sábado, 25 de setembro de 2010

G-20 Financeiro

http://www.itamaraty.gov.br/temas/governanca-global/g-20-financeiro
O G-20 foi estabelecido em 1999, em conseqüência das seguidas crises de balança de pagamento das economias emergentes durante a segunda metade da década de 1990. O objetivo era reunir países desenvolvidos e os países em desenvolvimento sistemicamente mais importantes, para cooperação em temas econômicos e financeiros.
Acesse os textos das Declarações das Cúpulas dos Líderes do G-20:
 
Declaração de Washington (novembro de 2008, em inglês), Declaração de Londres (abril de 2009, em inglês),Declaração de Pittsburgh (setembro de 2009, em português), Declaração de Toronto (junho de 2010, em inglês).

Panorama internacional
O grupo adquiriu maior relevo após a crise financeira internacional iniciada em 2008. A crise teve como origem o baixo nível de regulação e supervisão dos mercados financeiros praticado nos países desenvolvidos e, por canais de transmissão como o comércio internacional, as transferências unilaterais ou investimento direto externo, repercutiu em todo o mundo. O esgotamento do modelo de gestão macroeconômica defendido pelas economias desenvolvidas, a composição do grupo, unindo países desenvolvidos e países em desenvolvimento, a maior resiliência das economias emergentes à crise e a eficácia de suas medidas anticrise, contribuíram para que o G-20 fosse designado como o principal foro para a cooperação econômica internacional, conforme estabelecido na Declaração de Pittsburgh.

As Cúpulas de Washington, de Londres e de Pittsburgh representaram um processo em que se transferiram de foros restritos para o G-20 as discussões e as decisões sobre temas pertinentes à estabilidade da economia global. A legitimidade ao G-20 derivou de sua eficiência em coordenar uma resposta eficiente à crise iniciada em 2008, evitando o colapso do sistema econômico internacional.

Agenda do G-20

Ainda que a fase mais aguda da crise financeira tenha sido superada, persistem os seus efeitos sobre a sustentabilidade fiscal de muitos países e a crise do emprego, que tardarão anos para serem equacionadas.Atualmente, o trabalho do G-20 consiste tanto no enfrentamento destes efeitos mais duradouras da crise como também na construção de uma nova arquitetura financeira internacional, que seja mais aberta à participação dos países em desenvolvimento, mais estável e resistente a crises como a recente.

Desajustes globais: os membros do G-20 debatem propostas de novos modelos de crescimento e de estabilidade econômica, com vistas a corrigir os grandes desequilíbrios macroeconômicos internacionais. A intensificação da coordenação e da troca de informações sobre as gestões macroeconômicas nacionais resultará em uma economia internacional mais estável e previsível.

Instituições financeiras internacionais: o G-20 respondeu ao chamado por uma maior participação dos países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais. Organismos e instituições como o Comitê da Basiléia para a Supervisão Bancária e o Conselho de Estabilidade Econômica, entre outros, admitiram países em desenvolvimento entre seus membros pela primeira vez. O aumento da participação das economias em desenvolvimento nas Instituições de Bretton Woods deverá ser concluído ao longo de 2010.

Regulação e supervisão financeiras: em conjunto com o Banco de Compensações Internacionais (Bank of International Settlements), com o Conselho de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board) e com o FMI, o G-20 atua na elaboração e coordenação de políticas regulatórias e de supervisão do sistema financeiro. As medidas em estudo têm como objetivo evitar a repetição das práticas irresponsáveis e arriscadas de instituições financeiras que levaram à crise atual.

Temas não-financeiros no G-20: embora as discussões no G-20 se tenham concentrado na crise financeira, há consenso de que sua agenda poderá ampliar-se e abarcar temas econômicos em sentido amplo no médio prazo. Os temas do desenvolvimento, do trabalho e da energia têm sido colocados na agenda paulatinamente.

O Brasil e o G-20 Financeiro

O Brasil percebeu, durante a crise financeira, o surgimento de uma oportunidade para a mudança na estrutura do sistema financeiro e econômico internacional. O País apoiou vigorosamente os trabalhos do grupo e atuou como um dos principais atores no processo de consolidação do G-20 como o principal foro para lidar com temas econômicos internacionais. O Brasil segue defendendo a maior participação dos países em desenvolvimento nas decisões sobre a economia mundial.

As transformações e as reformas em andamento na arquitetura do sistema financeiro e econômico internacional representam um momento singular, no qual, pela primeira vez, os países em desenvolvimento estão presentes na mesa de negociações desde o princípio. Ao contrário do que ocorria no passado, quando os países desenvolvidos, reunidos no G-7, negociavam apenas entre si e divulgavam modelos prontos para a aplicação uniforme nos demais países, as discussões no âmbito do G-20 contam com a participação de países em desenvolvimento em todas as suas fases. As medidas propostas pelo grupo têm maior legitimidade e representatividade do que no passado recente.

Em 2010, excepcionalmente, o G-20 organizará duas Cúpulas, a primeira em 26 e 27 de junho, em Toronto, e a segunda, nos dias 11 e 12 de novembro, em Seul. O Brasil tem tido participação ativa em todos os exercícios e encontros do G-20, como reuniões dos Ministros do Trabalho, de Ministros de Finanças (Fazenda), de Vice-Ministros de Finanças e de Sherpas. Seminários e exercícios como os de coordenação e de troca de informações para o Marco para o Crescimento Sólido, Sustentado e Equilibrado e para a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis também têm sido recebido muita atenção da política externa brasileira. O Brasil reconhece a legitimidade das iniciativas do G-20 e tem buscado, por meio de sua atuação externa, exemplificar a grande importância que confere a este grupamento como o foro primordial para a discussão dos assuntos econômicos mundiais.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Anatel aprova compra da Vivo pela Telefónica, mas impõe condições

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/anatel-aprova-compra-da-vivo-pela-telefonica-mas-impoe-condicoes
Autor(es): Rafael Bitencourt | De Brasília
Valor Econômico - 24/09/2010
 
O conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) concedeu ontem a anuência prévia que autoriza a compra da participação acionária da Portugal Telecom (PT) na Vivo pelo grupo Telefónica.
Espanhóis e portugueses controlavam a operadora juntos, até então. Em 28 de julho, a Telefónica ofereceu 7,5 bilhões pelos 30% que a Portugal Telecom detém na empresa.
Além de ter sido favorável à operação, a Anatel aceitou as sugestões apresentadas pela empresa dos compromissos que deveriam ser assumidos a partir do negócio.
Entre os compromissos estão: atendimento a 35 municípios sem acesso ao serviço celular, sendo 16 deles até março e mais 19 até dezembro de 2011; cobertura de telefonia móvel com tecnologia 3G até dezembro de 2012, na área urbana de 83 municípios, além dos 2.832 municípios já previstos pela prestadora; e disponibilidade da infraestrutura para colaborar com a interiorização da rede de educação e pesquisa avançada no país.
A exigência de disponibilização de infraestrutura deve ocorrer mediante cessão de capacidade de transmissão, em fibra óptica ou em alta velocidade, para uso não comercial pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). A finalidade desta obrigação é tornar viável a interligação de universidades públicas localizadas na área de concessão da Telefônica, ou seja, no Estado de São Paulo.
A Anatel informou ainda que as empresas deverão enviar relatórios periódicos sobre o cumprimento das condições, estando as empresas sujeitas a "sanções previstas na legislação, inclusive reversão da operação anuída", caso não cumpram as exigências.
A Procuradoria Especializada do órgão já havia manifestado posição favorável à transferência de controle em parecer jurídico, no qual reforçava a tese da área técnica de "existir prejuízo à competição ou execução do serviço".
Durante a análise do pedido de anuência prévia, a Anatel se ateve às questões regulatórias. A partir de agora, o órgão inicia o processo de instrução do ato de concentração sobre os impactos concorrenciais que são remetidos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Entre os detalhes que serão considerados a respeito dos riscos de concentração de mercado está o fato de a Telefónica possuir fatia indireta de cerca de 10% no capital social da Telecom Italia, empresa que controla as operadoras TIM e Intelig. Tais implicações serão consideradas, especialmente, na apreciação do ato de concentração a ser feita pelo Cade.
Da junção da Telefônica com a Vivo, espera-se a integração de operações e ganhos financeiros com as sinergias. A permanência do grupo português no Brasil é almejada com a aquisição de 22,5% de participação na Oi.

Entre empresas afetadas pela crise, 21% não retomaram investimento cancelado

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/entre-empresas-afetadas-pela-crise-21-nao-retomaram-investimento-cancelado
Autor(es): Luciana Otoni
Valor Econômico - 24/09/2010
 
Do total das indústrias do país afetadas pela crise financeira global, 59% não se recuperaram plenamente. A constatação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de pesquisa junto a 1.353 empresas entre junho e julho. Por meio da sondagem, focalizada nas consequências da desaceleração, a entidade verificou que a redução no ritmo de atividade afetou mais as empresas exportadoras e os negócios de menor porte. A pesquisa mostra também que essas companhias enfrentam dificuldade de acesso a crédito e entraves para retomar investimentos.

De acordo com o levantamento, apenas 7 dos 27 segmentos industriais pesquisados informaram que os impactos da redução do ritmo de atividade foram superados. No restante, ainda há resquícios da crise.
 
O ponto de partida da análise é setembro de 2008, mês que dá início ao período mais agudo da crise internacional, momento em que a economia brasileira avançava em um padrão elevado, que não pode ser considerado como média de expansão do PIB.
O gerente-executivo da CNI, Flávio Castelo Branco, reconhece que a sondagem feita pela entidade partiu de uma média de expansão elevada, mas lembra, por outro lado, que a indústria foi o setor mais afetado pela crise na economia brasileira. Ainda assim, a recuperação do parque fabril do país entre o fim de 2009 e 2010 segue em bases elevadas se comparada à demais economias, apenas menor que a reação observada na China e na Índia.
A despeito da boa reação na indústria neste ano, Castelo Branco ressalta que os efeitos da crise no setor foram heterogêneos. "Os impactos negativos vieram por dois canais. O de acesso a crédito, já que, na crise, o corte de linhas internacionais afetou bancos brasileiros e isso se transmitiu para o setor industrial. O outro canal foi a retração da demanda externa, e essa demanda não retomou níveis anteriores à crise", disse.
Entre as empresas que cancelaram investimentos, em 21% delas esses projetos não foram retomados, de acordo com a sondagem. No grupo das que reativaram os planos de expansão, a retomada não foi feita de forma integral em 27% delas.
A pesquisa identificou que, para 35% das empresas afetadas pela desaceleração, o acesso ao crédito se tornou mais difícil que no período anterior a setembro de 2008.
Os efeitos da crise ainda persistem em grande parte das fábricas, em um período em que o setor industrial registra bons indicadores de produção e faturamento. De acordo com o IBGE, a produção industrial avançou 15% em 2010 no acumulado até julho. Segundo dados da CNI, o faturamento do setor industrial aumentou 11,4% em igual período deste ano. [Ajuste imperialista, que aponta a desindustrialização global, na medida em que se tornou mais difícil para as "brasileiras" internacionalizarem-se. A crise, embora percebida como efeito da especulação financeira, reduziu a extração de mais-valia.]
Esses resultados, porém, estão concentrados nas empresas que atendem ao mercado doméstico e que encontraram no consumo interno uma forma de enfrentar a desaceleração. "Os dados de faturamento e de produção representam a média de toda a indústria e estão concentrados nas empresas que têm a demanda doméstica como principal mercado. São essas que estão em ritmo forte. Não podemos generalizar esse bom comportamento para todos os segmentos", destaca o economista da CNI.
Até o fim deste mês, a entidade apresentará novas projeções para a economia brasileira e para o setor industrial. A projeção inicial de expansão de 12,3% para o PIB industrial deverá ser revista para cima. Considerando o desempenho futuro, a CNI adverte que, se as compras feitas no exterior continuarem avançando a um ritmo superior a 40% ao ano, as importações irão subtrair crescimento das indústrias brasileiras em 2011.

Nogueira deve continuar no FMI

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/nogueira-deve-continuar-no-fmi

Valor Econômico - 24/09/2010
 
O Brasil indicou o economista Paulo Nogueira Batista Júnior para mais um mandato de dois anos na diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele já recebeu o apoio de praticamente todos os países que integram a cadeira brasileira no organismo, com exceção da Colômbia, com quem o Brasil teve um desentendimento no começo do ano.

A expectativa, porém, é que até a eleição dos novos diretores, que deve ocorrer em fins de outubro, a Colômbia decida apoiar formalmente Batista Júnior. O representante brasileiro no FMI causou atritos com os colombianos ao demitir, em fevereiro, a diretora alterna apontada por aquele país, Maria Ines Agudelo.
A Colômbia ameaçou deixar o grupo do Brasil no Fundo, mas acabou voltando atrás. Hoje, esse é um assunto praticamente superado. A Colômbia indicou um novo diretor alterno, Juan Carlos Jaramillo.
Além da Colômbia, fazem parte do grupo brasileiro a Republica Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago.
Batista Júnior, um economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi eleito para o FMI pela primeira vez em 2007 e, já no cargo, seguiu como um dos maiores críticos da política monetária do Banco Central. Em tese, o FMI já teria que ter eleito seus diretores-executivos, mas o processo atrasou por causa da disputa entre alguns países europeus e economias emergentes dinâmicas para redistribuir o poder de voto de cada um nas decisões do organismo. As 21 mais importantes economias do mundo, reunidas no G-20, decidiram que os países emergentes dinâmicos devem ampliar em 5% seu poder de voto, num processo que deve ser concluído até novembro.
Em junho, os Estados Unidos derrubaram, por meio de seu poder de veto, a resolução que encaminharia as eleições para a diretoria executiva do FMI. Foi uma cartada dos americanos para forçar os países europeus que têm poder de voto desproporcional ao seu peso econômico, como Bélgica e Holanda, a negociarem.
O bloqueio do processo de eleição significa, entre outras coisas, que o número de diretores-executivos do FMI poderá cair de 24 para 20. O objetivo maior dos Estados Unidos é atingir os países europeus que não querem negociar. Mas um efeito colateral poder ser a perda das representações com menor poder de voto, entre elas as cadeiras do Brasil, Argentina e Índia.
É improvável, porém, uma diretoria-executiva do FMI sem os principais países emergentes, hoje a principal locomotiva do crescimento mundial. Se não houver acordo, esse poderá ser o principal tema da reunião de outono do FMI, no começo de outubro. "Há alguma chance de ser resolvido antes disso", disse Batista Júnior.

Santos terá ajuda da Alemanha e Espanha

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/santos-tera-ajuda-da-alemanha-e-espanha
Autor(es): Fernanda Pires
Valor Econômico - 24/09/2010
 

A Secretaria Especial de Portos está negociando com os governos da Alemanha e Espanha alternativas de acesso ao Porto de Santos cujos projetos devem ser apresentados até o fim do ano. Hoje, os gargalos na chegada ao porto - que movimenta 26% da balança comercial - são considerados o maior desafio a ser enfrentado pelo complexo, admitiu o ministro dos Portos, Pedro Brito, em evento realizado, quarta-feira, na cidade.

"As condições atuais de atendimento ferroviário e rodoviário estão muito aquém da nova demanda. Temos de explorar toda a capacidade hidroviária da região e criar zonas de apoio logístico que possam desafogar o porto em relação aos caminhões que chegam", afirmou Brito. Segundo ele, entre as possibilidades está também a criação de túneis para transporte de contêineres.
Mantido o atual ritmo de crescimento, o porto de Santos movimentará 95 milhões de toneladas neste ano. Se alcançado, o resultado superará em 3 milhões de toneladas o cenário mais pessimista traçado por um estudo de demanda do Banco Interamericano de Desenvolvimento para o ano de 2014.
Por isso o objetivo do plano de acessibilidade é racionalizar a matriz de transporte da carga que hoje está largamente concentrada na rodovia - 85% do que é movimentado no porto entra ou sai sobre rodas. Soma-se a isso o fato de haver apenas uma entrada para a margem direita (Santos), que concentra 76% dos caminhões do complexo. O restante segue para o Guarujá.
Já está em curso uma lenta migração das mercadorias para a ferrovia. De acordo com previsões recém-atualizadas da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), apesar da projeção de 14,4% de aumento dos volumes neste ano sobre 2009, o incremento do fluxo de cargas por caminhão será de 3%, somando 3,2 milhões de carretas.
Paralelamente, a ferrovia movimentará 18 milhões de toneladas este ano, alta de 20% em relação ao período anterior. Em três anos o modal deverá alcançar 30 milhões de toneladas, estima o diretor de Infraestrutura e Serviços da Companhia Docas, Paulino Moreira Vicente.
Enquanto os projetos de médio prazo não saem do papel, a estatal anunciou a implementação em no máximo dois meses de um plano de controle da chegada dos caminhões à Baixada Santista. A ideia é regular o envio das cargas na origem de acordo com a capacidade disponível nos terminais a cada embarque, afinando oferta e demanda por meio de um banco de dados desenvolvido pela Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra).
A iniciativa prevê ainda a participação da autoridade portuária na triagem das carretas nos pátios reguladores existentes no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e estenderá poder de multa à guarda portuária nas áreas do complexo.
"Não há problema portuário, há problema logístico. O investimento que o governo federal fez em Santos nos últimos três anos não é sequer comparável ao que foi feito em 30 anos no porto. Mas claro que somente isso não é suficiente", disse o ministro Brito.
Na primeira fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o porto paulista ficou com 13,6% dos R$ 3,6 bilhões destacados para o segmento. Desses R$ 493 milhões, quase 42% abasteceram as obras das chamadas avenidas perimetrais - conjunto de vias rápidas e viadutos concebido para diminuir os entroncamentos rodoferroviários e dar mais fluidez ao trânsito interno. A da margem direita está mais avançada, com previsão de término em 2013. As obras em Guarujá começam neste ano e levarão 18 meses.
No PAC 2 a previsão de investimentos do governo em Santos mais que triplicou e o complexo passou a responder por quase 30% dos R$ 5,1 bilhões previstos para 21 portos do país.

Chávez se apressa para aprovar Lei de Comunas

Governo se apressa para aprovar Lei de Comunas

Autor(es): Rodrigo Uchoa
Valor Econômico - 24/09/2010
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pretende aprovar até o mês que vem a criação de comunas, unidades administrativas diretamente ligadas ao Executivo. O governo diz que essa nova organização política e comunitária representa um passo importante na constituição do que chama de socialismo do Século XXI. A oposição afirma que é um modo de o presidente concentrar poderes e de driblar o Legislativo, já que deverá enfrentar maiores dificuldades para aprovar seus projetos - mesmo se mantiver maioria na Assembleia.

A comunas serão unidades administrativas que poderão se sobrepor aos municípios e abarcar áreas em diferentes Estados. Essa nova organização geográfica poderá aprovar suas leis e até mesmo ter uma moeda própria, controlada pelo Banco Central. Essa moeda será aceita na compra de produtos das fábricas estatizadas.
A Corporação Venezuelana de Cimento e a siderúrgica Sidor - recentemente estatizadas -já anunciaram que vão vender materiais de construção para as comunas aceitando a moeda comunal. Segundo a ministra venezuelana para as Comunas, Isis Ochoa, há um Programa de Transformação Habitacional que tem um mecanismo chamado de autoconstrução, no qual o "material e os produtos elaborados nas indústrias básicas do país seguem diretamente para o povo, onde as brigadas de trabalho vão executar as obras".
Além disso, o projeto de lei chavista prevê a "propriedade comunal", uma categoria inédita no país e que dá poder às comunas para criar novas relações trabalhistas. Só poderá trabalhar na propriedade comunal gente que efetivamente more lá.
A presidente da Assembleia Nacional, Cilia Flores, afirma que as comunas são essenciais para a criação de uma democracia plena, participativa e direta. "A Lei de Comunas será aprovada ainda neste ano. Pois isso é uma dívida com a população e foi uma ordem do líder da revolução, o comandante Hugo Chávez Frías", disse a deputada.
A crítica feita pela oposição é de que essas comunas devem se tornar na prática um braço do governo, já que dependeriam totalmente do repasse de fundos.
"Esse regime comunal tem um vício de origem: recebe apoio popular, mas não promove a participação popular; invoca as necessidades do povo, mas é Hugo Chávez quem fala em seu nome e, por fim, o substitui", afirma o advogado venezuelano Carlos Romero Mendoza.
A contraposição de dois pensamentos tão distintos - o que vê ameaças à democracia, pelo lado da oposição, e o que vê mais um passo rumo à democracia plena e participativa, pelo lado do governo - mostra o grau de radicalização que o projeto socialista de Chávez abre no país.
"Não há como compor. Ou você ama a ideia ou a odeia", afirmou Manuel Caballero, importante historiador e articulista venezuelano que se tornou uma voz antichavista depois de ter feito uma carreira acadêmica identificada com a esquerda.
Alguns analistas dizem acreditar que a apressão que o presidente Chávez está fazendo para a aprovação rápida da Lei de Comunas se deve ao temor do governo de que novos deputados não alinhados ao chavismo consigam realmente barrar os projetos de cunho socialista que, até agora, passavam tranquilamente na Assembleia Nacional.

Morre líder das Farc

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/morre-lider-das-farc
Valor Econômico - 24/09/2010
 
O chefe militar do grupo guerrilheiro Farc, Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy,  morreu em um bombardeio das Forças Armadas, disse o governo da Colômbia. Foi um forte golpe contra o grupo rebelde, capaz de acelerar seu enfraquecimento. Briceño era considerado um dos líderes guerrilheiros mais violentos e sanguinários e acusado de assassinatos, massacres e sequestros. Sua morte é uma vitória política para o presidente Juan Manuel Santos.

Japão discutirá rumos do mundo

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/japao-discutira-rumos-do-mundo
Autor(es): Washington Novaes
O Estado de S. Paulo - 24/09/2010

De 18 a 29 de outubro, em Nagoya, no Japão, nova reunião da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) - que nasceu no Rio de Janeiro, em 1992 - discutirá caminhos para tentar reverter o atual quadro de perda da biodiversidade no mundo, que é, junto com mudanças climáticas, a maior "ameaça à sobrevivência da espécie humana", segundo o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan. Já estamos consumindo pelo menos mais de 30% de recursos naturais acima da capacidade de reposição do nosso planeta, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. E isso contribui decisivamente para o desaparecimento progressivo das espécies em terra e no mar - o que significa a perda de pelo menos US$ 2 trilhões anuais, segundo recente congresso científico em Curitiba.


O biólogo norte-americano Edward Wilson, considerado a maior autoridade nesse campo da biodiversidade, diz que conhecemos 280 mil espécies de plantas das 320 mil que se estima existirem; 6.830 anfíbios (25% do total estimado); só 16 mil nematódeos em 15 milhões; e 900 mil insetos de 5 milhões. Ao todo, há entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de espécies catalogadas, mas elas podem ser de 10 milhões a 15 milhões. Numa tonelada de terra fértil pode haver 4 milhões de bactérias. Na boca humana são 700 (Eco 21, maio de 2010). Num de seus livros, Wilson, que é o maior especialista conhecido em formigas, diz que estas dominarão o nosso planeta, porque já são alguns quatrilhões de indivíduos; e no espaço de uma geração humana (20 anos) as formigas se reproduzem 20 vezes.

Há outros dados impressionantes. O comércio mundial de recursos naturais em 2008 já chegava a US$ 3,7 trilhões, seis vezes mais que em 2002, um quarto do comércio total, diz a Organização Mundial do Comércio (Estado, 24/7). A Rússia lidera, por causa do petróleo. E os Estados Unidos lideram as importações, com 15,2% do total. Só o comércio mundial de medicamentos derivados de plantas está em torno de US$ 250 bilhões/ano, segundo o biólogo Thomas Lovejoy. E o Brasil tem lugar destacado entre os detentores de biodiversidade - entre 15% e 20% do total mundial. São 103.870 espécies animais conhecidas; 41.121 espécies incluindo vegetais, fungos e algas; 9.101 espécies marinhas; e quase 2.600 espécies de peixes de água doce, das quais 800 ameaçadas de extinção (a bacia mais ameaçada é a do Paraná). O valor anual dessa biodiversidade brasileira é calculado em US$ 2 trilhões.

Mas a perda da biodiversidade no mundo é assombrosa - entre US$ 2 trilhões e US$ 4,5 trilhões anuais (até três vezes o PIB brasileiro), segundo especialistas que participaram das discussões em Curitiba. "Estamos sentados num baú de ouro e não sabemos o que fazer com ele", diz o secretário de Biodiversidade no Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias (Estado, 2/9). Por falta de apoio financeiro e político, comenta ele, "estamos queimando a biodiversidade" (curiosamente, no dia 16/9, em que o presidente da República e a ministra do Meio Ambiente lançavam em Brasília um plano de ações para o Cerrado - para ampliar a fiscalização, reduzir o desmatamento e evitar as queimadas -, faltou energia três vezes durante a cerimônia, porque queimadas no Cerrado brasiliense interromperam a transmissão).

O Brasil pretende mostrar em Nagoya que está atento à questão. Tem 310 áreas federais e 374 estaduais de conservação. Mas faltam recursos e pessoal para cuidar bem delas. Na Amazônia, quase 13% do território são terras indígenas - o melhor caminho para conservar a biodiversidade, segundo relatórios científicos nacionais e internacionais. Mas essas áreas também têm sido invadidas. Em 26,7% das áreas de conservação são permitidas algumas atividades, como ecoturismo, manejo de recursos naturais e até agricultura (Estado, 3/9).

A reunião de Nagoya terá três eixos principais: 1) Como evitar o colapso de estoques pesqueiros, perda de espécies na Amazônia e processos de extinção provocados por espécies invasoras; 2) fluxos financeiros para ajudar países mais pobres a proteger grandes áreas importantes para a biodiversidade; 3) novas regras internacionais para "acesso transparente" a recursos biológicos, assegurando que países e comunidades detentores desses recursos recebam uma parte dos benefícios de sua exploração. Em 2002 os 193 países signatários da convenção já se haviam comprometido a reduzir as perdas até 2010. Não aconteceu. "Agora é tudo ou nada", diz o secretário executivo da convenção, Ahmed Djoghlaf. A "exploração em excesso ameaça o mundo, alerta o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. De fato, há estudos indicando ameaças à sobrevivência de 520 milhões de pessoas por causa do esgotamento próximo de estoques pesqueiros em 65% das águas marítimas.

Não será fácil em Nagoya. O terceiro ponto - "acesso transparente" -, principalmente, envolve uma discussão até aqui sem saída entre governos, comunidades, cientistas e empresas. No Brasil vigora uma medida provisória (2.986, de 2001) que tentou disciplinar a questão. Os Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia vêm discutindo um novo texto. Cientistas acusam ambientalistas, comunidades tradicionais e indígenas de impedir o acesso a espécies. Os acusados retrucam que nunca obtêm participação na exploração de produtos obtidos a partir das pesquisas acadêmicas. Cientistas argumentam que desenvolver uma droga a partir de espécies da biodiversidade chega a exigir até uma década de pesquisa, investimentos de até US$ 1 bilhão.

Seja como for, o mundo está alarmado. A Noruega já criou um banco de sementes em montanhas geladas próximas ao Ártico, que tem sido chamada de "cofre do juízo final". No Brasil, a referência é o Centro de Pesquisas em Recursos Genéticos e Biotecnologias (Cenargen), da Embrapa, com acesso a 671 espécies. No mundo já são 1.500 bancos.


É por essas coisas que passa o futuro humano. Por isso é bom prestar a atenção em Nagoya.


País teme fiasco na cúpula da biodiversidade

Autor(es): Bettina Barros
Valor Econômico - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/pais-teme-fiasco-na-cupula-da-biodiversidade
A 10ª Conferência das Partes (COP-10) da ONU sobre Diversidade Biológica, que será realizada no mês que vem em Nagoia, no Japão, corre o risco de ser mais um fiasco internacional - e isso teria impacto negativo para o Brasil ainda maior que o fracasso nas discussões do clima em Copenhague, afirma o governo brasileiro. Representantes de 193 países não chegaram a um acordo durante a última sessão do grupo de trabalho do chamado Protocolo ABS (Acess and Benefit Sharing), realizada anteontem no Canadá. O protocolo é uma peça fundamental para o sucesso das discussões: é ele quem regulamenta o acesso a recursos genéticos e a repartição de benefícios gerados pela biodiversidade.

Na mesa está o acesso dos países ricos a matérias-primas biológicas dos países em desenvolvimento, mas com a garantia de compensações dos setores beneficiados, como a agricultura e a indústria farmacêutica. Graças às florestas tropicais remanescentes, o Hemisfério Sul detém os últimos grandes estoques de biodiversidade do mundo. O Brasil responde, sozinho, por 20% dessa diversidade.
"Os empresários querem segurança no marco jurídico para desenvolver seus projetos usando a biodiversidade. Ninguém quer ser acusado depois de biopirataria", disse Bráulio Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, no seminário "Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade", realizado em São Paulo pelo Valor.
Divergências importantes entre países ricos e em desenvolvimento podem frustrar o encontro global. A União Europeia defende frear a perda de biodiversidade até 2020, meta considerada "muito ambiciosa" pelo Brasil. O governo brasileiro quer principalmente transferência de recursos, mas também cooperação internacional e capacitação tecnológica. "Não adianta criar metas e não ter como implementá-las", disse Dias.
"Faremos uma última tentativa para chegar a um acordo sobre o protocolo em Nagoia, antes do início das reuniões, mas, infelizmente, há o risco de Nagoia se tornar uma nova Copenhague", disse o representante do ministério, referindo-se à falta de consenso sobre as negociações para desacelerar as emissões de CO2 no planeta.
A estratégia do governo brasileiro para pressionar países ricos inclui mostrar avanços como a redução de 75% do desmatamento de 75% na Amazônia entre 2004 e 2009 e a criação de áreas protegidas, que já atingem 17% do território nacional. Mas o Brasil poderá também ser vidraça. "Podemos ser cobrados pelas propostas de mudança no Código Florestal e pelas queimadas deste ano", disse Dias.
Lançada na Eco-92, no Rio de Janeiro, a convenção tinha como principal meta reduzir a perda de biodiversidade no planeta em um período de 18 anos. As Nações Unidas definiram 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, mas os resultados estão longe do idealizado. Em seu relatório mais recente, divulgado em maio, a ONU mostra que o planeta perdeu 30% do estoque de seres vivos que tinha nos anos 70 e estima em até US$ 4,5 trilhões o prejuízo mundial anual com desmatamento.
Parte do problema é que ainda há certo desconhecimento científico sobre o tema. Por isso, Nagoia deverá retomar a criação do IPBES, o painel intergovernamental da biodiversidade, nos moldes do IPCC, de mudanças climáticas.


Empresas entregam carta-compromisso ao governo

Autor(es): Samantha Maia
Valor Econômico - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/empresas-entregam-carta-compromisso-ao-governo
Um grupo de 50 empresas entregou ontem ao governo federal, representado pelo secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, uma carta com compromissos e reivindicações para a preservação da biodiversidade. Segundo as companhias reunidas no Movimento Empresarial pela Biodiversidade (Meb), é preciso criar um marco regulatório que determine como deve se dar o acesso aos recursos genéticos e a repartição de benefícios na exploração de produtos naturais.

O estímulo financeiro às empresas que investem na proteção do ambiente é outra demanda das companhias. Segundo Marcelo Cardoso, vice-presidente de sustentabilidade da Natura, é preciso dar um valor econômico às ações de preservação do ambiente, e assim as ações poderão ser disseminadas. "É uma questão fundamental criar um mercado", diz ele. A falta de um incentivo financeiro, segundo Cardoso, inibe a iniciativa de mais empresas.
A Natura trabalha atualmente com 32 comunidades locais e indígenas e, por ano, investe cerca de R$ 5,5 milhões em projetos de desenvolvimento local através de um fundo. Segundo o vice-presidente da empresa, esse é um exemplo de ação em defesa da biodiversidade, mas é preciso fazer mais.
Oded Grajed, presidente do Instituto Ethos, entidade parceira do movimento empresarial, diz que o setor privado tem uma influência importante para colocar o tema da biodiversidade em pauta. "É preciso mudar o rumo. O momento é muito dramático e precisamos de mudanças dramáticas. Estamos dando o exemplo de uma mudança hoje, e não só com compromissos voluntários, mas demandando compromissos do setor público", diz ele.
O movimento começou no início de agosto com seis empresas - Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e Walmart. A intenção das companhias é participar ativamente do posicionamento do governo brasileiro na 10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP 10), que ocorrerá em outubro na cidade de Nagoia, no Japão.
Entre as novas empresas que aderiram ao movimento está a Suzano Papel e Celulose. Segundo o gerente executivo de sustentabilidade da companhia, Alexandre Di Ciero, a atividade da empresa está diretamente relacionada ao ambiente e, por isso, a companhia não pode ficar de fora dessa discussão. "A Suzano tem a questão de sustentabilidade em seu DNA, possui áreas de Mata Atlântica preservadas", conta.
Entre os projetos atuais, ele cita o investimento num plano de monitoramento das áreas nativas, o que deve melhorar o nível de informações que a empresa possui sobre o bioma e assim permitir uma conservação melhor das áreas.
A questão da falta de informações é um dos principais problemas hoje quando se trata de biodiversidade e os impactos que uma ação sustentável pode ter sobre os negócios. A Alcoa iniciou ontem uma ação que tem como objetivo melhorar o conhecimento sobre a Mata Atlântica. A companhia inaugurou, em parceria com a prefeitura de Poços de Caldas (MG), um jardim botânico que deve ser um centro de estudos e suporte a pesquisas sobre o bioma.
"Não é uma ação do momento, a biodiversidade e a responsabilidade ambiental estão em nossos valores e temos muito o que avançar", diz João Menezes, diretor de sustentabilidade da Alcoa.
Segundo Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, o tema da biodiversidade foi o que menos avançou desde a Eco 92, por isso é importante a mobilização das empresas. "Enquanto o assunto clima foi muito estudado e popularizado, pouco foi feito em questão de biodiversidade", diz.



Mercado sustentável

Valor Econômico - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/mercado-sustentavel
Produzir com menor impacto ambiental, cortar emissões de gases nocivos, mitigar agressões ao planeta, reciclar, reutilizar, reduzir o consumo de materiais. Toda a cartilha das empresas ecologicamente corretas não é mais suficiente num mundo que clama por algo mais - ou por algo menos: a economia de recursos. Depois de procurar processos de produção mais limpos, empresas ambientalmente responsáveis começam a desembarcar na etapa seguinte, a do mercado verde.

A economia verde alia produção em escala com preservação e redução de impactos. Empresas que trazem no DNA os genes da inovação e da sustentabilidade acordaram há certo tempo para o fenômeno. Depois de milhões investidos, começam a colher os primeiros frutos da economia verde.
Há dois anos, a consultoria alemã Roland Berger estimava o mercado global para produtos e serviços ambientais em US$ 1,37 trilhão. Seja esse ou não o tamanho exato do mercado, o que importa é que o mundo está cada vez mais atento a produtos e serviços de qualidade e preços competitivos que ao mesmo tempo contribuam para refrear séculos de destruição. No Brasil, ainda não existem estimativas do tamanho do mercado.
"Inovação na área de produtos verdes tem se constituído cada vez mais em fator decisivo para o desenvolvimento sustentável e para alavancar a competitividade das empresas", afirma Ronaldo Mota, secretário de desenvolvimento tecnológico e inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Duas gigantes da inovação uniram-se para levar adiante um projeto nesse sentido. A Natura lança em outubro uma linha de sabonetes com embalagem em plástico produzido a partir de materiais renováveis - em vez da tradicional petroquímica -, diz Victor Fernandes, diretor de ciência e tecnologia, ideias e conceitos. A embalagem em polietileno verde, produzida a partir de resíduo de cana-de-açúcar, foi desenvolvida pela Braskem. O produto será destinado ao Nordeste. Se houver disponibilidade, a Natura pretende levá-lo a todo o país até o fim de 2011.
A empresa estima que a nova embalagem reduza em 71% as emissões de carbono na comparação com o plástico tradicional. Na medida em que se tornar mais disponível, a embalagem verde irá integrar outras linhas da empresa.
Depois de dois anos de desenvolvimento junto a parceiros, a Coca-Cola está lançando garrafas de refrigerante com 30% de matéria renovável. A chamada PET PlantBottle é importada da Ásia. O custo, não revelado, é superior ao da garrafa feita de resina petroquímica, mas a companhia está absorvendo a diferença, diz Rino Abbondi, vice-presidente de técnica e logística da Coca-Cola Brasil. As embalagens serão comercializadas em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Manaus, Salvador, Teresina e Florianópolis em garrafas de 500 ml e 600 ml. Para 2011, devem chegar a outras regiões.
Maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, com 29 fábricas no Brasil e nos Estados Unidos, a Braskem também está envolvida na produção do polipropileno verde, para substituir o congênere petroquímico na indústria de automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos e outras. O produto vem sendo desenvolvido em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).
A pesquisa começou em 2008, em uma parceria com a Unicamp. Em 2009, a Novozymes uniu-se ao projeto. Agora, a Braskem entendeu ser necessário reforçar aspectos da pesquisa em busca da viabilidade econômica. A empresa quer tornar-se não mais uma líder em petroquímica, mas em química sustentável, afirma Antônio Queiroz, diretor de inovação e competitividade da divisão polímeros.
Um dos objetivos da pesquisa agora é encontrar meios de reduzir a diferença de custo de produção de 50% entre o produto verde e o tradicional. "A questão é que hoje para fazer esse produto é mais caro e até quanto será que o cliente está disposto a pagar a mais." Para isso, a empresa está montando um laboratório dentro das instalações do LNBio, em Campinas (SP).
No início, o laboratório terá sete pesquisadores da Braskem, segundo Kleber Franchini, diretor do LNBio, mas o total pode chegar a 40 até meados do ano que vem. A Braskem alugou uma área do laboratório e vai pagar pelo uso da infraestrutura, gerir o projeto e, eventualmente, requisitar - e remunerar - pesquisadores de altíssima especialização do LNBio. O acordo implica o compartilhamento de propriedade intelectual.
O LNBio também fechou este ano parceria com a Natura para pesquisar potenciais matérias-primas. O laboratório adquiriu um sofisticado equipamento para analisar a estrutura das matérias-primas e dividiu as despesas com a fabricante de cosméticos. O aparelho será alugado a outras companhias, mas a Natura, por ter investido, tem direito a horas de uso estipuladas em contrato.


Braskem inaugura unidade no Sul

Valor Econômico - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/braskem-inaugura-unidade-no-sul
A unidade de plástico verde da Braskem representará um marco na história da indústria petroquímica brasileira e mundial, quando for inaugurada oficialmente nesta sexta-feira, 24 de setembro, que deverá contar com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Localizada no polo de Triunfo (RS), com investimentos de R$ 500 milhões e capacidade para produzir 200 mil toneladas de eteno verde por ano, que serão transformadas em quantidade equivalente de polietileno verde, trata-se da primeira fábrica do mundo em escala industrial a utilizar matéria-prima 100% renovável.
Com o investimento, a petroquímica brasileira busca se posicionar na liderança no mercado global dos polímeros que não são produzidos a partir de combustíveis fósseis, um segmento em que os clientes estão dispostos a pagar um prêmio entre 20% a 30% superior ao das resinas tradicionais, para terem um produto com forte apelo sustentável.
Além de usar etanol de cana, a tecnologia da Braskem traz um outro ganho ambiental aos clientes: a nova resina permite que a cada quilo produzido de polietileno verde seja feita a captura de 2,5 kg de dióxido de carbono. O uso do polietileno verde tem outro estímulo: apresenta características de aplicação e propriedades idênticas às do plástico tradicional, o que permite às indústrias de transformação aproveitar suas máquinas para processar a resina renovável.
As vantagens fizeram com que a demanda pelo plástico verde fosse alta. Cerca de dois terços da produção da unidade, que mal começou a operar, já está comercializada entre clientes, principalmente do exterior - 50% deles são da Europa, 25% da Ásia e os 25% restantes estão nas mãos de consumidores das Américas (o mercado do Brasil responde por menos da metade desse percentual referente ao continente americano). "Os números estão todos dentro do previsto. O discurso de sustentabilidade com a captura de dióxido de carbono tem um grande apelo principalmente entre os europeus e os asiáticos", afirma o vice-presidente de polímeros da empresa, Rui Chammas.
Desde o lançamento do produto até o início da produção em escala industrial, a Braskem se sentou à mesa com diversas empresas para mostrar as propriedades da nova resina e seus impactos. Do outro lado, os clientes obtinham amostras com o plástico verde e elaboravam a análise de ciclo de vida com os produtos fabricados com a resina, para checar realmente se as vantagens eram condizentes com o que se falava. Como era um produto inovador, o processo foi longo, mas teve êxito. "Não é fácil vender um produto inovador com uma tecnologia diferenciada. Um desafio, em especial, foi conseguir clientes líderes em seus setores", afirma Chammas. A Braskem já fechou acordos com a Procter & Gamble, Johnson & Johnson, Tetra Pak e a brasileira Natura.
Deverão ser consumidos por ano cerca de 500 milhões de litros de álcool, o que tornará a empresa o maior cliente industrial do setor sucroalcooleiro. Uma das preocupações das clientes da petroquímica era sobre o processo de colheita e cultivo da cana de açúcar utilizada. "A Braskem tem uma carta de princípios com todos os fornecedores de álcool reforçando a preocupação com os critérios sociais e ambientais da produção de cana", afirma Chammas. Entre os principais fornecedores da empresa estará a ETH, empresa de açúcar e álcool da Odebrecht, acionista majoritária da Braskem, que tem como outro acionista a Petrobras.
Para reforçar sua posição de liderança no mercado de biopolímeros, a Braskem trabalha no desenvolvimento de uma rota inovadora para produção do polipropileno verde. O polipropileno tradicional é uma das resinas que mais crescem no mundo em consumo e aplicações, sendo encontrado em produtos da linha branca, em partes internas e externas de carros, material de construção civil, brinquedos. Em 2008, a empresa produziu em seus laboratórios o propeno verde, base do polipropileno, e vem intensificando as pesquisas para melhorar a competitividade em escala industrial. "O nosso processo ainda não é competitivo, mas estamos desenvolvendo essa rota."
Segundo executivo, "há duas corridas, a dos polímeros tradicionais, feitos a partir de matéria-prima fóssil, e os biopolímeros, com apelo sustentável. Como esse é um segmento pioneiro e inovador, ele tem grande potencial, mas levará tempo para ganhar mais espaço."

Brasil pode ganhar liderança mundial em química renovável

Autor(es): Roberto Rockmann
Valor Econômico - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/brasil-pode-ganhar-lideranca-mundial-em-quimica-renovavel
O Brasil tem vocação para ser um dos líderes mundiais em química verde no mundo, um segmento que poderá contribuir para as indústrias do setor se posicionarem entre as cinco maiores do mundo até 2020. Segundo estudo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), nesta década, cerca de US$ 20 bilhões poderão ser investidos em química renovável no país. O relatório estima que, em 2020, pode haver uma participação da chamada química verde no mundo de 10% no conjunto da oferta de produtos petroquímicos. O Brasil poderá deter, se forem viabilizados os investimentos necessários, fatia relevante da oferta total.

Exemplos de química verde, como o plástico verde e tintas e solventes à base de água, começam a ganhar mais espaço na indústria química brasileira. A multinacional verde-amarela Braskem investiu R$ 500 milhões na construção da primeira unidade em escala industrial no mundo de produção de eteno a partir de matéria-prima 100% renovável - a cana-de-açúcar, cultura em que o país desponta não apenas como o maior produtor, como também o mais competitivo. "Essa é uma grande ideia que poderá posicionar o Brasil em situação privilegiada", diz o físico e professor da USP José Goldemberg. A fábrica, no polo de Triunfo (RS), tem capacidade de produzir 200 mil toneladas por ano de eteno verde, que são transformados em polietileno verde. A unidade, que começou a operar neste mês, já tem dois terços de sua produção vendida, e as perspectivas são bastante promissoras.
Um automóvel pesa cerca de uma tonelada. As peças de plástico representam até 10% do peso total do veículo, um número que poderá crescer algumas vezes ao longo dos próximos anos. "Há grande potencial de substituição de diversas partes metálicas e o plástico pode chegar a 30% do peso de um carro. As montadoras também podem se interessar pelo plástico verde", diz o diretor da consultoria Maxiquim Otavio Carvalho. Há um benefício grande quando as montadoras trocam partes metálicas por plástico: os carros ficam mais leves e podem reduzir o consumo de combustível, o que teria impacto sobre o bolso dos consumidores e o meio ambiente, porque se reduz a emissão de poluentes.
O plástico verde produzido a partir de cana-de-açúcar tem se mostrado o mais competitivo entre diversos outros lançados no mundo nos últimos anos, o que deverá fazer com que o interesse pelo produto fabricado no Brasil cresça. "A indústria química vem sendo demandada pelos clientes como um setor intermediário a buscar soluções sustentáveis, e o Brasil, com o etanol, poderá liderar uma corrida importante e deveremos ter novos investimentos em plástico verde", diz Carvalho.
A química verde ganha espaço na área de cosméticos. No primeiro semestre, a Rhodia lançou o Rhodapex NAT, primeiro insumo para xampus e condicionadores produzido a partir do etanol de cana e óleo de palma, concorrendo com os insumos tradicionais derivados petroquímicos. A inovação foi desenvolvida na Índia. "Temos um pedido aqui no Brasil de um cliente interessado em utilizar o produto em sua linha de xampus naturais", afirma o diretor da Rhodia Novecare América Latina, Paulo De Biagi. Uma ideia em estudo na subsidiária brasileira é viabilizar a produção local. "Estamos analisando a possibilidade de desenvolver o produto aqui, começando a identificar parceiros. Com produção local, economizaríamos o frete de importação, mas isso também dependerá da demanda do produto no mundo."
Outro segmento que tem crescido no Brasil é a fabricação de tintas e solventes à base de água, com menor impacto ambiental. Há quatro anos, em uma pesquisa de mercado, a Basf detectou que lançar uma tinha sem cheiro seria uma forma de diferenciar a Suvinil, sua tinta imobiliária. Após oito meses de pesquisa e 1.500 horas de desenvolvimento, em 2007, foi lançada uma linha de acrílicos inovadora: sua fórmula faz com que o cheiro da tinta desapareça após três horas da aplicação.
Além disso, o produto é à base de água e, por isso, emite menos compostos orgânicos voláteis para a atmosfera, o que contribui para a preservação do meio ambiente e para a saúde dos consumidores. "Em um futuro não muito distante, talvez em dez anos, todas as tintas serão à base de água, buscamos nos antecipar ao movimento e influenciar os outros elos da cadeia rumo à sustentabilidade", afirma o vice-presidente sênior de tintas e vernizes e infraestrutura para a América do Sul, Antonio Lacerda.
Não foi a única inovação sustentável da Basf na área de tintas. A Suvinil foi pioneira na utilização de garrafas PET para a produção de resina, que é um dos principais componentes das tintas e vernizes. Para cada galão de 3,6 litros de esmaltes e vernizes são utilizadas cinco garrafas PET em sua composição. Desde 2002, foram reutilizadas mais de 425 milhões de garrafas.

Cresce a demanda por fertilizantes

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/cresce-a-demanda-por-fertilizantes
Autor(es): Fernando Lopes
Valor Econômico - 24/09/2010
 
As entregas de fertilizantes das misturadoras (empresas que fazem o produto final) às revendas espalhadas pelo país totalizaram 2,7 milhões de toneladas em agosto, conforme estatísticas da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Foi o melhor agosto desde 2007, e em relação ao mesmo mês do ano passado houve aumento de 5,4%.

Às vésperas do plantio da nova safra de grãos (2010/11), o incremento já era esperado. Com o resultado, as entregas somaram 13,6 milhões de toneladas nos primeiros oito meses de 2010, 2,4% mais que em igual intervalo de 2009.
O aumento da demanda em agosto estimulou a produção nacional, que no mês alcançou 867,3 mil toneladas, um salto de 11,9% na comparação com agosto do ano passado. De janeiro a agosto, foram pouco mais de 6 milhões de toneladas, alta de 13,9% sobre os oito primeiros meses de 2009.
Já as importações de fertilizantes intermediários, que vinham crescendo em ritmo forte, recuaram em agosto, quando filas para o desembarque do produto em portos como Santos e Paranaguá deram o tom. Foram 1,7 milhão de toneladas no mês, queda de 2,7% em relação ao mesmo mês de 2009. Ainda assim, as compras no exterior passaram a totalizar 8,9 milhões de toneladas entre janeiro e agosto, 41,6% acima do volume registrado nos oito primeiros meses do ano passado.
Em entrevista concedida esta semana ao Valor, o presidente da Anda e da Vale Fertilizantes - maior player do segmento -, Mario Barbosa, voltou a cobrar isonomia tributária entre a produção nacional e as importações, uma vez que os produtos vindos de fora do país não pagam ICMS.