Produtor diz que custo de produção de uma saca é de R$ 32 a R$ 35, mas produto é vendido por[br]R$ 15 a R$ 18 a saca
A batata está se tornando ração para gado e até lixo no sul de Minas Gerais. A região concentra mais da metade da produção do vegetal no Estado que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi responsável pela maior colheita de batatas do País em 2010, com 1,1 milhão de toneladas.
No entanto, é justamente o excesso de produção que tem levado agricultores a optarem por jogar a safra fora em função da queda nos preços. Segundo o secretário-executivo da Associação dos Bataticultores do sul de Minas Gerais (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, a região produz, em média, 320 mil toneladas de batata. Este ano, porém, a estimativa é de que a colheita atinja 360 mil a 380 mil toneladas. O motivo, segundo Ribeiro, foi o alto preço alcançado pelo produto de meados de 2009 até agosto do ano passado. "O preço de venda chegou a três vezes o custo de produção. O retorno alto atraiu muitos produtores, que antes não eram dessa atividade. Houve crescimento de 13,5% na área plantada", afirmou. O sul de Minas é responsável por 56% da chamada primeira safra de batatas em Minas, seguida pela região do Alto Paranaíba, com 35,6% da produção. "Além do crescimento da área, foram feitos vários investimentos que aumentaram a produtividade", acrescentou o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez. Desvalorização. Ele concorda com avaliação da Abasmig de que essa produtividade maior, aliada à falta de planejamento de parte dos produtores, foi responsável por um aumento da safra bem superior à demanda, com a consequente desvalorização. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de ter figurado entre os itens responsáveis pela alta do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010, a batata passou de alta de 7,30% em novembro para queda de 11,96% em dezembro. Outro detalhe que agrava o problema é a opção pela batata da variedade Ágata, registrada no Brasil em 1999. Apesar da alta produtividade, ela é uma espécie que tem prazo curto, de 15 dias, para ser colhida após o ciclo. Hoje, de acordo com a Abasmig, a Ágata responde por 30% do plantio em Minas. "O custo de produção de uma saca é de R$ 32 a R$ 35. Mas o produto é vendido em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro ou São Paulo por R$ 15 a R$ 18. Não paga nem o transporte. E isso para os que conseguem vender", salientou José Daniel Ribeiro. "Tem gente que prefere alimentar o gado (com a colheita de batatas), mas isso também tem limite. O resto está indo para o lixo." O pior é que, pela previsão dos bataticultores, a crise deve durar mais alguns meses. Para João Ricardo Albanez, isso significa um "impacto muito grande" na economia agrária. |
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