quarta-feira, 30 de março de 2011

Ensino superior reduz ritmo de crescimento


Autor(es): Beth Koike | De São Paulo
Valor Econômico - 29/03/2011
 

Após quase triplicar de tamanho entre 1996 e 2005, o setor de ensino superior privado começa a dar sinais de desaquecimento. De 2006 para cá, o número de matrículas nas faculdades nacionais cresceu menos de 10% ao ano e deve manter esse índice até 2013.
A previsão é que daqui dois anos 5 milhões de alunos estejam estudando no ensino superior privado no Brasil, segundo projeção do Semesp, sindicato das faculdades particulares de São Paulo.
"A baixa renda é a responsável pelo crescimento do setor, uma vez que a classes A e B estão estagnadas. O problema é que o valor das mensalidades ainda é alto para as classes C e D e os brasileiros não têm a cultura de financiar a faculdade", disse Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.
O valor médio das mensalidades era de R$ 367 em 2009, uma redução de 30% em relação ao cobrado em 1999. Uma prova de que esse valor ainda não cabe no bolso dos universitários das classes C e D é a taxa de evasão, que atingiu 17,9% em 2009. Entre as faculdades públicas, o percentual de desistência é de 8,1%.
"Com essa alta taxa de evasão que ocorre todos os anos, apenas 56% dos alunos das faculdades privadas concluem o curso do qual se matricularam, principalmente por falta de condições financeiras", afirmou o diretor-executivo do Semesp.
No Brasil, o hábito de solicitar crédito estudantil ainda é pouco usual. No ano passado, por exemplo, apenas 71 mil alunos solicitaram o Fies - financiamento do governo federal para alunos de faculdades privadas com juros subsidiados.
A baixa adesão ao Fies ocorre também porque havia, até o ano passado, a exigência de um fiador para a concessão do crédito estudantil. No segundo semestre do ano passado, a exigência de fiador foi banida em alguns casos, como em medicina e nos cursos de licenciatura.
Mesmo com o desaquecimento do mercado de ensino superior particular nos últimos anos, ainda há um grande espaço de crescimento para as instituições de ensino. Isso porque apenas 13,8% dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos estão matriculados em faculdades. Em 2003, esse índice era de 9%.
Ainda de acordo com dados do Semesp, há atualmente 28,1 mil diferentes cursos de graduação em vigência. Desse total, 19,8 mil são ministrados em faculdades privadas e os outros 8,2 mil em faculdades públicas. "Os cursos mais procurados ainda são aqueles tradicionais como direito, administração e pedagogia. Os 20 cursos mais procurados responderam por quase 70% das matrículas efetivadas em 2009", explicou Capelato.

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