Líder no mercado de tratores no Brasil, com uma fatia superior a 50%, a americana AGCO - dona das marcas Massey Ferguson, Valtra e Challenger - vai investir R$ 25 milhões na unidade de Santa Rosa (RS) para expandir sua capacidade de produção de colheitadeiras. Nesse segmento, a empresa é terceira maior do país, com uma participação de 18% do mercado doméstico, atrás da italiana CNH (45%) e da também americana John Deere (36%).
Além de ampliar a capacidade de produção, o investimento permitirá a modernização da planta, com a introdução de novas tecnologias de pintura, mais resistentes à corrosão. O espaço destinado para pintura em Santa Rosa, hoje localizado dentro da unidade, será transferido para uma área externa, em um novo prédio que será construído dentro do mesmo terreno.
"Estamos investindo em outros países, como China, Rússia, em fábricas da Europa e nos Estados Unidos, mas alguns desses investimentos, como o de Santa Rosa, precisam ser feitos próximos aos clientes para reduzir custos de transporte, por exemplo. Além disso, o Brasil é um país muito estável. Na América do Sul é a economia de maior sucesso e oferece condições muito boas para as indústrias, com políticas consistentes", disse ao Valor Martin H. Richenhagen, presidente global da AGCO.
Em 2010, a empresa está investindo em suas unidades ao redor do mundo US$ 250 milhões em modernização e aplicação de novas tecnologias. Desse total, a América do Sul receberá 25% (US$ 62,5 milhões), fatia da qual saíram os recursos aplicados na unidade de Santa Rosa. Entre 2007 e 2009 o grupo aplicou apenas no Brasil US$ 84 milhões.
Segundo o executivo, os investimentos pelo mundo se justificam diante do otimismo em relação ao aumento da demanda por alimentos. "Há seis anos começamos a falar sobre a forte demanda por produtos agrícolas vinda do crescimento da população, dos biocombustíveis e dos mercados emergentes. Ainda hoje existem muitos fundamentos que indicam que esse crescimento continuará por alguns anos", diz Richenhagen.
Olhando para o futuro, o executivo acredita que apesar de o Brasil ainda ter espaço para ampliar suas áreas de produção, o país tende a intensificar sua agricultura nos próximos anos. Como região, a América do Sul, segundo Richenhagen, pode ser ainda mais eficiente em sua produção, com destaque para Argentina, Chile, Bolívia, Peru, que apresentam desenvolvimento nos últimos anos e devem elevar a demanda por máquinas agrícolas.
Já na China, a expectativa é que o grau de mecanização da agricultura aumente de forma significativa. "A China praticamente não é mecanizada, mas eles precisam ser mais eficientes. O consumo de proteína cresce cada vez mais e os grãos precisam acompanhar", afirma, ao lembra que hoje predomina uma agricultura familiar, em pequenas áreas, e que está cerca de 50 anos atrasada em comparação ao Brasil, do ponto de vista de mecanização.
Na Rússia e Leste Europeu, o executivo também considera um mercado com grande potencial para as máquinas. As grandes áreas produtivas da região já utilizam tratores e colheitadeiras, porém, é um parque que já precisa ser renovado, com adoção de novas tecnologias.
Mas não é apenas a AGCO que olha para o Brasil e outros países agrícolas da América Latina. Na última segunda-feira a John Deere anunciou investimentos de R$ 60 milhões em sua unidade de Catalão (GO), onde já produz colheitadeiras de cana. Com o aporte, a planta será ampliada para fabricar no Brasil pulverizadores, implemento atualmente importado para atender a demanda brasileira.
Além das americanas, a CNH inaugurou em fevereiro suas instalações em Sorocaba (SP). Com investimentos de R$ 1 bilhão, a expectativa do grupo dono das marcas Case e New Holland é fabricar colheitadeiras para abastecer o Brasil e a América Latina.
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