quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quadrinhos

































Consumo da Classe C impulsiona indústria de alimentos no país

Consumo da Classe C impulsiona indústria de alimentos no país 

DO RIO - Segunda em importância, a indústria de alimentos foi a que mais ganhou participação em 2009. Passou a corresponder a 14,2% do valor da transformação industrial -indicador similar ao PIB. Em 2008, o peso era menor: 12,3%, segundo o IBGE.
Os dados mostram que os ramos de bebidas e de vestuário também avançaram -de 2,8% para 3,4% e de 1,8% para 2,3% entre 2008 e 2009, respectivamente.

Os três [indústria de alimentos, bebidas e vestuário]foram os que mais ganharam participação na estrutura industrial do país -graças, em boa medida, à expansão do consumo das faixas de renda de menor poder aquisitivo e à ascensão da classe C.

A indústria de alimentos só perde, em participação, para a de refino de petróleo e produção de biocombustíveis -14,9% em 2009, percentual inferior aos 16,3% de 2008.



Segundo o IBGE, o faturamento bruto da indústria atingiu R$ 2,3 trilhões, inferior aos R$ 2,4 trilhões de 2008. O motivo da queda foi o pico da crise global. Entre os itens, óleo diesel manteve a liderança no ranking de 2009 -3,6%, seguido por automóveis acima de 1.5 cilindradas (2,4%), veículos até 1.0 cilindradas (2,4%) e minério de ferro (2,2%).

BB será banco da Vale na Argentina

Autor(es): Daniel Rittner | De Buenos Aires
Valor Econômico - 28/06/2011
 

Dois meses após assumir a gestão do Patagônia, sua primeira aquisição no exterior, o Banco do Brasil fechou seus dois primeiros acordos de grande porte para avançar no mercado argentino. Ambos aproveitam a integração comercial e a presença das empresas brasileiras na Argentina. Um deles transforma o Patagônia no principal agente financeiro do projeto Potássio Rio Colorado, investimento de US$ 4,5 bilhões que a Vale faz na região de Mendoza, para produzir até 4,3 milhões de toneladas de potássio por ano. O financiamento do investimento em si, a princípio, não está no pacote. O banco vai assumir a folha de salários dos funcionários e o pagamento a fornecedores. 
O segundo contrato prevê o repasse de US$ 200 milhões do BNDES para financiar a compra de máquinas e equipamentos fabricados no Brasil por importadores da Argentina, do Chile e do Paraguai. Para evitar o aumento do desequilíbrio comercial entre os dois maiores sócios do Mercosul, que gerou uma escalada do protecionismo de lado a lado, o Patagônia pediu sinal verde ao Banco Central da Argentina para usar os dólares de suas reservas depositados na instituição a fim de financiar a compra de produtos argentinos por importadores brasileiros.
"Dependendo do prazo de financiamento autorizado, podemos focalizar essa linha em um ou outro setor", afirmou ao Valor o vice-presidente do Patagônia, João Carlos de Nóbrega Pecego. Na linha do BNDES, o prazo chegará a cinco anos e será usada a taxa Libor como referência, mais um prêmio de risco. "O mais importante é que queremos mostrar que viemos à Argentina com o espírito de integração", disse Pecego.
No caso do projeto da Vale em Mendoza, o Patagônia fechou acordos com duas das três empreiteiras contratadas pela mineradora: a Odebrecht, responsável pelas obras de instalação da mina, e a Andrade Gutierrez, que construirá um terminal portuário para escoar o potássio por Bahía Blanca. O banco também negocia com a terceira grande empreiteira envolvida no empreendimento, a Camargo Corrêa, encarregada de adequar e ampliar a linha ferroviária entre a mina e o porto. Fornecedores e empregados receberão exclusivamente pelo Patagônia. Só pela Odebrecht, serão 4,5 mil funcionários.
"O efeito cascata é muito interessante", ressaltou Pecego, lembrando as oportunidades que essas parcerias devem abrir. Os trabalhadores, com suas contas-salário, tendem a continuar no Patagônia como clientes. Com os fornecedores, o banco tem condições de estruturar linhas específicas de crédito, já que fica com a garantia de recebimento do dinheiro. Está nos planos, inclusive, a abertura de uma miniagência no remoto município de Malargüe, sede do projeto.
À frente de um plano de negócios ousado do BB, que prevê o aumento da rede de agências do Patagônia em 40% até 2014, o executivo dá os últimos retoques para a abertura de uma área "corporate" do banco. A divisão começará a funcionar em agosto para cuidar especificamente de empresas argentinas e estrangeiras, com faturamento superior a US$ 100 milhões e atuação em dois ou mais países. "Queremos conhecer e trabalhar com companhias que tenham fluxos comerciais entre países, com atuação regional ou global."
Na área de varejo, uma das novidades é um acordo de exclusividade com a Gol, na Argentina, para oferecer cartões de crédito que rendam pontos para viagens com a companhia aérea. O Patagônia também acabou de lançar uma versão "platinum" dos seus cartões, com acesso a salas vip nos aeroportos. As expectativas de negócios nessa área não são reveladas. De acordo com o ranking de entidades financeiras da Argentina, elaborado mensalmente pelo Banco Central, o Patagônia é o 11º em ativos e em patrimônio líquido. O objetivo do BB, que gastou US$ 479 milhões para comprar o banco no ano passado, é posicioná-lo entre os três maiores privados até o fim de 2014. A liderança é exercida com folga pelo Banco de la Nación, de controle estatal. Entre os privados, nacionais ou estrangeiros, sete instituições estão à frente do Patagônia atualmente - Santander Río, Macro, Galicia, BBVA Francés, HSBC, Credicoop e Citibank. O BB também pretende usar a bandeira Patagônia para operar no Uruguai. O pedido para funcionar como instituição financeira local já foi remetido ao Banco Central do país.

BID vai emprestar US$ 100 mi

Correio Braziliense - 28/06/2011
 

De olho na parcela da população que emerge dos estratos mais pobres da população, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou ontem que pretende dobrar os investimentos em empresas da América Latina e do Caribe que ofereçam serviços e produtos para melhorar a vida das classes C, D e E. O plano é atingir US$ 100 milhões até 2012 por meio de financiamentos e cooperação técnica. Segundo o consultor de programas para a minoria do BID, Guilherme Piereck, a ideia partiu de uma série de pesquisas que apontam o trabalhador pobre como um grande empreendedor.
Um desses estudos atestou que 70% de tudo que é vendido em lojas de materiais de construção vai parar em obras de pessoas mais pobres. "As classes menos favorecidas estão em franca expansão", ressaltou Piereck. Na nova linha, o BID elegeu como público alvo quem se encontra na base da pirâmide, com renda abaixo de US$ 3 mil por ano e vive em relativa pobreza. Na América Latina, o mercado para esse segmento é estimado em US$ 509 bilhões anuais e inclui 360 milhões de pessoas, que representam 70% da população na região.
A maioria das pessoas na base da pirâmide têm acesso limitado a serviços básicos de saúde, eletricidade, saneamento básico e financeiros e vive em moradias informais. Piereck avisa que o BID não vai competir com os bancos que oferecem financiamentos similares. Para empreendedores que desejam montar um negócio, o BID exige contrapartida de 25% do capital necessário. Para quem pretende ampliá-lo, a parcela deve ser de 40%. Uma das maiores críticas feitas contra a linha é a dificuldade de conseguir financiamento em função da burocracia.
O Programa Oportunidades para a Maioria já ficou um ano funcionando como projeto piloto no Brasil e apenas uma companhia conseguiu ser beneficiada. O banco aprovou um empréstimo de US$ 10 milhões para a empresa Tenda Atacado, que atua no setor de serviços alimentícios em São Paulo. O BID também anunciou ontem que vai se associar ao Itaú Unibanco e ao Endeavor Brasil para oferecer capacitação a pequenas e médias empresas brasileiras que estejam interessadas em desenvolver produtos de alta qualidade para a população mais carente do país.

BID ampliará empréstimos

O Globo - 28/06/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/6/28/bid-ampliara-emprestimos
 
Parcerias poderão ajudar classes D e E

SÃO PAULO. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou ontem que planeja dobrar os empréstimos a empresas da América Latina e do Caribe que possam contribuir de alguma forma para melhorar as condições de vida das populações das classes D e E. O BID tem esse modelo de parceria com a iniciativa privada há quase três anos, por meio do programa Oportunidades para a Maioria. A ideia é elevar para US$100 milhões os repasses anuais a companhias.

- Há uma grande oportunidade de combinar o que as empresas privadas fazem e uma visão de desenvolvimento. Não é fácil encontrar esse tipo de sinergia e o que queremos é que, por meio de parcerias, possamos atender a essas carências - disse ontem Luis Alberto Moreno, presidente do BID.

No Brasil, o Oportunidade para a Maioria aprovou seu primeiro projeto em dezembro do ano passado, liberando empréstimo de US$10 milhões à empresa Tenda Atacado, para um projeto de crédito a microempresários do setor de serviços alimentícios no Estado de São Paulo. (Ronaldo D"Ercole)

Crédito para imóveis no Banco do Brasil é recorde

Autor(es): Altamiro Silva Junior
O Estado de S. Paulo - 28/06/2011
 

Saldo da carteira de financiamentos imobiliários da instituição atingiu R$ 5 bilhões em maio e mais que dobrou em relação ao mesmo mês de 2010

O crédito imobiliário não para de crescer no Banco do Brasil. A carteira do segmento acaba de atingir a marca de R$ 5 bilhões, segundo dados divulgados pelo banco ontem. O crescimento foi de 114% na comparação com o saldo de maio do ano passado.
O Banco do Brasil também registrou em maio o maior volume contratado para um único mês em toda a série histórica da sua carteira de crédito imobiliário, iniciada há três anos. "O ritmo continua forte e deve se manter assim", disse à Agência Estado o vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli.
Em maio, o Banco do Brasil fechou 2 mil operações com pessoas físicas, com desembolso de R$ 289 milhões. Esse volume supera com folga o recorde anterior, de dezembro de 2010, quando foram desembolsados R$ 261 milhões.
A meta do banco para o segmento em 2011 não foi alterada, apesar do crescimento acima de 100% das operações.
Segundo o executivo, a projeção continua sendo dobrar a carteira do segmento, fechando dezembro em R$ 7 bilhões. "Talvez feche um pouco acima desse valor, mas a meta está mantida", disse Caffarelli.
Da carteira total do banco público, 82% das operações são de crédito para pessoas físicas e o restante para pessoa jurídica. Segundo Caffarelli, o banco vem reforçando sua atuação neste último segmento e já fechou acordos de financiamento com as 16 maiores construtoras e incorporadoras brasileiras.
Na comparação com maio do ano passado, a carteira de pessoa jurídica cresceu 266%, fechando o mês em R$ 854 milhões. A tendência, de acordo com o executivo, é que nos próximos anos, a participação da pessoa jurídica chegue a 50% da carteira, como ocorre nos bancos que operam com crédito imobiliário há mais tempo.
O Banco do Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos bancos que operam no mercado imobiliário. O ranking é liderado pela Caixa Econômica Federal, seguida por Itaú, Santander e Bradesco. Segundo Caffarelli, a meta do BB é até o final do ano que vem estar entre os três maiores do setor. O banco tem de R$ 5 bilhões para emprestar.
Minha Casa. Caffarelli avalia que a segunda fase do projeto Minha Casa, Minha Vida vai contribuir para manter o mercado imobiliário aquecido. O Banco do Brasil vai ampliar sua participação no programa do governo federal. A partir de janeiro de 2012, vai atender os mutuários com renda menor que R$ 1,6 mil. O banco já atuava no programa com a oferta de crédito com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o público com renda entre R$ 1,6 mil e R$ 5 mil.

Dinheiro vem até do Cazaquistão

O Globo - 28/06/2011
Ilhéus, Caetité e Brumadinho estão no alvo dos investidores

Com a entrada de siderúrgicas na mineração e a chegada de novatas, como a Ferrous - controlada por fundos estrangeiros - e a ENRC, do Cazaquistão, cidades mineiras e baianas estão vivendo um novo ciclo de expansão econômica. Na região de Serra Azul, província mineral do Quadrilátero Ferrífero (MG) onde a Vale ainda não pôs os pés, duas cidades despontam na nova corrida pelo minério de ferro: Brumadinho e Itatiaiuçu. Na Bahia, Ilhéus e Caetité são as apostas.

Elas fazem parte de um novo ciclo da mineração, que deve atrair US$68 bilhões em investimentos entre 2011 e 2015, um recorde para o setor
, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Dois terços desse total vão para projetos de minério de ferro, carro-chefe do segmento no Brasil.

A cidade de Brumadinho abriga projetos da Ferrous e também da MMX, braço do grupo EBX, de Eike Batista, para mineração. No caso da Ferrous, serão mais de US$3 bilhões na fase inicial do projeto, que compreende ainda uma mina em Congonhas (MG), um mineroduto e um porto no litoral capixaba. A MMX vai destinar R$3,5 bilhões na expansão de suas minas na região até 2016. Em Itatiaiuçu, estão as siderúrgicas Usiminas e Arcelor Mittal.

A Bahia, por sua vez, foi escolhida pela ENRC para iniciar suas atividades no Brasil. A empresa comprou a Bahia Mineração em 2008 e toca projetos em Caetité, atém então conhecida por suas reservas de urânio, e em Ilhéus. (D.N.)

Com usinas, Vale quer retomar mercado interno

O Globo - 28/06/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/6/28/com-usinas-vale-quer-retomar-mercado-interno
 
RIO e SÃO PAULO. Embora a Vale não comente oficialmente a estratégia de suas potenciais concorrentes, a visão da nova gestão da mineradora é a de que será preciso compensar a perda do mercado interno. Em 2010, 10,8% das vendas de minério de ferro e pelotas tiveram o Brasil como destino. Em 2005, era quase o dobro: 18,1%. A redução deveu-se mais à demanda chinesa que à retração no consumo interno. A Vale não quer, porém, ficar a mercê de conjunturas internacionais e vê na retomada da indústria naval, no pré-sal e nos Jogos de 2016 a chance de ampliar vendas domésticas. O tema foi debatido em reunião entre o novo presidente da empresa, Murilo Ferreira, e a presidente Dilma Rousseff este mês.

No seu objetivo de criar um mercado cativo para o minério no Brasil, a Vale busca ser minoritária nas siderúrgicas, como na ThyssenKruppCSA, no Rio. Além desta, a mineradora tem mais três projetos de usinas: um no Ceará, no qual terá como sócias sul-coreanas, um no Espírito Santo e um no Pará, que serão submetidos ao Conselho de Administração. Os quatro somam US$21 bilhões.

Declarações à imprensa de Ferreira ontem sobre seu entusiasmo com os projetos fizeram as ações ON da Vale recuarem 0,74%, para R$48,52. A Vale PNA caiu 0,14%, para R$44,04. E as ações preferenciais da Bradespar (controladora da Vale) foram a maior queda do Ibovespa, de 1,74%, para R$38,32.

Em evento em São Paulo ontem, Ferreira disse que o preço do minério só deve ter novo ciclo de alta em 2012, com a retomada do crescimento chinês. Quanto a estratégia da Vale na siderurgia, o executivo só não consegue responder a uma pergunta. As novas usinas que pretende desenvolver no país comprariam seu minério, mas venderiam aço para quem num cenário de sobreoferta mundial? (Danielle Nogueira e Lucianne Carneiro).

Em 25 anos, dólar vai perder condição de moeda global

Autor(es): GJack Farchy | Financial Times, de Londres
Valor Econômico - 28/06/2011
 

O dólar vai perder sua condição de moeda global de reserva nos próximos 25 anos, segundo uma pesquisa feita entre gerentes de reservas de vários bancos centrais que controlam coletivamente mais de US$ 8 trilhões. 
Mais da metade dos gerentes, que foram consultados pelo UBS, preveem que o dólar será substituído por uma carteira de moedas em pouco mais de duas décadas. Isso representa uma mudança em relação a anos anteriores, quando vislumbravam que o dólar manteria seu status de única moeda de reserva.
O UBS consultou mais de 80 gerentes de reservas de bancos centrais, fundos soberanos de investimentos e instituições multilaterais com mais de US$ 8 trilhões em ativos. Os resultados não foram ponderados para os ativos sob administração.
Os resultados são o mais recente sinal de insatisfação com o dólar enquanto moeda de reserva, em meio a preocupações com a capacidade do governo dos Estados Unidos de conter seus gastos e com a enorme expansão do balanço do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
"No momento, há uma grande preocupação com a trajetória financeira que os Estados Unidos estão tomando", disse Larry Hatheway, principal economista do UBS.
A moeda americana acumula no ano uma desvalorização de 5% e está sendo negociada perto de seu mais baixo nível histórico em comparação a uma cesta das moedas mundiais de maior circulação.
Os detentores de grandes reservas, especialmente a China, estão diversificando suas posições, reduzindo a exposição ao dólar. Nos primeiros quatro meses do ano, três quartos do aumento de US$ 200 bilhões nas reservas em moeda estrangeira da China foram aplicados em ativos não denominados em dólar, segundo estimativas do Standard Chartered.
A previsão de um mundo cambial multipolar substituindo o atual domínio do dólar, está dentro do pensamento de alguns planejadores econômicos importantes. Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial (Bird), propôs no ano passado um novo sistema monetário envolvendo um série de grande moedas globais como o dólar, o euro, o iene, a libra e o yuan. O sistema, segundo Zoellick, também poderia fazer uso do ouro.
Os resultados da pesquisa feita pelo UBS também apontam para o papel crescente do ouro, já que 6% dos gerentes de reservas consultados disseram que a maior mudança em suas reservas na próxima década será a adição de mais ouro.
Em contraste com os anos anteriores, nenhum dos gerentes consultados disse ter intenção de realizar vendas significativas de ouro nos próximos dez anos. Os bancos centrais já compraram cerca de 151 toneladas de ouro neste ano, liderados pela Rússia e México, segundo dados do World Gold Council, e caminham para realizar as maiores compras anuais de ouro desde o colapso do sistema de Bretton Woods, em 1971, que atrelava o valor do dólar ao ouro.
Os gerentes de reservas acreditam que o ouro será a classe de ativo de melhor desempenho no próximo ano, citando os defaults soberanos como o maior risco à economia mundial.
O metal precioso acumulou uma valorização de 19,5% no último ano e ontem era negociado a US$ 1,5 mil a "onça troy", alimentado pelo surgimento das preocupações com a dívida soberana nos Estados Unidos e com os problemas da dívida na Europa.

Sinais de moderação do déficit externo

Autor(es): Fábio Graner
O Estado de S. Paulo - 28/06/2011
 
Depois de um 2010 com ritmo muito acelerado, o déficit em conta corrente já mostra em 2011 algum sinal de moderação em seu crescimento.
Embora apresentando taxas mensais ainda bem elevadas e recordes, como ocorreu em maio, os números divulgados pelo Banco Central mostram que neste ano o saldo negativo no conjunto das transações de bens, serviços e rendas do País com o exterior oscilou, no acumulado em 12 meses, sempre próximo de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), nível semelhante ao verificado no fim de 2010.
Para se ter uma ideia mais clara dessa relativa acomodação, basta lembrar que só no primeiro semestre de 2010 o déficit acumulado em 12 meses saiu da casa de 1,5% do PIB para mais de 2% do PIB. E no restante daquele ano continuou crescendo acima da taxa de expansão de todas as riquezas produzidas pelo Brasil.
Com o déficit em conta corrente medido em 12 meses crescendo menos como proporção do PIB, reduz-se a preocupação com eventuais problemas de balanço de pagamentos no futuro, caso o cenário externo piore gravemente e as fontes de financiamentos sequem.
O movimento também pode ser interpretado como mais um sinal de que a economia brasileira já não cresce mais no mesmo ritmo impetuoso do ano passado, o que diminui a pressão inflacionária.
O diretor de pesquisas da associação Brain, André Sacconato, avalia que o ritmo menos intenso de alta do déficit externo de fato reflete a moderação da atividade econômica brasileira. Ele prevê que este indicador continuará crescendo, a taxas menores, e sem maiores riscos de crise. Mesmo em um cenário de piora no quadro internacional, o economista lembra que o Brasil está sentado sobre mais de US$ 300 bilhões de reservas internacionais, que podem suprir um sumiço repentino de dólares para cobrir o déficit em conta corrente.
Apesar do quadro mais tranquilo, o Brasil poderia estar bem melhor.
Mas a infraestrutura ainda precária, a alta carga tributária e os juros elevados, em ambiente de câmbio valorizado, têm dificultado um crescimento mais forte das exportações de produtos industrializados. E também incentivado a importação desses bens. É a velha agenda da competitividade, que tem sido motivo de muito discurso, mas na qual a política econômica ainda precisa avançar muito.

Déficit externo dobra e chega a US$ 4,1 bi

Déficit externo chega a US$ 22 bilhões
Autor(es): Renata Veríssimo e Fabio Graner
O Estado de S. Paulo - 28/06/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/6/28/deficit-externo-dobra-e-chega-a-us-4-1-bi
 
Resultado do acumulado de janeiro a maio é inédito. Apenas no mês passado, rombo nas contas externas do País foi de US$ 4,1 bilhão
O déficit na conta corrente do balanço de pagamentos atingiu US$ 4,1 bilhões no mês passado, o maior valor para meses de maio desde 1947 e o dobro do registrado em maio de 2010. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o resultado negativo somou US$ 22,2 bilhões, cifra também inédita para o período.
Apesar dos números recordes, o Banco Central avalia que o déficit evoluiu na trajetória esperada e está consistente com a estimativa de saldo negativo de US$ 60 bilhões para 2011. Nessa conta são registradas todas as transações de bens, serviços e rendas do Brasil com o exterior.
O discurso de tranquilidade do BC é explicado porque o saldo negativo tem sido financiado sem problemas, graças principalmente à evolução "significativa" dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), recursos direcionados para a produção no Brasil. O IED totalizou US$ 3,97 bilhões em maio, também o maior valor para o mês, e, para 2011, a autoridade monetária manteve sua estimativa de US$ 55 bilhões.
A situação do País é saudável quando o déficit externo é coberto pelo investimento direto, uma fonte de dólares com perfil de longo prazo. No acumulado em doze meses até maio, o IED supera o déficit em conta corrente, embora no mês passado o investimento direto tenha sido menor que o déficit externo.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, antecipou que a conta corrente deve ter em junho déficit de US$ 4,2 bilhões e o investimento direto, saldo de US$ 4,5 bilhões. Segundo ele, o fluxo de IED neste mês, até o dia 24, estava positivo em US$ 4,34 bilhões.
Além do forte crescimento da economia - que estimula importações e viagens ao exterior - e a valorização do real, a piora do déficit em conta-corrente em maio também foi puxada pela maior remessa de lucros e dividendos para o exterior. Foram US$ 4,2 bilhões em maio, o dobro do valor de abril.
"As remessas refletem o bom momento da economia e a ampliação dos investimentos estrangeiros diretos nos últimos anos", disse Maciel. Ele adiantou que as remessas de lucros e dividendos totalizam, até o momento, US$ 3 bilhões em junho. O BC elevou ontem a projeção de remessas para o ano de US$ 34 bilhões para US$ 37 bilhões.
Os gastos com pagamento dos juros da dívida pública e privada chegaram a apenas US$ 90 milhões em maio, o menor da série histórica do BC. Em junho, até ontem, as despesas com juros somavam US$ 1,12 bilhão. A estimativa de superávit na balança comercial em 2011 também foi elevada de US$ 15 bilhões para US$ 20 bilhões.
A projeção de déficit da conta de serviços e rendas em 2011, que inclui gastos com viagens internacionais, subiu de US$ 78 bilhões para US$ 83 bilhões. A previsão para Investimentos Brasileiros Diretos (IBD) no exterior caiu de US$ 5 bilhões para zero.

Terra firme

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 28/06/2011
 

Projeções feitas no país e no exterior indicam que na próxima década o Brasil fortalecerá ainda mais sua posição de fornecedor global de alimentos.

Ao recepcionar os ministros de agricultura do G-20 com a manchete interna "Brasil, a nova fazenda do mundo", o jornal francês "Le Monde" deu mais uma mostra da expectativa sobre a posição que será ocupada pelo país como fornecedor de alimentos nos próximos anos e o que esse papel significará para seu reposicionamento no tabuleiro geopolítico mundial. Era 21 de junho, a reunião do "G-20 Agrícola" aconteceria nos dois dias seguintes, em Paris, e o protagonismo brasileiro era evidente, como ficou demonstrado ao término das discussões sobre as fortes oscilações e os elevados preços internacionais das commodities agrícolas e seus efeitos sobretudo em países mais pobres.
Sobre a mesa de negociações, dúvidas sobre a eficácia das ferramentas à disposição para combater a volatilidade, dificuldades em se criar mecanismos para evitar a especulação nas commodities e duas certezas: a demanda global por alimentos crescerá em ritmo mais acelerado que a oferta na próxima década e o Brasil será o país exportador mais beneficiado por essa tendência.
"Expandir a produção é a solução mais rápida que o Brasil pode oferecer para ajudar a coibir o risco de grave crise alimentar mundial", diz Marcos Fava Neves, ex-coordenador do Programa de Agronegócios da USP (Pensa) e criador do Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia (Markestrat), que acaba de lançar o livro "The Future of Food Business" nos EUA e Europa.
Projeções do Ministério da Agricultura sinalizam que o agronegócio brasileiro não está disposto a perder essa oportunidade. A produção de soja, milho, trigo, arroz e feijão deverá crescer pelo menos 23% até a safra 2020/21, para 176 milhões de toneladas, enquanto a de carnes (bovina, suína e de frango) deverá aumentar 26,5%, para mais de 31 milhões de toneladas.
Governo e iniciativa privada concordam que essas expansões serão garantidas mais pelo incremento das eficiências das cadeias do que das áreas destinadas às atividades. A pecuária poderá perder espaço para agricultura, e a área plantada terá ampliação menor que a da produção. Conforme o ministério, a área total ocupada com lavouras deverá passar de 62 milhões hectares, em 2011, para 68 milhões em 2021, com destaque para as expansões de soja e cana - 5,3 milhões e 2 milhões de hectares a mais, respectivamente.
O avanço não deverá ser atrapalhado pelo novo Código Florestal - cuja versão aprovada pela Câmara, efusivamente comemorada pela bancada ruralista, está em discussão no Senado -, nem pelas prováveis limitações às compras de terras por estrangeiros, também em gestação em tempos de preços recordes de propriedades agrícolas no mercado.
A partir dos previstos incrementos de oferta, a participação do Brasil no comércio internacional de alimentos também tende a avançar consideravelmente. Já líder nas exportações de açúcar, etanol, café, suco de laranja e carnes, segundo no ranking da soja e com relevância crescente no milho e no algodão, o país tende a conquistar cada vez mais mercados. "O potencial é fantástico, apesar de o aumento do "custo Brasil", também pressionado pela mão de obra, e dos gargalos de infraestrutura afetarem a relação entre custos e eficiência. O setor também terá de cumprir à risca exigências ambientais, trabalhistas e sociais e terá de avançar na produção de valor agregado", diz João Sampaio, ex-secretário da agricultura de São Paulo.
São fatores que ajudam a estimular o processo de profissionalização - e concentração - no campo, com o fortalecimento de serviços como gestão e monitoramento geoespacial de riscos. "Não há mais espaço para a ineficiência, e o sucesso depende da melhoria dos processos de atuação", diz Sergio P. Da Rocha, sócio-fundador da AgroTools, líder desse segmento no país.

Cotações em alta compensam queda nas vendas externas de carnes

Valor Econômico - 28/06/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/6/28/cotacoes-em-alta-compensam-queda-nas-vendas-externas-de-carnes
 

A crise árabe deve conter o crescimento das exportações de carne bovina, segundo a projeção de Antonio Carmadelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec). Depois de superados os problemas internos, com a queda da ditadura, o Egito se reorganizou e voltou a comprar. Mas a instabilidade na Líbia ainda não permitiu uma normalização completa das relações comerciais entre os dois países. Embora seja um cliente pequeno, com apenas 400 toneladas por semana em compras - menos de 2% das vendas brasileiras -, a Líbia tem grande importância para o setor porque consome basicamente carne de dianteiro, que não tem destinação fácil em outros mercados.Apesar dos empecilhos no mercado árabe, o setor deve manter as previsões de crescimento em torno de 10% a 15% em receita e queda de 10% em volume ao longo do ano, afirma o presidente da Abiec. No primeiro quadrimestre de 2011, as vendas de carne bovina ao exterior aumentaram 12% em receita, com retração de 9% em volume. Com US$ 4,8 bilhões e 1,23 milhão de tonelada em exportação em 2010, o setor sofreu retração de 1% no volume, mas a alta de 18% nos preços médios permitiu à receita um incremento de 16%.
Uma das preocupações dos exportadores é com a queda de competitividade do produto brasileiro perante outros competidores. Com o preço do boi praticamente igualado em todo o mundo, a distância do Brasil para os principais mercados, o câmbio defasado e a logística deficiente têm afetado a rentabilidade, afirma Carmadelli. A entidade firmou uma parceria com a Universidade de São Paulo e o Ministério da Agricultura para estudar formas de reduzir as deficiências na atividade.
Apesar disso, o setor teve ganhos importantes. Um deles é a melhora da produtividade, afirma Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. O criador brasileiro está substituindo o modo extensivo pelo intensivo. Ou seja, a mesma área produz mais carne que antes. "No Estado de São Paulo, a área diminui e a produção cresce", afirma o executivo do ministério. O país também aumentou a precocidade dos animais com melhoras na nutrição. As pastagens ganham tratamento para se tornarem mais produtivas. Antes, o animal era abatido com 36 meses. Hoje, atinge o ponto de corte aos 30 meses ou menos, aproximando o país de grandes produtores, como os Estados Unidos, onde o abate ocorre por volta dos 24 meses.
Também em crescimento, o setor de aves reclama da alta dos custos, principalmente das rações, e da queda do dólar perante o real (12,6% em 12 meses até 1º de junho). "Estamos perdendo oportunidades porque não conseguimos repassar esses custos lá fora", reclama Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). Com o aumento da produção de milho entre 3% e 5% este ano, o setor espera que o custo seja ligeiramente aliviado.
Apesar das queixas, o setor tem conseguido resultados expressivos e acima dos esperados. A estimativa da Ubabef no início do ano era de aumento de 3% a 5% nas exportações. O crescimento de janeiro a maio foi de 9% em volume e de 20% em receita ante o mesmo período de 2010.
"Fomos bem, mas poderíamos ter ido muito melhor", prossegue Turra. "O cenário lá fora é de demanda alta e estoques baixos. O Japão continua comprando, a China aumenta suas importações. Ásia e África estão demandados". Segundo ele, produtores e indústria não "alimentam esperanças" de mudança no curto prazo. "Sabemos que a política do governo é aumentar juro, e juro atrai dólar. Do preço dos insumos também não dá para esperar milagre".
O setor ainda enfrenta algumas barreiras sanitárias, mas tem conseguido suas vitórias. Recentemente, o mercado da Índia foi aberto. Mesmo assim, o país cobra sobretaxa de 100%, o que inviabiliza os negócios. Turra destaca questões técnicas que durante muito tempo emperraram as vendas para países como Canadá e Ucrânia, recentemente derrubadas.
Com um terço das exportações mundiais, o Brasil está se tornando o maior exportador de carne de frango do mundo - título que só foi reconhecido neste ano pela agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Em documento divulgado no início de junho, a organização reforça as críticas do presidente da Abiec, Antonio Carmadelli, de que o governo precisa cuidar da infraestrutura. A Ubabef entrou nesse debate. A entidade encaminhou ao Ministério do Planejamento um documento apontando as necessidades prementes da infraestrutura logística que representam impedimentos para o crescimento do setor.

Setor responde por 37% da exportação

Autor(es): Eduardo Belo | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 28/06/2011
 

Balança comercial: Demanda aquecida e preços internacionais em alta puxam sucessivos recordes

O êxodo rural na Ásia está se mostrando um grande negócio para o campo. Principalmente no Brasil. O crescimento da população urbana do outro lado do mundo é um dos fatores que tem sustentado o momento mais áureo das exportações do agronegócio brasileiro. Em maio, o setor bateu um novo recorde ao alcançar US$ 82,6 bilhões em vendas ao exterior no acumulado de 12 meses. Valor que representa 37% dos US$ 224,4 bilhões exportados pelo país no período. O Ministério da Agricultura já projeta vendas recordes para o ano cheio.
Se não houver nenhuma grande surpresa, esse cenário tende a prosseguir por pelo menos mais dez anos, de acordo com relatório da FAO (divisão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Estudo da FAO diz que os preços dos grãos podem aumentar mais 20% até o fim da década, devido à demanda aquecida. As carnes, cujo consumo cresce mais depressa, podem encarecer até 50%.
Fenômenos como o aumento das populações urbanas na África e principalmente da Ásia e a elevação da renda - com efeitos sobre o consumo - em países como China e Índia devem manter aquecida a demanda por alimentos e matérias-primas agropecuárias até pelo menos 2020. Se as estimativas demográficas que apontam população de 9 bilhões de pessoas no planeta entre 2040 e 2050 - ante os atuais 7 bilhões - estiverem corretas, a FAO estima crescimento de 70% a 100% na demanda por alimentos até lá."O cenário para quem tem capacidade para produzir mais é muito promissor", afirma Célio Porto, secretário de relações internacionais do Ministério da Agricultura. Quem tem espaço para produzir mais hoje são América do Sul e África, mas problemas políticos, técnicos e logísticos dificilmente permitirão que os africanos se tornem grandes produtores de alimentos nos próximos 20 anos, comenta Porto. O Brasil é um dos poucos países em condições de ampliar a oferta de bens agropecuários sem grandes aumentos da área ocupada, vaticina Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). O diagnóstico coincide com o da FAO. O órgão aponta o país como um dos grandes beneficiários da nova onda de consumo.
As exportações brasileiras do agronegócio vêm crescendo desde o início da década passada. Caíram apenas em 2009, por conta da crise global do ano anterior. "Mas o desempenho está mais atrelado ao fator preço que ao fator volume, já que as cotações das commodities atingiram um novo patamar, mais elevado, no qual devem permanecer", observa Porto. Para ele, três fatores impulsionam os preços nos últimos anos: mudanças climáticas, êxodo rural e aumento da renda na Ásia e o advento dos biocombustíveis, que na maioria dos países disputa espaço com a produção de alimentos. Pelo menos dois desses fatores continuaram exercendo pressão, a urbanização e as mudanças climáticas.
Isso tem alimentado expectativas de um longo período de prosperidade para o campo no Brasil. "Temos uma visão muito otimista do futuro", afirma Fabio Trigueirinho, secretário executivo da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove, entidade que representa a cadeia da soja). Com o aumento da demanda e os baixos estoques, o preço de exportação da soja subiu 32% em 12 meses até maio. Isso permitiu que a receita do produto crescesse 17%, mesmo com volumes de venda 11% menores. Hoje, a soja é vendida a US$ 480 por tonelada, em média. Há um ano, valia US$ 380.
A expectativa é de que os preços da oleaginosa permaneçam nos atuais patamares por pelo menos seis meses. Mas o período pode se prolongar por todo ano que vem, caso se confirmem as expectativas de problemas climáticos na safra americana, a maior do mundo, que começa a ser plantada. Bom para o Brasil, que ocupa o segundo lugar na produção. Independente da quebra nos EUA, a Abiove projeta exportações recordes do complexo soja em 2011, com US$ 22,6 bilhões, US$ 5,5 bilhões acima de 2010.
Com média de 15% das exportações do agronegócio, o setor sucroalcooleiro não prevê mudanças no principal item da pauta, o açúcar, mas projeta queda sensível nas vendas de álcool. De acordo com Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), os preços são promissores, mas o dólar em queda (12,6% em 12 meses até 1º de julho) compromete a remuneração. No etanol, a Unica projeta queda de 30% a 40% nas exportações, em função do aumento de demanda do mercado interno. Segundo Pádua, as exportações de etanol serão limitadas a 5% do álcool produzido. A maior parte se destina à indústria alcoolquímica.
Outro setor em expansão é o café. A receita de exportação acumulada nos últimos 12 meses até maio, US$ 7 bilhões, foi a maior da história, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Em maio as vendas ao exterior cresceram 79% na comparação com o mesmo mês de 2010.
O setor de celulose e papel também tem se beneficiado do aumento da demanda na China, revela Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Em 2010, as exportações somaram US$ 6,8 bilhões, 35,4% mais que no ano anterior. Neste ano, as vendas externas já cresceram 8,3% até abril. Para Elizabeth, a qualidade e a produtividade da celulose brasileira devem fazer com que o país ganhe espaço que hoje pertence aos EUA, Canadá e Europa.

Crédito avança 15,1% sobre a safra passada

Autor(es): Lauro Veiga Filho | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 28/06/2011
 

A um mês do encerramento oficial do ciclo agrícola de 2010/2011, as aplicações de recursos do crédito rural acumuladas entre julho do ano passado e maio deste ano somavam R$ 95,22 bilhões, envolvendo operações de custeio, comercialização e investimento para a agricultura empresarial e familiar. Registrou-se um avanço de 15,1% em relação ao mesmo período da safra passada, quando as liberações atingiram R$ 82,71 bilhões.
O crescimento ficou integralmente concentrado na agricultura empresarial, que contratou R$ 12,73 bilhões a mais, num total de R$ 84,80 bilhões, quase 18% acima do volume contratado entre julho de 2009 e maio de 2010. As operações para a agricultura familiar sofreram recuo de 2%, encolhendo para R$ 10,42 bilhões. O saldo das operações do crédito rural correspondeu a 82,1% do valor programado para a safra, que teve reservado um volume de R$ 116,0 bilhões. Para atingir a meta, seria preciso liberar, apenas em junho, perto de R$ 20,78 bilhões.
O histórico recente do setor sugere que esse objetivo dificilmente será alcançado. Entre as safras 2002/2003 e 2009/2010, foram colocados à disposição dos produtores valor correspondente a R$ 372,350 bilhões, mas R$ 352,425 bilhões foram de fato tomados como empréstimo por produtores, cooperativas, empresas rurais e agroindústrias. Como resultado, "sobraram" nada menos do que R$ 19,925 bilhões, cerca de 5,4% do crédito total programado para o período.
A exceção da safra 2007/2008, quando os empréstimos efetivamente contratados superaram o valor previsto em R$ 3,244 bilhões, tem sobrado dinheiro desde o ciclo 2005/2006, com o recorde negativo batido na safra terminada em junho de 2010, quando R$ 12,336 bilhões foram deixados nos guichês dos bancos. Esse valor correspondeu a 11,4% dos R$ 108,0 bilhões aprovados no Plano Safra 2009/2010. Entre 2005/2006 e a safra passada, o volume de recursos programados para as safras mais que dobrou, saindo de R$ 53,350 bilhões para aqueles R$ 108,0 bilhões, mas os valores realmente emprestados ao setor rural aumentaram 87,4% (de R$ 51,038 bilhões para R$ 95,664 bilhões), de acordo com dados apurados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para a próxima safra, segundo anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff no dia 17 deste mês, em Ribeirão Preto (SP), o governo anunciou um valor de R$ 107,2 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 16,0 bilhões para produtores familiares, num total de R$ 123,2 bilhões ou 6,2% acima do limite autorizado para o ciclo 2010/2011.
Analisadas por modalidade de financiamento, as liberações para investimento observaram maior crescimento relativo, saltando de R$ 9,03 bilhões para R$ 12,31 bilhões (mais 36,4%), sempre na comparação entre os primeiros 11 meses das safras atual e passada. Nas linhas de custeio e comercialização, os produtores contrataram R$ 63,61 bilhões entre julho do ano passado e maio deste ano, frente a R$ 56,11 bilhões no ciclo anterior, num avanço de 13,4%. Dados preliminares do Mapa sugerem que o dinheiro do crédito rural tem escoado mais rapidamente em direção às regiões com melhor desempenho nesta safra. Tomando como base o ano civil, as regiões Centro-Oeste e Nordeste haviam recebido, cada uma, R$ 12,77 bilhões e R$ 5,79 bilhões no ano passado, respondendo respectivamente por 19,8% e pouco menos de 9,0% de todo o crédito rural liberado para custeio, comercialização e investimento.
Nos primeiros cinco meses de 2011, a fatia das duas regiões aumentou, pela ordem, para 23,4% e 9,4%. Em conjunto, Centro-Oeste e Nordeste ampliaram sua fatia no crédito rural de 28,8% para 32,8%. Esse comportamento indica uma melhoria nas condições de pagamento dos produtores do Centro-Oeste, região que vinha perdendo terreno no crédito para a agropecuária como reflexo do elevado endividamento. Os dados do Banco do Brasil confirmam esse movimento, demonstrando ainda uma tendência de antecipação no pagamento de dívidas. O saldo das operações vencidas a mais de 90 dias sofreu queda de 30,6% entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano.

Expansão de Terminal de Paranaguá terá R$ 170 mi

Autor(es): Fábio Pupo | De São Paulo
Valor Econômico - 29/06/2011
 

Portos: Dona de 50% do TCP, Advent também tem interesse em aeroporto

Depois de ter autorizada pelos órgãos reguladores a venda de 50% de suas ações, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) planeja investir R$ 170 milhões em um ano e meio para dobrar sua capacidade anual de movimentação. A quantia está dividida entre aquisição de equipamentos (como guindastes), que demandarão R$ 50 milhões, e investimentos para obras de construção do terceiro berço de atracação de navios, com orçamento de R$ 120 milhões.Os gestores do TCP trabalham com duas etapas para a expansão. A primeira tem como prazo o fim do ano, quando o TCP quer transformar os atuais 700 mil TEUs (unidade padrão de medição de contêineres de 20 pés) movimentados anualmente para 1,2 milhão de TEUs em 2011. Isso será possível, de acordo com os gestores, graças à entrada em operação, em janeiro, de um quarto guindaste, que possibilitou um aumento de produtividade de aproximadamente 20% em comparação com 2010. Além disso, foi realizada a compra de dois portêineres pós-panamax (guindastes aptos a operar em navios de grande porte) e empilhadeiras, que têm entrega prevista pra outubro.
A segunda e mais cara etapa para o crescimento da movimentação é a construção do terceiro berço. O cais terá uma extensão de 315 metros e têm previsão de início de obras para o segundo semestre de 2011. A meta é elevar a capacidade para 1,5 milhão de TEUs no início de 2013. Somadas aos investimentos, quatro novas linhas entrarão em operação em julho para Europa, Ásia, Golfo do México e Costa Leste dos Estados Unidos, fazendo o TCP contar com 20 linhas logísticas. "Hoje, cerca de 20% a 30% das cargas de importadores e exportadores que naturalmente usariam o Porto de Paranaguá desviam sua movimentação para outros portos, como o de Santos. Com os investimentos, esperamos atender de maneira plena esses clientes", diz Juarez Moraes e Silva, diretor superintendente do TCP.
Os novos investimentos no terminal foram reforçados pela gestora de fundos Advent International, que comprou metade do TCP e ficará entre sete e dez anos na operação - segundo o sócio e um dos diretores da Advent, Luiz Antonio Alves, que assumirá o cargo de diretor financeiro do terminal. Com o Lapef V, um dos dois fundos da gestora voltados para a América Latina, pretende-se aplicar R$ 1,65 bilhão no continente - metade disso no Brasil (além de infraestrutura, também no segmento de serviços). "A aquisição de 50% do TCP foi o primeiro investimento desse fundo", diz. Ele não revela o valor da compra alegando exigências contratuais. Nos bastidores especula-se o valor de aproximadamente R$ 800 milhões. Entre os outros acionistas do TCP estão Galigrain, Soifer e Grup Maritim TCB.
Segundo Alves, a Advent está sondando possíveis negócios relacionados ao anúncio do governo federal em conceder autorizações para construção de 45 novos portos privados no país. "Temos interesse em outros portos, inclusive com aquisições", ressalta. Além disso, o portfólio da Advent inclui a Latin American Airport Holdings, com concessões aeroportuárias pelo continente. "Sim, temos interesse nas concessões brasileiras nesse segmento", diz, sem revelar detalhes.

Economia subterrânea representa 18,3% do PIB nacional

Autor(es): agência o globo:Mariana Durão
O Globo - 29/06/2011
 

Pesquisa de Etco e FGV calcula que a produção informal de bens e serviços no país foi de R$663 bi em 2010
A economia subterrânea, que engloba a produção de bens e serviços não reportados ao governo, movimentou R$663,4 bilhões em 2010. O montante corresponde a 18,3% do PIB, aponta o Índice de Economia Subterrânea divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com base na demanda por moeda e dados do IBGE sobre o mercado de trabalho. O percentual se manteve próximo ao apurado em 2009 e 2008 (18,5% e 18,7%), o que revela que a economia informal continua praticamente no mesmo patamar há três anos. O indicador vinha caindo com mais força até 2008.
De 2003 a 2008 o tamanho da economia subterrânea em proporção ao PIB caíra de 21% para 18,3%. O pesquisador da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho diz que isso pode significar que já houve formalização de parcela importante da economia e que, daqui em diante, o processo será mais lento. Segundo ele, a expectativa para 2011 é de queda gradativa.
- A economia subterrânea está crescendo um pouco menos que a economia formal. Mas a única forma de haver uma queda abrupta seria por mudanças institucionais em fatores que estimulam essa economia, como a forte carga tributária e os altos custos trabalhistas no país - diz Barbosa Filho.
O economista cita ainda a elevada corrupção no país e a queda na participação de itens manufaturados nas exportações como fatores que impedem uma maior redução do tamanho da economia subterrânea. Por outro lado, a economia aquecida impulsiona a formalização, exigida para acesso ao crédito por empresas e pessoas físicas.
Volume movimentado ainda é muito significativo
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC, diz que o aumento da informatização e uso do dinheiro plástico (cartões) também têm dificultado a expansão da informalidade. Para Freitas, a melhora da renda é outro ponto favorável, pois leva ao consumo de serviços mais sofisticados.
O fato, destaca o Etco, é que o volume absoluto movimentado pela economia subterrânea ainda é muito alto. O total apurado em 2010 superou a previsão divulgada em novembro passado pela instituição, de R$656 bilhões. Também é maior que os R$632,9 bilhões de 2009.
- A economia subterrânea não cresceu tanto quanto o PIB, mas não diminuiu. Se o país mantiver ritmo satisfatório e aperfeiçoar a legislação tributária e trabalhista, o que é uma incógnita, ainda faltará muito para chegarmos a níveis de países da Europa e EUA - diz o presidente executivo do Etco, embaixador Roberto Abdenur.

Commodities representam 71% do valor exportado

Commodities já representam 71% das exportações do país
Autor(es): Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 29/06/2011
 

As commodities representaram 71% do valor exportado pelo Brasil de janeiro a maio. Nos cinco primeiros meses do ano passado essa participação era de 67%. As vendas ao exterior desses produtos avançaram 39,1%, muito mais que as dos manufaturados, 15,1%. Os cálculos são da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), obedecendo critérios diferentes dos seguidos pelo Ministério do Desenvolvimento, já que incluem commodities classificadas como semimanufaturados e mesmo alguns produtos considerados manufaturados pelas estatísticas oficiais. Entre esses itens estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel e alumínio em barras

Comércio exterior: Conta inclui básicos e industrializados de baixo valor

As commodities representaram 71% do valor total exportado pelo Brasil no acumulado de janeiro a maio deste ano. No mesmo período do ano passado a participação das commodities foi de 67%. As vendas ao exterior desse tipo de produto avançaram em ritmo mais acelerado do que as de manufaturados. Nos primeiros cinco meses do ano, a exportação de commodities cresceu 39,1% em relação a igual período de 2010, enquanto os embarques de manufaturados subiram 15,1%.O cálculo é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e não considera somente as commodities classificadas pelo Ministério do Desenvolvimento (Mdic) entre os básicos. Ela leva em consideração também as commodities classificadas como semimanufaturados e também as que, em razão de incorporarem alguma industrialização, estão enquadrados nas estatísticas oficiais como manufaturados. Entre as commodities industrializadas estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel, alumínio em barras, entre outros.
"Isso significa que temos 71% de nossas exportações baseadas em commodities. Ou seja, em produtos cujos preços não controlamos", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele lembra que o avanço dos produtos primários na pauta de exportação brasileira se intensificou desde 2009. Naquele ano, a fatia das commodities nas vendas ao exterior era de 65,6%. No ano passado todo, foi de 69%.
O aumento de participação do total das commodities foi influenciado, principalmente, pelo avanço dos produtos mais básicos, cujas exportações subiram 45,6% de janeiro a maio de 2011, na comparação com o mesmo período do ano passado. As commodities beneficiadas e as industrializadas, classificadas pelo Mdic entre os semimanufaturados e manufaturados tiveram, respectivamente, crescimento de 30,9% e 20,5% - ainda um ritmo mais acelerado que o dos produtos manufaturados de maior valor agregado, que tiveram aumento de 15,1%.
Enquanto os produtos primários avançam nos embarques brasileiros, diz Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), a balança comercial de manufaturados no Brasil vem acumulando déficits cada vez maiores.
De acordo com levantamento do Iedi, no primeiro trimestre do ano passado a indústria brasileira de manufaturados teve déficit de US$ 7,5 bilhões. O saldo negativo saltou para US$ 10 bilhões nos primeiros três meses de 2011. No acumulado do ano passado, o déficit chegou a US$ 35 bilhões. "Para este ano estimamos que esse valor ultrapasse os US$ 50 bilhões."
O que explica o avanço das commodities foi basicamente preço, diz Castro. No acumulado de janeiro a maio, o valor exportado em minério de ferro cresceu 107,3% em relação aos primeiros cinco meses do ano passado. No período, o volume exportado cresceu 4,49% enquanto o preço subiu 98,4%. A soja exportada aumentou 22,7% em valores. De novo, foi o preço quem comandou o crescimento, com alta de 30,7%, enquanto o volume embarcado caiu 6,2%.
Os preços dos produtos primários, lembra Souza, não seguem apenas o movimento de oferta e demanda. "Esses preços são pressionados também pelo mercado secundário, que pode buscar outros ativos mais rentáveis a qualquer momento", diz ele. Para castro, "há ainda uma grande liquidez no mundo, embora os preços das commodities nos últimos meses tenham mostrado que há uma certa saturação nesses mercados".
Em termos de demanda, lembra Castro, a exportação brasileira de commodities está fortemente baseada no crescimento econômico da China. Se houver desaceleração do crescimento chinês o impacto na demanda será global e isso contribuirá para reduzir mais rapidamente o valor das exportações brasileiras do que o das importações, diz Souza. A volatilidade de preços das commodities é muito alta e tem efeitos imediatos, explica o economista do Iedi.
Já os preços dos manufaturados, que representam 80% da importação brasileira, diz Castro, vão demorar a sentir o recuo. "Os manufaturados têm contratos fechados por prazos mais longos e há maior fidelidade ao fornecedor."
Castro lembra ainda que alguns mercados importantes de manufaturados brasileiros, como os países da América do Sul, têm economia atualmente impulsionada por um motor semelhante ao brasileiro: a exportação de commodities. "Caindo a capacidade de exportação desses países, haverá também menor demanda para importação, o que afeta as vendas brasileiras de manufaturados ao exterior."
O resultado para o Brasil pode ser uma redução de superávit ou geração de déficit, com os efeitos resultantes nas contas fiscais e eventualmente na inflação.
Castro acredita, porém, que o atual cenário deve ser mantido pelo menos até o fim de 2011. Importantes produtos na pauta brasileira de commodities, como a soja, por exemplo, diz, já foram vendidas. "Os contratos foram fechados, com preços já definidos. O grão só não foi entregue", diz. O minério de ferro, outro item primário importante, já está com o preço para o terceiro trimestre definido. "O quarto trimestre ainda está em aberto, mas deve manter patamar de preço semelhante ao atual, a menos que haja alguma mudança repentina no mercado externo."

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quadrinhos



País quer também assumir comando da Organização Internacional do Café

Valor Econômico - 28/06/2011
 

Depois de ter conquistado a direção da Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil tentará eleger outro candidato brasileiro em entidade da área agrícola: a Organização Internacional do Café (OIC), em Londres.
O candidato Robério Silva, diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, vinha fazendo uma campanha discreta, a pedido do Itamaraty e apenas junto ao setor privado de países produtores e consumidores. A estratégia era concentrar esforços na eleição de José Graziano da Silva na FAO.
A partir da vitória na FAO, "todos os esforços se concentrarão na eleição na OIC, que será dentro de três meses", diz Silva. Ele estima que a eleição de Graziano "traz novo alento" a sua candidatura. Já o futuro diretor da FAO vê a situação bem menos complicada. "O numero de países para conquistar votos é menor (191 na FAO, 77 na OIC) e o Robério é quase um candidato de consenso."
O México, que votou contra o Brasil na FAO, já lançou candidato para concorrer contra o brasileiro na OIC: Rodolfo Trampe Taudert, representante do setor privado. Ele tem site na internet em espanhol, português, inglês e francês. Silva também tem seu site e a campanha agora vai esquentar.
O Brasil é o principal produtor e exportador e o segundo maior consumidor de café. A última vez que dirigiu a OIC foi em 2000-2002, com Celsiu Lodder. Atualmente, o brasileiro José Sette dirige interinamente a entidade, depois da saída antecipada do colombiano Nestor Osório, que foi representar seu país na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que lançou o nome de Silva, diz que o Brasil está muito firme na intenção de trabalhar na OIC para fortalecer o mercado mundial de café e reforçar a relação entre os países produtores e consumidores. Segundo ele, a situação é positiva para o setor. Os estoques estão baixos, o consumo continua a crescer e a OIC pode ajudar a fortalecer o mercado.
Para Silva, a conquista da OIC é estratégica para o Brasil, que pode transmitir para a entidade sua experiência de expansão do consumo. "O mercado interno age como estabilizador, com 34 milhões de sacas exportadas e 19 milhões de sacas consumidas internamente."
"O setor cafeeiro só tem dado alegrias", diz Silva. "Na crise global, houve retração no consumo de vários produtos, mas não do café." Segundo ele, os cafeicultores brasileiros até anteciparam o pagamento de dívidas.
O Vietnã, segundo maior produtor de café, e a Colômbia, o terceiro, apoiam formalmente o candidato brasileiro. Vários produtores menores, como Cuba e Filipinas, também manifestam apoio. Do lado dos países consumidores, também há sinais de simpatia. O secretário-geral da Federação Europeia de Café, do setor privado, esteve em Brasília e disse a Silva que o Brasil terá de procurar a Comissão Europeia para discutir eventual apoio.
Vários países consumidores são também reexportadores de café, mesmo sem produzirem a bebida. A reexportação por países importadores totalizou 39,1 milhoes de sacas em 2010. A liderança é da Alemanha (8,6 milhões de sacas), seguida pela Bélgica (3,5 milhões), Estados Unidos (2,6 milhões e Itália (1,8 milhão).
Esses países compram o grão, agregam valor ao produto e faturam bem mais. Mas não deixam entrar o produto já elaborado de produtores como o Brasil, por causa de tarifas de importação proibitivas.