Marçal de Souza Tupã-Y (1920-1983)
07/01/2010 10:55 - Portal Brasil
Mais do que o índio que emocionou, com um discurso, o Papa João Paulo II, quando o sumo pontífice despedia-se do povo no Aeroporto de Manaus, no dia 11 de julho de 1980, Marçal de Souza foi o líder guarani que defendeu, até a morte, os direitos de seu povo na aldeia de Campestre, a 57 quilômetros de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
Ele nasceu na véspera do Natal de 1920, em Rincão do Júlio, na região de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Foi assassinado com cinco tiros, na noite de 25 de novembro de 1983, dias depois de recusar a proposta de um fazendeiro que lhe oferecera polpuda quantia para que convencesse os kaiowá a sairem da aldeia de Pirakuá, em Bela Vista (MS), para reservas já demarcadas pelo governo. Tupã-Y (Deus pequeno, em guarani), como era chamado pelo seu povo, recusou a oferta e foi ameaçado pelo fazendeiro. O crime teve repercussão internacional. O Governo de Mato Grosso do Sul chegou a divulgar nota na qual acusava um índio de ser o assassino. Mas as investigações apontavam para o fazendeiro como mandante do crime. Acusado, ele foi considerado inocente em dois julgamentos. Logo depois da morte do cacique, houve aumento considerável no número de suicídios de índios guaranis. No ano passado, decorridos 20 anos do assassinato, o crime foi prescrito. E os culpados não podem mais ser julgados. Marçal de Souza tinha 63 anos, quando morreu ao lado de sua mulher, a índia Celina Vilhava, de 27 anos, que estava grávida de nove meses.
Órfão aos oito anos, Tupã-Y foi educado numa missão presbiteriana. Morou com a família de um oficial do Exército em Recife, onde estudou até a segunda série do antigo ginasial. Adulto, voltou para Ponta Porã e, na década de 40, novamente abraçou sua cultura de origem ao se tornar guia e intérprete dos antropólogos Darcy Ribeiro e Egon Shaden. Na aldeia onde morava Marçal era enfermeiro do posto da FUNAI. Sua luta constante pela demarcação das terras indígenasincomodava fazendeiros e madeireiros. Até o encontro com o papa, em 1980, Marçal era um índio desconhecido.
Ganhou projeção internacional quando denunciou ao papa as agressões dos brancos contra os índios e reclamou da perda dos direitos indígenas ao longo da história “Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto não, Santo Padre. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Esta é a verdadeira história de nosso povo, Santo Padre. Eu deixo aqui o meu apelo, apelo de 20 mil índios que habitam, lutam pela sua sobrevivência, nesse País tão grande e tão pequeno para nós”.
Depois que Marçal foi assassinado, Darcy Ribeiro chamou o seu amigo de brilhante intelectual guarani, num discurso que fez em sua homenagem, no Senado.
Ele nasceu na véspera do Natal de 1920, em Rincão do Júlio, na região de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Foi assassinado com cinco tiros, na noite de 25 de novembro de 1983, dias depois de recusar a proposta de um fazendeiro que lhe oferecera polpuda quantia para que convencesse os kaiowá a sairem da aldeia de Pirakuá, em Bela Vista (MS), para reservas já demarcadas pelo governo. Tupã-Y (Deus pequeno, em guarani), como era chamado pelo seu povo, recusou a oferta e foi ameaçado pelo fazendeiro. O crime teve repercussão internacional. O Governo de Mato Grosso do Sul chegou a divulgar nota na qual acusava um índio de ser o assassino. Mas as investigações apontavam para o fazendeiro como mandante do crime. Acusado, ele foi considerado inocente em dois julgamentos. Logo depois da morte do cacique, houve aumento considerável no número de suicídios de índios guaranis. No ano passado, decorridos 20 anos do assassinato, o crime foi prescrito. E os culpados não podem mais ser julgados. Marçal de Souza tinha 63 anos, quando morreu ao lado de sua mulher, a índia Celina Vilhava, de 27 anos, que estava grávida de nove meses.
Órfão aos oito anos, Tupã-Y foi educado numa missão presbiteriana. Morou com a família de um oficial do Exército em Recife, onde estudou até a segunda série do antigo ginasial. Adulto, voltou para Ponta Porã e, na década de 40, novamente abraçou sua cultura de origem ao se tornar guia e intérprete dos antropólogos Darcy Ribeiro e Egon Shaden. Na aldeia onde morava Marçal era enfermeiro do posto da FUNAI. Sua luta constante pela demarcação das terras indígenasincomodava fazendeiros e madeireiros. Até o encontro com o papa, em 1980, Marçal era um índio desconhecido.
Ganhou projeção internacional quando denunciou ao papa as agressões dos brancos contra os índios e reclamou da perda dos direitos indígenas ao longo da história “Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto não, Santo Padre. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Esta é a verdadeira história de nosso povo, Santo Padre. Eu deixo aqui o meu apelo, apelo de 20 mil índios que habitam, lutam pela sua sobrevivência, nesse País tão grande e tão pequeno para nós”.
Depois que Marçal foi assassinado, Darcy Ribeiro chamou o seu amigo de brilhante intelectual guarani, num discurso que fez em sua homenagem, no Senado.
Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)
Livro 100 Brasileiros (2004)
Luís Gama (1830 - 1882)
07/01/2010 14:00 - Portal Brasil
Luís Gonzaga Pinto da Gama foi a primeira grande figura do movimento abolicionista brasileiro. Morreu em 1882, portanto antes da Abolição da Escravidão pela qual tanto lutou. Gama nasceu em Salvador, em 21 de junho de 1830, uma década marcada por várias revoltas dos negros. Sua mãe participou da Sabinada, revolução de caráter federalista deflagrada na Bahia, em 1837.
Foi presa algumas vezes e fugiu para o Rio de Janeiro. Seu pai era um fidalgo português, que, falido, o vendeu como escravo quando Luís, nascido livre, tinha apenas 10 anos. Ele foi para o Rio e, depois, para São Paulo. Deveria trabalhar nas plantações de café, mas os negros oriundos da Bahia, especialmente de Salvador, eram considerados rebeldes demais, a ponto de ameaçar a ordem das senzalas. Luís Gama acabou ficando na cidade de São Paulo, como escravo doméstico.
Alfabetizou-se e, aos 18 anos, fugiu do cativeiro. Serviu como soldado durante seis anos. Na Justiça, conseguiu demonstrar a ilegalidade de sua condição. Assim, conquistou a liberdade. Liberto, tornou-se soldado da Força Pública. Depois, escrivão da Secretaria de Polícia de São Paulo. Aproveitou-se do cargo para conhecer a legislação e usar o que aprendia em defesa dos escravos. Inaugurou a imprensa humorística paulistana, ao fundar, em 1864, o jornal O Diabo Coxo.
Em 1869, foi demitido da função de escrivão devido a seu comportamento diante de um juiz que resistiu a julgar casos de libertação de escravos propostos por ele. A demissão foi exigida pelo presidente da província e Luís Gama não se abalou. Respondeu: “Honro-me com a demissão que acabo de receber.” Além de demitido, foi processado por calúnia e injúria. Assumiu sua defesa diante do júri popular e foi absolvido por unanimidade. Depois desse episódio, Luís Gama passou a exercer exclusivamente a função de advogado. Mesmo sem jamais ter cursado qualquer faculdade, viria a se destacar como grande defensor da causa da liberdade.
Seu trabalho garantiu a liberdade de muitos negros. Seu recurso era usar as leis em vigor, que não eram respeitadas pelos fazendeiros. A principal era a lei de 1831 que declarava livre todos os negros que entraram no país depois daquela data. Foi também um militante da causa republicana. A defesa das causas da abolição e da República fez com que Luís Gama tivesse uma vida difícil, perto da miséria. Morreu em 24 de agosto de 1882. Seu enterro foi um acontecimento notável. Na São Paulo de 40 mil habitantes, três mil pessoas acompanharam o caixão do líder abolicionista. O jornal A Província de São Paulo publicou: “Jamais esta capital (...) viu mais imponente e espontânea manifestação de dor e profunda saudade de uma população inteira para com um cidadão.” De Luís Gama, disse Rui Barbosa: “Um coração de anjo, um espírito genial, uma torrente de eloqüência, de dialética e de graça”.
Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)
Livro 100 Brasileiros (2004)
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