quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Agronegócios

'Dança das cadeiras' ameaça política agrícola

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/danca-das-cadeiras-ameaca-politica-agricola
 

As esperadas mudanças no segundo escalão e nas empresas estatais ameaçam deixar o setor rural sem alguns de seus principais formuladores na política agrícola. No momento em que produtores e industriais reclamam mais mediação do Estado, além de uma ampla reforma das regras de financiamento e comercialização, estão no jogo político cargos-chave nos ministérios da Agricultura, Fazenda, Desenvolvimento Agrário, na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Banco do Brasil.
A pressão dos alimentos sobre os índices de inflação nos próximos meses, a administração de uma nova safra recorde e as gestões do setor privado por recursos e subsídios exigirão planejamento e sintonia fina na execução das políticas públicas para o setor em 2011. E a "dança das cadeiras" na Esplanada dos Ministérios, alertam dirigentes do setor de forma reservada, pode comprometer um ano de bons resultados.
"Não é hora para mudanças bruscas", diz um líder ruralista. "Ganhamos dinheiro em 2010, fomos bem. Mas essa área é sensível. Não queremos ver esses cargos como moeda de troca de partidos", afirma um dirigente.
No Ministério do Desenvolvimento Agrário, o secretário de Agricultura Familiar, Adoniram Sanches Peraci, deixou o posto para assumir cargo no escritório regional da FAO, braço das Nações Unidas na área, em Santiago do Chile. Em seu lugar, deve assumir o coordenador internacional do ministério, Laudemir Müller. Peraci foi responsável pela abertura do MDA às grandes cooperativas agropecuárias, que têm milhares de médios produtores associados.
Antes, apenas cooperativas de pequenos produtores tinham acesso a subsídios e programas com juros baixos operados pelo MDA. A difícil troca de ministros já tinha causado questionamentos de movimentos sociais da agricultura familiar e da reforma agrária.
Um dos principais formuladores do governo na área, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, também deve deixar o posto ocupado desde 2006. Há fortes pressões do PMDB para instalar um afilhado em seu lugar. Está cotado o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, que se tornou próximo do ministro Wagner Rossi e do presidente da empresa, Alexandre Magno Aguiar. Mas a bancada na Câmara se movimenta para indicar nomes.
Na Conab, o diretor de Política Agrícola, Silvio Porto, luta para virar presidente. Apoiado por ministros do PT, movimentos sociais e parte do setor privado, Porto responde pela "costura" das políticas na agricultura familiar. Mas a briga partidária pode comprometer essa formulação setorial, sobretudo no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que deve ter orçamento de R$ 2 bilhões.
O secretário-executivo da Agricultura, Gerardo Fontelles, um dos mais respeitados especialistas do governo, também deve ceder o cargo a um nome mais próximo de Rossi. O principal cotado é o atual chefe de gabinete do ministro, Milton Elias Ortolan. Mas a bancada na Câmara quer emplacar o deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG).
No Banco do Brasil, uma disputa de bastidores pela vice-presidência de Agronegócios também pode "esterilizar" outro preparado formulador da política agrícola. O atual ocupante, o ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto, enfrenta a candidatura do secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gilson Bittencourt, cujo preparo técnico o credencia para reivindicar o posto. Ele tem apoio de ministros do PT, mas a bancada ruralista é contrária ao seu nome.

Exportação de carne suína tem queda de 11% em 2010

Autor(es): Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/exportacao-de-carne-suina-tem-queda-de-11-em-2010
 

O setor exportador de carne suína fechou 2010 com exportações de 540,4 mil toneladas, um recuo de 11,04% sobre o ano anterior e também abaixo da estimativa feita em dezembro passado. Naquela ocasião, a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) havia previsto vendas externas de 560 mil toneladas do produto.
Segundo a Abipecs, a oferta ajustada à demanda externa, a forte expansão do consumo interno, a valorização do real, a alta dos preços nos mercados interno e externo e a maior concorrência internacional influenciaram as exportações de carne suína em 2010. Enquanto os volumes caíram, a receita com as exportações cresceu 9,32%, saindo de US$ 1,23 bilhão, em 2009, para US$ 1,34 bilhão no ano passado.
Os números mostram uma recuperação de 22,9% nos preços médios na exportação, mas, conforme a Abipecs, os valores ainda estão aquém dos preços obtidos no período de janeiro a outubro de 2008, antes do início da crise financeira mundial.
Segundo a Abipecs, a Rússia foi o principal mercado para a carne suína brasileira em 2010, com a importação de 233,9 mil toneladas ou 43,30% do total. O segundo maior importador foi Hong Kong, com 99,7 mil toneladas ou 18,46% do total.
Outra razão para a queda nas exportações de carne suína no ano passado foi a perda de competitividade do Brasil, em mercados como a Rússia. Com a valorização do real ante o dólar, concorrentes como os EUA e países da União Europeia ficaram mais competitivos, argumenta a associação.
Para Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, este ano deve ser novamente de demanda forte no mercado interno para a carne suína. Para as exportações, a previsão é alcançar 600 mil toneladas. "Precisamos abrir mercados de preços mais altos", disse. Segundo ele, a expectativa é concluir processos de abertura de mercados em países como Coreia, Japão e também com União Europeia.
A Coreia, um desses mercados de bons preços, enfrenta atualmente uma epidemia de febre aftosa e precisa de carne suína importada. O país negocia a abertura de seu mercado à carne suína de Santa Catarina, mas o processo está paralisado pois a Coreia aguarda uma resposta do governo brasileiro em relação ao trânsito indevido de carne bovina gaúcha no Estado. Como Santa Catarina é reconhecida como livre de aftosa sem vacinação, o trânsito de produto de Estados com status diferente não é permitido.

Transformação do CTC em S.A. deve ser decidida hoje

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/transformacao-do-ctc-em-s-a-deve-ser-decidida-hoje
 
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que detém um dos maiores bancos genéticos de cana-de-açúcar do mundo, deve, finalmente, transformar-se em uma sociedade anônima (S.A.). Seus associados - usinas e fornecedores de cana - reúnem-se hoje em assembleia na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo, para votar a formalização da mudança societária.
Fundado em 1969 pela Copersucar, o CTC é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), cujo patrimônio líquido (PL) está na casa dos R$ 20 milhões. No entanto, estima-se que o valor de mercado do centro é mais de dez vezes superior ao seu PL. Uma referência de negócio no mesmo setor é a compra, pela Monsanto, em 2008, das duas empresas de melhoramento genético e biotecnologia para cana do grupo Votorantim- CanaVialis S.A. e Alellyx S.A., por US$ 290 milhões.
As discussões para a mudança societária iniciaram-se há mais de um ano. Nos últimos meses, foi definida a formação de um bloco de controle, liderado por Copersucar, Cosan, Bunge, Açúcar Guarani, São Martinhoe pelo grupo nordestino Coruripe. O bloco controlador terá participação acionária de 60% do novo CTC, mesmo percentual de cotas detidas na Oscip.
LDC-SEVe ETH Bioenergia, que estão participando das discussões em torno do estatuto da S.A., lideram o bloco dos minoritários e devem ser acomodadas com um assento cada no conselho.
Para a criação da S.A, é necessário aprovação de dois terços dos associados. Como o bloco de controle detém 60% das cotas, há poucas chances de a aprovação não ocorrer, segundo uma fonte ouvida pelo Valor. Apesar disso, é possível que haja alguma resistência na assembleia de hoje, principalmente por parte dos produtores de cana, que juntos detêm cerca de 10% do CTC via Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul (Orplana).
Procurados, o presidente da Orplana, Ismael Perina, e do conselho de administração do CTC, Roberto Rezende Barbosa, limitaram-se a dizer que só vão comentar o assunto na assembleia de hoje.
Além de aprovação da transformação em S.A., a assembleia deve eleger uma nova diretoria, provavelmente formada por membros do bloco de controle.
Christophe Akli, diretor de Operações da LDC SEV, explica que a companhia participou de todo o desenho da nova estrutura do CTC. A preocupação, diz ele, é garantir que as usinas mantenham forte controle sobre o patrimônio da S.A.. "Algumas discussões específicas sobre este ponto ainda estão ocorrendo. Esperamos amanhã alcançar consenso", afirma. Segundo ele, o conselho de administração que deve ser eleito amanhã terá dez assentos, dos quais seis indicados pelos majoritários e quatro, pelos minoritários.
A alteração societária trará mudanças na forma de arrecadação de recursos para pesquisa do CTC. Atualmente, os associados contribuem compulsoriamente com valor proporcional ao volume de cana processada - ou produzida, no caso dos fornecedores. Nesse sistema, os associados tinham direito a um pacote básico que incluía o uso de variedades e tecnologias do centro de pesquisa. Se a usina tivesse alguma demanda específica, pagava hora técnica para o Centro.
Como S.A., o CTC deve passar a cobrar uma taxa tecnológica, os chamados royalties. A proposta é de que, em um segundo momento, quando o centro precisar de um dinheiro novo, a S.A. poderá buscar capital, por meio de parcerias em projetos específicos de pesquisa, como as já existentes com a Basf e a Bayer. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, o CTC pode ainda, em três anos, abrir capital, como forma de se financiar.

Ferrovia levará 50% mais açúcar a Santos

Autor(es): Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 12/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/12/ferrovia-levara-50-mais-acucar-a-santos
 

O porto de Santos promete dar um salto rumo à diminuição do desequilíbrio da matriz de transporte do açúcar, que é uma carga líder em exportação e que chega ao porto fortemente apoiada no modal rodoviário. Das quase 89 milhões de toneladas movimentadas de janeiro a novembro de 2010 no porto, a commodity foi responsável por aproximadamente 20% do volume. A estimativa é que neste ano a ferrovia amplie sua participação em 50% na carga de açúcar, chegando a 7,5 milhões de toneladas. Em 2010, via trem foram 5,1 milhões de toneladas que desembarcaram em Santos e no ano anterior, 3,4 milhões de toneladas.
Esse desempenho reflete uma combinação entre o crescimento orgânico da operação de açúcar via trilhos e a transferência para a ferrovia de cargas da commodity antes transportada por caminhão. No porto como um todo, a movimentação de açúcar a granel crescerá "apenas" entre 20% e 25%.
De acordo com o diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Paulino Vicente, parte da migração do açúcar para o trem é resultado direto da conclusão do viaduto da Santa, assim batizado por ficar na altura de uma praça com a imagem de Nossa Senhora, na margem direita, em Santos. A obra recém-inaugurada eliminou o encontro rodoferroviário na região de Outeirinhos, onde estão localizados os terminais que movimentam o granel, dando uma opção logística mais viável e econômica para agilizar a chegada da carga às instalações. "A obra favorece de maneira decisiva o modal ferroviário porque cria condições de, sem atrapalhar o transporte rodoviário, incrementar sobremaneira a ferrovia com trens maiores. Já estamos caminhando para composições de 80 a 85 vagões. Hoje, o padrão médio é de 40", afirma o diretor.
O aumento da utilização da ferrovia mostra três aspectos que Vicente considera benéficos. Primeiro é a possibilidade de ofertar um açúcar com preço mais competitivo no mercado externo, visto que chegará mais barato ao porto. Segundo, a diminuição dos congestionamentos de carretas nas vias portuárias. Por último, e consequentemente, a melhoria ambiental em Santos com redução de emissões de gás carbônico.
A projeção dos terminais de açúcar é que só neste ano sejam retirados 297 mil caminhões de circulação com a transferência da carga para a ferrovia. No ano passado, já com o processo de crescimento do modal, 203 mil carretas deixaram de chegar ao porto; em 2009, 135 mil veículos que transportam açúcar foram "eliminados" da operação na região do porto santista.
O viaduto da Santa integra o conjunto de obras da avenida perimetral da margem direita, empreendimento orçado em R$ 130 milhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até agora o traçado consumiu quase R$ 50 milhões. Também está planejada uma avenida perimetral na margem esquerda (Guarujá), cujo processo licitatório para definir a empresa ou consórcio que fará a obra está em andamento. As duas vias estarão concluídas até o fim de 2014.
As perimetrais foram planejadas dentro da lógica de reduzir os entroncamentos entre ferrovia e rodovia, de forma a evitar situações esdrúxulas em que o caminhão fica parado até a composição do trem passar. O viaduto da Santa é o segundo desse projeto. Com ele, só se dirigem às regiões do Paquetá e de Outeirinhos os caminhões com destino aos terminais de açúcar naquelas redondezas.
Hoje, as instalações da margem direita são responsáveis por quase 90% do açúcar escoado pelo porto e contam com uma capacidade estática de aproximadamente 800 mil toneladas - a maior oferta portuária dedicada à exportação de açúcar do mundo. Com os dois novos viadutos, Vicente vê espaço para a expansão da oferta de armazenagem. "Para 2011, pelo menos dois armazéns já apresentaram projetos de aumento de capacidade expressivos que, juntos, somam 180 mil toneladas adicionais".
A Rumo Logística, do grupo sucroalcooleiro Cosan(com terminais no porto de Santos), tem investimentos que totalizam R$ 1,2 bilhão na malha ferroviária da América Latina Logística (ALL) para fortalecer o modal no transporte de açúcar no Brasil. Do montante, R$ 535 milhões serão para duplicar, ampliar e melhorar a via permanente e pátios do corredor ferroviário Bauru-Santos; R$ 435 milhões para aquisição de 50 locomotivas e 729 vagões e R$ 206 milhões para construção e ampliação de terminais no interior do Estado e no porto de Santos.
Os próximos passos da perimetral de Santos são a construção do trecho na entrada do porto, em Alemoa e Saboó, e do Mergulhão, que será uma passagem subterrânea para carretas, no Valongo. Ontem tiveram início as prospecções arqueológicas onde ele será construído. O intuito é identificar possíveis vestígios arqueológicos, históricos e culturais da área.

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