domingo, 6 de maio de 2012

Europa vota por agenda do crescimento


São Paulo, domingo, 06 de maio de 2012
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ELEIÇÕES NO EURO


França e Grécia vão às urnas hoje para definir quem são os líderes mais capacitados a enfrentar a crise econômica
Socialista é favorito entre franceses; partido conservador leva vantagem entre eleitores gregos
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
As eleições de hoje na França e na Grécia mudarão a agenda europeia, centrada num duro ajuste das contas públicas, para nela introduzir a palavra crescimento.
Mas não se trata de trocar austeridade por crescimento, mas de acrescentar este segundo elemento ao primeiro, obrigatório ante os níveis insustentáveis de dívida e deficit da grande maioria dos países europeus.
Mesmo que houvesse a natural tentação dos políticos de abandonar a austeridade, pelo que ela está provocando de retração, desemprego e descontentamento social, a Alemanha vetaria a troca.
Seu ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, já estabeleceu com meridiana clareza qual é a nova agenda e seus limites: primeiro, ao reconhecer que "os meios de estimular o crescimento estarão no coração das discussões das próximas semanas".
Depois, ao dizer que o novo ponto "não deve pôr em questão a prioridade da União Europeia à austeridade". Na França, o favorito nas pesquisas, o socialista François Hollande, avisou que só aceita o pacto fiscal decidido pelos líderes europeus se a ele for acrescentada a "dimensão do crescimento".
Mesmo que o presidente Nicolas Sarkozy acabe vencendo, a agenda do crescimento estará na pauta. Primeiro, porque ele também defendeu o crescimento, ao lado da austeridade.
Segundo porque sua vitória seria consequência dos votos da extrema direita e boa parte deles foi conquistada, no primeiro turno, por uma campanha pela demolição total dos acordos europeus.
Na Grécia, o cenário antiausteridade é ainda mais violento, até porque seus efeitos gregos estão sendo mais dramáticos (cinco anos de recessão, desemprego recorde de 21,8%, aumento brutal dos suicídios). Era inevitável que os partidos antiacordo com a Europa/FMI tivessem, segundo as pesquisas, mais intenções de voto que os dois partidos que aprovaram o acordo (o conservador Nova Democracia e o PASOK, Partido Socialista Pan-Helênico, inimigos de sempre, forçados à convivência pela intervenção da Europa na Grécia).
Um truque da lei eleitoral, que dá um bônus de 50 cadeiras ao partido mais votado (são 300 no total), pode até permitir que a coligação ND/PASOK se repita, apesar de Antonis Samaras, o líder conservador, repetir que quer maioria clara para governar sozinho, sob pena de convocar novas eleições.
Abre-se, portanto, um período de instabilidade que, no limite, coloca o país "ante a escolha fundamental de permanecer ou não no euro", como diz Daniel Gros, diretor do Centro Europeu para Estudos Políticos de Bruxelas.

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