Bloomberg News.
A empresa informou ainda que as vendas de minério de ferro e pelotas foram recordes no ano passado, chegando a 299,1 milhões de toneladas, um volume 1,6% superior ao registrado em 2010. O presidente da companhia, Murilo Ferreira, comemorou os resultados, segundo nota divulgada pela Vale:
"Nosso desempenho financeiro foi extraordinário, o melhor de todos os tempos. Batemos vários recordes, a despeito de um ambiente econômico desafiador. A execução disciplinada de nossa estratégia e a performance das operações foram essenciais para que pudéssemos nos beneficiar da forte demanda global por minérios e metais".
Ações caem 1,87% na Bovespa
Segundo a companhia, o retorno de capital aos acionistas atingiu o valor recorde de US$ 12 bilhões, composto pela distribuição de dividendos de US$ 9 bilhões, equivalente a US$ 1,7354 por ação ordinária ou preferencial, e pelo programa de recompra de ações de US$ 3 bilhões, totalmente executado. Para 2012, a empresa já havia anunciado um dividendo mínimo de US$ 6 bilhões.
"Em 2011, o retorno aos acionistas atingiu o valor recorde de US$ 12 bilhões, o que comprova que a Vale é uma empresa com excelente desempenho e enorme potencial", afirmou em nota o presidente do Conselho de Administração da Vale, Ricardo Flores.
A empresa também informou que em 2011 os investimentos somaram US$ 18 bilhões, em uma conta que exclui o gasto com aquisições. Deste total, US$ 13,4 bilhões foram gastos com execução de projetos e pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações da Vale tiveram desempenho na contramão do mercado. Enquanto o Ibovespa, índice de referência nacional, subiu 0,51%, as ações ordinárias (ON, com voto) da mineradora recuaram 1,76% (R$ 43,47) e as preferenciais (PNA, sem voto) perderam 1,87% (R$ 42,08). Os resultados da empresa foram divulgados após o fechamento do mercado.
- É possível que investidores tenham antecipado a expectativa negativa com o balanço, mas os estrangeiros podem ter saído dos papéis também - disse Daniella Maia, analista da corretora Ativa.
- As ações da Vale estão bem no ano, reagindo à entrada do investidor estrangeiro na Bolsa - lembra o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi.
Mesmo com a queda de ontem, os papéis da Vale acumulam no ano alta de 10,19% (ON) e 11,26% (PN).
Ontem, o Porto de Dalian, na China, divulgou estar procurando mais cooperação com a Vale, aparentemente se aproximando da maior produtora de minério de ferro do mundo após Pequim ter proibido no mês passado os supernavios da companhia de atracarem no principais terminais do país. Em comunicado, o porto afirmou esperar "fortalecer a comunicação e continuar a aprofundar a cooperação para obter um resultado em que os dois lados saiam ganhando".
A declaração aconteceu após uma visita na semana passada do diretor da Vale para metais ferrosos e estratégia, José Martins. No comunicado, o porto afirmou ter melhorado a infraestrutura em seu ancoradouro com capacidade para 300 mil toneladas para atender "às exigências para grandes navios atracarem e às necessidades para transferências". (Com agências internacionais).

Vale usará terminal em Santos para soja e açúcar

Autor(es): Por Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 15/02/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/2/15/vale-usara-terminal-em-santos-para-soja-e-acucar
 

A Vale Fertilizantes pretende se tornar a maior operadora de logística integrada para exportação de granéis sólidos do porto de Santos (SP). Com investimentos de R$ 3,5 bilhões na Ferrovia Centro Altântica (FCA) e na ampliação do Terminal Marítimo Ultrafertil (TUF), em Santos, ambos sob sua concessão, a companhia passará a exportar soja e açúcar. Hoje, a empresa apenas importa a matéria-prima para atender a demanda própria por fertilizantes.
Quando concluída a expansão do TUF, atualmente em licenciamento ambiental e prevista para entrega em 2015, a empresa terá capacidade estática para armazenar 518,5 mil toneladas de soja e açúcar. O volume equivale a 37% da oferta atual dos oito terminais que escoam as duas commodities por Santos. A instalação com maior capacidade consegue estocar 280 mil toneladas de grãos.
Açúcar e soja são as duas principais cargas, em volume, exportadas por Santos. Em 2011, responderam juntas por 27% das 97 milhões de toneladas movimentadas no porto. O TUF passou para a Vale com a compra da Ultrafertil em 2010 e a criação da Vale Fertilizantes. "Até a chegada do negócio Fertilizantes, a Vale não tinha um terminal portuário em Santos. "A ideia era saber como maximizar as operações do terminal, sabendo que ele tem área de expansão", diz Ricardo Buteri, gerente executivo do terminal.
A ampliação portuária prevê a construção de mais três berços de atracação no TUF, hoje com apenas um. Dois serão dedicados a soja e açúcar e os outros dois para fertilizantes. A retroárea do terminal será quadruplicada, para 800 mil metros quadrados. Serão construídos ainda um novo pátio para enxofre e novo armazém para fertilizantes, além das instalações para estocagem de grãos.
O investimento também contempla compra de material rodante - mais 2.700 vagões e 148 locomotivas. "Estamos pensando não só na ampliação do porto, mas na gestão integrada entre ferrovia e porto", diz Buteri. O transporte do granel até o TUF será 100% ferroviário. A FCA corta sete Estados: os quatro do Sudeste, Bahia, Sergipe e Goiás.
O investimento prevê ainda construção e adaptação de terminais e pátios de apoio nas cercanias da malha da FCA. "São dois terminais de transbordo, onde temos silos de estocagem, e 43 pátios, onde podemos fazer manobras e transbordo de composições de locomotivas", diz. O objetivo é ter a gestão sobre toda a logística, desde a captação da carga até a entrega no porto para que sejam feitos os carregamentos nos navios.
Hoje, todo o enxofre descarregado no TUF - quase 1,5 milhão de toneladas em 2011 - segue para Uberaba (MG) e Catalão (GO).
Apesar de o terminal da Vale não operar agronegócio, a FCA sempre transportou commodities agrícolas até o porto de Santos para outros terminais. Com a saturação de áreas no porto, viu na expansão do portfólio de cargas uma oportunidade de negócio e, ao mesmo tempo, a chance de reduzir o gargalo logístico no país. "Com essa integração de modais é possível evitar as filas quilométricas que acontecem em Paranaguá (PR), com o caminhão descendo com grãos de Goiás e Minas Gerais por falta de oferta de berço aqui em Santos".
Outro pilar da expansão do TUF foi a demanda por fertilizantes. Segundo o executivo, em 2014 a movimentação de cargas da Vale Fertilizantes já demandaria um píer adicional no TUF. Em dois anos, o terminal começará a receber potássio da Argentina e rocha do Peru, todas plantas da empresa.
Os granéis sólidos responderão por quase 50% da movimentação do TUF. A importação de insumos para fertilizantes, pelo restante do volume. Como o terminal é de uso privativo misto, pode movimentar carga de terceiros desde que a própria seja preponderante.
Em 2011, a Vale Fertilizantes importou cerca de 2,6 milhões de toneladas, volume que poderá chegar a 6 milhões de toneladas com a expansão do terminal. "O nosso nível de carga própria é tal que nos capacita a fazer quase 6 milhões de toneladas de oferta na prestação de serviço", afirma Buteri. Também haverá duplicação da oferta de tancagem para granel líquido, que irá para 46 mil metros cúbicos. Além de movimentação de amônia, já existente, a Vale operará álcool, cujo volume anual deverá ser equivalente a 1 milhão de toneladas.
O novo TUF não terá manobras ferroviárias, o que dará mais produtividade à operação. Serão construídos 10,6 km de linha férrea, permitindo que o trem entre e descarregue a carga em no máximo seis horas. "É um dos maiores ganhos desse projeto. A pera terá uma linha para cada produto, não tem concorrência entre as cargas, é fluxo contínuo", afirma Buteri. Uma linha será somente para enxofre, outra para granéis sólidos e outra para fertilizantes. Serão três composições diárias com 85 vagões em média.

Brasil deve se tornar, neste ano, o segundo maior mercado da Nestlé


Autor(es): JAMIL CHADE,
O Estado de S. Paulo - 17/02/2012
 

Avanço. Apesar de o crescimento estar se desacelerando no País, a crise na Europa deve fazer com que o Brasil ultrapasse a França em 2012, ficando atrás somente dos Estados Unidos na lista dos principais mercados da maior empresa de alimentos do mundo

Mesmo com uma expansão de vendas que perde fôlego, o Brasil caminha para se transformar no segundo maior mercado mundial para a Nestlé. A multinacional vai apostar nos mercados emergentes para garantir seu crescimento nos próximos anos e metade dos investimentos da companhia já ocorre nesses mercados.
Diante da estagnação nos países ricos, 50% de suas vendas dependerão das economias emergentes até 2020. "As placas tectônicas estão se mexendo e estamos vivendo uma nova realidade", afirma Paul Bulcke, presidente da maior empresa de alimentos do mundo.
Ele não disfarça: a decisão de destinar metade dos investimentos da Nestlé para os emergentes ocorre porque são nesses mercados que está o crescimento nos próximos anos.
Os dados financeiros da empresa mostraram que o Brasil terminou 2011 como terceiro maior mercado, posição que já havia conquistado em 2010 ao superar a Alemanha em vendas. No ano passado, as vendas da multinacional no País chegaram a 5,4 bilhões de francos suíços (US$ 5,9 bilhões). Em reais, a expansão ficou em 8% em comparação a 2010.
Se a tendência de crescimento das vendas for mantida no caso do Brasil, em 2012 o País roubará a posição da França, que fechou 2011 com vendas de 5,64 bilhões de francos suíços, mas que pena para registrar uma expansão sólida. Parte do motivo que impediu 2011 de fechar com o Brasil na segunda posição foi a valorização do franco suíço, que ganhou 10% em relação ao real no ano. Na moeda suíça, portanto, as vendas no Brasil foram reduzidas de 5,6 bilhões em 2010 para 5,4 bilhões em 2011, uma redução de 3%.
A valorização do franco suíço gerou mesmo um impacto importante nos resultados da empresa. As vendas foram de 83,6 bilhões de francos suíços, contra 93 bilhões de francos em 2010. Os lucros líquidos caíram para 9,4 bilhões de francos suíços, 8,1% abaixo do que foi registrado um ano antes para a fabricante do Nescafé, chocolates Garoto, Perrier e sorvete Häagen-Dazs.
Desaceleração. Além da moeda, o que também contou foi a desaceleração na expansão da Nestlé no Brasil no ano. Em 2010, as vendas haviam sofrido uma alta de 21%. No ano passado, a expansão ficou em 8%, inferior ao desempenho dos demais Brics, da América Latina e da média dos emergentes.
A perda de fôlego também já foi notada por outras gigantes do setor. Há dois dias, a Danone apontou que a debilidade do mercado europeu neutralizaria seu desempenho nos países em desenvolvimento em 2012. Para a Unilever, a crise europeia vai começar a afetar os emergentes.
Mesmo assim, a cúpula da Nestlé insiste que os resultados no Brasil são positivos. "O Brasil é uma de nossas prioridades", insiste Bulcke. O executivo evitar falar em cifras de investimentos. Mas aponta que os planos no Brasil estão "no topo de sua agenda". "Temos confiança no mercado brasileiro e as perspectivas do País são muito boas", declara o belga, que tem um salário de quase US$ 9 milhões por ano.
No mercado mundial, a economia americana continua sendo o principal destino dos produtos Nestlé, com 31 bilhões de francos suíços em vendas. Mas, num ritmo cada vez maior, os emergentes substituem a Europa e outros mercados maduros, em recessão e com um consumo estagnado. Hoje, três dos sete maiores mercados da Nestlé já são países emergentes - Brasil, México e China. Juntos os mercados em desenvolvimento representam 41% das vendas da multinacional que contam com 328 mil funcionários e 460 fábricas.

Nestlé cresce menos no Brasil do que em outros emergentes

Autor(es): Assis Moreira
Valor Econômico - 17/02/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/2/17/brasil-deve-se-tornar-neste-ano-o-segundo-maior-mercado-da-nestle
 

As vendas da Nestlé no Brasil alcançaram 5,418 bilhões de francos suíços (R$ 10,1 bilhões) em 2011, numa expansão menor do que a média dos mercados emergentes. Mas a direção mundial da companhia se diz otimista com o potencial de mais negócios nesse que é o seu terceiro maior mercado.
Globalmente, o maior grupo alimentar do mundo encerrou 2011 com vendas de 83,6 bilhões de francos suíços (US$ 89,1 bilhões), o que representa um crescimento orgânico de 7,5% em relação a 2010. O lucro líquido cresceu 8,1% para US$ 10,1 bilhões.
As vendas nos mercados emergentes aumentaram 13,3%, três vezes mais do que a expansão de 4,3% nos mercados desenvolvidos. No Brasil, a Nestlé vendeu 8% a mais em reais, mas o resultado é de queda de 3,3% em franco suíço, por causa da persistente valorização da moeda helvética.
Este ano, serão investidos pouco mais de 5 bilhões de francos suíços, dos quais metade nos emergentes, onde a companhia faz 41% de suas vendas e espera chegar a 50% do total até 2020.
A diretoria em Vevey não quis detalhar o montante de investimentos no Brasil. Mas o presidente mundial, Paul Bulckle, declarou: "A nossa prioridade está lá, temos muita confiança no Brasil". O país é o terceiro maior mercado da Nestlé no mundo, depois dos Estados Unidos e da França.
A estratégia para aumentar as vendas no país incluem o patrocínio para a Copa do Mundo. Já o engajamento na Olimpíada não está decidido. Na coletiva de ontem com a imprensa internacional, a Nestlé expôs produtos de suas fábricas ao redor do mundo, incluindo os chocolates Garoto, no Brasil.
O resultado global de 2011 mostra margem operacional de 15%, mas diminuiu 30 pontos base nas Américas. Segundo Bulckle, 2011 foi um ano "desafiador", e a empresa não espera que 2012 seja "mais fácil". Este ano, a Nestlé projeta um crescimento orgânico entre 5% e 6%.
Os concorrentes são igualmente cautelosos. A francesa Danone, maior produtora mundial de iogurtes, projeta crescimento de vendas de 5% a 7% e o baixo consumo na Europa será compensado pelo crescimento nos emergentes.
A britânica-holandesa Unilever também projeta um ano difícil, estimando que a expansão nos emergentes diminuirá de ritmo e a demanda na Europa e na América do Norte vai estagnar, na melhor das hipóteses.
Nestlé e Danone teriam feito propostas para adquirir a unidade de nutrição infantil da Pfizer, que poderia alcançar até US$ 10,5 bilhões, conforme rumores no mercado, mas a direção da companhia suíça não quis fazer comentários.
A empresa informou que irá examinar toda possível aquisição que faça sentido para sua estratégia de mercado. Também pretende expandir a venda de novos produtos como máquina de café Alegria, para comércio de pequeno porte, como floristas e cabeleireiros. Sua maquina Special T.tea (para fazer chá) também avança em vendas. E Nespresso continua a ser um enorme sucesso, com crescimento de 20% no ano passado.
Persistem as especulações sobre a fatia de 31% de Nestlé na L"Óreal, sobretudo depois que o maior grupo de cosméticos do mundo revelou que a herdeira Liliane Bettencourt, com 30% dos € 49 bilhões da companhia, abandonaria seu cargo no conselho de administração em favor de seu neto Jean-Victor.
Mas o presidente mundial da Nestlé foi lacônico, dizendo que isso não afeta o pacto de acionistas que expira em 2014, pelo qual cada lado pode recusar a oferta do outro por aquisição, assim como nenhum acionista pode aumentar sua fatia enquanto Liliane, de 89 anos, estiver viva ou até seis meses após sua morte.
Bulcke prevê aumento de um dígito nos preços de commodities este ano, e em todo caso persiste a volatilidade. (Colaborou Daniele Madureira, de São Paulo)

BNDES aprova crédito de R$ 307 mi para a Hyundai

Autor(es): ALEXANDRE RODRIGUES
O Estado de S. Paulo - 17/02/2012
 

O montante será aplicado na construção da fábrica de automóveis da montadora em Piracicaba

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou crédito de R$ 307,4 milhões para a construção da fábrica de automóveis da Hyundai em Piracicaba, no interior paulista. O financiamento corresponde a quase 30% do investimento total estimado para a primeira unidade industrial da montadora sul-coreana no Brasil, que é de R$ 1,1 bilhão.
As obras do empreendimento foram iniciadas há um ano, mas a aprovação do BNDES atrasou por causa de um contencioso tributário entre o governo brasileiro e a massa falida da Asia Motors, que foi adquirida pela também coreana Kia no fim dos anos 90. Como a Hyundai é a principal acionista da Kia, o BNDES precisou consultar a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional antes de conceder o crédito. O entendimento foi o de que a Hyundai não poderia ser impedida de contrair financiamento com o BNDES, já que não é o alvo direto do contencioso.
Haroldo Prates, chefe do departamento de indústria pesada da área industrial do BNDES, explica que a origem da cobrança do governo é a isenção de imposto de importação para vans da Asia Motors, em 1997, condicionada à instalação de uma fábrica na Bahia. A crise asiática de 1998 minou os planos da montadora, que quebrou, e a área em Camaçari acabou com a Ford. A Kia coreana não reconhece a dívida, de quase US$ 1 bilhão, cobrada pelo governo.
Segundo Prates, embora haja rumores de que a Hyundai pensa em fabricar também automóveis Kia na fábrica de Piracicaba, essa possibilidade não foi aventada no plano de negócios submetido ao BNDES. O executivo explicou que o crédito do banco de fomento representa pouco do investimento total da fábrica porque só pode ser usado em obras civis, treinamento e compra de equipamentos nacionais.
"Como é a primeira fábrica da multinacional no País, é natural que eles trabalhem com fornecedores estrangeiros", disse. Prates acrescentou que o banco também poderá financiar investimentos dos fornecedores que a montadora deverá atrair para a região, mas ainda não foi procurado. As operações do crédito aprovado pelo BNDES terão remuneração baseada na TJLP (6% ao ano), acrescidos de custos financeiros, e prazo de 78 meses para amortização.
Meta. O financiamento deverá acelerar o ritmo das obras para cumprir a meta de conclusão em março deste ano para o início da fase de testes. Os primeiros carros sairão para o mercado em 2013. A fábrica terá capacidade para produzir 150 mil unidades por ano.

Indústria e trabalhadores se unem contra guerra fiscal nos portos Indústria e trabalhadores se unem contra guerra fiscal nos portos

Autor(es): Ivo Ribeiro
Valor Econômico - 17/02/2012
 


Vários setores industriais do país acabam de formar uma coligação com entidades de trabalhadores - Força Sindical e CUT, entre elas - e vão lançar, até o fim do mês, um manifesto conjunto contra a guerra fiscal nos portos brasileiros. O objetivo é acabar com a farra dos incentivos fiscais concedidos por mais de dez governos estaduais na tributação do ICMS sobre produtos importados.
O mote da campanha, que culminará com um evento em Brasília, é direto: "A guerra fiscal dos portos destrói empregos no Brasil." Será destacado que "a redução do ICMS na importação já diminui a capacidade do país de gerar 771 mil empregos desde 2010". E mais: "O PIB [Produto Interno Bruto] deixou de crescer R$ 18,9 bilhões desde 2010", aponta, com base em estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
As negociações entre representantes do capital e do trabalho começaram em agosto e o manifesto deverá reunir a assinatura de cerca de 30 entidades. Desde CNI e Ação Empresarial a federações estaduais da indústria nos Estados de São Paulo, Rio, Minas Gerais e Bahia e associações de fabricantes de aço, alumínio, alimentos, calçados, máquinas e equipamentos, têxtil, química e petroquímica, eletrônicos, brinquedos e autopeças.
Do lado dos trabalhadores vão fazer parte da ação conjunta, além da CUT e da Força Sindical, as confederações dos trabalhadores metalúrgicos (CNTM), do vestuário (CNVT) e das indústrias do setor têxtil, vestuário, couro e calçados (Conaccovest). Também assinará o manifesto a União Geral de Trabalhadores (UGT).
O alvo da mobilização são os incentivos dados por 12 Estados, que, segundo alegam, são inconstitucionais. Atualmente, estão em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) 13 Ações de Inconstitucionalidade (Adins) aguardando o julgamento desse beneficio.
As indústrias denunciam que o produto importado fica artificialmente mais barato que o nacional e que isso tem permitido entrar uma avalanche de produtos de diversos países nos portos brasileiros, especialmente da China. Os governos de Santa Catarina, Espírito Santo e Ceará são considerados os mais agressivos na concessão de incentivos e os mais resistentes a mudanças no sistema de tributação do ICMS entre os Estados.
O que se busca com esse manifesto é uma alíquota única de ICMS nas operações interestaduais de mercadorias importadas. Isso está em discussão no Projeto de Resolução nº 72/2010, de autoria do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O projeto propõe uma alíquota entre 2% e 4%, o que inibiria os benefícios fiscais, que reduzem o tributo de 12% para 3%. Ou seja, com a unificação haveria queda no imposto recolhido pelos Estados, o que desagrada muitos governadores.
O governo do Espírito Santo, que se considera o mais afetado, chegou a propor que alguns produtos, como aço, petroquímicos e têxteis ficassem de fora desses incentivos. Tal proposta não sensibilizou representantes de entidades e associações empresariais, as quais dizem buscar uma solução para toda a cadeia produtiva do país. "Não faz sentido uma negociação dessa", disse o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes
No caso do aço, disse, entraram pelos portos dos três Estados, em 2010 e 2011, mais da metade das importações de produtos siderúrgicos da China, Coreia do Sul, Ucrânia e Turquia. O volume importado foi de 3,8 milhões de toneladas em 2011, após 5,9 milhões de toneladas em 2010.
"A queda de importação em 2011 se deveu mais à compressão de preços e margens das empresas (Usiminas, CSN, Gerdau, Votorantim e ArcelorMittal), afetando o resultado dos balanços, do que a mudanças na política de defesa comercial do país", disse Lopes.
O manifesto espera sensibilizar os senadores para aprovar em regime de urgência o projeto de Romero Jucá. "É a forma de impedir que esta guerra fiscal dos portos empurre o Brasil para dentro da crise mundial", lembrou o executivo da indústria do aço.
Para Lopes, não é justo que as empresas que produzem aqui paguem ICMS sem incentivo (12%), enfrentando carga tributária elevada, juros altos e infraestrutura precária, enquanto o produto importado usufrui de um benefício de 9% (diferença no tributo) dados pelos governos estaduais.
Além da guerra fiscal nos portos, diz, a indústria do aço, do alumínio, têxtil, petroquímica e outras já enfrentam um câmbio brasileiro apreciado, outro fator que beneficia as importações. "No nosso caso, ainda há o excedente de oferta mundial de aço da ordem de 500 milhões de toneladas."

Por um punhado de ICMS :

Autor(es): agência o globo:Roberto Gianetti da Fonseca
O Globo - 17/02/2012
 

Parafraseando o título do memorável longa-metragem dirigido na década de 1960 pelo cineasta italiano Sérgio Leone e estrelado por Clint Eastwood, "Por um punhado de dólares", assim denomino a atitude antipatriótica, quando não inconstitucional, de certos governadores estaduais, que continuam oferecendo ostensivamente incentivos fiscais para produtos importados que sejam internalizados no território nacional através de seus portos. Trata-se de flagrante desrespeito desses governadores a recente decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal, como também ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária).
Alguns alegam que os incentivos existem em alguns Estados há mais de 40 anos, e indagam por que somente agora surge tal crítica a uma prática tão duradoura? De fato é verdadeira a afirmação que o mais antigo destes perversos incentivos, o denominado Fundap, teve origem no Estado do Espírito Santo em 1972, e era justificado como compensação econômica temporária pela erradicação do café levada a efeito naquele Estado, quando havia naquele ano-safra uma superprodução dessa commodity, e o governo federal da época assim decidiu. Imaginaram um criativo sistema de financiamento de longo prazo com juros fixos reduzidos, em valor proporcional ao valor do ICMS recolhido sobre os produtos importados através do Porto de Vitória, de forma que o valor presente líquido do ICMS para o importador ficaria reduzido em cerca de 70%.
Em resposta a esses incentivos, muitos importadores de insumos industriais desviaram suas importações do porto de Santos e do Rio de Janeiro para o Porto de Vitória. Acontece que naquela época, e até o fim da década de 1990, somente o Espírito Santo praticava essa modalidade de incentivo fiscal para produtos importados, os quais eram quase exclusivamente sem similar nacional, uma vez que a então toda-poderosa Cacex não liberava licenças de importação para qualquer mercadoria estrangeira que desejasse entrar no país. Apesar da contestação de alguns outros Estados desde os anos 1980, o Fundap não representava até então uma grave ameaça à indústria nacional, e sobrevivia ano após ano, governo após governo, os quais algumas décadas depois já nem mesmo se lembravam de sua longínqua origem derivada da erradicação dos cafezais em 1972.
Nos últimos 15 anos, as importações brasileiras se multiplicaram, e muitos outros Estados brasileiros introduziram regimes de incentivos fiscais para produtos importados que hoje em dia movimentam dezenas de bilhões de dólares de importações incentivadas, as quais competem diretamente e de forma desleal com a produção nacional, destruindo renda, emprego, e investimentos produtivos em nosso país. Por um punhado de ICMS, equivalente a cerca de apenas 3%, ao invés dos 12% (interestadual) ou 18% (estadual), esses governos estaduais vendem sua "alma ao diabo", ou melhor, aos produtores estrangeiros, que se aproveitam dos incentivos tributários para vender volumes crescentes de seus produtos no mercado interno brasileiro.
As importações obrigam a indústria nacional a se tornar a cada dia mais moderna e mais competitiva. O que estamos aqui contestando é algo bem diverso, ou seja, contestamos veementemente as espúrias vantagens fiscais atualmente oferecidas a produtos estrangeiros importados que concorrem de forma desleal com a produção nacional.
Para encerrar definitivamente esta nefasta distorção tributária que ainda prevalece na economia brasileira, está em tramitação final no Senado Federal uma resolução, a de número 72/2010, que poderá vir a reduzir o ICMS interestadual sobre produtos importados sem transformação no Estado de origem, para meros 4%, ou seja, sem espaço para manobras fiscais que justifiquem a continuidade desta denominada "Guerra Fiscal dos Portos". Espera-se que os senadores da República, no cumprimento de seus deveres constitucionais, determinem imediatamente o regime de urgência para a votação da resolução, e assim, votando em maioria simples pela sua aprovação, ponham fim a esse crime de lesa-pátria que tanto tem prejudicado a indústria nacional nos últimos anos.

Estados têm superávit fiscal maior

Investimento cai e superávit primário sobe nos Estados
Valor Econômico - 17/02/2012
 

Os governadores dos principais Estados frearam os investimentos para fazer um superávit primário robusto no ano passado. Em um grupo de oito Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco -, apenas este último elevou os investimentos em 2011, em 9,69%
No primeiro ano do atual mandato dos governadores, os principais Estados frearam investimentos para fazer um superávit primário mais robusto. Em um grupo de oito Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia -, somente o governo pernambucano elevou os investimentos em 2011 - 9,69%, em relação ao ano anterior.
Os demais sete Estados totalizaram R$ 17,15 bilhões em investimentos no ano passado, o que representa queda de 28,32%. Foi essa redução de investimentos que propiciou o avanço dos resultados primários dos Estados. Embora com critérios diferentes dos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), dados do Banco Central indicam que os Estados elevaram o superávit de R$ 16,96 bilhões, em 2010, para R$ 29,65 bilhões no ano passado. A economia dos governos regionais passou de 0,45% para 0,72% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar desse desempenho, a meta fixada não foi cumprida. Estados e municípios e suas estatais teriam que apresentar superávit primário de 0,95% do PIB. Em 2011, todos somados chegaram a 0,85% do PIB.
O Estado de São Paulo elevou o resultado primário de R$ 5,15 bilhões para R$ 5,95 bilhões, de 2010 para 2011. Os investimentos, porém, caíram de R$ 9,94 bilhões para R$ 6,01 bilhões no período. Com a mesma tendência, o resultado primário do governo fluminense subiu de R$ 1,42 bilhão para R$ 2,6 bilhões. Os investimentos caíram, porém, quase R$ 600 milhões no período. Em Pernambuco, o cenário é diferente. O Estado aumentou o investimento em 6,3%, mas fechou 2011 com resultado primário negativo, de R$ 369,03 milhões.
Apesar da elevação de 7,9% na receita primária total, São Paulo sofreu o impacto da redução das receitas de capital no ano passado. Mais vigorosas, essas receitas, dizem técnicos da Fazenda estadual, financiaram boa parte dos investimentos do governo paulista em períodos anteriores.
Dentro das receitas de capital do Estado, a maior queda em 2011 ficou por conta dos recebimentos por alienação de bens. Em 2010, a rubrica propiciou R$ 2,82 bilhões para o governo paulista. No ano passado, foram somente R$ 49,5 milhões. As receitas com operações de crédito também caíram, embora de forma menos abrupta, de R$ 1,59 bilhão em 2010 para R$ 1,2 bilhão no ano passado. A receita de capital total caiu de R$ 5,76 bilhões para R$ 2,46 bilhões.
Com base nesses números, técnicos da Fazenda paulista argumentam que, apesar da queda de 39,5% nos investimentos, houve um esforço maior para esse tipo de aplicação de recursos. Com a queda nos recursos adicionais de concessões, operações de crédito e alienação de bens, o financiamento de investimentos com recursos próprios aumentou de 40% para 80%, de 2010 para 2011, informa a Fazenda.
Afetada pela desaceleração da produção industrial, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em São Paulo perdeu ritmo, principalmente no segundo semestre, e fechou o ano passado com elevação de 9,91% em relação a 2010. Com o desempenho, a receita primária corrente paulista teve aumento de 8,2%, enquanto as despesas correntes aumentaram 10,8%.
Ao contrário de São Paulo, o Rio de Janeiro teve um volume das receitas beneficiadas com recursos extraordinários de alienação de ativos. O governo fluminense vendeu o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj) - a parte do Banerj que não foi privatizada - ao Bradesco, por R$ 1,8 bilhão, dos quais R$ 800 milhões foram pagos em 2011. O Estado também foi beneficiado pela alta do petróleo no mercado internacional, o que fez crescer as receitas com royalties para R$ 8,6 bilhões em 2011. Em 2010, essa receita havia sido de R$ 2,26 bilhões.
A Fazenda fluminense também credita ao crescimento da economia, principalmente no primeiro semestre de 2011, a maior receita anual de sua história: R$ 57,45 bilhões, alta de 13,06% frente aos R$ 50,81 bilhões arrecadados no ano anterior. Com isso, o resultado primário fechou o ano em R$ 2,6 bilhões, mais de três vezes o estimado no orçamento estadual para o ano: R$ 800 milhões, 83% acima do R$ 1,415 bilhão de 2010.
O secretário estadual de Fazenda do Rio, Renato Villela, explica que a arrecadação de ICMS no Rio é dependente do setor de energia e de telefonia. "Quando a economia está aquecida, a demanda por esses serviços cresce", explica. Segundo Villela, nem o arrefecimento do fim do ano foi capaz de afetar o impulso na arrecadação.
Villela explica que, apesar de a arrecadação ter crescido, no ano passado, os investimentos caíram 9,1%. "Não foi uma queda significativa. Em termos de volume ainda é um valor considerável, parecido com o do ano passado", explica. "A queda se deu em função das etapas em que se encontram as obras do Estado".
Para 2012, o secretário acredita que os resultados iniciais nos primeiros meses do ano sejam parecidos com os de 2011, quando o mês de janeiro é mais fraco, mas depois a receita vai melhorando. O orçamento prevê crescimento de 8,8% na arrecadação de ICMS. Mesmo assim, com os aumentos de salários que vêm sendo concedidos, como o do setor de segurança, o superávit também deve se reduzir.
O Estado de Santa Catarina fechou 2011 com superávit de R$ 1,26 bilhão, crescimento de cerca de 15% em relação ao ano anterior. Para 2012, a projeção da Secretaria da Fazenda catarinense é de queda no resultado primário, para R$ 1,04 bilhão.
O secretário da Fazenda de Santa Catarina, Nelson Serpa, explicou que as projeções para 2012 são conservadoras e pondera que elas poderão ser superadas, segundo ele, como ocorreu no ano passado. Em 2011, o superávit primário do governo de Santa Catarina ficou acima dos R$ 875 milhões esperados. No entanto, um certo conservadorismo faz sentido, porque nem todos os setores industriais que contribuem para a geração do ICMS no Estado estão a todo vapor. Os segmentos cerâmico e têxtil (cama, mesa e banho), por exemplo, que sofrem concorrência maior dos chineses, registram retração na produção e nas vendas.
O desempenho de 2011 foi creditado por Serpa, principalmente, às receitas próprias, que cresceram 16% em 2011. O ICMS, principal imposto da arrecadação própria, passou de R$ 6,1 bilhões em 2010 para R$ 7 bilhões em 2011. Em 2011, o Estado reduziu o volume de investimentos para R$ 854 milhões, na comparação com o R$ 1 bilhão realizado no ano anterior. Serpa explicou que este freio tem a ver com o fato de que "os primeiros quatro meses são um período de conhecimento da máquina".
Além disso, os investimentos também foram afetados pelas despesas correntes, que cresceram 15% em 2011 em relação a 2010, chegando a R$ 13,16 bilhões. Para 2012, os investimentos devem subir um pouco, atingindo R$ 1,39 bilhão. O secretário espera que os investimentos sejam ajudados por um aumento de 13,4% nas receitas próprias, e, principalmente, por convênios com a União.
Além disso, algum alívio às contas públicas poderá vir da renegociação de encargos sobre a dívida com a União. Há ainda a expectativa que parte dos recursos gerados pela nova repartição dos royalties do petróleo possa "animar" o caixa do Estado já em 2012. Esse tipo de repasse somou R$ 40,40 milhões em 2011. Serpa espera que esse valor seja duplicado em 2012.
Com resultado primário de R$ 1,39 bilhão em 2011 - 51% maior que o do ano anterior -, o Paraná teve o desempenho influenciado, em boa parte, pela queda de 58,4% nos investimentos no período. O secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, explicou que houve economia no custeio e citou o aumento de 18% nos gastos com a folha de pagamento, que pesou no resultado. "Os investimentos caíram, porque encontramos muitas contas atrasadas."
Hauly chama a atenção para o bom desempenho da indústria do Estado. A receita com ICMS cresceu 14%. Sobre 2012, afirmou que "há muita pressão de despesas", como reajuste salarial e contratações para o magistério e área de segurança. O governo está fazendo um financiamento no valor de R$ 1,3 bilhão para manutenção de projetos e investimentos entre 2012 e 2014. "O ano é de muito equilíbrio, muita prudência."
O governo mineiro acompanhou a tendência do aumento de superávit, com elevação de 48,9% e redução de investimentos, com queda de 15,1%. Para este ano, a Fazenda de Minas prevê aumento de receita tributária de 11% a 11,5% em relação ao de 2011. Mesmo com a revisão por parte do governo federal para o crescimento do país este ano, o secretário-adjunto da Fazenda, Pedro Meneguetti, diz que o "otimismo do governo de Minas se deve ao consumo interno, que continua acelerado".
Com relação à receita, Minas obteve no fim de 2011 autorização para ampliar o nível de endividamento em R$ 3,3 bilhões. "O Estado pretende fazer esses investimentos e já temos algumas operações já adiantadas", diz o secretário-adjunto. Nas despesas, Minas terá um ano de maior controle, afirma Meneguetti. "Em 2011, aprovamos uma política salarial para os servidores, que dará ao Estado garantia de que as despesas com folha não vão ultrapassar 55% do crescimento da receita." (Marta Watanabe, Paola de Moura, Vanessa Jurgenfeld, Marli Lima, Marcos de Moura e Souza e Murillo Camarotto)


Sem empregos e educação, milhões ficam à margem de crescimento brasileiro

Publicado em 17/02/2012 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF


Ao chegar de carro por uma estrada de terra arenosa, uma placa dá as boas-vindas a Assunção do Piauí, "a capital do feijão". Mas as letras desbotadas, quase apagadas, deixam claro que a principal atividade econômica local já viu melhores dias. Na pequena cidade, a 270 km de Teresina, as colheitas fracas estão fazendo muitos desistirem de plantar feijão. "Aqui é assim, a gente só trabalha no escuro. Num ano dá e no outro não dá", diz a dona de casa Francisca Pereira Moreno, mãe de cinco filhos.

Depois de conversar com alguns moradores de Assunção, perguntar onde cada um trabalha parece perder sentido. Os principais empregos da cidade são na prefeitura local, mas para adultos como Francisca, que não sabe ler nem escrever, a única opção está na roça ou nos serviços domésticos. Sem alternativas, a maioria sobrevive do Bolsa Família. "Tem que ter o Bolsa Família. Porque a renda aqui do feijão não está dando dinheiro. Dá R$ 60, R$ 70", diz Francisca.

A cidade é um dos retratos de um Brasil que ficou praticamente à margem do crescimento econômico nacional registrado nos últimos anos e que tem colocado o país próximo de economias consideradas de primeiro mundo como a Grã-Bretanha.

Apesar do recuo constante da pobreza desde o início do Plano Real, em 1994, e da emergência da classe C, na última década, o país ainda tem focos de pobreza extrema que se caracterizam por baixo rendimento domiciliar, acesso limitado a serviços como saúde e educação e poucas perspectivas de trabalho para os moradores locais.

Oportunidades insuficientes

"Com o crescimento e a geração de empregos, uma parte da população saiu da pobreza extrema. (Mas) as oportunidades não foram suficientes para todos - sobraram os com menos condições de aproveitar, como os que não tinham vínculos com o mercado de trabalho ou acesso à Previdência e à assistência social", explicou Rafael Osório, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o Censo 2010, em média 8,5% da população brasileira ainda vive com renda per capita mensal de até R$ 70. Isso equivale a cerca de 16,2 milhões de pessoas - praticamente a população do estado do Rio de Janeiro.

Com 7,5 mil habitantes, Assunção do Piauí, visitada pela BBC Brasilem janeiro de 2012, teve em 2010 o 10º pior rendimento per capita domiciliar do país - uma média de R$ 137 reais, contra R$ 1.180 de São Paulo.

A taxa de analfabetismo é de quase 40% entre pessoas com 15 anos ou mais. A cidade tem quase 1.500 famílias beneficiárias do Bolsa Família.

"Muitos ficam na fila de espera (do programa) porque Assunção já extrapolou a cota que o Ministério do Desenvolvimento [MDS] estipula para cada cidade", diz a assistente social Ana Alaídes Soares Câmara, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social da cidade.

O terço mais difícil


Desde o Plano Real, a pobreza caiu 67% no Brasil, algo inédito na série estatística, disse àBBC Brasil o pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas(FGV). "Falta o último terço, que é o mais difícil da jornada."

Para Neri, é possível que o número de extremamente pobres seja até menor do que o estimado pelo Censo, se for levada em conta a renda obtida em transações não monetárias, como trocas e agricultura familiar.

"Pelo Pnad [Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, também doIBGE], essas pessoas seriam 5,5% da população", disse o pesquisador da FGV.

A incerteza a respeito do tamanho dessa população revela, na verdade, uma boa notícia: como o grupo de extremamente pobres está cada vez menor, eles ficam pouco representados na amostra geral dos brasileiros, explicou Rafael Osório, do Ipea.

"As pessoas extremamente pobres são mais difíceis de se investigar. Algumas sequer são achadas, não interagem com o Estado, não têm documentos, e o acesso a elas é complicado", disse.

Além disso, a pobreza extrema não é apenas uma questão de renda: diz respeito também à falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, moradia e educação de qualidade, e ao isolamento em relação ao mercado de trabalho.

Faltam atividades econômicas

Mas, um relatório do Ipea tenta traçar um perfil desse Brasil que demora a crescer: em 2009, 41,8% das famílias extremamente pobres eram formadas por casais com uma a três crianças; 29% eram agricultores e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego).

Dados do Censo 2010 indicam que muitos desses bolsões extremamente pobres se concentram em cidades de porte mediano, de entre 10 mil e 50 mil habitantes.

"São cidades onde faltam atividades econômicas", explicou Osório. "Muitas têm poucos atrativos para empresas e dependem cada vez mais de políticas sociais, e algumas têm um vácuo generacional (sua população economicamente ativa migra em busca de empregos)."

Mas o pesquisador ressalva que não se trata de uma população fixa e estagnada: "Uma parcela tem rendimento incerto e transita entre uma camada de renda e outra. É o caso, por exemplo, de um guardador de carro -- se ele ficar doente, perde a renda (e passa a figurar entre os extremamente pobres)".

Estratégias

Como, então, combater essa pobreza extrema?

A presidente Dilma Rousseff lançou como uma das prioridades de seu governo o programa Brasil Sem Miséria, que tem a ambiciosa meta de erradicar a pobreza extrema até 2014 e que foca as pessoas com renda per capita mensal de até R$ 70.

Iniciado em junho do ano passado, o plano contém ações que complementam o Bolsa Família, com programas para fomentar o emprego, a capacitação profissional e atividades econômicas locais, bem como o aumento da oferta de serviços públicos como saúde, educação e saneamento.

Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil elogiam o foco estabelecido pelo programa, mas o projeto tem óbvias dificuldades em levar serviços, renda e oportunidades para as pessoas mais excluídas.

"É preciso localizar (as populações empobrecidas), levar serviços públicos, com agentes sociais. É algo mais caro, mais artesanal", afirmou Neri, da FGV.

Para Osório, uma alternativa seria aumentar os valores pagos peloBolsa Família. "A maior parte dos extremamente pobres já faz parte do programa. Se aumentarem os valores, daremos um baque na pobreza."

Mas os pesquisadores concordam que o grande estímulo para a saída da pobreza é a geração de empregos -- e o desafio do Brasil é conseguir gerar vagas em áreas mais pobres justamente num momento de desaceleração econômica.

"Gerar empregos depende, em última instância, da economia", disse Osório. "E o cenário é adverso, apesar de ser o melhor caminho. Isso pode não ocorrer com a mesma intensidade do que nos anos de crescimento."

Definindo a pobreza extrema

Grupo cada vez menor no Brasil, os extremamente pobres ficaram mais difíceis de serem estimados:

- Segundo o Censo 2010, cerca de 16,2 milhões de pessoas vivem com até R$ 70, em média, de renda domiciliar per capita. O número serviu como base para o Brasil Sem Miséria. Mas o próprio IBGE faz recortes diferentes, falando também em 12 milhões de pessoas com renda nesse patamar (excluindo os "sem rendimento").

- Marcelo Néri, da FGV, acha o número superestimado e prefere usar os dados do Pnad, citando cerca de 10 milhões de pessoas nessa situação.

- Estudo do Ipea calculava, em 2009, 8,7 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 67, contra 15 milhões em 2004.

Divergências numéricas à parte, especialistas concordam que a pobreza extrema vai além da mera questão de renda. Diz respeito também à falta de acesso a empregos, serviços básicos, educação e perspectivas.

O perfil dos extremamente pobres

Apesar das dificuldades em perfilar a população mais carente, um estudo de agosto de 2011 do Ipea traz algumas características dessas pessoas, a partir de um universo estudado entre 2004 e 2009:

- 41,8% das famílias extremamente pobres eram casais com uma a três crianças;

- Na média geral, essas famílias tinham 4,2 pessoas;

- Muitas viviam em moradias precárias ou sob risco;

- 29% eram produtores agrícolas e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego);

- Entre famílias rurais de municípios pequenos, a incidência de pobreza extrema era mais de duas vezes superior à média nacional;

- Muitos são pequenos produtores rurais, incapazes de produzir excedente que gere renda, não têm conexão regular com o mercado de trabalho e podem passam períodos desempregados.

Para saber mais

Assista as reportagens em vídeo produzidas pela BBC Brasil:

Na cidade piauense de menor renda, maioria recebe Bolsa Família, mas falta emprego

"A gente vive mais do Bolsa Família, porque roça não dá dinheiro"

Para comunidade quilombola, trabalhar significa ficar longe da família

FONTE

BBC Brasil
Júlia Dias Carneiro e Paula Adamo Idoeta

Sequenciamento do genoma do gado zebuíno leiteiro é destaque em evento

Publicado em 17/02/2012 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF




A importância da genômica para a pecuária leiteira será o assunto da apresentação do pesquisador em bioinformática em melhoramento animal da Embrapa Gado de LeiteMarcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva, durante o 2º Workshop Internacional: Genômica Aplicada à Pecuária, que acontece nos dias 26 e 27 de fevereiro de 2012, em Araçatuba, São Paulo.

Na palestra intitulada Iniciativa em genômica nas raças leiteiras no Brasil, o público presente verá principalmente que em vias de ser finalizado o sequenciamento do genoma de raças leiteiras zebuínas como Gir Leiteiro e Guzerá, que compõe a maior parte do rebanho nacional, a seleção genômica do gado de leite tropical está prestes a passar por uma revolução.

Envolvida nesta pesquisa genética desde maio de 2010 está a área de gado de leite da Embrapa, que espera conseguir trazer ao mercado brasileiro um chip de baixa densidade para avaliação da qualidade dos reprodutores em características de suma importância para a pecuária leiteira até o fim de 2012.

Marcos Vinícius conta que o chip de baixa densidade seria o primeiro a trazer marcadores formulados diretamente com o gene de raças zebuínas (hoje, a seleção é feita com base em genes de taurinos), garantindo considerável melhoria na acurácia da avaliação, menor custo ao pecuarista, além de redução drástica no tempo hábil para o processo de seleção.

"Hoje, com os métodos de seleção que possuímos no mercado, conseguimos avaliar com precisão um bom reprodutor com cerca de sete anos de idade. Assim que finalizarmos o sequenciamento do genoma das raças indianas, poderemos estipular os melhores machos ainda na fase embrionária", explica.

Além disso, o custo atual para avaliação de reprodutores é de R$ 25 mil por animal. A estimativa é que com a nova tecnologia este valor seja reduzido para R$ 360 por cabeça
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Para o especialista da Embrapa Gado de Leite, a exposição desta nova tecnologia de seleção bovina em um evento como este workshop, que contará com a presença de grandes nomes da genômica mundial, além de produtores, zootecnistas, pesquisadores e estudantes acadêmicos, é de grande valia para os planos de ampliar cada vez mais a produção leiteira no País.

"Como a genômica ainda é uma área nova e pouco conhecida por parte da cadeia produtiva nacional, vários conceitos aplicados a este campo precisam ser definidos de maneira correta ao conversarmos com nosso público-alvo, que é exatamente quem estará presente ao Workshop Internacional: Genômica Aplicada à Pecuária", destaca Marcos Vinícius.

Após o emprego da seleção por visualização de DNA, a pecuária leiteira nacional encara um crescimento contínuo. Para efeito de comparação, em 1985 foram produzidos 12,5 bilhões de litros de leite; em 2011, este índice beirou os 30 bilhões de litros. Para o pesquisador, o pecuarista que aderir às DEPs Genômicas com os novos chips em desenvolvimento testemunhará um salto ainda maior de produtividade e rentabilidade em sua fazenda. "Com resultados mais precisos e maior agilidade, poderemos inserir de fato a produção leiteira do Brasil entre as maiores do mundo", enfatiza.