Uma análise dos números do rendimento do trabalho nos últimos oito anos mostra que diminuiu a diferença entre os salários pagos em São Paulo e nas demais regiões metropolitanas. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) feita pelo IBGE, a região metropolitana de São Paulo foi onde houve a menor elevação dos rendimentos, quando se compara a média dos 11 primeiros meses de 2003 com a dos mesmos meses de 2010 em valores atualizados para novembro do ano passado. O aumento da renda média real das pessoas ocupadas na capital paulista e arredores foi de apenas 12,65%, menos da metade do crescimento no Rio de Janeiro (26,74%) e Belo Horizonte (26,04%) e quase a metade da elevação na região metropolitana de Salvador (24,21%). Com isso, a diferença entre os salários pagos nos diferentes polos diminuiu. Em 2003, na média até novembro, o salário pago aos trabalhadores na região metropolitana do Rio de Janeiro representava 84,6% do pago em São Paulo, uma diferença de 15%. No ano passado, na mesma comparação, a diferença caiu para menos de 5%. Esse movimento aconteceu em todas as regiões - em Recife, a menor queda, a diferença passou de 38% para 35%, enquanto em Porto Alegre ela diminuiu de 18% para 9%, sempre na comparação entre os salários médios de 2003 e 2010. Além disso, o baixo crescimento dos rendimentos do trabalho em São Paulo e região, que foi persistente ao longo dos oito anos analisados, provocou um fenômeno inédito ao longo da pesquisa do IBGE, pelo menos na série atual, iniciada em março de 2002. Em novembro do ano passado, pela primeira vez, o rendimento das pessoas ocupadas na região metropolitana do Rio de Janeiro ( R$ 1.616,60) foi maior do que o da grande São Paulo (R$ 1.611,80). Quando considerada a média de janeiro a novembro de 2010, São Paulo segue na liderança. Para Cimar Azevedo, gerente do IBGE responsável pela PME, o movimento está relacionado com os esforços distributivos da renda no país, como os seguidos aumentos reais do salário mínimo e os programas de distribuição de renda do tipo Bolsa Família. Embora o programa do governo federal não seja computado na renda do trabalho, Azevedo argumenta que ele dá ao trabalhador de baixo rendimento o poder de barganha para reivindicar melhores salários para continuar trabalhando. Os números da pesquisa do IBGE mostram que no período pesquisado foi justamente a renda dos que têm seus ganhos próximos ao limite do salário mínimo ou do direito a receber os benefícios sociais do Estado que mais aumentou em quase todas as seis regiões metropolitanas pesquisadas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), inclusive na capital paulista. A renda dos prestadores de serviços domésticos cresceu 42,35% em Recife, 48,34% em Salvador e 47,69% em Belo Horizonte. Os dados evidenciam também que o segmento que envolve funcionários públicos civis e militares e trabalhadores em saúde e educação, justamente o grupamento de maior renda no conjunto das regiões metropolitanas pesquisadas, teve papel importante na gradativa queda da diferença da renda do trabalho entre São Paulo e as demais regiões do país. Os ganhos reais desse grupo de atividade aumentaram apenas 12,22% em São Paulo, ante 38,69% em Salvador, 27,07% no Rio e 26,66% em Recife. Segundo Azevedo, a aproximação gradativa entre a capital paulista e as demais regiões do país, estimulada pelo crescimento econômico que tem mostrado regiões como a do Rio de Janeiro, vem sendo impulsionada também pelo aumento da formalização do trabalho em regiões menos desenvolvidas do que a capital paulista. Essa formalização, segundo ele, está levando para outras capitais o crescimento de relações de trabalho há muito enraizadas em São Paulo, como a terceirização de serviços, um processo que, segundo ele, contribui para a formalização do trabalho (carteira assinada). Embora os dados mensais isolados da PME não sejam adequados para medir os avanços ou recuos nas várias regiões, quando se comparam os números relativos aos rendimentos das pessoas ocupadas referentes a novembro de 2002 e a novembro de 2010, observa-se que o maior crescimento entre um mês e outro ocorreu justamente nas cidades mais pobres, Salvador (22,89%) e Recife (20,32%). Em São Paulo, o rendimento cresceu apenas 3,35% quando se compara o primeiro com o último novembro da pesquisa. O economista Oswaldo Guerra, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), concorda com Azevedo, do IBGE, ao dizer que a política de reajustes reais do salário mínimo praticada no governo passado, seus reflexos sobre a renda dos aposentados, e os programas sociais de distribuição de renda têm peso decisivo na nova geografia da renda do trabalho.
Empresas fazem proteção parcial da dívida externa
Dívida em dólar de grandes empresas é de R$ 178 bi e tem proteção limitada |
Autor(es): Fernando Torres, de São Paulo |
Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/empresas-fazem-protecao-parcial-da-divida-externa |
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As 15 companhias abertas mais endividadas do país têm pouco mais da metade de suas dívidas indexadas ao dólar e outras moedas. Balanços da Petrobras, Vale, Telemar, Eletrobras, CSN, JBS, Gerdau, Braskem, Cemig, Fibria, CPFL, Usiminas, Marfrig, Sabesp e Suzano apontam endividamento externo de R$ 177,8 bilhões em setembro. Descontada a variação cambial, houve alta de 15% nessas dívidas em relação a dezembro de 2009.
Passados pouco mais de dois anos desde os anúncios das perdas bilionárias de empresas com derivativos, e com o cenário atual de dólar em baixa, o recém-empossado presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um alerta na semana passada para as companhias que estão se endividando no exterior sem atentar para os riscos. "É sempre bom lembrar que uma tendência de curto prazo pode mudar de forma repentina", disse ele.
Os dados dos balanços das 15 companhias abertas com maior dívida financeira do país - Petrobras, Vale, Telemar, Eletrobras, CSN, JBS, Gerdau, Braskem, Cemig, Fibria, CPFL, Usiminas, Marfrig, Sabesp e Suzano- , mostram empréstimos somados de R$ 347,8 bilhões ao fim de setembro. A parcela desse total indexada ao dólar ou outras moedas é de R$ 177,8 bilhões. Descontada a própria variação cambial, houve alta de 15% no endividamento externo na comparação com dezembro de 2009. Embora cada caso precise ser avaliado de forma particular, ao se analisar as notas explicativas dos balanços dessas companhias, em especial os quadros de sensibilidade a variações de 25% e 50% do dólar, exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde 2008, percebe-se que em boa parte dos casos há proteção contra variação cambial apenas referente à receita de exportações, custo de importação ou ao vencimento de dívidas e encargos de curto prazo. O estoque mais longo da dívida não é protegido totalmente em mais da metade delas, ou pelo menos isso não é demonstrado. Entre aquelas que evidenciam uma proteção cambial praticamente completa estão Telemar, CSN e JBS. A explicação dada nos comentários sobre as políticas de risco das companhias analisadas costuma citar casamento com ativos no exterior ou concentração grande de receitas com exportações, que são considerados como hedge (proteção) natural. Apesar da divulgação dos quadros de sensibilidade, as informações são de difícil avaliação, dada a falta de padronização (veja matéria abaixo). Mas o fato é que o cenário cambial hoje se assemelha ao observado no terceiro trimestre de 2008, ainda antes da quebra do Lehman Brothers. Tudo vai bem e parece que a moeda americana só tem um caminho: ladeira abaixo. Assim, ganha força o argumento de especialistas de que é muito caro fazer essa proteção, contra uma eventual variação de preço de curto prazo que não tem efeito imediato no caixa. "Você pode ter um guarda-chuva. Mas não fica o dia inteiro carregando ele. É um desgaste muito grande", exemplifica o consultor Milton Wagner, da Wagner Investimentos, para explicar porque as empresas não protegem todas suas operações o tempo todo. Segundo ele, a estabilidade alcançada pelo país nos últimos anos ajuda nesse sentido, o que tem feito reduzir o volume de proteção. "Hoje ficou mais viável fazer hedge exclusivamente quando o mercado vai contra. É possível também fazer um menor quando está a favor e um maior quando "chover"." Por meio de um sistema de redes neurais que busca identificar as concentrações de posições dos grandes investidores em diversos ativos, Wagner tenta identificar, para as empresas clientes, quando elas devem se proteger e qual o nível de preço mais favorável para o travamento. Essas concentrações, que mudam com os dias, representam pontos de resistência grande, mas, quando rompidas, podem significar uma reversão de tendência das cotações. A estratégia para lidar com os riscos ligados ao câmbio passou a ter divulgação obrigatória pelas companhias abertas com a criação do Formulário de Referência, pela instrução nº 480 da CVM. Somente a obrigação de tornar essa política pública obrigou as empresas a pensar sobre o caso, assim como a crise vivida entre o fim de 2008 e início de 2009. O vice-presidente da Mahle, Axel Brod, conta que o impacto da turbulência financeira sobre as exportações da companhia mostrou que o velho modelo de gestão de risco usado pela empresa não era eficiente. "Era inimaginável que os mercados poderiam sofrer uma queda tão forte", afirmou, em entrevista concedida no ano passado. De acordo com Brod, uma falha que ficou evidente era o risco de fazer um hedge excessivo, que pode não ser compensado em caso de queda muito grande das exportações, por exemplo. Brod explica que no atual sistema existem controles internos que monitoram em base diária a exposição, que é fixada pela política de hedge, sendo que ele acompanha a posição duas vezes por semana e recebe um relatório mensal sobre as transações. A existência de transparência e controle sobre as políticas de gestão de risco são consideradas fundamentais pela CVM. "Muito do debate que houve lá fora (sobre a turbulência financeira) talvez não se aplique ao caso brasileiro. A crise no Brasil foi motivada mais por uma questão de governança e transparência do que financeira", disse Otavio Yazbek, diretor da CVM, em seminário realizado no ano passado, em São Paulo. Os relatórios de acusação sobre os casos mais emblemáticos sobre derivativos, envolvendo Sadia e Aracruz, revelam que alguns sistemas de controle e supervisão até existiam no papel, mas nem tanto na prática.
Prejuízos em 2008 e 2009 geram dedução e reduzem arrecadação de IR
Autor(es): Marta Watanabe | De São Paulo |
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/prejuizos-em-2008-e-2009-geram-deducao-e-reduzem-arrecadacao-de-ir |
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Os prejuízos dos balanços em 2008 e 2009 ajudaram a gerar deduções que afetaram a arrecadação do Imposto de Renda (IR) das empresas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no ano passado. As deduções geradas ainda devem manter efeito semelhante na arrecadação deste ano. Essa é a conclusão de um levantamento do escritório Machado Associadoscom base no balanço das 88 maiores companhias de capital aberto. Em 2008, quando os balanços já refletiram os efeitos da crise financeira, esse grupo de empresas gerou R$ 19,6 bilhões em ativos fiscais diferidos. No ano seguinte foram mais R$ 6,6 bilhões. Esses valores resultam da forma de cálculo do IR e da CSLL e funcionam, na prática, como deduções que podem abater os dois tributos em períodos seguintes. Para o consultor do Machado Associados, Luís Rogério Farinelli, coordenador do levantamento, os ativos que propiciam "deduções futuras" foram gerados principalmente por prejuízos fiscais e também por ágio pago em aquisições. Os dois itens, acredita, já foram usados para dedução tributária pelas empresas a partir do ano passado, o que pode explicar o crescimento abaixo da expectativa da arrecadação do IR e da CSLL em 2010. Ao divulgar o resultado de arrecadação durante o último trimestre do ano passado, a Receita Federal anunciou que estava investigando a razão de a evolução da arrecadação do IR e da CSLL estar abaixo do crescimento da arrecadação total. De janeiro a novembro de 2010 a arrecadação de IR das pessoas jurídicas e de CSLL somou R$ 122,3 bilhões, um aumento nominal de 1,69% em relação a igual período de 2009. Usando o mesmo critério de comparação, a arrecadação da receita total administrada pela Receita cresceu 14,62%. Parte do descompasso pode ser explicado pelos ativos fiscais gerados com os dois impostos em 2008 e 2009. Esses ativos são consequência da metodologia de cálculo dos tributos. Existe uma diferença entre o lucro contábil (aquele divulgado pelas empresas em seus balanços) e o lucro tributável (calculado segundo os critérios da Receita somente para a apuração do IR e da CSLL). O quadro conjuntural, com a crise financeira fazendo maior diferença a partir dos últimos meses de 2008 e provocando prejuízos, ajuda a explicar a grande divergência entre o lucro contábil e o lucro usado como base tributária não só daquele ano como dos períodos seguintes. Farinelli lembra que os resultados contábeis totais de 2008 e 2009 foram afetados por várias empresas que registraram prejuízos nos balanços. Uma empresa que tem prejuízo contábil num ano deixa de pagar o IR e a CSLL daquele período. De acordo com as normas tributárias, porém, a perda gera um ativo, o chamado prejuízo fiscal, que poderá ser deduzido de parte do lucro tributável a partir do exercício seguinte. Outro fator que afetou os balanços de 2008, diz Farinelli, foram as despesas de ágio nas aquisições, que reduziram o resultado contábil, mas não foram consideradas despesas para redução do lucro tributável. O consultor Pedro César da Silva, da ASPR Auditoria e Consultoria, explica que as aquisições podem gerar despesa de ágio para o cálculo do IR e da CSLL, mas isso não acontece sempre no momento da aquisição. Acontece em casos como a incorporação formal da empresa ou com a venda do investimento. Ainda assim, essa dedução do lucro tributável não é feita de uma só vez, mas de forma amortizada. Os balanços ainda foram afetados, lembra Farinelli, por perdas que não são dedutíveis no lucro tributável ou são dedutíveis com restrições, como os prejuízos apurados no exterior e as perdas financeiras com a variação do dólar. "Tudo isso ajudou a gerar uma carga tributária corrente alta de IR e CSLL em 2008 e 2009", diz Farinelli. Segundo o estudo, a alíquota efetiva corrente média com os dois tributos no universo das 88 empresas em 2008 foi de 30,9% (sobre o lucro contábil) e a de 2009, de 31,5%. Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, acredita que a explicação acontece caso a caso, mas, segundo ele, os prejuízos fiscais provavelmente foram a razão mais generalizada para a geração de ativos que garantem deduções futuras. Para ele, é preciso relativizar o menor crescimento de arrecadação do IR e da CSLL em 2010. Ele lembra que o aumento de recolhimento do dois tributos em períodos anteriores foi maior do que o da arrecadação total. |
Brasil no topo
Autor(es): Ana Paula Ragazzi | De São Paulo |
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/brasil-no-topo |
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Os papéis do Brasil lideraram em 2010, pelo terceiro ano seguido, o volume negociado com American Depositary Receipts (ADRs), os recibos de ações de empresas estrangeiras listados na Bolsa de Nova York. No ano passado, as transações com ADRs de 27 empresas brasileiras movimentaram US$ 744 bilhões, ou 24% do total de US$ 3,1 trilhões girados por companhias internacionais que negociam nos Estados Unidos, conforme dados compilados pelo Bank of New York Mellon. Em relação a 2009, o crescimento de transações com papéis brasileiros foi de 21%. "O interesse do investidor internacional por papéis da América Latina, e em particular do Brasil, é imenso", afirma Scott R. Cutler, vice-presidente executivo da Nyse Euronext. A bolsa americana espera que mais empresas acessem o mercado a partir deste ano e setores que tendem a se destacar são consumo, tecnologia, financeiro, indústria e setor imobiliário. "O IFRS, novo padrão contábil adotado pelas empresas brasileiras, é aceito pela SEC, o que vai reduzir os custos para as companhias se listarem", afirma Alexandre Ibrahim, diretor administrativo da Nyse Euronext, destacando que a exigência de balanços em US Gaap, padrão americano, era um dos principais pontos a encarecer os custos de negociação de papéis na bolsa americana. Para Curtis Smith, diretor regional do Bank of New York Mellon, deverá aumentar a adesão de companhias já abertas no Brasil ao mercado americano. "Não esperamos que as ofertas inicias saiam com a dupla listagem porque é muito complicado, neste momento, lidar com dois órgãos reguladores", diz. Segundo os executivos da Nyse, a gigantesca oferta de ações da Petrobras ano passado ofuscou tanto os volumes quanto os planos de outras companhias para lançar papéis lá fora. "Da parte da distribuição da petrolífera alocada nos Estados Unidos, mais de 60% foi para o investidor de varejo, o que mostra a força do papel por aqui e também o interesse em relação ao Brasil", dizem. A expectativa pela operação inibiu novos negócios. As transações com os ADRs da mineradora Vale, representativos de ações ordinárias (com direito a voto) e preferenciais (sem voto), somaram US$ 243 bilhões e superaram os volumes, também de ONs e PNs, de Petrobras, que tradicionalmente tinham a liderança e giraram menos, US$ 225 bilhões. A oferta afetou a liquidez dos ADRs da petrolífera, assim como no Brasil. Conforme cálculos do Valor Data, de janeiro a setembro do ano passado, portanto antes da concretização da oferta da petrolífera, os ADRs que representam ONs da Vale tinham média diária de negócios de US$ 750 milhões. Depois da oferta, de setembro a dezembro, esse valor baixou para US$ 643 milhões. No caso da Petrobras, ocorreu movimento inverso. Antes da distribuição, negociavam US$ 616 milhões ao dia, em média, e depois alcançaram US$ 720 milhões. O volume somado de ambas responde por 63% de tudo o que se negocia, em Nova York, com papéis brasileiros. As duas companhias estão entre as dez com mais transações nos Estados Unidos. Na lista de 2010 que mostra os ADRs mais negociados, o portal de buscas chinês Baidu vem em primeiro lugar, com US$ 249 bilhões, mas está listado na Nasdaq. A Vale vem em segundo lugar, com movimento de US$ 243 bilhões, mas entre os papéis da Nyse tem a liderança. A Petrobras, que girou US$ 225 bilhões, ficou em quarto lugar na lista geral. O Itaú Unibanco ficou em oitavo, com US$ 63 bilhões. O recorde de negociações com ADRs brasileiros foi em 2008, quando somaram US$ 848 bilhões - ou 23% do total de US$ 3,6 trilhões girados. De 2006 até agora, apenas em 2007 o Brasil não esteve à frente das negociações, posto ocupado pelas empresas chinesas. |
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Crescimento global
Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/crescimento-global |
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A expansão da economia global deve ganhar força nos próximos meses, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O índice de atividade econômica calculado pela entidade, que tem por objetivo apontar tendências para a economia mundial, subiu de 102,6 pontos em outubro para 102,8 pontos no mês seguinte, a terceira alta consecutiva. O ritmo de expansão vem crescendo desde setembro. Quatro países, de acordo com a OCDE, se destacam por apresentar "claros sinais de aceleração na atividade econômica": China, EUA, França e Japão. Produção francesaA produção industrial da França subiu 2,3% em novembro, na comparação com outubro, segundo o Insee. O resultado superou as projeções dos economistas, que esperavam um crescimento de 1%. A alta foi conduzida principalmente pela recuperação da produção de coque e refino, que mais que dobrou em novembro em relação ao mês anterior. O crescimento acentuado da produção em novembro ocorreu após uma queda de 0,8% em outubro, quando a produção sofreu com greves contra a reforma da previdência.
Alta das importações na China derruba superávit
Valor Econômico - 11/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/11/alta-das-importacoes-na-china-derruba-superavit |
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A China registrou em dezembro seu menor superávit comercial em nove meses, num momento em que o crescimento das exportações desacelerou e o ritmo das importações aumentou. Analistas dizem que a alta das importações pode não se sustentar, pois se deveu em boa parte à compra de commodities energéticas por causa do inverno excepcionalmente rigoroso. O país anunciou que seu superávit comercial encolheu fortemente, de US$ 22,9 bilhões em novembro para US$ 13,08 bilhões em dezembro, conforme dados da Alfândega. A notícia que pode ajudar a aliviar as tensões comerciais do país com os EUA antes do encontro que o presidente chinês, Hu Jintao, terá com seu colega americano, Barack Obama, neste mês. As exportações da China em dezembro cresceram 17,9% em relação a um ano antes, porcentual menor do que os 34,9% de novembro e da mediana das previsões dos economistas, que apontava alta de 24,8%. As importações aumentaram 25,6%, ante uma expansão de 37,7% em novembro, acima da mediana das previsões na pesquisa da Dow Jones de um crescimento de 24,3%. Em 2010, o superávit comercial da China totalizou US$ 183,1 bilhões, abaixo dos US$ 196,06 bilhões de 2009. No quarto trimestre, de acordo com um cálculo da Dow Jones, o superávit comercial chinês diminuiu ligeiramente para US$ 63,12 bilhões, de US$ 65,64 bilhões no terceiro trimestre. Em bases ajustados sazonalmente, as exportações da China tiveram redução de 4,4% em dezembro na comparação com novembro, enquanto as importações aumentaram 3% sobre o mês anterior. |
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Emergentes dão basta à era das cópias [exagero...]
Autor(es): Stefan Wagstyl | Financial Times |
Valor Econômico - 10/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/10/emergentes-dao-basta-a-era-das-copias |
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A marca Pulpy pode ser desconhecida em Londres, Nova York ou Tóquio. Mas a bebida à base de frutas mais vendida da Coca-Colaé a última moda em Xangai, Jacarta e Cidade do México. Lançada na China pela Minute Maid, uma unidade da empresa americana, e depois levada a outros países da Ásia e América Latina, a marca agora se prepara para estrear no Leste Europeu e em outras regiões. A Pulpy é o primeiro produto internacional da Coca-Cola a ser desenvolvido no mundo emergente e contribuir de forma significativa para as vendas mundiais do grupo, embora não se revelem valores. "É uma das inovações mais bem-sucedidas da Coca-Cola no século XXI", afirma Joanna Lu, diretora de marketing da Coca-Cola. O sucesso da bebida coloca em evidência a importância cada vez maior da inovação nos países emergentes. China, Índia, Brasil e outros países não proporcionam às empresas apenas perspectivas de alto crescimento, mas também oportunidades para desenvolver novos produtos, serviços, técnicas de produção e processos administrativos. Essas inovações não envolvem ainda mudanças tecnológicas transformacionais - tais invenções continuam sob o domínio do mundo desenvolvido com suas tradicionais universidades e laboratórios comerciais. O mundo emergente, no entanto, está criando aperfeiçoamentos de produtos com implicações comerciais suficientes para mudar inteiramente o cenário do jogo. Não ganham prêmios Nobel, mas geram dinheiro. As multinacionais que minimizam a importância dessas inovações, atribuindo-as às circunstâncias locais, o fazem por conta e risco. As vantagens que os concorrentes ganham nos países emergentes também acabam sendo transferidas ao mundo rico. "O perigo para muitas [multinacionais] é que não vejam as inovações nos mercados emergentes chegando, porque elas não estão chegando direto a seus mercados domésticos. Mas elas chegarão", afirma Christoph Nettesheim, da empresa de consultoria em administração Boston Consulting Group. Há precedente: nos anos 1970, os produtos de grupos japoneses que avançavam nos mercados mundiais eram muitas vezes menosprezados como imitações de baixa qualidade e custo. Posteriormente, foi preciso admitir que eram inovadores, especialmente na miniaturização e nas técnicas administrativas de redução nos prazos de produção. Embora as próprias empresas japonesas estejam agora sob pressão de grupos ocidentais revigorados e de novos rivais do leste da Ásia, suas inovações são imitadas por todos os lugares. A inovação nos mercados emergentes não é algo novo. Há mais de 20 anos, a Hindustan Lever, afiliada indiana de bens de consumo da anglo-holandesa Unilever, foi pioneira nos minissachês, como forma de levar seus sabonetes para os consumidores mais pobres. A novidade é o volume cada vez maior de tais inovações, a velocidade com que capturam mercados e o crescente papel em inovações das empresas locais, especialmente das chinesas, indianas, brasileiras e sul-africanas. Certamente, as economias emergentes produzem aos montes produtos de má qualidade e várias cópias roubadas de originais japoneses e ocidentais. Mas meras imitações não sustentam uma empresa por muito tempo, tendo em vista a feroz concorrência nas grandes economias, principalmente na China. "Eles não precisam mais roubar. Isso é passado", como diz o vice-presidente da Nokia, Dieter May. Com a China superando o Japão como 2ª maior economia do mundo, suas empresas encabeçam o ataque. A Huawei, líder em tecnologia de conexões, concorre frontalmente com a Ericsson, da Europa, até na Europa. A Mindray, fabricante de equipamentos médicos, desenvolveu monitores que custam 10% dos produtos rivais ocidentais. A Haier, empresa de produtos da linha branca, fabrica minigeladeiras de baixo custo. Em outros países, a Tata Motors, da Índia, determina novos padrões de carros de baixo custo com o Nano, de US$ 2,5 mil. O laboratório farmacêutico Ranbaxydesenvolveu um remédio contra a malária a partir do zero. A SAB Miller, cervejaria sul-africana, desenvolveu uma cerveja de baixo custo com base no sorgo, uma colheita local que substitui o malte importado, mais caro. No Brasil, a Embraerfabrica aviões comerciais de menor porte de classe mundial. Mesmo na Rússia, onde as condições de negócios são particularmente duras, também há inovações comerciais. A empresa de software KasperskyLaboratories exporta programas de segurança de qualidade mundial, com sua própria marca. Na área de serviços, a Bharti Airteltornou-se a maior operadora de telefonia móvel da Índia ao terceirizar quase tudo, desde a rede de transmissão até o sistema de contas. O médico Devi Shetty desenvolveu um sistema para fazer cirurgias cardíacas em massa em seu hospital, em Bangalore, com mil leitos. Algumas empresas transformaram setores mundiais inteiros. Na área de terceirização, grupos indianos, encabeçados pela TCSe Infosys, revolucionaram a gestão da informação ao separar o trabalho feito por consultores in loco, de alto custo, do que é realizado fora do país, mais barato. "Mudamos o setor", diz Kris Gopalakrishnan, executivo-chefe da Infosys. Países emergentes ainda têm muito pela frente até alcançarem as economias desenvolvidas em termos de ciência. Apenas a Rússia tem um número significativo de vencedores de prêmios Nobel científicos. A China, no entanto, está na dianteira mundial em formar engenheiros e cientistas - 2 milhões por ano, cinco vezes mais do que nos EUA, segundo a Research-Works, empresa asiática da área de investimentos. Muitos dos melhores talentos partem do país, com cerca de 30% dos doutorados em ciência e engenharia nos EUA tendo nascido na China. "Nossas instituições de educação são fracas", afirma Win Yinga, chefe do China Capital Group, um fundo chinês de capital de risco. "Eles são criados para o aprendizado baseado na memorização, e não para criar formados voltados à inovação." Mas há progressos. Acadêmicos chineses formados no ocidente estão voltando ao seu país em números cada vez maiores. A China produz mais estudos científicos, revisados por especialistas, do que qualquer outro país, com exceção dos EUA. A superioridade científica não se traduz necessariamente em sucesso econômico, como mostram as dificuldades da Rússia para diversificar-se além das commodities. A inovação comercial é mais importante, como evidencia a ascensão da China. Os investimentos chineses em pesquisa e desenvolvimento, em dólar, já superaram os do Japão e encaminham-se a passar os da União Europeia e igualar os dos EUA nos próximos 20 anos. Como os custos trabalhistas com a pesquisa e desenvolvimento ficam entre 20% e 50% dos verificados no ocidente, os números acabam superando os dos EUA, União Europeia ou Japão. As principais empresas começam a ter resultados. Em 2008, a Huawei registrou mais patentes do que qualquer outra empresa, segundo o escritório de patentes mundiais, Wipo. No ano passado, havia ficado em segundo, atrás da Panasonic, do Japão. Ainda há, porém, um longo caminho pela frente: a única outra chinesa entre as cem primeiras foi a ZTE, outra fabricante de bens eletrônicos. As multinacionais ocidentais reclamam que as empresas chinesas roubam tecnologia em sua investida de modernização, financiada pelo governo. Muitos projetos, no entanto, foram cedidos voluntariamente, em acordos de cooperação: as multinacionais apostam que os riscos valem a pena para entrar na China. Agora, as empresas chinesas estão entrando nos mercados mundiais, algumas vezes em parceria com rivais ocidentais. Um exemplo é a área de trens de alta velocidade, em que a CSR, da China, trabalha com a General Electric (GE), dos EUA, e a Siemens, da Alemanha. Os céticos consideram muitas das inovações de países emergentes como apenas pequenos aperfeiçoamentos incrementados ao que já existe. Para as empresas, contudo, isso é irrelevante, se tais aperfeiçoamentos de fato levarem a melhores serviços, processos e produtos. "As inovações podem ser incrementais. Os efeitos não", diz Peter Williamson, professor de gestão internacional, na universidade de Cambridge. As principais multinacionais concordam. Engenheiros da afiliada indiana da Siemensdesenvolveram uma câmera de raios-X de baixo custo e boa qualidade, que será usada em equipamentos de países desenvolvidos. "Uma boa ideia ou produto da Índia, por exemplo, pode ser conectado a um sistema global de vendas e produção", diz o executivo-chefe da Siemens, Peter Löscher. "Ajuda a aumentar a competitividade não apenas dos mercados emergentes, mas também dos países industrializados." Várias multinacionais fazem o mesmo. A GE vende aparelhos de eletrocardiograma desenvolvidos na Índia e scanners de ultrassonografia projetados na China por todo o mundo. A Nokia usa software indiano e chinês para desenvolver smartphones. A Vodafonelançou um sistema sem fio de transferência de dinheiro chamado M-Pesa, na Safaricom, sua afiliada queniana. Esquemas similares voltados às pessoas sem contas bancárias foram lançados na África e, agora, na Índia. As multinacionais também estão ampliando a pesquisa e desenvolvimento no mundo emergente, especialmente na China e Índia. A Siemens tem 12% de seus 30 mil funcionários de pesquisa e desenvolvimento na Ásia. Há cinco anos, eram 7%. A Microsoftencabeça uma lista de cerca de cem grandes empresas com centros de pesquisa e desenvolvimento na China. A GE é umas das mais de 50 multinacionais com centros na Índia. "Em outros tempos, as soluções administrativas fluíam do ocidente para o oriente", diz o Navi Radjou, especialista em administração da universidade de Cambridge. "Agora, da mesma forma, fluem do oriente para o ocidente." As empresas não buscam simplesmente disseminação geográfica - ou satisfazer pressões políticas para localizar seus centros de pesquisa e desenvolvimento. Querem as ideias geradas por pessoas trabalhando em condições econômicas e culturais diferentes. Ideias para cortar custos são fundamentais. Muitas multinacionais antigamente almejavam apenas os segmentos de maior renda nos países emergentes. Agora, voltaram-se aos grupos de renda média, que crescem rapidamente. "Precisamos empurrar os produtos pirâmide abaixo", diz Abbas Hussain, chefe de mercados emergentes do laboratório farmacêutico britânico GSK. Apenas reduzir custos, contudo, não é suficiente. Os consumidores nos mercados emergentes também querem qualidade, conveniência e elegância, afirma Jean-Philippe Salar, chefe de design da Renault. "Os indianos querem carros com visual dinâmico. O visual é muito importante." Além disso, com os consumidores no mundo desenvolvido deparando-se com tempos de austeridade, eles também querem alternativas baratas. "A Índia é o lugar perfeito para projetar novos carros. Novos veículos precisam ser econômicos, pequenos e leves em comparação aos de dez anos atrás", diz Salar. Radjou sugere que o sistema bancário por telefone celular - desenvolvido pela Safaricom - possa estendido aos países desenvolvidos. Mesmo nos EUA, cerca de 17 milhões de adultos não têm conta bancária. Alguns governos ocidentais estudam os tratamentos hospitalares de baixo custo lançados na Índia. Outros compram equipamentos médicos mais baratos , como os scanners de ultrassonografia desenvolvidos pela GE na China. Lançar inovações mundiais não é nada fácil. Executivos de países desenvolvidos frequentemente subestimam seus colegas em mercados emergentes. As linhas de comunicação se rompem quando se alongam em divisões culturais. Mas as empresas têm poucas opções a não ser inovar nas economias emergentes, porque é lá que estão os clientes. Como Mark Foster, da empresa de consultoria Accenturediz, "a inovação não surge em caixas, surg e em mercados". (Tradução de Sabino Ahumada) |
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