Os fabricantes de produtos como eletroeletrônicos entram em 2011 com níveis ajustados de estoques, um fator importante de impulso à produção. No setor automobilístico, o volume de inventários diminuiu em relação ao pico de meados de 2010, devendo deixar de ser um obstáculo relevante à alta da produção - para o segmento, as medidas de restrição ao crédito adotadas pelo Banco Central no mês passado devem atrapalhar mais, já que uma parte significativas das vendas é feita a prazo.
No Polo Industrial de Manaus (PIM), as empresas apostam suas fichas num começo de ano positivo, segundo o assessor econômico da presidência da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Gilmar Freitas. Ele diz que as encomendas estão firmes, apontando para um aumento da produção em janeiro de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, um mês em que a atividade econômica tinha sido forte. "As empresas fizeram uma projeção já esperando a continuação de uma demanda aquecida pelo menos até o fim do primeiro semestre", afirma ele, segundo quem o volume de pedidos, ainda que expressivo, está dentro do esperado pelo segmento. "Praticamente toda a produção de janeiro está vendida." Com base no volume de encomendas às empresas do PIM, Freitas acredita que o varejo virou o ano com estoques baixos, próximos aos "apresentados no encerramento de 2009", níveis que ajudaram a impulsionar os negócios no ano passado. Assim como em 2010, Freitas acredita que o setor de eletroeletrônicos, a locomotiva do PIM, deve registrar o melhor desempenho em 2011. O aquecimento também é sentido na indústria de componentes eletrônicos, que fornece para grandes prestadores de serviço, como distribuidoras de energia elétrica, redes de TV a cabo e empresas de telefonia. "Todo o segmento de telecomunicações está em plena expansão e somos beneficiados por investimentos sociais de eletrificação no campo, tanto do governo federal quanto do estadual", comentou Ailton Ricaldoni Lobo, dono da Clamper, empresa de Lagoa Santa (MG). Ele espera atingir R$ 30 milhões de faturamento este ano, ante R$ 20 milhões no ano passado e especificamente para o mês de janeiro prevê um faturamento 20% superior ao mesmo período no ano passado. No ramo de componentes eletrônicos, o nível de estoques é baixo. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, também espera um bom crescimento no começo de 2011, dado o nível de encomendas de dezembro. As empresas que vendem bens de consumo duráveis devem ter um ano bastante positivo, diz. No caso das que fabricam bens de capital, há perspectivas promissoras, dado o cenário favorável para o investimento em infraestrutura e do programa Minha Casa, Minha Vida (que favorece as companhias que fabricam materiais elétricos de instalação, por exemplo). O temor de Barbato, porém, é que parte dessa demanda não seja atendida por empresas brasileiras. O câmbio valorizado e o elevado custo de produção no país afetam a competitividade das empresas brasileiras, afirma ele. "Há encomendas, mas a rentabilidade muitas vezes é muito baixa." A indústria de veículos, que conviveu com volumes de estoques elevados especialmente no meio do ano passado, reduziu um pouco os inventários ao longo dos últimos meses. O diretor de assuntos corporativos para a América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb, diz que os estoques caíram mais em dezembro, um mês em que os emplacamentos cresceram 30,2% sobre o mesmo mês de 2009. A economista Tatiana Pinheiro, do Santander, diz que essa é uma boa notícia, observando que o setor não deverá ter, porém, um ano como 2010, quando os licenciamentos aumentaram quase 12%. Golfarb acredita que haverá algum crescimento, mas inferior ao do ano passado. Além de não haver mais o incentivo do Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) mais baixo, que vigorou em parte de 2010, o setor vai enfrentar um quadro de crédito mais restritivo e de provável aumentos dos juros, lembra ele. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Bellini, acredita em alta das vendas de 4% a 5% em 2011. Para a produção, a entidade trabalha com aumento pouco superior a 1%. "As vendas devem crescer mais que a produção por causa do aumento das importações e de alguma redução das importações. Estamos perdendo competitividade devido ao real forte", diz Bellini. Essa forte concorrência externa é um dos fatores que podem limitar um voo mais alto da indústria em 2011, na visão do economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero. Para ele, o aumento da fabricação de bens intermediários (insumos) é um sinal favorável, que costuma antecipar aumento da produção do resto da indústria, assim como a queda de estoques. A questão, segundo ele, é que a demanda interna tem sido atendida em parte expressiva por produtos importados, num quadro de câmbio valorizado. Isso pode limitar o fôlego da indústria em 2011. Para Montero, é preciso verificar também a real magnitude da queda dos estoques de veículos em dezembro, a ser divulgada hoje, para ter ideia do potencial de expansão do setor no começo do ano. De julho a novembro, os inventários caíram de 330 mil unidades para 291 mil, um recuo não tão expressivo, para ele.(Colaborou César Felício, de Belo Horizonte)
Fabricantes de calçados começam janeiro com toda produção vendida
Autor(es): Sergio Bueno, Murillo Camarotto e Júlia Pitthan | De Porto Alegre, Recife e Florianópolis |
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/fabricantes-de-calcados-comecam-janeiro-com-toda-producao-vendida |
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Favorecidas pela manutenção da forte demanda no mercado interno, as indústrias calçadistas e de vestuário entraram 2011 com as encomendas em alta e animadas com a possibilidade de verem suas vendas beneficiadas pelo aperto no crédito, que deve afetar a venda de bens mais caros. Em algumas calçadistas, como a Pegada, de Dois Irmãos, e a Piccadilly, de Igrejinha, a produção de janeiro já foi toda vendida e o ritmo dos negócios vai exigir novos investimentos em expansão de capacidade. O problema continua na exportação, prejudicada pela valorização excessiva do real, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A Piccadilly precisou antecipar para o dia 3 o retorno das férias coletivas que deveria ocorrer no dia 17 deste mês, disse o diretor-presidente, Paulo Grings. A empresa vendeu 770 mil pares de calçados femininos em janeiro, 54% a mais que no mesmo período do ano passado. "O varejo está confiante e decidiu repor os estoques de produtos de verão, que acabaram no período de vendas de Natal", disse. A Pegada manteve o calendário tradicional e volta a trabalhar dia 17, mas a produção de janeiro já havia sido vendida em dezembro, enquanto no início de 2010 as encomendas firmes equivaliam a uma semana de operação, diz o diretor-comercial, Astor Ranft. A Piccadilly prevê crescimento de 20% no volume de produção e no faturamento de 2011 em comparação com o ano passado. A empresa ainda não fechou o balanço de 2010, mas "no mínimo" cumpriu a meta de 8,9 milhões de pares e R$ 282 milhões em receita bruta, ante 7,8 milhões de pares e R$ 222,8 milhões em 2009. Para dar conta das projeções de crescimento, vai investir R$ 5 milhões neste ano para expandir a capacidade instalada total de 10 milhões para 11 milhões de pares por ano. Em 2010 a empresa contratou cerca de 400 funcionários, elevando o quadro para 3,2 mil pessoas, e prevê recrutar outros 300 este ano. A Pegada vai investir R$ 4 milhões até o segundo semestre para dobrar a capacidade de produção das unidades de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, e Ruy Barbosa (BA), para 10 mil pares/dia cada. A empresa, que produziu 2,1 milhões de pares em 2010, opera praticamente a plena capacidade e prevê crescer 15% a 20% neste ano. Segundo o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, as projeções preliminares do setor são de crescimento de 7% das vendas internas em 2011, sobre uma base de 650 milhões de pares. Em 2010 a expansão foi de 10%. O problema, segundo ele, segue focado nas exportações, que foram de US$ 1,485 bilhão em 2010, ante US$ 1,360 bilhão em 2009, sem retornar ao US$ 1,871 bilhão de 2008. Com três unidades em Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, a fabricante de lingerie Hopeprevê mais um ano de crescimento expressivo. Além da demanda forte, a empresa acredita que seu setor será um dos maiores beneficiados pelo aperto na concessão de crédito de longo prazo estabelecido pelo governo federal. "Esse freio no financiamento de bens duráveis deve trazer mais dinheiro para os bens de consumo não-duráveis", disse o diretor-comercial da empresa, Carlos Padula. A Hope projeta para este ano um crescimento de 40% sobre 2010, que já cresceu 38% sobre 2009. Segundo Padula, o volume de pedidos feitos em dezembro para entrega em janeiro foi 54% maior do que um ano antes. Além disso, as encomendas feitas na primeira semana de 2011 foram 60% superiores ao mesmo mês de 2010. No setor têxtil, a alta dos preços do algodão, que superou 100% ao longo de 2010, impactou os resultados. Segundo João Henrique Marchewsky, presidente da Buettner, a indústria entrou em um período de queda-de-braço com o varejo para o repasse de preços. Para a fabricante catarinense de cama, mesa e banho, dezembro de 2010 teve um desempenho abaixo do de 2009. Sem sobrecarga de pedidos, a empresa concedeu férias coletivas da semana do Natal até dia 10 de janeiro. No dia 4, 40% dos funcionários voltaram ao trabalho. Segundo Marchewsky, janeiro será 20% mais fraco do que o mesmo mês de 2010 também pela influência do preço do algodão.
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Importação afetou oferta doméstica, avalia IBGE
Autor(es): Rafael Rosas | Do Rio |
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/importacao-afetou-oferta-domestica-avalia-ibge |
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O elevado patamar das importações e os altos estoques que perduram em alguns setores contribuíram para manter a produção industrial próxima da estabilidade em novembro. A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou pequena retração de 0,1% na produção em relação a outubro na série com ajuste sazonal. O gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, observou que "embora estável na margem, a indústria vem operando em patamar próximo do recorde, que foi em março". Esse resultado, disse, está associado às importações e aos estoques. Entre os principais setores afetados pelas importações, ele destacou metalurgia básica, calçados e têxteis, além de bens de capital. A influência das importações sobre esses setores pode ser medida pela média móvel trimestral da produção. Na metalurgia básica houve alta marginal de 0,2% na média móvel, enquanto os calçados apresentaram recuo de 2,1% e a indústria têxtil viu a média móvel retroceder 1,2% entre outubro e novembro. Já o impacto dos estoques elevados se mostrou com mais força nos últimos meses sobre os veículos automotores e os eletrodomésticos, principalmente na linha branca, setores que aumentaram a produção na época das desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Mas Macedo ressaltou que já se observa redução de estoques em alguns setores. A série com ajuste sazonal mostrou recuperação dos bens de capital. A alta de 3,2% em novembro reverteu a tendência de queda acumulada em setembro e outubro. Macedo também destacou que os bens intermediários "abandonaram a estabilidade dos dois últimos meses" ao subir 1% em novembro. Os bens de consumo duráveis recuaram 0,7% em novembro na comparação com outubro, e os bens de consumo semi e não duráveis caíram 0,5%. Entre as 27 atividades analisadas pelo IBGE, Macedo destacou a queda na produção de alimentos, com baixa de 2,1%, acumulando perda de 6,1% nos três últimos meses. Enquanto isso, o refino de petróleo e álcool cresceu 3% e a produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 7,2%. Na comparação com novembro de 2009, a produção industrial subiu 5,3% e avançou em todas as categorias de uso, com alta de 9% em bens de capital. No acumulado em 11 meses, o aumento foi de 11,7%. Caso o patamar de crescimento seja mantido, a alta da produção industrial em 2010 ficará acima do recorde de 8,3%, de 2004. |
Siderurgia e petroquímica mantêm rumos distintos
Autor(es): Chico Santos | Do Rio |
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/siderurgia-e-petroquimica-mantem-rumos-distintos |
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O segmento de bens intermediários chegou a 2011 com dinâmicas setoriais bem diversas. Enquanto a siderurgia amarga estoques elevados nas distribuidoras e concorrência cada vez mais acirrada dos importados, o setor de resinas petroquímicas começa o ano otimista com a recomposição de estoques do varejo (embalagens) e com baixos estoques nos clientes de artefatos de plásticos.
Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), diz que os estoques do setor, que fecharam 2009 em 765 mil toneladas, devem ter fechado 2010 (números preliminares) perto de 1,15 milhão de toneladas, uma elevação de 50%. "O começo do ano será de desova de estoques que só deverão estar em níveis normais entre abril e maio", antevê o executivo. Loureiro entende que houve uma bolha de estocagem de aço pelos distribuidores nos dois primeiros trimestres de 2010, na expectativa de uma demanda muito acelerada, e que essa bolha ainda não foi desfeita até hoje. Ele parte de um exercício simples para explicar a constatação: em 2010 o consumo aparecente deve mostrar um aumento de 42% a 43% do consumo aparente de aço no país (representado pelas vendas da indústria). Em uma série de 20 anos, porém, o aumento médio do consumo tem sido equivalente a duas vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Com a estimativa quase unânime de que o PIB cresceu cerca de 7,5% ano passado, infere-se que o crescimento real do consumo de aço ficou em torno de 15%, em linha com o que cresceram a construção civil (16%) e a indústria automobilística (14%). Isso dá uma diferença superior a 25 pontos percentuais entre o consumo aparente e o real. Feitos os ajustes devidos, Loureiro crê que essa diferença é de, pelo menos, 15 pontos. Além dos estoques elevados, outro fator a pressionar negativamente a produção brasileira de aço em 2011 é a concorrência externa. Loureiro estima que as importações fecharam 2010 muito próximas das 6 milhões de toneladas, um recorde que representou de 22% a 25% do consumo, quando a média histórica é entre 5% e 6% . Rui Chamma, vice-presidente da Unidade de Polímeros da Braskem, começa 2011 com percepções negociais bem diferentes das de Loureiro. Segundo ele, o mês de dezembro foi "atípico", no sentido positivo, para o mercado de resinas termoplásticas, compondo um cenário de aquecimento parecido com o do final de 2007. "A gente sente a demanda arrefecer lá por volta de 15 de novembro. As empresas começam a dizer que vão parar em dezembro e nós esperamos o retorno lá para fevereiro", explica o executivo, acrescentando que dessa vez foi diferente. "Poucas empresas deram férias coletivas e a demanda foi normal, com exceção da semana entre o Natal e o Ano Novo." Em consequência, ele define este começo de ano como "animado", com o varejo repondo estoques (o que demanda embalagens plásticas) e os pedidos fluindo para a indústria.
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Investimento pesado em inovação exige que Finep vire banco, defende ministro
O Estado de S. Paulo - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/investimento-pesado-em-inovacao-exige-que-finep-vire-banco-defende-ministro |
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Aloizio Mercadante é, como ele define, um economista que "está ministro". Após as primeiras horas no cargo de ministro de Ciência e Tecnologia, ele anunciou que pretende transformar a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública responsável por bancar projetos na área de ciência e tecnologia, em instituição financeira. Seria uma forma de aumentar investimentos no setor.
Em entrevista ao Estado na noite de anteontem, Mercadante adiantou que ordenou uma revisão do acordo espacial com a Ucrânia para lançamento de foguetes da base de Alcântara (MA). Também admitiu que tem dúvidas sobre a conveniência de produzir urânio enriquecido para exportação.
Pesquisas na área de defesa dividem prioridades, segundo ele, com áreas de maior potencial de inovação, como petróleo e gás, por conta da exploração do pré-sal, e a indústria farmacêutica, impulsionada pelo vencimento de patentes de medicamentos nos próximos anos. Qual é o papel do ministério no governo Dilma Rousseff? O governo Lula criou as bases de um novo desenvolvimentismo, uma inflexão histórica que supera o nacional desenvolvimentismo e o que foi o neoliberalismo. É um padrão de desenvolvimento que tem como eixo estruturante a criação de um mercado interno forte de consumo de massas e políticas de inclusão social. Agora, precisamos olhar a agenda para o futuro: o Brasil não pode se acomodar no papel de exportador de commodities. Temos de enfrentar um concorrente com custos cada vez mais reduzidos, que é a China. Temos problemas de juros, de câmbio, de carga tributária, de infraestrutura, mas somos uma economia que voltou a crescer. Isso significa que temos de focar na inovação como o grande desafio da indústria e da economia brasileiras. A questão da sustentabilidade e a questão da sociedade do conhecimento são grandes desafios. E como entram Ciência e Tecnologia nessa agenda? A primeira prioridade é melhorar a formação de recursos humanos. Formávamos 5 mil doutores e mestres em 1987. Em 2009, formávamos 50 mil mestres e doutores, mas ainda estamos abaixo da média internacional. Segundo, aprofundar a pesquisa. Na inovação, temos de ter uma visão sistêmica, que articule os agentes e com atenção para as cadeias que têm grande potencial inovador. Por exemplo, gás e petróleo. O Brasil vai ter mais de 25% da capacidade de compra de todo o investimento offshore de gás e petróleo no mundo. É uma janela de oportunidade. Da mesma forma, a área de fármacos. O déficit comercial nessa área é de mais de US$ 4 bilhões. A partir de 2014, as patentes estarão abertas. Então o Brasil tem potencial para usar essa oportunidade para desenvolver novos medicamentos, patentes próprias, inovação, pesquisa. O sr. defende a criação de uma superempresa nacional para competir nessa área? Não participei de nenhuma discussão nesse sentido. O que interessa é inovar, e a gente não inova sem parceria com a iniciativa privada. As empresas brasileiras investem pouco em pesquisa e desenvolvimento: 0,51% do PIB. No Japão, ele é de 2,7%. Por que as empresas investem pouco aqui? Porque a cultura industrial do passado era a da reserva de mercado, onde a tecnologia era importada. E porque viemos da hiperinflação, mais de duas décadas de baixo crescimento, instabilidade, custos elevados, juros, câmbio e carga tributária. Agora o ambiente macroeconômico se estabiliza, o crescimento acelera e você tem política industrial, apoio do BNDES, da Finep, começa a ter um marco legal mais favorável à inovação. Uma das metas é transformar a Finep numa instituição financeira para aumentar a capacidade de financiamento. Temos um parecer do Banco Central, conversei com a presidenta Dilma e ela gostou da proposta. É viável a meta de investimento no setor? O porcentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento dos setores público e privado está em torno de 1,25% do PIB. Para chegarmos à meta de 1,5%, a verba para o setor precisa crescer 10% ao ano. É ambicioso, mas possível. A recomendação da 4.ª Conferência de Ciência e Tecnologia é chegarmos a algo entre 2% e 2,5% em uma década. Essa ambição histórica o Brasil tem de ter. E temos de superar entraves básicos, como a importação de reagentes. A Anvisa fez um protocolo, a Receita fez, mas não resolveu. O complexo industrial da saúde merece atenção. Outro complexo muito importante na inovação é o da defesa. Temos alguns projetos importantes, a discussão de como transferir tecnologia na aviação militar, que é fundamental para a nova geração da aviação civil. Na área aeroespacial, o presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, assumirá a presidência da Agência Espacial Brasileira. O acordo espacial com a Ucrânia será mantido? Vamos fazer uma avaliação profunda e olhar a empresa binacional que está envolvida. É prematuro um posicionamento. Novas definições do programa nuclear estão suspensas desde 2008, pouco depois da retomada do programa. Há lobby pela participação da iniciativa privada na construção e operação de novas usinas, o que exige emenda constitucional. O sr. apoia? Existe um grupo ministerial, e o ministério pode ser ouvido no futuro. Mas a competência do nosso ministério é a pesquisa e a inovação, o domínio do ciclo do enriquecimento de urânio. Domínio em escala industrial é uma possibilidade. Esse passo só se justificaria se fôssemos exportar urânio enriquecido. Há demanda no mercado internacional, mas outros países estão estabelecendo investimentos nessa área, então temos de pensar bem a viabilidade econômica desse passo. Sua conversa com a presidente até aqui já desceu a detalhes? Hoje (anteontem), conversei com ela mais de duas horas. Ela é do ramo, gosta, motiva-se. Conversamos sobre banda larga e inclusão digital. Tenho um projeto aprovado no Senado que canaliza recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para esse programa. O Fust arrecada R$ 1 bilhão por ano, e esses recursos sempre foram contingenciados. Não vamos resolver o apartheid social se não resolvermos o apartheid digital. Na votação do Orçamento de 2011, parlamentares tiraram dinheiro da ciência para financiar projetos de turismo. Como são emendas que viabilizam respostas imediatas às prefeituras, ganham apoio. Mas devíamos olhar adiante e ver que essas cidades deviam estar preocupadas em montar uma incubadora de empresas com base tecnológica, pensar em parques tecnológicos para atrair empresas que vão criar emprego e pesquisa. Mas conseguimos negociar e a verba vai voltar para o orçamento, porque a presidenta assegurou que voltará. Qual é o maior problema que encontrou? Depois do que passei na liderança do Senado, ainda não encontrei nenhum. Seguramente há. Sou economista professor, estive senador, estou ministro. Acredito que o Brasil só dará um salto histórico se olhar a sustentabilidade e a sociedade do conhecimento. Um dos projetos que vamos implementar é a previsão de catástrofes. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) tem um novo supercomputador, vamos usá-lo e cruzar com informações das áreas de risco. Nós estimamos 500 áreas de risco no País e 5 milhões de pessoas expostas. O sr. falou em atrair talentos, mas como se dará isso? Com estímulo. Queremos repatriar talentos que saíram nas épocas difíceis. Só professores nas universidades americanas, em exercício, são cerca de 3 mil. Vivemos uma diáspora de talentos, hoje somos um ímã. |
Consumo de energia no Brasil cresce 8,3% em 2010 e bate recorde histórico
Autor(es): agência o globo : |
O Globo - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/consumo-de-energia-no-brasil-cresce-8-3-em-2010-e-bate-recorde-historico |
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Alta supera expansão do PIB. No Sudeste/Centro-Oeste, avanço foi de 8,9%
O consumo de energia elétrica em 2010 registrou recorde histórico de crescimento. A carga de energia medida pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) no Brasil no ano passado foi 8,3% maior que a de 2009, atingindo 56.577 megawatts médios (MWm) e superando até mesmo a previsão do mercado de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) para o período, de 7,6%.
De acordo com os dados divulgados ontem pelo ONS, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que tem um peso de cerca de 60% no Sistema Interligado Nacional (SIN), foi o principal motivo da alta, tendo registrado carga de mais de 35 mil megawatts médios no ano, uma alta de 8,9% em relação ao ano anterior.
"Além dos efeitos da retomada da economia, o desempenho da carga de energia foi muito impactado pelas altas temperaturas, acima da média histórica, ocorridas durante os primeiros meses do ano", avaliou o ONS em nota.
Com retomada, indústrias consomem 11% mais
O subsistema Sul ficou em segundo lugar, com 9.352 megawatts médios, alta de 6,5%, seguido pelo Nordeste, com 8.325 MWm, avanço de 8,5% ante 2009 e do subsistema Norte, cuja carga foi de 3.891 MWm, alta de 7,1% frente ao ano anterior.
Ainda segundo o ONS, o aumento do consumo no ano passado foi impulsionado pela retomada da economia, que até o primeiro semestre de 2009 sentiu os efeitos da crise internacional.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética citados pelo ONS indicam que durante o período de janeiro a novembro, observou-se que o consumo de energia elétrica voltada para uso residencial e comercial teve crescimento de 6,5% e 6,2%, respectivamente. Já o consumo industrial cresceu 11%.
Em dezembro o país registrou carga de 58.076 MWm, alta de 6,3% contra mesmo mês do ano anterior e de 1% em comparação a novembro, enquanto o subsistema Sudeste/Centro-Oeste teve carga 8% maior, com 36.239 MWm.
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Vale aplica reajuste de 7% no Brasil
Autor(es): Vera Saavedra Durão | Do Rio |
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/vale-aplica-reajuste-de-7-no-brasil |
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O reajuste do minério de ferro da Valeneste primeiro trimestre de 2011 foi de 8,08% para clientes internacionais com contratos de longo prazo, na faixa de 7% para as siderúrgicas brasileiros e de zero para o setor guseiro durante o mês de janeiro, apurou o Valor. Os novos preços, já em vigor desde segunda-feira, oscilam entre US$ 142 a tonelada no mercado internacional e de US$ 140 a US$ 141 no mercado doméstico, dentro do cálculo da formula de reajuste trimestral IODEX, que é autoaplicável. Eles foram calculados com base nos novos percentuais de aumento aplicados sobre o preço de US$ 131,90 vigente no ultimo trimestre de 2010. Os números levantados não consideram os descontos negociados caso a caso entre a Vale e sua clientela. A empresa comunicou os novos valores aos seus clientes com um mês de antecedência de sua vigência. Isso é possível porque a fórmula IODEX sempre fecha o trimestre, defasado em um mês. O reajuste do primeiro trimestre foi contabilizado com base na média do "spot" chinês no período setembro-novembro. O preço é aplicado no trimestre calendário. Tudo indica que a formação de preço do minério da Vale para o segundo trimestre pode levar a nova alta, em torno de 5%, conforme analistas ouvidos pelo Valor. Isso porque o preço do minério da empresa no período de abril, maio e junho será definido em cima da média efetiva do preço do "spot" chinês no período dezembro a fevereiro. E o "spot" vem subindo vigorosamente desde dezembro. No último mês de 2010, o minério no mercado livre da China chegou a ser negociado a US$ 170 a tonelada. Neste mês, ao que tudo indica, também continuará em alta. Ontem, era negociado a US$ 171 a tonelada. Se se mantiver assim até fevereiro, quando fecha a formação de preço do IODEX/Vale, certamente terá espaço para nova alta. O recorde foi em abril, quando atingiu US$ 187 a tonelada. No momento, o cenário é de demanda aquecida, principalmente da China, onde a mineradora costuma vender no mercado "spot". Os mercados da Coreia e do Japão, onde a maioria das usinas tem contratos de longo prazo com a Vale, também estão se recuperando. A demanda na Europa, região onde a Vale tem muitos contratos de fornecimento, recupera-se gradualmente. Se houver melhoria na economia europeia e as siderúrgicas reforçarem seus pedidos, as vendas da Vale deverão ser muito boas em 2011. Na projeção dos analistas, a companhia está preparada para produzir este ano 311 milhões de toneladas de minério. Em 2010 deve ter chegado a 300 milhões de toneladas. Conforme seu plano de investimento, há alguns meses, está previsto o aumento da capacidade de produção para 520 milhões de toneladas em 2015. Quase 70% de crescimento ante 2011. Os projetos novos de Serra Sul, em Carajás, e Simandou, na África, vão responder por 90 milhões e 50 milhões de toneladas deste total, respectivamente. O projeto Apolo, em Minas, contribuirá com 24 milhões de toneladas. Outro projeto, o de Serra Leste, em Carajás, vai colaborar com mais 10 milhões. Um fator que tem colaborado também para manter vigorosa a procura por minério é o regime de cotas de exportação do produto em vigor na India. O governo indiano prioriza a oferta local para evitar que as siderúrgicas do país arquem com os altos custos do produto no mercado global. A India era uma exportadora importante para a China e isso diminuiu, beneficiando o Brasil. A qualidade do minério é alta: 65% de ferro. |
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