terça-feira, 27 de julho de 2010

Mercados nacionais e internacionais de produtores florestais mais promissores em 2010


O ano de 2010 começa trazendo um ânimo maior para os negócios do setor florestal brasileiro. O mercado internacional e o mercado interno, após a grande queda em 2009, apresentam-se agora mais promissores segundo previsões.

No cenário interno, o otimismo dos industriais brasileiros em janeiro é o maior dos últimos 11 anos, conforme aponta o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Todos os setores pesquisados apresentaram índices superiores a 60 pontos (valores abaixo de 50 indicam falta de confiança e, acima disso, otimismo).

O indicador geral de janeiro 2010 alcançou 68,7 pontos, uma alta de 21,3 pontos em relação a janeiro do ano passado, quando, atingida pela crise internacional, a confiança do empresário era 47,9 pontos. "A economia está saindo da crise, o que aumenta o otimismo.

Além disso, em janeiro o índice é sempre mais elevado, pois no início do ano os empresários estão mais confiantes", avalia Renato da Fonseca, gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI. Especificamente em janeiro de 2010, o indicador atingiu 67,7 pontos na indústria de transformação, 65,2 pontos na indústria extrativa e 68,9 pontos na construção civil, confirmando o otimismo presente no setor de base florestal (Fonte: axpressnet).

No cenário internacional, antes da crise financeira se instalar, o valor total de negócios de produtos florestais comercializados mundialmente alcançou em 2007 cerca de US$207 bilhões (FAOSTAT, 2008).

No entanto, os efeitos nefastos da crise em 2008 e 2009 influenciaram significativamente o desempenho do mercado global de produtos em geral e também dos produtos florestais.

A recuperação econômica esboçada no final de 2009, nos países mais fortemente afetados pela crise, somada ao crescimento das economias dos países menos afetados, como China (crescimento do PIB de mais de 8%) e Brasil, mostra um cenário promissor para o ano de 2010. Previsões do Fundo Monetário Internacional (World Economic Outlook, 2009) apontam para um crescimento da economia mundial, para 2010, variando de 0,3% a 9%, dependendo das regiões do mundo.

Com estas previsões, espera-se que o mercado de exportação, particularmente no que se refere aos produtos florestais industrializados, irá crescer em torno de 1,5%. Essa é uma perspectiva tímida, mas ao mesmo tempo significativa em face a enorme produção global de madeira estimada para 2010 em 5,7 bilhões de m3. Aproximadamente, 75% dessa produção total provém da Ásia, América do Norte e Europa.

A América Latina participa com apenas 19% dessa produção e a África com 4%.

Dos 5,7 bilhões de m3, 1,9 bilhões de m3 são madeiras para fins industriais e 2,2 bilhões de m3 são madeiras para fins de produção de energia.

Da madeira destinada à produção de energia, 95% é produzida na Ásia, África e América Latina e 5%, apenas, são produzidas pela Europa e América do Norte. Portanto, a América do Norte e Europa concentram-se na produção de madeira para fins industriais enquanto os países em desenvolvimento da África e América Latina concentram-se na produção de madeira para fins de geração de energia.

Padrão semelhante ocorre com o consumo de produtos madeireiros, ou seja, a Ásia consome 39% dos 2,2 bilhões de m3 consumidos mundialmente, seguida da América do Norte (22%), Europa (19%), África (11%) e América Latina (9%). Por sua vez, estimativas de produção e consumo globais para 2010 mostram que existe um déficit de madeira serrada da ordem de 200 milhões de m3 na América do Norte, de 50 milhões de m3 na Ásia e um moderado déficit na Europa.

A África teria um pequeno excedente para exportação, enquanto a América Latina teria um grande excedente, acima de 200 milhões de m3 de madeira serrada por ano disponível para o comercio internacional (FAOSTAT, 2008). A Ásia exerce atualmente forte influência nos padrões mundiais de produção e consumo de madeira tanto para fins industriais como para fins de energia (FAOSTAT, 2008). Países da África e América Latina, incluindo Brasil, podem tirar vantagem desta oportunidade para ampliar a pequena participação de madeiras tropicais dentro mercado global de produtos da madeira. 

Celulose e Papel Apesar dos efeitos da crise financeira internacional no segmento brasileiro de celulose e papel, a produção nacional de celulose cresceu 6%, em 2009, e as exportações 16,9%. Porém, houve uma queda nas receitas de exportações da ordem de 15,4% devido à redução dos preços internacionais.

No caso do papel, o comportamento das exportações e da produção, em 2009, foi similar ao de 2008, segundo dados apresentados pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA). Neste início de ano de 2010, o mercado para celulose e papel vem se apresentando favorável.

Os preços nos Estados Unidos e na Europa, que são divulgados pela empresa finlandesa FOEX e utilizados como referência pelos investidores, estão em alta. Em janeiro, os preços da celulose de fibra curta e de fibra longa na Europa aumentaram cerca de 8% em relação a dezembro de 2009.

Nos Estados Unidos, o aumento de preços da celulose foi de aproximadamente 4% no mesmo período. Para os papéis A4, revestido para revista e de embalagem, o preço em janeiro ficou relativamente constante em relação a dezembro de 2009.

A expectativa é de que os preços continuem crescentes em 2010, devido à retomada do crescimento das economias brasileira e internacional. Estão sendo previstos novos investimentos no segmento ao longo do ano de 2010 até 2013 pelas empresas Bahia Pulp, Fibria, Cenibra, MP Papéis e Portucel. 

Além disso, existe a possibilidade de o governo federal incluir a compra de cadernos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o que beneficiaria principalmente as companhias Suzano Papel e Celulose, Fibria e International Paper (IP), principais fabricantes de papéis de imprimir e escrever do País.

Produtos Florestais Não-Madeireiros No mercado de produtos florestais não madeireiros, o ano de 2010 iniciou com redução dos preços para alguns produtos e aumento para outros. O preço do cupuaçu reduziu cerca de 60% em janeiro de 2010, quando comparado com dezembro de 2009.

A situação é semelhante para os preços do palmito no Espírito Santo. Esses apresentaram queda de 32% no período.

Com relação à borracha natural, a situação foi diferente. O ano de 2010 iniciou com preços em alta. As cotações do produto na bolsa de Cingapura, que são utilizadas como referência pelo mercado, os preços da borracha natural tiveram acréscimo de 8,7%.

Isso pode ser conseqüência das chuvas fortes na Ásia, que provocaram a redução da oferta de borracha natural no mercado mundial. Segundo a Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), no Brasil os preços da borracha natural atingiram R$1,70 o quilo em dezembro de 2009 e R$ 1,87 o quilo em janeiro de 2010, ou seja, apresentaram um aumento de 10% nesse período, devido ao aumento do preço do Granulado Escuro Brasileiro no 1 (GEB-1) no mercado nacional para o bimestre fevereiro-março e, adicionalmente, à escassez de matéria-prima agravada pelo excesso de chuvas nas principais regiões produtoras na região Sudeste neste princípio de ano.

As expectativas para 2010 são otimistas no segmento de produtos florestais não-madeireiros, devido ao reaquecimento do consumo interno, e conseqüente retomada de crescimento das indústrias consumidoras, e à política de garantia de preços mínimos (PGPM) do governo federal, que prevê R$ 550 mil para o pagamento de subvenção ao extrativismo vegetal. Segundo Mônica Simões/Conab, Produtos como babaçu, castanha-do-brasil, borracha natural, açaí e piaçava serão contemplados nos estados do Ceará, Pará, Rondônia, Acre e Amazonas.

Para as demais regiões, no caso da borracha natural, a PGPM garante o preço mínimo de R$ 1,53 por quilo de coágulo com 53% de borracha seca, o mesmo valor fixado para a safra passada. A Agenda Estratégica do Agronegócio Borracha Natural, atualmente em construção por um Grupo Temático da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Borracha Natural (CSBN/MAPA), tem previsão de ser concluída em março de 2010.

“A APABOR, preocupada com a elaboração de um documento que represente as reais necessidades do segmento produtor, ouviu heveicultores e usinas de beneficiamento associadas, além de entidades de outros estados produtores, a fim de melhor identificar as dificuldades do setor”, disse Heiko Rossmann, diretor da associação, ao CI Florestas. De acordo com o dirigente, a Agenda será um instrumento importante para o desenvolvimento da heveicultura brasileira. 

Móveis Os negócios no setor moveleiro tiveram em dezembro de 2009 uma reação positiva à forte queda na demanda do setor devido à crise financeira mundial. 
Porém, neste início de 2010, o setor voltou a mostrar-se apreensivo com o rumo dos negócios em vista da possibilidade dos estímulos fiscais dado pelo governo federal ao setor para ampliar a demanda de móveis ser anulada por aumentos de preços das matérias-primas usadas na fabricação dos mesmos. 

Estabeleceu-se, neste início de ano, um conflito na cadeia produtiva, entre o setor varejista, que está satisfeito com o aumento nas vendas desde a isenção do imposto e os segmentos de produção de matéria-prima e de fabricação de móveis que insistem em repassar seus aumentos, considerados arbitrários ou contraditórios, para os preços finais ao consumo.

Acredita-se que o esforço do governo foi de fato anulado, uma vez que os fabricantes de móveis não conseguiram reduzir seus preços e os varejistas foram obrigados a fazer o repasse. O preço do MDF, principal matéria-prima utilizada pelas fábricas de modulados, teve aumento de 8% em outubro do ano passado e sofreu novo reajuste de 8,5% neste mês, informa o presidente do Sindicato da Indústria de Madeira e do Mobiliário de Linhares (Sindimol), Ademilse Guidini.

"O efeito da desoneração do IPI foi anulado pelo aumento no preço da matéria-prima", explica. Os representantes do setor pretendem solicitar à direção da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) que negocie com o governo federal a ampliação do prazo para a isenção do IPI e redução do imposto de importação de chapas. 

Carvão Vegetal A maior parcela da madeira produzida no mercado mundial, cerca de 2,2 bilhões de m3 destinam-se a geração de energia e concentram-se nos países da Ásia, América Latina, e África.

O Brasil está incluído entre esses países que utilizam mais da madeira para fins de energia do que para fins industriais, ou seja, grande parte da madeira segue para os altos fornos para produção de ferro gusa. A retomada do crescimento econômico mundial traz de volta a retomada das siderúrgicas e conseqüentemente o aumento da demanda por carvão.

O que deve trazer os preços desse segmento a patamares que prevaleceram no mercado antes da crise. Em 2009, algumas medidas do governo brasileiro para minimizar o efeito da crise econômica, como redução da taxa de juros e alguns impostos, trouxeram uma recuperação do segmento siderúrgico a carvão, com previsão de investimentos e expectativas de crescimento para 2010.

A realização da copa do mundo e olimpíadas poderá aquecer o mercado interno. Atualmente, o carvão vegetal está sendo comercializado a R$ 110,00/MDC, começando a retornar a preços compensadores. “Empresas como Arcelormittal Bionergia estão com os fornos em pleno funcionamento e com expectativas de crescimento para 2010.

Gerdau, Plantar e outras estão com a maior parte dos fornos em atividade. Conseqüentemente, a necessidade de matéria prima para abastecimento dos altos fornos será crescente, demandando cada vez mais, maiores investimentos em plantios comerciais de eucalipto com propriedades adequadas a produção de carvão com alto rendimento e qualidade”, conforme relata Dra. Angélica de Cássia, Professora da área de Tecnologia da Madeira do DEF/UFV.

Madeira Processada No segmento de madeira processada, as perspectivas são boas para 2010, conforme relata o diretor técnico da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (AIMEX), Guilherme Carvalho, “o segundo semestre de 2009 foi responsável pelo reaquecimento do mercado e aponta para um crescimento paulatino a partir deste ano, aliado ao fato dos Estados Unidos e Europa, nossos principais mercados, começarem a organizar suas economias e retomar o interesse por produtos madeireiros”.

Ele conclui: “O ano de 2009 foi difícil, com empresas fechando ou reduzindo produção, e suspendendo investimentos. Para 2010 as perspectivas são de melhora, mas apesar dos ânimos com o aumento das exportações, a imprevisibilidade permanece.” Com relação às exportações em 2010, o diretor comenta que a desvalorização cambial pode continuar prejudicando a competitividade dos exportadores.

Entretanto, Carvalho ressalta que a eficiência da atual gestão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado do Pará (Sema) no licenciamento ambiental, sobretudo nos projetos de manejo e reflorestamento, “sem relaxar no cumprimento da legislação”, é um fator positivo para melhorar a exportação dos produtos industrializados e manufaturados de madeira neste ano. ???

Com relação a investimentos em 2010, Rosane Dill Donati, Superintendente Executiva da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA), relata que a indústria de painéis, apesar de ter sentido fortemente os efeitos da crise econômica internacional no primeiro trimestre de 2009, pretende manter todos os investimentos anunciados e que já estavam em andamento.

Em um trabalho de parceria com toda a cadeia produtiva, através de estudo contratado pela ABIPA, e com a colaboração de informações estatísticas da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústria do Mobiliário), de entidades regionais e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o governo reconheceu a importância econômica, social e ambiental do segmento. Para 2010, considerando a gradual recuperação da crise econômica mundial e a desoneração do IPI, a expectativa é de crescimento de aproximadamente 20% com relação a 2009.

Em 2010 deverá crescer também o mercado para produtos certificados conforme já se observa em algumas lojas de materiais de construção e do setor moveleiro, que apresentam linhas de produtos verdes e certificados.

Fonte: CI Florestas

DÉFICIT EXTERNO BATE RECORDE

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/ingresso-nao-cobre-deficit-externo

INGRESSO NÃO COBRE DÉFICIT EXTERNO
Autor(es): Fernando Travaglini, de Brasilia
Valor Econômico - 27/07/2010

Pela primeira vez no ano, a entrada de investimentos externos na produção local ou compra de ações não foi suficiente para cobrir o déficit em transações correntes, de US$ 5,18 bilhões, o pior resultado para um mês de junho desde 1947, quando teve início a série histórica. O primeiro semestre também fechou com saldo negativo recorde, de US$ 23,76 bilhões. Para o ano, o Banco Central manteve as previsões de um déficit de US$ 49 bilhões nas contas externas, ou 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O investimento externo direto decepcionou no mês passado, com ingresso de apenas US$ 700 milhões. No semestre foram US$ 12,05 bilhões, abaixo das expectativas do BC. Já a remessa de lucros e dividendos continua batendo recordes. Foi de US$ 4,79 bilhões em junho e soma US$ 14,96 bilhões no ano, o maior valor da série histórica. A previsão é que encerre 2010 em US$ 32 bilhões. 
A situação das contas externas brasileiras voltou a piorar no mês de junho. Pela primeira vez no ano, a entrada de recursos externos, tanto investimento estrangeiro direto (IED) quanto por meio da compra de ações, não foi suficiente para cobrir o déficit em transações correntes. Além do recuo dos estrangeiros, houve uma explosão das remessas de lucros e dividendos para as matrizes e também dos gastos brasileiros no exterior, que comprometeram ainda o Balanço de Pagamentos.
Somados, o IED e as aplicações em papéis domésticos trouxeram US$ 3,761 bilhões para o país, em junho, contra déficit de US$ 5,180 bilhões na conta corrente do Balanço de Pagamentos - pior resultado para meses de junho na série histórica, iniciada em 1947. O saldo negativo em transações correntes, que mede a entrada e saída de recursos do país, também foi recorde para o acumulado de janeiro a junho (US$ 23,762 bilhões) e para os últimos 12 meses (US$ 40,887 bilhões), levando o déficit como proporção do PIB para 2,47%.
As prévias do Banco Central para este mês de julho apontam uma ligeira melhora no quadro externo, com estimativa de que o déficit recue para US$ 3,7 bilhões em julho. O IED até o dia 22 está em US$ 1,6 bilhão, podendo chegar a US$ 2 bilhões, enquanto os investimentos em ações no país somam US$ 2,286 bilhões até o dia 22. Para o ano, a previsão do déficit em conta corrente foi mantida em US$ 49 bilhões, ou 2,5% do PIB.
A entrada de recursos estrangeiros para investimento direto até o momento está abaixo do esperado pelo Banco Central. Por outro lado, um dos pontos que mais contribuíram para a deterioração das contas externas é a saída recorde de recursos por meio das remessas de lucros e dividendos, que atingiu US$ 4,796 bilhões em junho, recorde para o mês. No ano, acumula US$ 14,967 bilhões, também o maior valor da série histórica, com expectativa de fechar o ano em US$ 32 bilhões.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) esses dois resultados podem estar associados ao quadro de dificuldades da recuperação dos países desenvolvidos, agravado pela situação da economia europeia, que pode ter induzido as matrizes a absorver recursos das filiais.
"É preciso aguardar os resultados dos próximos meses para confirmar essa hipótese, mas se estiver correta, a análise desagregada sugere que a indústria está enfrentando mais dificuldades, já que foi responsável por 58,4% do total dessas remessas (contra 40% do setor de serviços e somente 2% da agricultura e setores extrativistas)", diz o IEDI, em relatório.
Os setores que mais remeteram recursos para as matrizes em outros países foram empresas de veículos (US$ 920 milhões), produtos químicos (US$ 599 milhões) e do setor de eletricidade e gás (US$ 585 milhões).
Os gastos de brasileiros com viagens ao exterior também atingiram volumes nunca vistos, US$ 1,325 bilhão no mês e US$ 7,050 bilhões no acumulado do ano. Dados preliminares apontam que a tendência se mantém para o mês de julho (US$ 1,135 bilhão até o dia 22).
O Banco Central continua afirmando que não há problemas para fechar as contas em moeda estrangeira. Segundo o chefe do departamento econômico, Altamir Lopes, além do IED e do investimento em carteira (ações e títulos), as taxas de rolagens dos empréstimos continuam elevadas. "Não enxergamos problemas para financiar o Balanço de Pagamentos", disse.

DÉFICIT EXTERNO NO SEMESTRE JÁ IGUALA O DE 2009 INTEIRO

DÉFICIT NAS CONTAS EXTERNAS É DE US$ 24 BI
Autor(es): Fernando Nakagawa, Fabio Graner
O Estado de S. Paulo - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/deficit-externo-no-semestre-ja-iguala-o-de-2009-inteiro-1
Saldo entre entrada e saída de recursos fica negativo em US$ 23,7 bi, contra US$ 24,3 bi de todo o ano passado

A crescente remessa de lucros feita por multinacionais e a compra de produtos e serviços internacionais aceleraram a saída de dólares do Brasil em junho por meio da conta corrente do País, que registra operações com o exterior. Dados do Banco Central mostram que o saldo de entrada e saída de recursos ficou negativo em US$ 5,18 bilhões no mês passado, o pior junho da série iniciada em 1947. No semestre, o resultado ficou no vermelho em US$ 23,76 bilhões, outro recorde, quase empatando com o acumulado em todo o ano passado (US$ 24,3 bilhões). Para o BC, o rombo será financiado com dólares que entram para investimento produtivo e no mercado financeiro. Em junho, porém, a soma do investimento direto cobriu apenas 71% do déficit.
 
 
Rombo no primeiro semestre já é praticamente igual ao do ano todo de 2009; Banco Central espera compensá-lo com entrada de investimentos


A crescente remessa de lucros feita por multinacionais e a compra de produtos e serviços internacionais aceleraram a saída de dólares do Brasil em junho por meio da conta corrente do País, que registra todas as operações de comércio exterior, serviços e rendas do Brasil com o exterior.

O saldo negativo do primeiro semestre, de US$ 23,76 bilhões, é comparável ao déficit de todo o ano de 2009, que somou US$ 24,302 bilhões, e equivale a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês passado, pelos dados divulgados ontem pelo Banco Central, o saldo da entrada e saída de recursos nessa conta ficou negativo em US$ 5,18 bilhões, o pior junho da série iniciada em 1947.

Tentando não mostrar preocupação com a deterioração, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, sustenta que o rombo será financiado com dólares que entram no País para investimento produtivo e no mercado financeiro. No semestre, de fato, a conta fechou. Em junho, porém, a soma do Investimento Estrangeiro Direto (IED) - voltado à produção - e das aplicações financeiras (ações e renda fixa) cobriu apenas 71% do déficit. Por isso, Altamir fez uma inflexão no discurso e admitiu o uso de uma terceira fonte para fechar a conta: o aumento da dívida externa.

A incerteza econômica nos países desenvolvidos foi decisiva na nova piora das contas externas. No mês passado, empresas estrangeiras instaladas no Brasil remeteram US$ 4,15 bilhões às sedes como lucros e dividendos, o maior valor para junho da história. O resultado do mês equivale a um terço das transferências do semestre, que somaram US$ 14,96 bilhões e foram concentrados em três setores: automotivo, químico e eletricidade e gás.

"As filiais mandam dólares para cobrir prejuízos das sedes ou até para se precaver de uma situação que ainda pode piorar", disse a professora de economia da Unicamp Daniela Prates.

Em outra frente, os dólares têm saído em ritmo cada vez mais rápido para pagar serviços relacionados ao nível de atividade econômica acelerado. A despesa total com a contratação de aluguel de equipamentos, informática e transportes cresceu 42% em junho ante igual mês de 2009 e saltou 71% no semestre. Em seis meses, o Brasil usou US$ 13,86 bilhões para pagar essas contas. Em tendência semelhante, a importação de mercadorias cresceu 45,1% no semestre.

Para o professor de economia da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda, o câmbio valorizado é importante para explicar a piora da conta corrente, mais até do que o nível de atividade elevado. "Hoje, há um processo de substituição da produção nacional por importados."

A fragilidade das contas externas em junho foi acentuada porque a principal fonte de ingresso de dólares, o IED, secou. No mês passado entraram por essa conta US$ 708 milhões, metade do que entrou em junho de 2009.


Remessa recorde faz o déficit externo triplicar

Rombo histórico
Autor(es): Agência O Globo/Patrícia Duarte
O Globo - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/remessa-recorde-faz-o-deficit-externo-triplicar
Com a crise na Europa e nos EUA, as remessas de lucros de multinacionais atingiram US$ 4,1 bilhões em junho, batendo recorde e levando o país ao maior déficit externo no mês em 63 anos: US$ 5,1 bilhões. No semestre o rombo chega a US$ 23,7 bilhões, o triplo de igual período do ano passado. Já o investimento estrangeiro caiu para US$ 708 milhões em junho. Os gastos dos brasileiros com viagens ao exterior subiram 60% de janeiro a junho, para US$ 7 bilhões.


Multinacionais elevam remessas e déficit externo vai a US$ 5 bi, pior junho em 63 anos

Com a crise internacional ainda castigando os países ricos, as remessas de lucros e dividendos por parte das multinacionais instaladas no Brasil bateram recorde em junho, superando os investimentos feitos por essas companhias aqui e levando o país ao maior déficit de suas contas externas em 63 anos, informou ontem o Banco Central (BC). O rombo ficou em US$ 5,18 bilhões, o pior resultado para meses de junho desde o início da série histórica, em 1947, e o segundo pior desempenho mensal geral. No semestre, o déficit também é recorde, de US$ 23,762 bilhões e mais que o triplo do registrado em igual período do ano passado, quando o resultado negativo ficou em US$ 7,177 bilhões.

Esse desempenho ruim pegou de surpresa os analistas e colocou em atenção esse indicador a curto prazo.

Ainda não estamos à beira do perigo, mas os números de junho valem para pensar. Estávamos sendo financiados pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED, produtivos) e, agora, precisamos dos recursos de portfólio (ações e títulos). A qualidade do nosso financiamento piorou afirmou o coordenador de projetos da consultoria Tendências, André Sacconato.
Viagens: gasto sobe 60%, para US$ 7 bi
Para este mês, o BC projeta um déficit em transações correntes de US$ 3,7 bilhões. Em junho, o IED ficou em apenas US$ 708 milhões, menos da metade do que esperava a própria autoridade monetária (US$ 1,5 bilhão) no período, acumulando US$ 12,058 bilhões no semestre. Se somados aos investimentos estrangeiros em ações e títulos no país, que em junho ficaram em US$ 3,339 bilhões, esses recursos não foram suficientes para cobrir o déficit em conta corrente em junho.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o mau desempenho do IED agora aconteceu por causa de algumas saídas de investimentos estrangeiros no período, sobretudo nos setores imobiliário.

No segundo semestre, pelas consultas que fazemos, (o IED) volta à normalidade. Por isso, mantemos nossa projeção de US$ 38 bilhões para o ano todo afirmou Lopes, acrescentando que, até ontem, esses investimentos já somavam US$ 1,6 bilhão em julho e a projeção é de fechar o período com US$ 2 bilhões.

O IED chegou até mesmo a ficar menor do que as remessas de lucros e dividendos no semestre, algo que não costuma ocorrer. Em junho, as multinacionais instaladas no país enviaram para suas matrizes US$ 4,156 bilhões, volume recorde, somando US$ 14,967 bilhões no semestre abaixo, portanto, dos aportes feitos via IED no período, de US$ 12,058 bilhões. Lopes argumenta que as remessas, que acertaram em cheio a conta corrente do país, aconteceram porque as empresas estão lucrando mais no país, em detrimento de maus desempenhos em outras regiões, como a Europa.

Pesaram também nas contas externas os gastos dos brasileiros com viagens internacionais que, entre janeiro e junho, somaram US$ 7,050 bilhões, quase 60% a mais do que em igual período de 2009. Isso ocorreu, segundo Lopes, por causa do dólar mais barato e do aumento de renda da população. Neste período, as receitas gastos de turistas estrangeiros no país cresceram apenas 15%, chegando a US$ 2,940 bilhões e originando uma perda líquida de US$ 4,109 bilhões ao país, também recorde.

As contas externas brasileiras têm mostrado sucessivos rombos por causa do bom momento econômico, com expansão da atividade, o que acaba impulsionando as importações. Por enquanto, os déficits têm sido financiados pelos investimentos produtivos e em carteira. No entanto, especialistas argumentam que é preciso ficar atento ao tamanho dos déficits, para não causar desvalorizações cambiais bruscas, ou seja, levar a uma perda do valor do real frente ao dólar.
Com piora no fluxo, real fica mais volátil
Atualmente, segundo o economistachefe da corretora Ativa, Arthur Carvalho, o saldo negativo nas transações correntes está em 2,13% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) e deve fechar o ano a 2,5%. Para ele, neste patamar, o país pode se financiar com facilidade. O alerta fica para 2011: O real já está mais volátil do que em 2006 e 2007, quando tínhamos superávits em conta corrente. Em 2011, vamos depender muito mais desses investimentos estrangeiros.

ESTRANGEIROS TIRAM CAPITAL DA PRODUÇÃO

ESTRANGEIROS PREFEREM ESPECULAR
Autor(es): Octavio Azeredo
Jornal do Brasil - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/estrangeiros-tiram-capital-da-producao
Investimento migra para especulação na maior queda em sete anos

O investimento externo no setor produtivo brasileiro alcançou apenas US$ 708 milhões em junho - o menor resultado para o mês em sete anos. Em compensação, a entrada de capital especulativo aumentou significativamente. Em junho, foram US$ 1,9 bi em ações e US$1,4 bi em títulos públicos. O aporte em Bolsa somou US$ 7,1 bi no primeiro semestre - valor recorde da série iniciada em 1947, segundo o BC.


Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil na produção tiveram em junho o pior resultado para o mês em sete anos: entraram no país US$ 708 milhões. Em compensação, a entrada de capital especulativo aumentou. Em junho, entraram no país US$ 1,9 bilhão em ações e US$ 1,4 bilhão em renda fixa (títulos públicos), segundo divulgou o Banco Central.

O investimento externo na Bolsa brasileira somou US$ 7,1 bilhões no primeiro semestre valor recorde da série iniciada em 1947. Em julho até segunda-feira, estes ingressos somam US$ 2,286 bilhões.

Para economistas, a queda do dólar tornou o investimento no setor produtivo brasileiro menos atraente, devido também aos altos custos para o estabelecimento de um escritório no Rio e em São Paulo e à elevada carga tributária do país. Neste cenário, a estabilidade da Bolsa de São Paulo atraiu os investidores estrangeiros.

O investimento em portfólio tem sido muito forte realmente. A bolsa no Brasil está em alta e o mercado está bastante atraente em comparação a outros países emergentes explica o diretor da Mercatto, Paulo Veiga.

De acordo com os dados do BC, os estrangeiros aplicaram mais US$ 9,3 bilhões em títulos públicos no país e US$ 2,6 bilhões em ADRs (recibos de ações brasileiras negociados no exterior) no primeiro semestre.

Embora boa parte dos investimentos em ações e em títulos públicos seja de curto prazo, a autoridade monetária conta com esses ingressos para o financiamento de parcela do déficit da conta corrente externa, projetado em US$ 49 bilhões em 2010. Assim, o BC espera o ingresso de US$ 35 bilhões dessas aplicações em todo este ano.

Por outro lado, na produção o investimento foi bem abaixo do esperado pelo BC, principalmente no mês de junho. No semestre, os investimentos estrangeiros diretos somam US$ 12 bilhões, menos de um terço da meta do BC para este ano (US$ 38 bilhões).

Pelo que venho observando, já esperava essa queda. É inegável que o investimento em novas fábricas caiu muito. E, pelo menos para o curto prazo, não vejo sinais de melhora avalia Antônio Carlos Porto Gonçalves, professor da Fundação Getulio Vargas.

O Brasil registrou em junho déficit em transações correntes de US$ 5,18 bilhões, número acima do esperado no mercado. No mesmo período do ano passado, o saldo havia sido negativo em US$ 575 milhões. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o resultado é o pior para um mês de junho da série de contas correntes desde 1947.

No acumulado do semestre, US$ 23,762 é também o maior resultado da série. Em 12 meses, US$ 40,887 bilhões é também o pior admite Lopes.

Investimento estrangeiro decepciona no semestre e fica em US$ 12 bilhões

Valor Econômico - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/investimento-estrangeiro-decepciona-no-semestre-e-fica-em-us-12-bilhoes
A entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no primeiro semestre não apresentou a força que o Banco Central esperava. Em junho, a conta somou pouco mais de US$ 700 milhões, contra uma projeção de US$ 1,5 bilhão da própria autoridade monetária. No acumulado do ano, o IED está em US$ 12,058 bilhões, inferior ao mesmo período do ano passado (US$ 12,665 bilhões).
O BC não reviu sua projeção, estacionada em US$ 38 bilhões para o acumulado neste ano, mas admite que o ritmo até agora está mais fraco do que o previsto. "O semestre está inferior ao esperado, também por causa do retorno de investimentos no período", afirmou Altamir Lopes, chefe do departamento econômico do BC.
O mês de junho registrou retorno de investimentos estrangeiros diretos de US$ 919 milhões. Essa conta registra quando um estrangeiro repassa o ativo que detém no país para um residente. As maiores saídas se deram na área imobiliária e na construção de edifícios, seguidos pelo setor de seguros.
As amortizações de empréstimos intercompanhias também drenaram do país US$ 1,728 bilhão. As maiores saídas foram de empresas de bebidas (US$ 346 milhões) e de alimentos (US$ 280 milhões), seguidas pelas de telecomunicações (US$ 196 milhões) e de comércio (US$ 108 milhões).
As maiores quedas de IED se deram nos fluxos originados dos países europeus, que ainda sofrem com a crise, como Espanha, Holanda e Reino Unido. Os Estados Unidos também recuaram. As indústrias metalúrgicas e automotivas são as que mais perderam aplicações, seguidas pelos setores financeiro e comercial. O petróleo do pré-sal tornou-se o mais atrativo.
Lopes pondera que há volatilidade na entrada de recursos, mas a perspectiva de longo prazo se mantém "positiva". Um exemplo disso, diz, é que neste mês (até dia 26) o fluxo já está positivo em US$ 1,6 bilhão, devendo fechar o mês em US$ 2 bilhões. Até por conta disso, o BC manteve a expectativa de entrada de recursos baseada nas sondagens de mercado.
Ele destacou ainda o retorno das companhias brasileiras às captações no mercado internacional. A taxa de rolagem da dívida externa privada ficou em 222%, na média, no primeiro semestre do ano. Somente em julho até ontem, a média está em 208%, sendo 322% para o refinanciamento de papéis e 65% para empréstimos.

Investimento ainda cresce, na contramão do consumo

Autor(es): Denise Neumann, de São Paulo
Valor Econômico - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/investimento-ainda-cresce-na-contramao-do-consumo
Na contramão dos dados de consumo, os dados de investimento da economia brasileira ainda não mostram desaceleração. Para junho, o único dado disponível é a importação de bens de capital, cujo volume importado voltou, no mês passado, aos níveis de meados de 2008 na série da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). A importação de bens de capital no segundo trimestre deste ano foi 36% superior a de igual período do ano passado, bastante acima do resultado do primeiro trimestre, quando a alta foi de 16% em relação aos primeiros três meses de 2009.
Outro dado que ajuda a estimar o desempenho de junho é a contratação dos trabalhadores registrada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Até junho, o emprego no setor de mecânica aumentou 6,3% em relação ao estoque de trabalhadores contratados em dezembro, percentual superior à alta de 5,3% da média do setor de transformação.
Além das boas pistas de junho, os dados da produção brasileira de bens de capital não acompanham a estagnação observada nos outros segmentos. Em maio sobre abril, na série do IBGE que desconta os fatores sazonais, o crescimento foi de 1,2%, impedindo uma queda do indicador geral, que ficou parado, sem cair, sem subir.
Na comparação com 2009, a indústria de bens de capital também mostra um desempenho superior ao do conjunto da indústria, com alta acumulada de 30% na comparação com os primeiros cinco meses de cada ano, enquanto a produção total cresceu 17,3%. Apenas em junho, a alta foi de 38% sobre junho do ano passado.


Para fugir da crise, empresas estrangeiras sacam do Brasil US$ 4,1 bi

Multinacionais raspam o tacho
Autor(es): Vânia Cristino e Victor Martins
Correio Braziliense - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/para-fugir-da-crise-empresas-estrangeiras-sacam-do-brasil-us-4-1-bi
Filiais de companhias estrangeiras sacam US$ 15 bilhões do país entre janeiro e junho, para melhorar os resultados de suas matrizes.

As filiais de empresas estrangeiras que atuam no Brasil estão se tornando a tábua de salvação para muitas de suas matrizes. Embaladas pelo forte crescimento da economia nacional, têm lucrado como nunca e remetido tudo o que podem para os países de origem como forma de melhorar os resultados de suas controladoras. Somente em junho, as multinacionais retiraram US$ 4,15 bilhões do país, valor sem precedentes para este mês em 63 anos. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, os saques totalizaram US$ 14,96 bilhões. As remessas foram comandadas por companhias da Holanda, da Espanha, da Itália, de Portugal e dos Estados Unidos, nações que se têm debatido para sair do atoleiro.

A disposição das multinacionais em retirar dinheiro do Brasil foi tão grande, que o sempre comedido chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, não escondeu a surpresa. “O movimento surpreendeu.” Segundo ele, as saídas de recursos do país se intensificaram no fim de junho, pois as empresas de setor automobilístico e de produtos químicos botaram o pé no acelerador. “A indústria automobilística vai muito bem no Brasil, mas essa não é a situação do setor no mercado internacional”, disse. As montadoras remeteram US$ 920 milhões apenas em junho.

Na avaliação de Altamir, essa dependência continuará pelo menos até o fim do ano. Pelas suas contas, as remessas de lucros e de dividendos pelas multinacionais totalizarão o recorde de US$ 32 bilhões em 2010, ante os US$ 25,2 bilhões do ano anterior. Motivo: não há perspectiva de recuperação das principais economias do mundo. O Brasil, porém, avançará pelo menos 7%, o maior salto desde 1986, ajudando a manter os balanços da matrizes das múltis no azul.

Diante desse quadro, as contas externas do Brasil não param de piorar. Em junho, as transações correntes, que contabilizam o vaivém de capitais, computaram rombo de US$ 5,18 bilhões, o pior resultado desde 1947, quando o BC passou a fazer tal levantamento. Nas projeções do banco, o deficit no ano todo baterá em US$ 49 bilhões, também um resultado histórico. Para Altamir, não há com o que se preocupar, pois esse buraco será totalmente coberto por capital vindo de fora. O problema, avaliam analistas, é que o dinheiro a que o técnico do BC se refere é de curto prazo, direcionado à bolsa de valores e a títulos públicos. Ou seja, é capital especulativo, que pode sair a qualquer momento, desestabilizando o país.

O sinal de alerta está ligado. O rombo nas transações correntes com o exterior deveria ser coberto integralmente pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED), destinado à produção e à criação de empregos. Esses recursos, contudo, estão caindo vertiginosamente. O BC projetava a entrada de US$ 1,5 bilhão no mês passado, mas só foram computados US$ 708 milhões. Nem mesmo as aplicações em ações (US$ 1,92 bilhão) e em títulos públicos (US$ 1,41 bilhão) foram suficientes para cobrir o deficit. Para o segundo semestre, Altamir garantiu que o quadro é positivo. Até o dia 26 de julho, os investimentos diretos somavam US$ 1,6 bilhão e o BC espera fechar o mês com US$ 2 bilhões.

Brasileiros viajam mais

Os brasileiros nunca viajaram tanto para o exterior. Apenas no primeiro semestre, eles deixaram US$ 7 bilhões lá fora — um recorde. Comparado com igual período de 2009, esse montante ficou 58% maior, o que indica, segundo o Banco Central, que a expansão da renda e o crédito fácil têm motivado os consumidores a investir em viagens internacionais. Tamanha movimentação nos embarques ao exterior criou um desequilíbrio: os brasileiros vêm gastando muito mais lá fora do que os estrangeiros aqui dentro. Deduzidos os gastos dos que visitam o país, formou-se um buraco gigantesco, de US$ 4,1 bilhões, nas contas externas. Nos seis primeiros meses do ano, a cifra representou um aumento de 117% no saldo negativo, o maior já registrado desde 1947.

A expectativa da autoridade monetária é de que o rombo fique ainda maior e chegue a pelo menos US$ 8 bilhões em dezembro de 2010. Com a crise na Europa e Estados Unidos, a nova classe média ganhou mais um incentivo para conhecer outros países. Essa parte da população vem sendo beneficiada pela deflação e desvalorizações fortes das moedas mundo afora. Com o dólar e o euro mais baratos e com as empresas aéreas financiando viagens em até 48 vezes, ficou fácil ir para o exterior. A classe C, que até pouco tempo não podia sonhar com um passeio assim, também está começando a consumir esses pacotes.

Primeira vez
“No turismo receptivo, registramos crescimento de 15%, mas as despesas dos brasileiros no exterior têm avançado de forma mais rápida”, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. A estudante Cecília Lindgren, 24 anos, é uma das milhares de brasileiras que fez a primeira viagem ao exterior recentemente. Passou três meses no Panamá e na Costa Rica em um intercâmbio de estudos. O plano da jovem, antes de terminar o curso de administração na Universidade de Brasília, é fazer pelo menos mais um intercâmbio. “Hoje está muito fácil ir para fora. Dá para parcelar no cartão, viajar por milhas e, se comprar as passagens com antecedência, é possível encontrar várias promoções”, ensinou Cecília.

As receitas com viagens internacionais vem evoluindo em ritmo bem menor que as despesas de brasileiros lá fora. Os gastos dos estrangeiros(1) no país eram da ordem de US$ 403 milhões em junho de 2009 e passaram para US$ 416 milhões em junho último, um acréscimo de apenas US$ 7 milhões. No acumulado do ano, eles deixaram no Brasil US$ 2,94 bilhões nos seis primeiros meses de 2010 contra US$ 2,56 bilhões no mesmo período do ano passado. Além das viagens, pesou também no balanço os gastos com importação de maquinário. Sempre que a economia vai bem, a corrente de comércio aumenta e o país precisa de equipamentos que não dispõe. As despesas com transportes, por exemplo, que ficaram em US$ 1,708 bilhão entre janeiro e junho de 2009, saltaram para US$ 2,925 bilhões no primeiro semestre deste ano.

1 - Perfil comprador
O Brasil é a bola da vez no turismo mundial. Entre 2003 e 2009, enquanto os brasileiros desembolsaram 63% a mais que a média mundial em viagens internacionais, as despesas dos estrangeiros no Brasil cresceram 114%. O volume de recursos estrangeiros não supera os dos brasileiros lá fora porque o perfil de consumo é diferente. “A quantidade de brasileiros que vai ao exterior é menor do que o número de visitantes que recebemos. A diferença é que o brasileiro viaja para comprar”, explicou Jeanine Pires, presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).


Exportador deixa os dólares no exterior

Valor Econômico - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/exportador-deixa-os-dolares-no-exterior
Os investidores estrangeiros continuam retirando divisas do país. O fluxo cambial em julho, até o dia 22, está negativo em US$ 2,93 bilhões. Somado ao resultado de junho, quando as saídas superaram as entradas em US$ 4,279 bilhões, o saldo caminha para se tornar deficitário no ano, pela primeira vez desde a crise.
Os números dos últimos dois meses consumiram quase totalmente o saldo positivo acumulado entre janeiro e maio (US$ 7,643 bilhões). Dessa forma, o fluxo está positivo em US$ 433 milhões, do começo do ano até o dia 22 de julho. Em 2009, foi positivo em US$ 28,732 bilhões e no ano passado, negativo em US$ 983 milhões.
Segundo dados do BC, no mês de julho, o saldo está negativo tanto na conta financeira (US$ 1,731 bilhões), quanto na comercial (US$ 1,199 bilhão). Isso indica que além de as vendas de dólar serem maiores do que as compras, os exportadores não estão internalizando seus recursos. Desde 2008, eles podem deixar até 100% do apurado em exportações no exterior.
Um indicador de que os empresários estão deixando os recursos no exterior é que os empréstimos de curto prazo acumularam US$ 17,056 bilhões entre janeiro e junho, acima dos US$ 13,175 bilhões do mesmo período do ano passado - esses dados são apenas indicativos, pois contemplam também pagamentos antecipados de importação e são valores aproximados, por dificuldades de apuração, segundo o BC.
As compras de dólares feitas pelo BC na última semana somaram US$ 822 milhões em julho e a posição vendida dos bancos se ampliou de US$ 9,049 bilhões, no mês passado, para US$ 12,950 bilhões, até o dia 22 de julho.


Contas externas pioram, mas BC e analistas veem saída

Autor(es): Fabio Graner e Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/contas-externas-pioram-mas-bc-e-analistas-veem-saida

O quadro das contas externas piorou em junho. O saldo negativo na conta corrente, que já não conseguia ser coberto apenas por investimentos produtivos, dependendo cada vez mais de aplicações em ações e renda fixa, precisou também dos empréstimos externos para que o balanço de pagamentos não fechasse no vermelho.

A fragilidade das contas externas neste ano reflete a combinação de déficit em conta corrente em franca expansão e Investimento Estrangeiro Direto (IED) abaixo das expectativas do governo. Os US$ 12 bilhões que entraram no primeiro semestre estão um pouco abaixo do verificado em igual período de 2009 e representam bem menos da metade dos US$ 38 bilhões previstos pelo BC. Enquanto diminui o investimento produtivo, cresce a aplicação financeira.

Apesar da fotografia borrada neste ano, muitos analistas e o próprio BC acreditam que o Brasil tem uma posição de contas externas que não deve ser motivo de preocupação. Isso porque, apesar do fraco desempenho no semestre, o País deve atrair investimentos para o pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíada, além do fato de, com o grau de investimento, as empresas poderem tomar dinheiro no exterior a juros muito baixos, o que ajuda a fechar as contas.

O problema é que, confiar nesses recursos para fechar as contas, significa aceitar passivamente o aumento das importações, que na prática significa que o Brasil está gerando emprego e renda no exterior.

A queda dos IEDs afeta as contas externas

O Estado de S. Paulo - 27/07/2010
As contas externas no mês de junho apresentam forte deterioração em relação ao mês anterior, com um déficit das transações correntes de US$ 5,180 bilhões que foi coberto pelo aumento da conta capital com recursos voláteis e sobre os quais se pagam juros.
O déficit das transações correntes de junho foi 156,4% superior ao de maio, é o maior já registrado para o mês de junho e o segundo maior na história brasileira.

Em maio esse déficit havia sido largamente coberto pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs), mas em junho os IEDs representaram apenas 13,6% do déficit. Acresce que as despesas com a remessa de lucros e dividendos em maio foram ainda inferiores aos IEDs, enquanto, em junho, foram 5,6 vezes maiores.

A balança comercial apresentou um resultado 33,8% menor que o de maio em razão de uma ligeira queda das exportações e um aumento das importações. Mas foi especialmente o déficit dos serviços e rendas, com aumento de 33,9%, que afetou o resultado das transações correntes.

Os Investimentos Estrangeiros Diretos apresentaram queda de 89,4% em relação a maio. Não é apenas a conjuntura internacional que explica essa queda, mas também novas atitudes do governo brasileiro que afugentam esse capital - como no caso da exploração de petróleo - e um novo tom nacionalista que afasta a participação direta estrangeira dos grandes projetos.

Não devemos estranhar que as remessas de juros e dividendos, num só mês, tenham crescido 40,8%. Além do efeito calendário, a lentidão da recuperação nos países investidores reduz os investimentos no exterior e aumenta a remessa de lucros.

O aumento do déficit das transações correntes foi acompanhado por um aumento da conta capital, mas com recursos que podemos considerar de risco. Enquanto os IEDs caem, os investimentos em carteira continuam elevados, como as aplicações em renda fixa ou em ações, muito voláteis. Mas os empréstimos externos, que financiam nosso desequilíbrio externo, aumentaram, segundo as primeiras estimativas, US$ 6,8 bilhões em junho, atingindo US$ 225 bilhões e se aproximando do valor de nossas reservas.

Não se pode prever que, neste ano, o Banco Central tenha de usar suas reservas para cobrir o déficit de transações correntes, projetado em US$ 50 bilhões. Todavia, é preciso que nos preparemos para isso no futuro, caso não mudemos a política de comércio exterior que favorece demais as importações.


Risco é depender de capital especulativo

Autor(es): Agencia o Globo
O Globo - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/risco-e-depender-de-capital-especulativo
  
Segundo especialistas, um déficit em transações correntes, como o registrado pelo Brasil nos últimos meses, não é preocupante caso seja financiado por investimentos produtivos, ou seja, por aportes de multinacionais no país. Mas o governo prevê que, este ano, o investimento estrangeiro direto (IED) será de US$ 38 bilhões, insuficiente para cobrir o déficit de US$ 49 bilhões projetado para a conta corrente. Com isso, o déficit será em parte financiado por investimentos financeiros, que costumam ser de mais curto prazo e podem ser especulativos.

O balanço de pagamentos é o registro das operações do Brasil com o exterior. É dividido em duas contas. A conta corrente registra as operações de troca, como balança comercial, viagens, pagamento de juros e remessas de lucros e dividendos.

A conta de capital mostra os investimentos no mercado financeiro e no setor produtivo (o investimento estrangeiro direto).


Dívida externa cresce 13,6% no 1º semestre

Autor(es): Fabio Graner,Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/divida-externa-cresce-13-6-no-1o-semestre

Facilidade de obtenção de crédito no exterior e altas taxas de juros do País fazem a dívida chegar, em junho, ao seu maior valor desde 2000


Embalada pela facilidade de as empresas brasileiras obterem crédito no exterior, a dívida externa do País atingiu em junho a marca de US$ 225,17 bilhões, segundo estimativa do Banco Central. Trata-se do maior valor nessa conta desde o ano 2000, quando a dívida do País com os credores internacionais foi de US$ 236,16 bilhões. No primeiro semestre de 2010, o endividamento com o exterior, que vinha tendo relativa estabilidade nos últimos três anos, já subiu 13,6%.

De acordo com o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, a alta na dívida externa reflete a elevada taxa de rolagem dos empréstimos de médio e longo prazos, que no primeiro semestre ficou em 222%. Isso quer dizer que as empresas não só renovaram os empréstimos no exterior, mas tomaram ainda mais recursos para aplicar em suas atividades empresariais, como novas máquinas ou reforço do capital de giro.

De fato, neste ano os créditos mais longos cresceram US$ 15,8 bilhões e os empréstimos de curto prazo, US$ 11,2 bilhões, embora em termos porcentuais estes últimos tiveram expansão mais forte, já que a base de comparação é menor. No total, o estoque de dívida de médio e longo prazos em junho ficou em US$ 183 bilhões e da de curto prazo, em US$ 42,17 bilhões.

Juros. A professora da Unicamp, especialista em setor externo, Daniela Prates, avaliou que um dos motivos para o aumento da dívida externa é o diferencial de taxa de juros entre o Brasil e o exterior. Segundo ela, com a taxa Selic subindo, fica cada vez mais interessante às empresas buscarem recursos no exterior, onde as taxas de juros estão bem mais baratas.

Para o professor de economia da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda, também especializado em contas externas, o crescimento da dívida não chega a ser preocupante, já que ela ainda é relativamente pequena ante o tamanho da economia.

"As empresas estão tomando empréstimos para cobrir seus investimentos. Existem outros caminhos dentro do Brasil, como o BNDES e o mercado de capitais, mas o financiamento externo está barato", afirmou.

Para ele, o crescente déficit em conta corrente está contribuindo para a alta da dívida externa. "O que preocupa é a deterioração da conta corrente, que de alguma forma afeta a dívida, já que o aumento do déficit aumenta a necessidade de recursos externos." Ele prevê que este ano o saldo negativo na conta corrente, que registra as operações de comércio exterior, serviços e renda, vai somar US$ 50 bilhões.

"Para este ano, não há problema. O que preocupa é a trajetória de médio e longo prazos. O que preocupa é a partir de 2011. O governo vai ter de atuar para resolver esse problema", disse.


Rolagem

ALTAMIR LOPES - CHEFE DO DEPEC
"A alta na dívida reflete a elevada taxa de rolagem dos empréstimos de médio e longo prazos, que no primeiro semestre ficou em 222%"


Desaceleração é mais acentuada no Norte e Sul

Autor(es): Sergio Lamucci, de São Paulo
Valor Econômico - 27/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/27/desaceleracao-e-mais-acentuada-no-norte-e-sul
O conjunto da economia brasileira se desacelerou significativamente a partir de abril, após o fim dos estímulos dados pela redução de impostos, mas o desempenho varia muito entre as regiões do país. A perda de fôlego do crescimento é menos acentuada no Nordeste e mais intensa no Sul e no Norte do país, enquanto o Sudeste fica no meio do caminho.
A importância do salário mínimo e do Bolsa Família na economia nordestina ajudam a explicar o bom desempenho na região, assim como o peso da indústria de alimentos e bebidas, que tem sido impulsionada pela evolução favorável da renda do trabalho e das políticas de transferência de renda do governo. No Sul, o peso da agropecuária e a indústria exportadora justificam o menor dinamismo da região. No Norte, a antecipação da produção de eletroeletrônicos para atender à demanda da Copa do Mundo fortaleceu a produção no primeiro trimestre, afetando o resultado posterior. Na região, porém, as vendas no varejo tiveram uma desaceleração menos acentuada que no resto do país.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central consolida, em um único indicador, a evolução mensal de agropecuária, indústria e serviços, mostrando grande aderência ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB). O dado nacional mostra uma economia, em março, funcionando a um ritmo 2,7% maior que o de dezembro. Depois dessa acelerada, o ritmo caiu e chegou a maio apenas 0,3% acima do resultado de março. O dado também é calculado por região e mostra que esse pequeno crescimento nacional foi composto por altas de 0,32% no Nordeste, 0,25% no Sudeste e 0,44% no Centro-Oeste, afetadas pelas quedas no Norte e no Sul, de 1,21% e de 0,4%, pela ordem.
Para a professora Tania Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Nordeste tem se beneficiado muito do fato de o padrão do crescimento brasileiro nos últimos anos ter como um dos dos principais motores a expansão do consumo popular. No Nordeste, o peso das classes de menor renda é maior, lembra ela, ressaltando o grande impacto local do salário mínimo. "O Nordeste concentra 23% da população brasileira e 60% dos que recebem o mínimo."
Também ajuda a segurar a atividade econômica no Nordeste o desempenho da indústria de alimentos e bebidas, ressalta o economista Rogério César Souza, do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi). Em maio, a produção do segmento cresceu 21,3% sobre igual mês de 2009. O setor de alimentos e bebidas é favorecido pelo bom desempenho dos rendimentos do trabalho e do aumento de renda decorrente do reajuste expressivo do salário mínimo e de transferências de programas, como o Bolsa Família, diz Souza.
Tania diz que o setor da construção civil também vai bem no Nordeste, com as obras do programa Minha Casa, Minha Vida e da transposição do rio São Francisco. Não por acaso, a produção de minerais não metálicos em maio cresceu 27,1% em relação ao mesmo período de 2009, por conta do aumento na fabricação de cimento e de ladrilho e placas de cerâmica para pavimentação. "Na comparação com o mês imediatamente anterior, a produção industrial no Nordeste cresce desde agosto de 2009, acumulando alta de 16,8% nesse intervalo", observa Souza.
De acordo com o economista Jorge Jatobá, da consultoria Ceplan, o fim do subsídio fiscal sobre os produtos da linha branca foi um dos principais responsáveis pelas vendas menores do varejo nordestino no segundo trimestre. Além disso, afirmou, está havendo um processo de acomodação do forte crescimento observado nos três primeiros meses do ano.
O economista Alexandre Rands, da consultoria Datamétrica, lembra que o Nordeste abriga um grande contingente de aposentados e beneficiários do Bolsa Família, o que garante uma demanda permanente para bens de consumo de massa, como alimentos, bebidas, calçados e têxteis. Esse seria o motivo pelo qual a indústria local, fortemente concentrada nesses itens, ainda roda em ritmo superior à média nacional.
O Ceará, por exemplo, que abriga um dos principais polos de calçados do país, ainda não registra desaceleração. Apesar de um pequeno recuo na atividade em maio, a indústria ainda operou em um ritmo superior ao de março.
O Índice de Atividade Econômica Regional do BC para a região Norte é o que mostrou a desaceleração mais forte no segundo trimestre. O nível do indicador em maio ficou 1,2% abaixo do registrado em março, na série com ajuste sazonal. O recuo, porém, ocorre após a alta forte nos primeiros meses do ano, o que elevou a base de comparação. De janeiro a abril, o setor de material eletrônico e aparelhos e equipamentos de comunicação, concentrado na Zona Franca de Manaus, crescia a um ritmo mensal superior a 50% em relação ao mesmo mês do ano passado, estimulada em boa parte por conta da fabricação de televisores, devido à proximidade da Copa do Mundo, como lembra Souza. Em maio, já houve desaceleração da alta do segmento nessa base de comparação, com aumento de 29,4% sobre maio de 2009 (não há série disponível com ajuste sazonal para essa série).
Nas vendas no varejo, a região Norte também registrou desaceleração no segundo trimestre, já que houve antecipação do consumo de bens como veículos e eletrodomésticos da linha branca no começo do ano, para aproveitar os impostos reduzidos. Mesmo assim, o resultado no Norte foi o melhor entre todas as cinco regiões, segundo números da Tendências Consultoria Integrada. Na média de abril e maio, o comércio da região cresceu 2,9% sobre o primeiro trimestre, uma base de comparação robusta, já que, de janeiro a março, houve alta de 9,8% sobre o trimestre anterior. O economista Adriano Pitoli, da Tendências, diz que a região passa por "transformações expressivas", com grandes obras de infraestrutura, como o gasoduto Urucu-Manaus, inaugurado em novembro, e a perspectiva de construção de hidrelétricas, fatores que impulsionam a renda da região.
O segundo trimestre também não foi dos melhores para o Sul. Em maio, o índice do BC para a região ficou 0,4% abaixo do nível de março, na série com ajuste. Tania lembra que a agropecuária tem peso expressivo no Sul e observa que o segmento não tem mostrado grande dinamismo. No cálculo da Tendências, as vendas no varejo no Sul no bimestre abril-maio caíram 1,2% em relação ao nível do primeiro trimestre. (Colaborou Murillo Camarotto, do Recife)