Entrevista: Para professor, estratégia de longo prazo, centrada no investimento público, também é crucial O governo Dilma Rousseff precisa encontrar um arranjo de política econômica que permita ao mesmo tempo ajustar o ritmo de crescimento da demanda - hoje "um pouco excitada" - e enfrentar a questão do câmbio valorizado, que desarticula cadeias produtivas inteiras, diz o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp e da Facamp. Para ele, é necessário, de fato, controlar as despesas correntes e elevar o superávit primário, para que se consiga executar uma política fiscal anticíclica, "exatamente para não exigir depois do Banco Central uma ação mais enérgica". Belluzzo não descarta uma alta de juros, mas tampouco a considera inevitável. Uma elevação da Selic pode agravar ainda mais a valorização do câmbio, num mundo em que há farta liquidez internacional. Aumentar ou não a taxa vai depender do "mix monetário e fiscal", afirma Belluzzo, que elogia medidas de contenção ao crédito adotadas recentemente pelo BC, que lançou mão de outro instrumento que não os juros. O professor mostra grande preocupação com o câmbio valorizado e seu impacto sobre a indústria, que já sofre com o desmonte de algumas cadeias produtivas, num cenário de forte aumento das importações. "O calcanhar-de-aquiles do governo Lula foi a questão cambial, que pode nos custar caro no futuro. Esse é o enigma que Dilma vai ter de decifrar", afirma Belluzzo, que vê, contudo, um saldo bastante positivo no governo Lula, citando a aceleração do crescimento, a redução da pobreza e a incorporação de milhões de pessoas ao mercado consumidor. Um dos conselheiros econômicos mais importantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Belluzzo também é interlocutor frequente do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A seguir, os principais trechos da entrevista. Valor: O Brasil fechou 2010 com um ritmo de crescimento de 7,5% a 8%, muito puxado pelo consumo das famílias, com a inflação perto de 6% e o câmbio valorizado, facilitando as importações. Qual é o primeiro desafio do novo governo? Luiz Gonzaga Belluzzo: Há alguns desafios instigantes, tanto do ponto de vista do observador como do policy maker. Um deles é manter a economia numa trajetória, que eu não vou dizer de equilíbrio, porque tal coisa não existe numa economia capitalista, mas numa trajetória saudável. Nos últimos dois anos, sobretudo neste último, a recuperação da economia foi realmente puxada pelo consumo, ainda que o investimento tenha tido uma expansão bastante razoável nos últimos trimestres. No caso da inflação, há dois componentes. Ela tem a ver, sim, com a aceleração da demanda, porque isso está expresso na inflação de serviços. E há uma inflação que decorre do choque de commodities. É preciso que o governo tenha claro que tem que apaziguar um pouquinho esse ímpeto da demanda. Mas restringir a gestão macroeconômica pelo lado monetário e do crédito simplesmente à taxa de juros não é compatível até com a natureza e a força dos sistemas financeiros modernos. É óbvio que tem que usar os instrumentos adequados, como o governo está tentando fazer agora. As medidas ["macroprudenciais" de controle do crédito] estão na direção correta. Valor: As medidas de contenção ao crédito substituem ou podem diminuir um aumento de juros? Belluzzo: Acho que elas são complementares. Você não pode supor que ela vá substituir, assim como a questão fiscal. Valor: O sr. vê a necessidade de fazer um ajuste fiscal ou pelo menos de mudar a orientação da política fiscal no começo do governo? Belluzzo: Isso eu não preciso dizer, porque parece que o governo já sinalizou que vai fazer isso. Eu discuto com os meus amigos keynesianos que ficam nervosos quando eu digo que precisa fazer ajuste fiscal, porque eles acham que Keynes era um gerador de déficits, e Keynes não é isso. Quem lê a obra de Keynes sabe que ele é muito cauteloso. Nas recomendações de política do pós-guerra ele diz claramente que você precisa ter um orçamento corrente sempre equilibrado e usar os instrumentos do orçamento de capital, os gastos de investimentos, que geram ativos lá na frente. Há uma discussão sobre a confiabilidade do governo na execução dessa promessa, porque uma coisa é falar e outra é fazer, mas acho perfeitamente factível o governo avançar na meta de superávit primário e conseguir executar uma política anticíclica, exatamente para não exigir depois do Banco Central uma ação mais enérgica. "Nós temos um problema de infraestrutura e um problema gravíssimo em matéria de educação" Valor: O sr. acha que uma alta de juros não é inevitável? Belluzzo: Vamos ver. Eu tenho falado com muita gente do mercado e até alguns economistas de banco têm me dito que está um pouco exagerada essa pressão do mercado sobre o BC. Mas é um jogo de coordenação de expectativas. Valor: O BC fica muito pressionado por causa das expectativas? Belluzzo: O problema é que, se você for pegar um retrospecto, há erros escandalosos do mercado na projeção de inflação. Essa questão da capacidade preditiva dos modelos é muito limitada. É melhor considerar a política monetária mais como uma arte do que como uma ciência. É mais parecido como o trabalho de um grande chefe de cozinha. É mais de sensibilidade. [O ex-ministro Antonio] Delfim Netto diz que há uma pretensão científica de uma precisão e uma certeza que você não tem. E isso não quer dizer que se deva ser condescendente com a inflação. Valor: O sr. não está descartando uma alta de juros nem dizendo que ela é indispensável? Belluzzo: Acho que depende do mix monetário e fiscal. Qual é o inconveniente de um aumento de juros? É o fato de que, num mundo em que há abundância de liquidez, pode aumentar a pressão sobre o câmbio. Isso pode se tornar um problema sério. Se você conversa com os industriais e as suas respectivas cadeias produtivas, vê que isso está se tornando uma questão muito grave. Você está desmontando cadeias inteiras. Valor: A produção industrial está estagnada desde abril, com a demanda crescendo forte e as importações em alta intensa. O sr. acha que está havendo desindustrialização por aumento de importações. Belluzzo: Há uma desarticulação muito importante das cadeias produtivas. O pessoal da siderurgia sabe disso muito bem, sabe o que está ocorrendo com a demanda deles. Em boa parte a demanda interna de aço não cresce muito porque o aço vem importado, chegando mais barato, além de já chegar nos próprios produtos importados. Valor: Além do câmbio, os industriais têm apontado o custo elevado de mão de obra no Brasil. Como enfrentar essa questão? Belluzzo: É necessário pensar numa alternativa para os encargos que incidem sobre a folha de salários. É importante desonerar os encargos, para que haja mais competitividade. Outra questão que o governo vai precisar enfrentar é a desoneração das exportações. Há notícias de que não se conseguem recuperar os créditos. Isso tem a ver também com a guerra fiscal. Há três problemas aí. O câmbio, o excesso de impostos que se exporta e a guerra fiscal, que faz com que os Estados às vezes facilitem a importação. Essas medidas de facilitar importações são um delírio. É um negócio que vai causar prejuízo para o país inteiro. Valor: O IOF sobre fluxos de capitais é eficaz para evitar uma valorização cambial maior? Belluzzo: Há formas de burlar, mas se for assim você não vai fazer nada. É preciso ir além do IOF, operando no mercado futuro, onde muitas negociações, que acabam por valorizar o câmbio, são feitas. Digamos que o governo impeça operações de 30 dias e de rolar por mais tempo, exigindo que as operações sejam feitas em 180 dias, além de dar volatilidade na taxa de câmbio. Isso seria ótimo, porque hoje o investidor deita e rola. Valor: O câmbio é o principal desafio do governo Dilma? Belluzzo: É o conjunto da obra. Como fazer um arranjo de política econômica que provoque um ajuste do crescimento, da demanda que está um pouco excitada e, ao mesmo tempo, possibilite uma desvalorização administrada do câmbio, para que também não haja um choque cambial. Há dois riscos aí. Um é o de ter uma desvalorização do câmbio abrupta por causa de uma parada súbita de capitais. Eu não acho que isso esteja no horizonte, mas de repente os juros no mundo desenvolvido podem subir e virar a engrenagem da arbitragem. Há esse risco, embora eu não ache que ele seja iminente, até porque a situação da Europa é muito ruim, é terminal. Já nos EUA, apesar de todas as omissões que o governo cometeu, a situação é melhor, do ponto de vista da recuperação. Mas pode haver uma reversão dos fluxos de capitais. Valor: Mesmo com o nível de reservas que nós temos hoje pode haver uma desaceleração abrupta? Belluzzo: Acho que nós estamos mais defendidos hoje. É verdade que em 1998 e 1999 a situação era diferente, porque nós não tínhamos o câmbio flutuante, mas quando começou a pressão sobre o real que levou à desvalorização, o Brasil tinha US$ 74 bilhões de reservas internacionais, e elas se esvaíram em três meses. O outro risco é o avesso desse. Imagine que de repente se acelera a exploração do pré-sal e o pessoal esquece completamente o câmbio, porque não vai haver problema de financiamento externo. Valor: A previsão é de um déficit em conta corrente de 2,5% do PIB em 2010, passando de 3% a 3,5% em 2011. Nós podemos entrar num processo de déficits em conta corrente elevados e continuados? Belluzzo: Se deixar, o déficit vai logo para 5% do PIB. Acho que isso pode ocorrer e a probabilidade não é baixa, se continuar esse arranjo macroeconômico. É possível que se chegue lá ainda com as penas da desindustrialização. Reduzir muito o peso da indústria no valor adicionado tem consequências ruins para o emprego. Não vamos nos esquecer que quando os EUA começaram o processo de globalização de suas empresas, a sair em busca de regiões em que a taxa produtividade/salários fosse maior, isso foi concomitante a uma queda importante do nível de vida da classe média americana. Temos de olhar isso com muito cuidado porque o Brasil pode ter esse fenômeno de modo precoce, já que não chegamos ao patamar de renda dos EUA. Valor: Como se combate esse risco de déficit em conta corrente, com um risco de desindustrialização precoce? Belluzzo: Nós temos que ter um arranjo macroeconômico que permita recuperar um câmbio competitivo. É importante nos darmos conta de que a dimensão de ativo do câmbio ganhou preeminência em relação ao de preço relativo, por conta do movimento de capitais. Já há um convencimento de que é preciso colocar um pouco de disciplina nisso, porque os movimentos de capitais são sempre pró-cíclicos. Alguém já viu um movimento anticíclico do mercado? Valor: O arranjo macroeconômico tem que ter o câmbio competitivo e o que mais? Belluzzo: É preciso ter estratégia de longo prazo, concentrada nessa ideia de ter um programa de investimento público muito bem definido e financiado, com objetivo muito claro. "O calcanhar-de-aquiles do governo Lula foi a questão cambial, que pode nos custar caro no futuro" Valor: O PAC é isso? Belluzzo: De alguma maneira é, sim. Nós ficamos discutindo essas questões de curto prazo e esquecemos que no longo prazo temos um problema de infraestrutura, um problema gravíssimo em educação e agora, finalmente, parece que virou consenso que há um problema na área de desenvolvimento científico e tecnológico. O problema da educação básica é seríssimo, e não adianta mais dar desculpas. Temos que, de alguma maneira, enfrentar isso. Valor: A partir do segundo governo Lula houve o PAC, o Minha Casa, Minha Vida, os bancos públicos ofereceram taxas mais baixas, o BNDES dobrou de tamanho. Qual é o papel do Estado que Dilma herda? Belluzzo: O Estado brasileiro é indutor, por meio de seus bancos públicos, do BNDES, do PAC, da Petrobras. Não vejo nenhum estímulo nem nenhuma necessidade de mudar isso. O Brasil tem um sistema público de financiamento que funcionou de maneira muito eficaz na crise, comprando carteiras de bancos menos líquidos, atendendo inclusive um pedido do presidente Lula. A queda do PIB em 2009 [de 0,6%] teria sido muito maior sem a participação dos bancos públicos. Além disso, o BNDES cumpriu um papel fundamental, ao manter o investimento e permitir que as empresas se recuperassem rapidamente da queda abrupta. O problema naquele momento foi o BC, que demorou muito para cortar os juros e, quando começou, cortou pouco. Estaríamos numa situação menos aflitiva se o BC tivesse aproveitado a crise para ir mais longe, reduzindo mais a Selic. Valor: O sr. se preocupa com o aumento da dívida bruta do governo causado pela capitalização do BNDES pelo Tesouro? Belluzzo: Não. A capitalização do BNDES significa uma mudança de seu endividamento. Isso não vai se repetir. Serviu para a recuperação e aceleração da economia, em 2009 e 2010, e não deve mais ser feito. Valor: E a engenharia contábil para engrossar o superávit primário do ano passado, aproveitando a capitalização da Petrobras? Belluzzo: É uma coisa que se faz uma vez e não vai repetir. Agora é hora de ir atrás do superávit primário legítimo. Valor: Uma das metas colocadas pela presidente Dilma é levar a dívida pública líquida a 30% do PIB em 2014, que hoje está em 41%. O sr. acha que será feito por meio de superávit primário mais elevado ou de PIB crescendo forte? Belluzzo: O mais interessante seria fazer com crescimento acelerado e com primário alto, com o gasto público funcionando de maneira anticíclica. Agora é hora de apertar os gastos. Dessa forma é possível, sem dúvida. Valor: O que precisa ser feito para reduzir mais fortemente a Selic? Belluzzo: É preciso mexer no juro real da poupança, que precisa virar uma taxa de juros nominal, como ocorre em qualquer país civilizado. Isso é uma herança do período inflacionário, bem como as indexações das tarifas. Temos enorme concentração de recursos nas operações compromissadas, indicativo do "curto-prazismo" dos investidores. Isso deveria ser remunerado abaixo da Selic, essa indexação à Selic é péssimo. Valor: Que balanço o sr. faz dos oito anos do governo Lula? Belluzzo: Lula tomou posse num clima muito ruim, com o dólar a R$ 3,53, uma desconfiança enorme dos mercados. Havia um temor horrível nos mercados. Cheguei a receber 15 delegações estrangeiras me perguntando se repetiríamos a crise argentina. Mas Lula foi muito cauteloso e contou com a sorte, porque foi o momento em que a China começou a acelerar. Houve uma demanda impressionante de commodities, algo que nunca tínhamos visto. A política econômica mais cautelosa foi importante num momento, ainda que em 2004 o BC tenha errado a mão ao elevar muito os juros e abortar o crescimento de 2005. Tivemos problema de descoordenação, mas a partir do segundo mandato as coisas ficaram mais sob controle, até, em boa medida, graças ao papel da Dilma, na definição e gestão do PAC, ao mesmo tempo em que as condições externas continuaram muito favoráveis até o fim de 2008, quando estourou a crise. Valor: Por que o Brasil se saiu bem na crise? Belluzzo: Os bancos públicos tiveram um papel importante. Sem nada que parecesse maluquice, fizeram tudo direitinho. Segundo, a política anticíclica fiscal que o Guido [Mantega, ministro da Fazenda] tocou, ajudou o país a sair muito rápido da crise. Faço avaliação muito positiva do governo Lula e mais positiva ainda se compararmos com as expectativas. A redução da desigualdade é importante, mas não dá para ser exagerada, porque não podemos mapear com clareza o topo da pirâmide, apenas a da base. Mas a redução da pobreza é inequívoca. Os aumentos reais do salário mínimo foram uma política ainda mais importante que o Bolsa Família nesse sentido. Além disso, vimos a taxa de crescimento do Nordeste superar a média nacional. Antes o crescimento era muito concentrado. O crédito consignado, bem como o salário mínimo, trouxe muita gente para o mercado consumidor. Esse ganho precisa ser mantido. Por isso a inflação deve ser bem combatida, porque atinge mais os de baixo. Valor: E os principais erros? Belluzzo: O calcanhar-de-aquiles do governo Lula foi a questão cambial, que pode nos custar caro no futuro. Esse é o enigma que Dilma vai ter de decifrar. Foi tão ruim quanto a valorização do governo Fernando Henrique Cardoso. As pessoas criticam a política fiscal do Lula, mas esquecem que a política fiscal do primeiro governo FHC foi desastrosa. FHC, de quem eu gosto muito, fica nervoso quando se faz essa comparação, mas é preciso entender que aquele regime macroeconômico que prevaleceu até 1999 foi desastroso e teve consequências ruins para a economia, que cresceu pouco.
Inflação na cidade de SP é a maior desde 2004
Inflação em SP encerra 2010 com alta de 6,4% |
Autor(es): Hélio Barboza e Marcílio Souza |
O Estado de S. Paulo - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/inflacao-na-cidade-de-sp-e-a-maior-desde-2004 |
|
Índice é o maior desde 2004; para este ano, a previsão é que os preços subam 4,5%
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação da cidade de São Paulo, fechou 2010 com alta de 6,40%, ante 3,65% em 2009 e 6,16% em 2008. Foi a maior variação desde 2004, quando o índice registrou inflação de 6,56%. O resultado apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) veio acima da mediana das estimativas coletadas pelo AE Projeções, que oscilavam de 6,22% a 6,50%, com mediana de 6,36%. Já o IPC de dezembro desacelerou para 0,54%, ante 0,72% em novembro. No entanto, o índice mensal também ficou acima da mediana das projeções dos analistas consultados pelo AE Projeções, que iam de 0,36% a 0,62%, com mediana de 0,49%. O IPC desacelerou também na comparação com a terceira quadrissemana do último mês de 2010, quando ficou em 0,56%. Para 2011, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Antonio Evaldo Comune, prevê que o índice ficará no centro da meta da inflação, de 4,5%, mas o viés será de alta. "Não tenho motivos para desconfiar que o governo não fará de tudo para cumprir a meta. Minha previsão é de 4,5% para o IPC, mas considerando o arranque forte de janeiro e pressões eu, no mínimo, tenho de colocar um viés de alta nesse número." As principais pressões para o IPC em 2011, de acordo com o economista, deverão vir dos setores de alimentação e transportes. "Há ameaças pela frente. A questão da carne não está resolvida e deve perdurar em janeiro e fevereiro", disse Comune. Quanto aos transportes, uma grande contribuição para o IPC deve vir do reajuste de 11% da tarifa de ônibus urbano na cidade de São Paulo. Segundo a Fipe, o impacto deste reajuste, que deve se estender por janeiro e fevereiro, será de 0,42 pp no índice. Apenas em janeiro, a contribuição do reajuste deve ser de 0,36 pp n IPC. Comune espera ainda que o IPC em janeiro apresente alta de 1,20%. Se concretizada, seria a segunda maior alta para o IPC num mês de janeiro desde a de 2,19% registrada em janeiro de 2003. Em igual mês do ano passado, o IPC subiu 1,34%. Destaques. Ainda referente ao índice de 2010, os preços do grupo Alimentação subiram 12,20%, acelerando nada menos que 10,39 pontos em relação à alta de apenas 1,81% registrada em 2009. Esse grupo foi o principal responsável para que o índice atingisse o maior nível desde 2004. O excesso de chuvas nos primeiros meses de 2010 e a alta de commodities agrícolas e da carne bovina no segundo semestre mantiveram pressionados os preços durante quase todo o ano passado. Outro grupo que acelerou foi Transportes, cuja variação passou de 1,74% em 2009 para 7,06% em 2010. Um reajuste de 17,4% da tarifa de ônibus urbano em janeiro, bem como altas de combustíveis, principalmente do álcool no segundo semestre, contribuíram para o resultado. Vestuário completa o conjunto dos grupos que aceleraram entre 2009 e 2010, passando de 1,36% para 3,33%. As variações de todos os demais grupos arrefeceram de um ano para outro. Habitação passou da alta de 3,89% em 2009 para 3,45% em 2010. O grupo de Despesas Pessoais foi de 7,23% para 5,02%. Saúde apresentou alta de 5,85% em 2010, menor que a de 6,82% de 2009, e Educação subiu 5,52% no ano passado, ante a alta de 6,91% do ano retrasado.
Ano de ouro dos fundos
Autor(es): Luciana Monteiro, de São Paulo |
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/ano-de-ouro-dos-fundos |
|
Pode-se dizer que 2010 foi um ano de ouro para o setor de fundos de investimento. O segmento encerrou o período com captação líquida (aportes menos resgates) recorde de R$ 105,912 bilhões, o que significa um crescimento de 15,42% em relação ao ingresso de 2009, que já havia sido recorde. No ano passado, o total captado foi de R$ 91,759 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Mesmo os resgates líquidos de R$ 14,840 bilhões em dezembro não foram suficientes para tirar o brilho do setor. Aliás, com exceção de novembro e dezembro, os fundos tiveram um ano de captação, com dez meses seguidos de aplicações superando os resgates. Com isso, o setor encerrou o ano com patrimônio de R$ 1,614 trilhão. O setor de fundos brasileiro se consolida como o maior da América Latina e o sexto maior do mundo, Luiz Macahyba, superintendente da Anbima. "A indústria de fundos brasileira tem um papel relevante em termos de volume e de capacidade de influenciar todo esse setor latino-americano." Os dados mostram ainda que os bons ventos também sopraram no que se refere ao crescimento no número de contas dos investidores. No ano passado, foram abertas 500 mil contas em fundos. No início de 2010, por exemplo, eram 10,2 milhões, passando a 10,7 milhões. Vale lembrar que um investidor pode ter aplicações em várias carteiras. O bom ano registrado para as aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês) trouxe um novo gás para o setor de fundos, ressalta o consultor de investimentos Marcelo D"Agosto, autor do livro "Como escolher o melhor fundo de investimento." "Os recursos captados nos IPOs foram para o caixa das empresas ou para o bolso dos sócios, e grande parte disso foi aplicada em fundos", diz. Não por acaso, os números mostram que o segmento corporate foi um dos que mais evoluíram, passando de um patrimônio de R$ 570,1 bilhões em dezembro de 2009 para R$ 651,8 bilhões em outubro de 2010 (último dado disponível). Isso representa uma expansão de 14,3%. O varejo, por sua vez, cresceu menos: de R$ 282,1 bilhões no fim de 2009 para R$ 291,7 bilhões em outubro - variação de apenas 3%. Já a alta renda (private) foi a que mais cresceu, de R$ 190,8 bilhões para R$ 221,1 bilhões - alta de 15,86%. O setor de fundos teve um ano excepcional, principalmente quando se leva em conta que o investidor tinha outras alternativas bastante interessantes para aplicar, afirma Alexandre Póvoa, presidente da Modal Asset Management. Ele cita o caso dos Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGEs), que garantiam até R$ 20 milhões ao aplicador se o banco quebrasse. "Até o rombo do Banco Panamericano, em novembro, os investidores viam esse tipo de aplicação como algo com risco baixíssimo", diz. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), isentos de imposto de renda, também atraíram muitos aplicadores. As carteiras oferecidas aos investidores estrangeiros (offshore) contribuíram bastante para elevar o patrimônio do setor de fundos. No fim de 2009, essas aplicações somavam R$ 48,0 bilhões distribuídos entre 88 portfólios. Já em outubro do ano passado eram R$ 60,5 bilhões em 94 fundos. A categoria com maior captação no ano passado foi a de fundos de renda fixa - que podem aplicar em papéis prefixados -, com ingresso de R$ 38,431 bilhões, embora essas carteiras tenham encerrado dezembro com resgates líquidos de R$ 3,155 bilhões. Em seguida, ficaram os multimercados, com R$ 27,511 bilhões, mesmo com as saídas de R$ 1,459 bilhão no último mês do ano. Vale ressaltar que, nesse caso, os dados estariam distorcidos por conta de fundos multimercados criados exclusivamente para a gestão de parte de recursos que a Petrobrasteria captado na oferta pública. Apesar da forte atração de recursos em multimercados, as carteiras da categoria tiveram rentabilidades muito díspares, ressalta Póvoa, da Modal. "Foi um ano bastante difícil para os gestores de recursos", diz. "Se os fundamentos da economia brasileira eram bons, havia muitas dúvidas com o desempenho dos Estados Unidos, Europa, e mesmo a China alternou momentos bons e maus." Segundo a Anbima, os multimercados que seguem uma estratégia específica de gestão encerraram 2010 com rentabilidade média de 12,86%. O retorno está acima dos 9,75% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras). Já os multimercados trading - que adotam posições direcionais, mas em que o gestor busca capturar os movimentos de curto e médio prazos constantemente - apresentaram retorno médio de 9,42%. Ganhou dinheiro quem fez giros curtos nas carteiras e montou posições menores com os ativos dada a alta volatilidade no ano passado, diz Póvoa. O executivo lembra que, em 2010, a bolsa terminou o ano praticamente no zero a zero e o dólar foi e voltou várias vezes. Só a renda fixa teve uma tendência um pouco mais clara, afirma o executivo. Nesse cenário, chama a atenção a captação líquida apresentada pelos fundos de ações. No ano passado, a categoria registrou ingresso de R$ 8,086 bilhões, mesmo com a alta modesta de 1,04% do Índice Bovespa. Já em 2009, apesar do retorno de 82,66% do indicador, os fundos de ações atraíram só R$ 805,42 milhões. O mesmo comportamento pode ser visto entre os fundos de "small caps" (ações de empresas com menor liquidez). Essas carteiras fecharam o ano com rentabilidade média de 18,37%, mas a captação foi de apenas R$ 149,62 milhões. "O retorno dessas carteiras é um indicador do amadurecimento do setor de fundos brasileiro, pois mostra a capacidade de o investidor conseguir capturar boas oportunidades no mercado." A única categoria a encerrar o período com resgates foi a dos fundos DI, com saídas de R$ 10,095 bilhões, dos quais R$ 4,179 bilhões somente em dezembro. |
Bancos alcançam posição vendida recorde em dólar
Valor Econômico - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/bancos-alcancam-posicao-vendida-recorde-em-dolar |
|
Os bancos encerraram o ano com a maior exposição vendida em dólar da história no mercado à vista. Apostando na valorização do real frente à moeda americana, as instituições financeiras acumulavam uma posição vendida de US$ 16,783 bilhões no último dia do ano passado, a mais elevada da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1994. Os bancos carregam posição vendida no mercado à vista desde abril do ano passado. Antes disso, estavam comprados em cerca de US$ 3 bilhões na virada de 2009 para 2010. O maior patamar vendido havia sido alcançado em maio de 2007, quando bateu em US$ 15,790 bilhões no mercado à vista. Na época, a excessiva exposição dos bancos levou o BC a soltar medida reduzindo o limite que as instituições poderiam carregar em moeda estrangeira, decisão esta que reduziu à metade a posição no mês seguinte. A maior parte dessa aposta é patrocinada pelo próprio Banco Central, que adquiriu mais divisas do que o fluxo de moeda estrangeira para o país registrado no ano. O BC fechou o ano com US$ 41,417 bilhões em intervenções diretas no mercado à vista. O valor é US$ 17 bilhões superior ao saldo líquido de moedas estrangeiras que permaneceu no país (US$ 24 bilhões), justamente o valor mantido pelos bancos em posição vendida. As compras da autoridade monetária no ano foram 72,3% superiores a 2009, quando atingiram US$ 24 bilhões. Quase metade desse valor foi adquirido entre setembro e outubro. Nesse período, o BC retirou do mercado US$ 18,35 bilhões devido ao enorme fluxo de recursos decorrente da oferta de ações da Petrobras. Mesmo com as compras maciças da autoridade monetária, o dólar fechou o ano em queda de 4,31%, cotado a R$ 1,6662. Em 2009, a valorização do real frente à moeda americana havia sido de 25,3%. Parte dessa exposição dos bancos é compensada por uma posição comprada em cerca de US$ 12 bilhões no mercado futuro e de cupom cambial da BM&FBovespa. Os investidores estrangeiros, na outra ponta, detêm posição vendida no mercado futuro de cerca de US$ 10 bilhões, entre contratos de dólar futuro e de cupom cambial. As reservas internacionais fecharam o ano em US$ 288,575 bilhões, com variação positiva de 20,7% no ano no conceito de liquidez internacional.
Chuva de dólares no país
Autor(es): agência o globo :Patrícia Duarte |
O Globo - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/chuva-de-dolares-no-pais |
|
Ingresso de recursos estrangeiros chega a US$202 bi no governo Lula. Na Era FH, houve saída de US$26 bi
Impulsionado pela balança comercial, diferentemente do que ocorre atualmente, o Brasil passou a lidar com uma enxurrada de dólares durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foram nada menos que US$202,726 bilhões de ingressos líquidos entre 2003 e 2010, enquanto no governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, houve saídas de US$26,278 bilhões, segundo dados do Banco Central (BC). A conta comercial registrou superávit de US$307,317 bilhões entre 2003 e 2010, ao passo que a conta financeira teve déficit de US$104,592 bilhões.
Mas, ainda que a conta financeira tenha encerrado o período 2003-2010 negativa, os investimentos direcionados ao setor produtivo - US$205,770 bilhões, alta de 25,9% - e em carteira - US$148,360 bilhões, aumento de 111,5% - também marcaram a Era Lula. Só não engordaram o desempenho porque as remessas de lucros e dividendos deram um salto de 328,5% sobre os tempos de FH, somando US$152,258 bilhões.
O fluxo de recursos estrangeiros, reconhecem o governo e especialistas de mercado, deve continuar forte, já que neste momento o país é um dos principais polos de atração de investimentos estrangeiros, sejam produtivos ou de portfólio. Isso é motivo de comemoração - essa poupança externa financia investimentos no país -, mas também há consequências pouco desejadas, como a atual pressão de valorização do real frente ao dólar.
- O quadro, no limite, é positivo, porque essas entradas de dólares são resultado de um país melhor, que inspira confiança - resumiu o analista da consultoria Tendências Bruno Lavieri.
Conta financeira passou a comercial
Em 2010, também informou ontem o BC, o fluxo cambial fechou positivo em US$24,354 bilhões, impulsionado pela conta financeira. Por ela passam os investimentos estrangeiros diretos, em portfólio, entre outros: o superávit do ano passado chegou a US$26,004 bilhões, o melhor resultado da série histórica do BC, iniciada em 1982.
Será justamente por esse canal que o país continuará recebendo mais dólares. Um importante integrante da equipe econômica afirmou ao GLOBO que o destaque serão os investimentos estrangeiros produtivos, especialmente aqueles voltados para infraestrutura, ainda mais com a proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, explica que, desde a crise global, os emergentes atraem mais capital, uma vez que as economias ricas ainda não decolaram. De 2006 até 2010, a fatia brasileira no total de investimentos externos produtivos saltou de 1,3% para 3,6%.
O governo projeta que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) brasileiro deve ter crescido mais de 7,5% em 2010, passando a aproximadamente 4,5% este ano - a média da Era Lula ficou em 4%, muita acima do patamar dos oito anos anteriores. Acrescenta-se a esse cardápio a elevada taxa de juros básicos do Brasil, hoje a 10,75% ao ano, uma das maiores do mundo. É a Selic que remunera boa parte dos títulos públicos.
Até a crise internacional, no fim de 2008, o país recebia dólares sobretudo pela conta comercial. De dois anos para cá, no entanto, esse quadro se inverteu. Em 2010, por exemplo, a conta comercial ficou negativa em US$1,650 bilhão, o primeiro déficit desde 1997, quando ficou em US$2,658 bilhões, enquanto os investidores em portfólio ampliaram o apetite. Apenas em 2009 e 2010, foram US$84,159 bilhões, ou 57% do total do governo Lula. Nesse período, houve a capitalização de cerca de R$120 bilhões da Petrobras e a abertura de capital do Santander, em torno de R$10 bilhões. |
Japoneses têm US$73 bi investidos no Brasil
O Globo - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/japoneses-tem-us-73-bi-investidos-no-brasil |
|
Desde 2009, real subiu 27% frente ao iene. Investidores ganham ainda com juros: 10,75% aqui, contra zero no Japão
TÓQUIO. Em 2009, a paixão dos japoneses pelo Brasil passou do samba e do futebol para a moeda e o crescimento econômico. Investidores pessoa física do Japão já acumulam mais de 6 trilhões de ienes (US$73,1 bilhões) em ativos brasileiros, segundo estimativas de JPMorgan e Nomura. E isso corresponde a mais de 1% do PIB japonês, de acordo com reportagem do britânico "Financial Times".
Esse total, ainda segundo o "FT", inclui investimentos diretos em ativos brasileiros por meio de fundos de investimentos, assim como por meio da exposição ao real pelo uridashi - títulos em moeda estrangeira emitidos para japoneses, muitas vezes por instituições supranacionais - e em fundos com ativos não brasileiros mas cobertos em real.
E o investimento tem dado lucro. Yunosuke Ikeda, estrategista de divisas da Nomura, disse ao "FT" que a chave para o sucesso é a oferta de moedas de alto rendimento e opção por economias ricas em recursos naturais - dois pontos em que o Brasil se encaixa perfeitamente.
O real subiu 27% frente ao iene desde o início de 2009 e a taxa básica de juros brasileira, a Selic, está atualmente em 10,75%. A japonesa varia de 0% a 0,1%.
Fundos de renda fixa em economias emergentes estão entre os melhores investimentos do ano passado, com rendimento superior a 20% em muitos casos. E a maioria desses fundos investem ativos em dólar ou em euro com opção de proteção, que geralmente tem o real como a moeda preferida.
"Eles começaram a investir logo depois da quebra do Lehman, quando a aversão a riscos era extremamente alta entre a comunidade de investidores institucionais e, como recompensa, acabaram conseguindo um grande desempenho", explicou ao "FT" Philipp Orgler, do Barclays Capital em Tóquio.
Mas os ganhos conseguidos por muitos investidores japoneses estão fazendo eles questionarem se isso pode continuar, assim como onde estará a próxima "oportunidade Brasil" - que poderia ser na Turquia, no México ou na Austrália.
O anúncio do governo brasileiro sobre o objetivo de combater a alta do real é visto por analistas como uma oportunidade para novos investimentos japoneses, no país ou fora. "As pessoas estão procurando outras moedas, incluindo as de Indonésia e Índia", disse Ikeda. "Mas o real é muito mais popular".
|
Multis remeterão US$ 33 bi
Autor(es): Victor Martins |
Correio Braziliense - 06/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/6/multis-remeterao-us-33-bi |
|
Com dólar barato e lucros em alta, companhias estrangeiras com atuação no país vão tirar o que podem de suas filiais para melhorar os balanços Enquanto o governo enfrenta dificuldade para conter o derretimento do dólar, um problemão para as exportações do país, as multinacionais com filiais no país estão fazendo a festa remetendo cifras bilionárias para casa. Com o real supervalorizado e a alta lucratividade dos negócios, as empresas aproveitam para comprar um volume maior de dólares e reequilibrar as contas das matrizes, que ainda sobre os efeitos da crise financeira mundial detonada em 2008. Pelas contas do Banco Central, as multis remeterão, em forma de lucros e dividendos, pelo menos US$ 33 bilhões neste ano — 15% a mais do que em 2010.
O Brasil, a exemplo de outros países emergentes, tornou-se a tábua de salvação para várias multinacionais, um contraponto ao atoleiro no qual se meteram as economias da Europa, do Japão e dos Estados Unidos. Há casos em as filiais brasileiras já superaram, em termos de receitas e de lucros, as matrizes. Isso acontece em setores como o automobilístico e o financeiro. Em 2008, quando o mundo ruiu junto com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, os ganhos das filiais brasileiras foram vitais para que muitas multis não fechassem o ano com prejuízo.
Para alguns especialistas, se as economias maduras continuarem em dificuldade ao longo de 2011, o que muitos não descartam, as estimativas do BC para as remessas de lucros podem ser superadas. Mesmo sem apostar em um número, analistas ponderam que as transferências para o exterior têm chance de chegar a maior cifra desde 1947, quando a autoridade monetária passou a levantar esses valores.
“Muitas das empresas estrangeiras estão aproveitando a situação econômica bastante positiva de suas filiais para usarem o Brasil como muleta”, afirmou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investiment Bank. “Lá fora, a situação não é das melhores. A ideia deles é retirar recursos de onde não cause prejuízo”, explicou. A estratégia tem sido adotada principalmente por Holanda, que, de janeiro a novembro do ano passado, levou US$ 4,2 bilhões do Brasil. Na sequência, a medida tem sido adotada por Estados Unidos (remessas de US$ 3,1 bilhões), Espanha (US$ 2,1 bilhões), França (US$ 1,4 bilhão) e Alemanha (US$ 1 bilhão).
Ranking
De acordo com dados do Banco Central, a indústria e o setor de serviços foram os que mais buscaram recursos no Brasil: o primeiro, US$ 10,9 bilhões até novembro de 2010; o segundo, US$ 7,6 bilhões. A indústria automotiva lidera o ranking das empresas que mais enviaram recursos para casa: US$ 3,4 bilhões até o penúltimo mês do ano passado. Para Volvo e Fiat, por exemplo, o país está entre os mercados mais rentáveis, senão o melhor para alguns segmentos de vendas. Em segundo lugar na lista dos que mais buscaram dinheiro no país figuram as instituições financeiras, com US$ 2,1 bilhões. A indústria química e de metalurgia também tem registrado envios expressivos — juntas, mandaram US$ 2,6 bilhões para as matrizes.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, toda essa movimentação de remessas representa um Brasil em crescimento e com forte potencial de rentabilidade. “Existe falta de oportunidades no mundo e excesso de boas por aqui”, avaliou Neto. As nações que têm enxergado essas chances de ganho e apostado mais fortemente no Brasil, segundo dados do BC, têm sido Suíça, Estados Unidos, Holanda, Áustria e França — sozinhas, aplicaram US$ 22,4 bilhões no país até novembro, o que representa 60% do investimento estrangeiro direto do período.
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário