sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Commodities

Clima e manejo colaboram e importação tem forte queda

Valor Econômico - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/clima-e-manejo-colaboram-e-importacao-tem-forte-queda

Com a produção maior de cacau nacional, as indústrias processadoras reduziram a importação da amêndoa. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), em 2010 foram compradas do exterior 47,6 mil toneladas, 35% menos do que em 2009.
De acordo com estimativas da TH Consultoria e Estudos de Mercado, nesta temporada, 2010/11, que termina em abril, a safra brasileira deve atingir 195 mil toneladas, 26% mais do que na safra anterior, quando o país colheu 154,9 mil toneladas. Além de o produtor ter aprendido a controlar a vassoura de bruxa, fungo que ataca o cacaueiro, ele também vem sendo estimulado pelos preços mais remuneradores da cultura.
Nos últimos três anos, a tonelada da amêndoa vem se mantendo valorizada, sendo que somente neste ano a alta acumulada é de 8,65%, de acordo com levantamento do Valor Data.
Apesar do avanço da área e dos projetos de fomento à melhoria da produção, o Brasil não deve ainda ser autossuficiente pelo menos, nos próximos cinco anos, diz Laerte Moraes, diretor da área de Cacau e Chocolate da Cargill.
Mas ele reconhece que a necessidade de importação foi muito reduzida nos últimos anos. "Do total de amêndoa processada no Brasil, 70% a 75% são de cacau nacional. Esse percentual era de 50% há dez anos", diz Moraes.
Com capacidade para processar 85 mil toneladas em sua planta em Ilhéus (BA), a Cargill usa nessa unidade cacau de quatro origens diferentes, conta o executivo. São elas Bahia, Pará, África (Costa do Marfim e outros países africanos) e Ásia (Indonésia).
A importação, diz ele, não se justifica apenas por uma questão de volumes, mas para atender demandas específicas dos clientes. "Normalmente, fazemos misturas de matérias-primas, mas dependendo do tipo de produto que será fabricado pelos nossos clientes, temos que ter cacau de origens específicas", detalha Moraes.
Do cacau, retira-se basicamente três produtos: o líquor, a manteiga e o pó. O cacau da Bahia, por exemplo, tem um pó mais vermelho, muito usado em bebidas lácteas e na elaboração de achocolatados. O paraense, por outro lado, tem um pó mais claro, mas com um sabor mais suave que o baiano, característica muito demandada nas sobremesas lácteas. "Temos uma infinidade de pós de coloração e intensidade de sabor diferentes para atender diversas empresas com seus produtos específicos".
A Cargill não revela qual o seu volume processado de cacau por ano em Ilhéus, que foi a primeira unidade de cacau da empresa no mundo. Hoje, a fábrica responde por 15% da capacidade total da múlti, que é de 600 mil toneladas.
Apesar de essa área representar apenas 5% das receitas totais da empresa no Brasil, quando se trata de resultado esse percentual sobe para algo na ordem de 10%. "Apesar de os volumes serem menores do que de outras commodities, o valor agregado dos subprodutos do cacau são mais elevados", explica Moraes.
Além da indústria de Ilhéus, que processa a amêndoa, a Cargill tem uma unidade de chocolate em Porto Ferreira (SP). De tudo o que a empresa vende, 65% seguem para o mercado interno e 35% para a exportação, parte para compensação tributária do imposto de importação do cacau, e também para desovar o volume de manteiga de cacau que não é absorvido no mercado brasileiro.

Projeto de fomento reanima produção de cacau na Bahia

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/projeto-de-fomento-reanima-producao-de-cacau-na-bahia


As indústrias produtoras de cacau instaladas no Brasil começam a obter os primeiros resultados de um projeto de fomento à produção da amêndoa na Bahia. Os 25 produtores participantes da iniciativa, que entra agora em seu terceiro ano de execução, conseguiram mais que dobrar a produção por hectare somente com adoção do manejo e das tecnologias preconizadas no projeto.
A iniciativa tem coordenação da Associação da Indústria Produtora de Cacau (AIPC), que representa as cinco maiores produtoras mundiais da amêndoa - Cargill, ADM, Barry Callebaut, Delfi Cacau e Indeca. A duração total é de oito anos, sendo que os aportes financeiros serão realizados nos primeiros quatro. O orçamento total é de € 673 mil, sendo € 500 mil aportados pelo fundo do governo alemão Buffer Stock Fund, e o restante pela AIPC. As fazendas selecionadas participam com 15% do total dos insumos gastos no projeto.

Antes da fase de implantação nas fazendas, explica Walter Tegani, secretário-executivo da AIPC, foi feito um levantamento das melhores práticas de manejo da lavoura realizadas na região sudeste da Bahia. Com ele em mãos, iniciou-se a multiplicação dessas práticas em cinco hectares de cada fazenda escolhida - o tamanho médio das propriedades na região é de 20 a 60 hectares. O critério, diz Tegani, foram as áreas com produção mais deficiente e com terras mais degradadas. Por conta dessa base pequena, pondera Tegani, os resultados foram muito altos.
Apesar disso, as produtividades atingidas já estão acima da média da Bahia, o maior Estado produtor da amêndoa. As primeiras dez fazendas que aderiram ao programa saíram do patamar de 11,5 arrobas por hectare para algo em torno de 32 arrobas. As 15 fazendas que entraram mais tardiamente já conseguiram avançar para 28,5 arrobas por hectare, ante o desempenho anterior de 11,5 arrobas.
Segundo Thomas Hartmann, da TH Consultoria e Estudos de Mercado, a média alcançada nesta safra por toda a região da Bahia foi menor, de cerca de 25 arrobas por hectare. No entanto, recorda, o sudeste baiano já atingiu no passado desempenho de 40 a 45 arrobas por hectare, antes da incidência da doença vassoura de bruxa, causada por um fungo que quase dizimou as lavouras cacaueiras da região. Há ainda, segundo ele, fazendas que atingem níveis de produtividade muito superiores, na casa de 100 arrobas por hectare. "Mas são plantações isoladas e que recebem tratos excepcionais", pontua.
Para chegar aos avanços preliminares no projeto liderado pelo AIPC, batizado de Phoenix, foram implementadas algumas mudanças no manejo, explica Laerte Moraes, diretor da área de Cacau e Chocolate da Cargill no Brasil, que participa do projeto como associada da AIPC. Entre elas, o aumento da densidade de plantas por hectare. "Muitas dessas fazendas tinham 400 plantas por hectare, população que foi elevada para 1.200 plantas", diz Moraes.
Além do adensamento, as práticas contemplaram a criação de viveiros e enxertia com variedades de clones resistentes à vassoura de bruxa e altamente produtivos, explica Moraes.
Nas primeiras 10 propriedades, diz ele, foi possível avaliar dois momentos da lavoura: temporão e safra principal. Nas outras quinze, só se tem da principal. Apesar dos preliminares, os resultados finais serão conhecidos apenas ao final dos oito anos, diz Moraes. "O cacaueiro é uma árvore perene que leva cinco anos para começar a dar frutos", diz.
Ainda não foi definido o modelo de difusão das tecnologias testadas e que obterão êxito no projeto. "Mas vamos discutir isso nos próximos anos. Pode ser por meio da associação, via fundo ou com apoio do governo", diz Moraes.
Além desse projeto com a AIPC, no Brasil, a Cargill, que é a maior processadora de cacau do mundo, também desenvolve uma outra iniciativa com a ONG Care, mas com foco em pequenos produtores - com área inferior a 10 hectares. "Diferentemente do outro, que tem apelo econômico, a abordagem desse é mais técnica".

Preço elevado incentiva o avanço do sorgo na Bahia

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 02/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/2/preco-elevado-incentiva-o-avanco-do-sorgo-na-bahia

A disparada das cotações do milho nos mercados internacional e doméstico motivou um forte aumento dos preços do sorgo em regiões produtoras do país nos últimos meses. Ainda que a valorização não seja suficiente para que essa alternativa mais barata ao milho desbanque o "primo rico" na estratégia de plantio da maior parte dos agricultores que investem em grãos destinados sobretudo a rações animais, no sudoeste baiano a tendência estimulou a substituição de plantações de feijão, prejudicadas pelo clima adverso nas últimas temporadas.
Não por outro motivo é a Bahia que puxa o aumento da produção brasileira de sorgo nesta safra 2010/11, cuja colheita está em andamento. Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada no Estado com a cultura cresceu expressivos 153,5% em relação a 2009/10 e alcançou 240,8 mil hectares. Como o órgão prevê para o sorgo baiano produtividade 50,6% maior, de 1.691 quilos por hectares, a colheita esperada é de 407,2 mil toneladas, 282% superior à do ciclo anterior.
Ainda é difícil comparar o movimento na Bahia com o de outros importantes Estados produtores porque nestes, situados no Centro-Sul do país, o sorgo entra principalmente na safrinha de inverno, para a qual ainda não há estimativas oficiais mais concretas. Mas pelo menos em Goiás, que tradicionalmente lidera a produção nacional, não há expectativa de incremento. Por enquanto, a Conab estima uma área plantada total no país de 850,4 mil hectares em 2010/11, 21,9% maior que a do ciclo 2009/10, com produtividade média de 2.303 quilos por hectare (1,1% menor) e colheita de 1,959 milhão de toneladas, um salto de 20,6%.
Segundo Alcides Viana, assessor de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), um dos municípios do sudoeste do Estado que registram maior avanço do sorgo granífero sobre áreas de feijão é Irecê. Apesar da tradição dos pequenos produtores do município no plantio de feijão, as menores regularidade e uniformidade das chuvas nas últimas temporadas abriram espaço para a troca. Em toda a Bahia, a produção de feijão deverá recuar 16,2% em 2010/11, segundo a Conab. Hoje ainda não há sorgo disponível naquela região, mas há indicações de que a saca de 60 quilos poderia estar sendo negociada a R$ 22,50 se houvesse oferta.
A valorização do sorgo tem acompanhado a curva de alta do milho. Conforme Viana, no oeste da Bahia, principal polo de grãos do Estado, os preços do milho começaram a reagir em julho, depois que os produtores da região já tinham concluído seus planejamentos para a safra 2010/11. Atualmente a saca de milho é comercializada em torno de R$ 30 no oeste, ante as médias de R$ 18,26 de 2010 e de R$ 16,33 de 2009. "Como o valor da saca do sorgo é taxado pelo seu valor de proteína em comparação com o milho, que é de 75%, a cultura fica totalmente inviável quando o milho se encontra em cenário de baixo preço", afirmou o assessor.
É por isso que na região oeste em si, de Cerrado, onde a produção agrícola é liderada por soja, milho e algodão, o sorgo não encontrou espaço para expansões em 2010/11. Ali, estima Viana, a área permanece em cerca de 13 mil hectares e qualquer aumento só poderá acontecer depois da colheita das variedades precoces de soja, a partir de meados deste mês. Se de fato houver alguma expansão, é até possível que a Bahia deixe Goiás para trás e assuma a liderança entre os principais Estados produtores de sorgo do país.
Em suas estatísticas, a Conab ainda mantém para Goiás a mesma área de sorgo semeada em 2009/10 (243,3 mil hectares), com produtividade 2,2% superior (2.525 quilos por hectare) e colheita de 614,3 mil toneladas, também 2,2% maior. No Estado, 90% da semeadura é realizada na safrinha de inverno, cujo plantio ainda está sendo definido. Para Alexandro Alves, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a expectativa da entidade é de leve redução da área na próxima safrinha. "Como o milho está em disparada, os produtores que plantaram soja no verão estão preferindo o milho na safrinha". A colheita de soja deverá começar "oficialmente" no campo goiano nos próximos dias.
A preferência pelo milho está ligada à vocação dos agricultores e à maior liquidez do milho, um grão mais nobre do que o sorgo. "Por isso é difícil o produtor tradicional mudar de ideia. Mas o produtor "investidor" ainda pode substituir a aposta", afirma Alves. No mercado de Goiás, a saca de 60 quilos do sorgo subiu de R$ 10,91, em janeiro de 2010, para R$ 16,85 no mês passado (alta de 54,4%), enquanto a saca de milho passou de R$ 13,88 para R$ 22,55 na mesma comparação (alta de 62,5%). O custo do plantio do sorgo está calculado pela Faeg em R$ 10,70 por saca, ante os R$ 17,17 do milho.

Agricultura puxa alta de 4% no preço de commodities

Autor(es): Fernando Travaglini | De Brasília
Valor Econômico - 03/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/3/agricultura-puxa-alta-de-4-no-preco-de-commodities


O Índice de Commodities Brasil (IC-Br), do Banco Central (BC), subiu 4,05% no primeiro mês do ano. O indicador se acelerou em relação ao ritmo apresentado no fim do ano passado, cujo crescimento era da ordem de 2%. A variação é fruto do choque de commodities que afeta a economia brasileira. Em 12 meses, o IC-Br subiu 33,55%.
O maior impacto na formação do índice veio do setor de agricultura, que subiu 4,44% em janeiro, enquanto as commodities metálicas avançaram 3,52% no mês. Os preços de energia tiveram expansão de 3,4% no período.
O indicador mostra, portanto, que o choque de alimentos, que puxou a inflação brasileira para cima no último trimestre do ano passado, ainda mostra sinais de força. A consequência direta é que os economistas começam a prever um aperto monetário mais intenso ao longo deste ano do que o previamente esperado.
O mercado, por meio das projeções do Boletim Focus, já aponta essa tendência. Os analistas acreditavam que o Banco Central traria a inflação para a meta apenas em 2012. Mas os dois últimos boletins, dessa semana e da anterior, passaram a apontar que a expectativa para a inflação do próximo ano também escapou do centro da meta, de 4,5%, e atingiu 4,7%. Como consequência, a alta total da Selic esperada para este ano passou de 1,5 ponto percentual para 1,75 ponto percentual.
O IC-Br é um indicador novo calculado pelo Banco Central que mede a variação dos preços de commodities no mercado internacional que têm impacto direto na inflação doméstica. O IC-Br, que se mostra mais aderente à economia brasileira do que o índice CRB (Commodity Research Bureau), agrega os indicadores relativos aos segmentos agropecuário, metalúrgico e de energia.


Alimentos têm maior alta desde 1990

O Globo - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/alimentos-tem-maior-alta-desde-1990
Índice da ONU mostra aumento de 3,4% em janeiro sobre dezembro

MILÃO e LONDRES. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) anunciou ontem que os preços dos alimentos em todo o mundo foram recorde em janeiro. Com 231 pontos, o índice subiu 3,4% em relação a dezembro, a sétima alta seguida e registrando o maior patamar desde o início da série histórica, em 1990. Segundo a FAO, todas as commodities alimentares registraram aumentos significativos no mês passado, exceto a carne.
- Os números mostram claramente que a pressão sobre os preços não diminui. A alta provavelmente vai persistir nos próximos meses - disse o economista da FAO Abdolreza Abbassian.

A agência da ONU também alerta que os problemas serão ainda mais penosos para os países com dificuldades para obter financiamento para suas importações, assim como para as famílias pobres que gastam a maior parte de sua renda com comida.

Crise política nos países árabes contribui para alta

A instabilidade dos últimos dias nos países árabes está contribuindo também para o encarecimento dos preços. A preocupação com o tema é crescente: os líderes mundias reunidos em Davos, no fim do mês passado, advertiram que, se continuar assim, a situação poderá desencadear novos conflitos e até guerras.

Já para a revista britânica "The Economist", a inflação está subindo, mas não está alta. E, baseada nesta constatação, a publicação afirma que o temor de suas consequências é superestimado.

"Em nenhum país, rico ou emergente, (a inflação) atingiu o pico de 2008 (nos EUA está em apenas 1,5%)."

Ainda de acordo com a revista, dificilmente as pressões inflacionárias continuarão a longo prazo nos países ricos, porque não há espaço para reajustes salariais.

"Nas economias emergentes, a história é outra. Mas mesmo assim as reações podem ser exageradas", afirma.

Para a revista, os bancos centrais devem ignorar os choques temporários, como os problemas na colheita russa de grãos, já que seu trabalho é conter pressões contínuas sobre os preços.

Sobre o Brasil, a "Economist" defende que um controle maior do Orçamento bastaria para segurar a inflação: "Na Índia e no Brasil, a principal ferramenta contra inflação deve ser um déficit orçamentário menor".


Commodities continuam em ritmo de alta

Em carta, Sarkozy alerta Dilma sobre ação contra instabilidade
Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/commodities-continuam-em-ritmo-de-alta

Os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil tiveram nova alta em janeiro. Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de produtos negociados na bolsa de Chicago (soja, milho e trigo) e de Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que todos encerraram janeiro com ganhos em relação a dezembro. As altas variaram de 3,57% (cacau) a 9,51% (algodão). Quase todos, com exceção do cacau, se valorizaram em relação às médias de janeiro do ano passado. No caso do algodão, as cotações dobraram.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, enviou carta à presidente Dilma Rousseff na qual reitera que o G20, sob sua presidência este ano, terá como uma de suas prioridades reduzir a volatilidade excessiva dos preços das matérias-primas, principalmente dos alimentos. Foi a primeira carta de Sarkozy à nova presidente brasileira desde que ela assumiu, em janeiro, e mantém o Brasil em alerta sobre o plano francês. Sarkozy também destaca em suas demandas a reforma do sistema financeiro internacional.
O presidente francês vincula os preços agrícolas à segurança alimentar e vem alertando para os problemas políticos decorrentes da alta da inflação, considerando que aumentos de preços e volatilidade podem perdurar nos próximos anos. Na busca de coordenação internacional para obter estabilidade nos mercados, Sarkozy viajará a alguns países para "convencer" chefes de Estado do G20, que representam 85% da produção mundial. O primeiro será o presidente da Turquia.
A França tenta influenciar estudos na FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação (FAO), na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e em outras entidades internacionais a fim de reunir argumentos suficientes para pavimentar uma eventual proposta de intervenção direta nos mercados agrícolas. O Brasil já começou a combater as ideias francesas nas primeiras reuniões técnicas do G20. Para exportadores, é preciso um diagnóstico sério sobre a variação dos preços agrícolas antes de o grupo aparecer com soluções que possam provocar novas distorções em um setor já fortemente marcado por subsídios bilionários e barreiras de toda ordem.
A própria OCDE já publicou relatório preliminar mostrando que a alta excessiva de preços de commodities desde 2005, com destaque para a explosão de preços agrícolas em 2008, não é anormal em termos históricos. E constatou que a volatilidade dos alimentos é até moderada se comparada a outras commodities, como metais e energia.
Planos intervencionistas como a criação de estoques regionais de alimentos, por exemplo, também não se justificariam, conforme avaliação apresentada na OCDE pelo professor italiano Christopher Gilbert, da Universidade de Trento (Itália). Ele examinou acordos internacionais para estabilizar preços por meio de controles da oferta seja através de estoques, como nos casos de cacau e borracha, seja por controles de exportações, como em café e açúcar, e conclui que os resultados foram na direção oposta do que se esperava - a volatilidade aumentou - e não teria sentido retomar a ideia agora. [Se a estocagem foi obra dos conglomerados, os mesmos que especulam, sem dúvida, a volatilidade saiu reforçada.]
No G20, os países exportadores defendem que a volatilidade dos preços agrícolas pode resultar de fatores fora dos mercados agrícolas, como a alta de preços de petróleo e fertilizantes, o clima e fatores macroeconômicos. Sem esquecer o crescimento da renda das economias emergentes e a redução dos estoques internacionais de alimentos nos últimos anos.
Diante de reações de vários países, Sarkozy começa a colocar nuances em suas posições. "Eu vi num jornal que queremos fixar os preços de matérias-primas. Pode-se ter um raciocínio equilibrado sobre isso? Entre o liberalismo louco total e a gestão compulsiva, talvez exista uma regra média", afirmou. Para o Brasil e outros exportadores, de fato há espaço para mecanismos que corrijam falhas dos mercados, mas sem intervenções diretas que seriam custosas em alocação de recursos e mesmo em eficiência no setor agrícola.
Sobre o combate aos especuladores, Sarkozy poderá ter mais apoio no G20. Mas no Fórum Global de Commodities, ontem em Genebra, analistas mostraram que, apesar do aumento do interesse de investidores por commodities, a parte de matérias-primas nos contratos de derivativos é inferior a 1% do total. E das commodities como ativos financeiros, os contratos agrícolas representam 12,2%, ante 72% da energia. Sarkozy antecipou em Davos que uma das propostas da França será exigir dos investidores em matérias-primas que bloqueiem uma parte da soma que representa o custo do volume de produtos agrícolas que compraram no mercado futuro.

Mais um mês de fortes valorizações de preços no exterior

Autor(es): Assis Moreira e Fernando Lopes | De Genebra e São Paulo
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/mais-um-mes-de-fortes-valorizacoes-de-precos-no-exterior
Os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior confirmaram as expectativas e permaneceram em patamares elevados em janeiro, ainda sustentados por demandas em geral firmes, restrições ou ameaças às ofertas, dólar fraco e forte interesse de grandes fundos de investimentos nesses mercados.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega - normalmente a de maior liquidez - de produtos referenciados ou na bolsa de Chicago (soja, milho e trigo) ou em Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que todos eles encerraram janeiro com ganhos em relação a dezembro - entre 3,57% (cacau) e 9,51% (algodão) - e que quase todos, exceto o cacau, apresentam valorizações em relação às médias de janeiro do ano passado, entre 9,69% (açúcar) e 100,17% (algodão).
Nesse contexto, aumentaram o temor de que o encarecimento mundial dos alimentos provoque uma nova crise permeada por protestos em países mais pobres, como em 2008, e a pressão internacional para a adoção de mecanismos que contenham a especulação e a volatilidade na bolsas (ver matéria acima).
No que depender dos fundamentos de oferta e demanda, lembram especialistas, os sinais mais fortes ainda são de cotações bem acima das médias nos próximos meses, ainda que o provável incremento da produção sobretudo de algodão e grãos no Hemisfério Norte na safra 2011/12 sejam mais concretos em virtude dos atuais preços remuneradores. O problema é que esses aumentos terão de ser expressivos, e para isso será preciso investimento nas lavouras e clima favorável.
No Fórum Global de Commodities da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), realizado ontem em Genebra, Etsuo Kitahara, diretor executivo do Conselho Internacional de Grãos (IGC), projetou que os preços dos grãos continuarão elevados porque os estoques totais caíram 36% no ano passado, em larga medida em decorrência dos estragos provocados pelo clima adverso na produção do Hemisfério Norte na safra 2010/11. Os estoques de trigo declinaram 24%, e os de milho tombaram 50%.
Além da redução da produção, a sustentação dos preços é ajudada pela restrição às exportações em alguns países. Em 2010/11, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão deixaram de exportar 29,1 milhões de toneladas de grãos. Uma parte disso poderá ser compensada por maiores embarques dos EUA (11 milhões de toneladas), Argentina (5,3 milhões), UE (3,9 milhões) e Austrália (2,5 milhões). Em 2011/12, Kitahara reforça o coro dos que acreditam em "disputas" de terras nos EUA por parte de produtores de milho e de soja.
Hoje a balança parece pender para milho, já que a demanda pelo produto dos EUA, que tem vocação histórica para o plantio do grão, está aquecida, apesar da queda apurada pelo governo do país na semana passada. E os preços, estão próximos ao recorde histórico de 2008, mesma situação observada no Brasil, conforme a consultoria Céleres.
Não é positivo, porém, o cenário para as cotações de algodão, que rondam máximas nunca antes vistas. Terry Townsend, diretor executivo do International Cotton Advisory Committee, estimou em Genebra, com "alto grau de confiança", que os preços poderão cair pela metade até o fim do ano por causa do aumento da oferta. Segundo ele, a tendência de forte baixa pode ser comprovada pelo comportamento dos contratos futuros com prazo mais longo de entrega na bolsa de Xangai, na China, que é um grande país produtor mas que também importa muito. Mas, ainda que a libra-peso passe de US$ 2 para US$ 1 em Xangai, como apontam os papéis para dezembro, nos últimos cinco anos as médias foram inferiores, entre 50 e 90 centavos. A crise no Egito passou a dar fôlego extra às cotações do algodão nos últimos dias - o mesmo vale para o trigo -, mas trata-se de uma influência que, espera-se, dure pouco.
Para os cafeicultores exportadores, José Sette, diretor executivo interino da Organização Internacional do Café (OIC), traçou um cenário positivo no fórum da Unctad. Estimou que a tendência altista perdurará até o fim do ano, já que a demanda é constante e o mercado vive um choque de oferta. A Colômbia, segundo maior produtor de café arábica, vem de três safras com problemas e a próxima safra do líder Brasil, disse, ainda gera controvérsias. "Não estou dizendo que os preços vão subir mais, mas o nível atual é muito atraente".
Outro que deverá seguir valorizado é o açúcar, conforme Lindsay Jolly, economista da Organização Internacional do Açúcar (OIA). Pelo menos até que o mercado saiba quanto a Índia será autorizada a exportar e tenha mais informações sobre o quanto o Brasil destinará de sua próxima safra de cana à produção do adoçante. Em 2010, os preços subiram, baixaram e depois subiram de novo. Mas a oscilação em forma de "V", diz, não levará a um "crash" mais tarde. A OIA projeta alta das produções de açúcar e etanol em 2011/12 no Brasil.

Na BM&FBovespa, boi e milho voltam a subir

Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/na-bm-fbovespa-boi-e-milho-voltam-a-subir

O mês de janeiro chegou ao fim com os preços das principais commodities agrícolas negociadas no mercado doméstico ainda dentro da trajetória de alta iniciada em meados do ano passado. Até mesmo as cotações do milho e do boi gordo, que haviam recuado em dezembro, voltaram a subir e de forma acentuada, conforme cálculos do Valor Data que levam em consideração os contratos de segunda posição - normalmente os de maior liquidez - negociados na BM&FBovespa.
O gado criado em confinamento elevou a oferta de animais para abate entre outubro e dezembro de 2010, fato que pressionou os preços. Com o término do abastecimento dos frigoríficos com esse tipo de animal, a oferta voltou a cair, fazendo com que os preços subissem novamente no mês passado. "Muitos animais que ficariam prontos para o abate agora acabaram indo para os frigoríficos em dezembro por conta dos bons preços pagos", afirma Élio Micheloni, analista da Icap.
O recorde nos volumes exportados em 2010 e os mais de 6 quilos de café consumidos por cada brasileiro no ano passado - maior patamar já registrado pela indústria nacional - fizeram os preços subirem novamente. Com a valorização de janeiro, foi o oitavo mês consecutivo em que as cotações subiram no Brasil sem qualquer interrupção.
"Os preços do café não voltam mais para os patamares anteriores. Os níveis de negociação foram alterados e já não é mais possível analisar o mercado apenas olhando para o que aconteceu no passado", afirma Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes. Mesmo com a alta, o analista diz não ver uma corrida no Brasil ou outro país produtor, para ampliação de áreas para café. "Vejo investimentos para aumento de produtividade e redução de custo, mas novas áreas não".
O nervosismo das bolsas internacionais tem influenciado diretamente os preços dos grãos no mercado doméstico. Tanto a soja quanto o milho estão sendo sofrendo na BM&FBovespa os efeitos gerados pelas incertezas climáticas na América do Sul, especialmente na Argentina.

Soja no Brasil

Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/soja-no-brasil

Relatório divulgado ontem pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que as condições gerais das lavouras de soja da temporada em curso - a 2010/11 - estão satisfatórias até nas áreas de variedades superprecoces (ciclo mais curto), cujo rendimento está estimado em 55 e 56 sacas por hectare.
Soja no RS
A exceção, de acordo com o documento da CNA, fica nas áreas gaúchas da oleaginosa, que assim como as da Argentina, ainda são foco de preocupação por causa da estiagem das últimas semanas. A seca também pode comprometer o desempenho da pecuária de corte e de leite no Estado, segundo a CNA.
Venda de soja em MT
A comercialização de soja segue acelerada no maior produtor nacional da oleaginosa. De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), foram comercializados no Estado até agora 65,9% da safra 2010/11, ante os 45,4% de igual período do ano passado. Diferentemente do que informou ontem o Valor, apenas 2,8% da área da oleaginosa de Mato Grosso tinha sido colhida até 27 de janeiro. Em igual momento da temporada 2009/10, a colheita estava mais adiantada: 9,9% da área total, segundo o Imea.



Índice de preços de alimentos da FAO atinge novo pico em janeiro

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/indice-de-precos-de-alimentos-da-fao-atinge-novo-pico-em-janeiro


O Índice de Preços de Alimentos da FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, voltou a bater recorde em janeiro, pelo segundo mês consecutivo. O indicador, composto a partir do comportamento dos preços de uma cesta formada por carnes, lácteos, cereais, óleo e gorduras e açúcar, subiu 3,5% em relação a dezembro e atingiu 231 pontos. Desde junho de 2010, quando adversidades climáticas começaram a ceifar a safra de grãos de Rússia e países vizinhos, o índice apresenta apenas variações positivas.
"Os preços dos alimentos vão continuar muito altos, mais que em 2011, e até agosto não vejo correção significativa", disse Abdolreza Abbassian, economista da FAO, ao Valor. Ele lembra que, na situação atual, os principais ganhadores serão os Estados Unidos, maior exportador agrícola do mundo, o Brasil, que exporta quase tudo no setor, e também a União Europeia, por causa de seus embarques de grãos. A nova alta do índice também reforça a posição da França de buscar no G20 maneiras de regular o mercado agrícola e coibir a grande volatilidade atual. O Brasil vê com preocupação ideias de intervenção direta nos mercados.
Como se vê no gráfico acima, dos índices específicos que compõem o "Food Price Index" consolidado da FAO, apenas o referente às carnes não apresentou elevação em janeiro na comparação com dezembro. Na Europa houve até queda, em virtude do escândalo provocado pela contaminação de rações com dioxina, uma substância cancerígena, na Alemanha. Todos os demais índices específicos subiram. No dos cereais, houve alta de 3%, mas o patamar do mês passado ainda é 11% inferior ao pico de abril de 2008, quando uma disparada global dos preços de alimentos deflagrou revoltas nas ruas em diversos países.
A escalada atual também já motiva reações em vários mercados. Na Tailândia, segundo maior país exportador de açúcar do planeta, atrás do Brasil, os clientes são aconselhados a só comprarem até três pacotes do produto cada vez nos supermercados, enquanto o governo tenta frear a alta de custos. Já a Indonésia está sendo obrigada a fazer grandes importações de arroz depois que a produção doméstica sofreu com pesadas chuvas. A inflação subiu para 7%, alimentada pela alta de 16% nos preços de commodities. No Brasil, que resiste a intervenções diretas nos mercados agrícolas globais, o índice de commodities agropecuárias do Banco Central atingiu o pico de 186,99 pontos em janeiro, 4,44% a mais que em dezembro, e acentuou ainda mais as já agudas preocupações inflacionárias.
A FAO constatou que, globalmente, a pressão altista dos alimentos não diminuiu e que a fatura vai pesar para os países pobres que são importadores líquido de alimentos. Segundo o economista Abdolreza Abbassian, o único fator positivo até agora é que alguns países vêm obtendo boas colheitas e podem manter os preços domésticos de produtos de base mais baixos que os internacionais. Mas nem sempre isso é verdade. No Brasil, as cotações do milho no mercado interno subiram mais de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, como informou recentemente o Valor.

Preço de alimentos tem maior alta em 21 anos, diz FAO

Autor(es): Lisandra Paraguassu
O Estado de S. Paulo - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/preco-de-alimentos-tem-maior-alta-em-21-anos-diz-fao

É o sétimo mês seguido de alta; entre dezembro e janeiro houve um acréscimo de 3,4% na cotação dos produtos, diz órgão da ONU


O Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) divulgou ontem que o índice FAO de preço dos alimentos, baseado em uma cesta de commodities, alcançou o seu maior valor desde 1990, quando foi criado. De acordo com a organização, esse é o sétimo mês seguido de alta e, entre dezembro e janeiro houve um acréscimo de 3,4% no preço dos alimentos.
Todas as commodities monitoradas pela FAO tiveram aumento em janeiro, sendo a única exceção a carne. Os produtos com maior custo foram o açúcar e os grãos. No entanto, o maior aumento foi o dos laticínios. De acordo com economistas da organização, não há sinais de reversão desses aumentos e aumenta a probabilidade de risco alimentar nos países mais pobres. No entanto, a própria FAO reconhece que a boa safra de grãos registrada nos países em desenvolvimento tem feito com que os preços internamente tenham ficado abaixo das médias internacionais.
O aumento dos preços dos alimentos é de grande preocupação, especialmente para países de baixa renda com déficit de alimentos - que podem enfrentar problemas em financiar as importações - e famílias pobres que gastam a maior parte da renda com alimentação, disse Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental para Grãos da organização.
A preocupação da FAO se alinha com as propostas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de encontrar uma forma de controle internacional dos preços dos alimentos. Sarkozy tem deixado claro aos outros países membros do G-20 que essa será sua principal ação durante a presidência do grupo, apesar de ainda não ter angariado nenhum apoio.
A França tem pressionado a FAO e outras organizações internacionais para obter estudos que comprovem não só a contínua elevação de preços das commodities, mas a manutenção dessa perspectiva. A intenção dos franceses é obter argumentos suficientes para referendar sua proposta.
Combustíveis. Um dos maiores produtores mundiais de alimentos, o Brasil é contra qualquer proposta de controle de preços, seja por intervenção, seja por compra para formar estoques internacionais.
Especialmente, se o controle deixar de fora os combustíveis, considerado pelo País o maior responsável pelo aumento dos alimentos, já que o petróleo é a base para a produção da maior parte dos fertilizantes e é a matéria-prima mais volátil.
O Itamaraty acredita que a proposta francesa se concentra na criação de estoques internacionais, o que também agrada a FAO. Porém, a possibilidade de usar recursos públicos para comprar estoques e controlar preços não agrada o governo brasileiro. Apesar de defender uma ação internacional contra a fome, a proposta brasileira tem como base o fim dos subsídios agrícolas dados pelos países ricos - usada em larga escala pela França

EUA e Brasil preparam frente contra controle de preços

Autor(es): Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/eua-e-brasil-preparam-frente-contra-controle-de-precos
Os Estados Unidos querem formar uma frente com o Brasil contra a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de adoção de controle sobre o aumento de preços das commodities agrícolas.
Esse será um dos principais temas da reunião ministerial do G-20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes, marcada para o período de 17 e 19 em Paris. A aliança entre dois dos maiores produtores mundiais de alimentos será proposta pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, à presidente Dilma Rousseff na segunda-feira.
Como preparação para o encontro do G-20, Geithner pretende ainda extrair um apoio mais claro do Brasil à campanha dos EUA em favor da mudança na política cambial da China. O objetivo americano tem sido deter - e reverter - a desvalorização artificial do yuan. Nos últimos meses, o Ministério da Fazenda passou a adotar um discurso mais próximo ao americano nessa questão. Uma autoridade do Departamento do Tesouro afirmou ao Estado ser este "um bom momento para o Brasil e os EUA trabalharem juntos no desafio de administrar os riscos ainda presentes ao crescimento da economia mundial". Entre eles, os provocados pelo desvio da política cambial chinesa das regras de mercado.
Carta. No caso dos controles sobre os preços das commodities, o apoio do Brasil será disputado entre EUA e, com menor chance, pela França. Na semana passada, Sarkozy enviou uma carta a Dilma Rousseff - sua primeira correspondência com a nova presidente - sobre sua prioridade no G-20 na redução da volatilidade e da especulação dos preços dos alimentos. Sarkozy defende a adoção de medidas de transparência e de limites aos valores das transações.
A iniciativa afetaria duramente os setores produtores do Brasil e dos EUA -- bem como da Argentina e do Canadá. Os planos de safra já se adequaram à perspectiva de preços mais elevados, em função do aumento da demanda mundial em um ambiente de maior crescimento econômico. Para países como os EUA e o Canadá, nos quais uma quebra de safra por razões naturais chega a atingir 50% a 70% da colheita, essa mudança seria ainda mais nociva.
A mesma autoridade do Tesouro americano afirmou haver boa vontade dos EUA em relação à maior transparência no mercado de commodities. Mas o controle de preço não será aceito. "Queremos trabalhar com o Brasil e outros países para fortalecer o mercado de commodities, conferindo maior transparência aos preços, em vez de impor limites aos contratos comerciais", afirmou. "Brasil e EUA podem se beneficiar com isso."
No âmbito global, o Tesouro americano preocupa-se particularmente com a pressão inflacionária em países emergentes que apresentaram forte aquecimento da atividade no último ano, como é o caso do Brasil e da China. Esse seria outro sério risco à continuidade da atual fase de recuperação da economia mundial. A incerteza sobre o comportamento do preço do petróleo, sujeito à pressão do aumento da demanda e também aos efeitos da crise do Egito, também assombra os economistas.

Brasil e EUA contra regulação agrícola

Autor(es): Agência o globo:Martha Beck, Vivian Oswald e Eliane Oliveira
O Globo - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/brasil-e-eua-contra-regulacao-agricola
Visita de secretário do Tesouro servirá para afinar discurso



BRASÍLIA. O governo vai aproveitar a visita do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, a Brasília, na segunda-feira, para tentar afinar o discurso dos dois países na reunião ministerial do G-20, nos dias 18 e 19, em Paris. A ideia é evitar que a proposta defendida pela Europa, capitaneada pela França, de regular os preços dos produtos agrícolas, que dispararam nos últimos meses, interfira neste que é um dos principais nichos de mercado para o Brasil e acabe se tornando uma medida protecionista.

Em 2010, as commodities representaram 70% do superávit comercial brasileiro. E os preços tiveram papel maior do que o volume embarcado nesta equação. Embora arque com o custo inflacionário da alta de preços de itens como alimentos e aço, o Brasil é o segundo maior exportador de commodities do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Outros potenciais aliados nessa briga no âmbito do G-20 são Austrália e Canadá.

No primeiro pronunciamento à frente da presidência do G-20, no último dia 24, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, destacou a necessidade de se conter a volatilidade dos preços e garantir a segurança alimentar nos países mais pobres. O embaixador da França no Brasil, Yves Edouard Saint-Geours, disse ao GLOBO que é importante que haja uma regulação dos mercados financeiros no que se refere às matérias-primas, para evitar abusos e manipulações, e não nos mercados físicos.

- A intenção da presidência do G-20 não é resolver sozinha os problemas, mas tentar construir o consenso entre os países. Existe uma preocupação com a excessiva volatilidade dos preços das matérias-primas. O que se quer é evitar uma nova crise de volatilidade como a de 2008. Para isso, é preciso que os mercados tenham transparência - disse o embaixador.

A pauta das conversas com Geithner inclui, além de G-20, a visita do presidente Barack Obama ao Brasil em março. O secretário do Tesouro se encontra em Brasília com Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, além estar com empresários e economistas em São Paulo. Ele também poderá ser recebido pela presidente Dilma Rousseff.

Comida põe o mundo em xeque

Autor(es): Sílvio Ribas » Jorge Freitas
Correio Braziliense - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/comida-poe-o-mundo-em-xeque

Organismos internacionais alertam para eventual crise alimentar e cobram investimentos em produtividade agropecuária

A atual disparada das cotações dos alimentos — acima das médias históricas dos últimos anos — não está pressionando apenas os índices de inflação mundo afora. Os órgãos multilaterais de financiamento e governos também estão atentos a riscos de tensões sociais nos países mais pobres, puxados pelas altas frequentes dos preços de açúcar, grãos e soja. Essa preocupação já levou líderes mundiais a cobrarem medidas regulatórias para contrabalançar ataques especulativos e economistas a traçarem cenários de explosão de preços nas próximas décadas.
Ontem, foi a vez do Grupo de Cooperação em Avaliação (ECG, na sigla em inglês), que reúne técnicos de 19 bancos de desenvolvimento, divulgar relatório sobre o impacto dos programas de suas instituições voltados ao agronegócio. Preocupada com o aspecto humanitário de uma eventual crise alimentar, a rede de divisões técnicas — que inclui o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) — chamou a atenção para a necessidade urgente de ampliar a ajuda global em favor da produtividade agrícola.
O alvo principal do esforço são países africanos onde predomina o cultivo de subsistência. E os efeitos positivos esperados se estenderiam ao combate à fome, além da estabilização dos mercados. O ECG aponta desaceleração da produtividade agrícola nas duas últimas décadas em razão do recuo de doações de organismos e de investimentos de emergentes. A assistência bilateral e multilateral despencou 40% no começo dos anos 2000 em relação aos 1980. [Monopólio, ou protecionismo às avessas, posto que o financiamento por parte dos países do centro realiza senão a desregulamentação dos mercados, que fecha a armadilha. Esses subsídios externos não passam de ingerência e seqüestro do centro de decisões; coerção sobre a periferia para importação de meios de subsistência. Afora os que estabeleceram produção de matérias-primas, não se verifica que sua área plantada com alimentos tenha aumentado. Ao contrário, itens básicos estão sob o controle de traders internacionais, para troca por produtos primários, na equação da "segurança alimentar". A estocagem, sem mudança dos players, é uma balela.]
O grupo recomenda mais investimentos em pesquisa e extensão, uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos e da irrigação, fomento ao crédito e a busca por soluções de conflitos agrários. Na área de infraestrutura, o texto pede mais acesso e qualidade nas rodovias. Por fim, recomenda às instituições internacionais que se empenhem em aperfeiçoar os mercados e as cadeias de suprimento, incluindo o apoio do setor privado.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu modelo de agricultura tropical que pode ser aplicado na África. A presença de técnicos brasileiros em solo africano já é uma realidade, buscando produtividade, a exemplo do programa Pró-Savana, em Moçambique. Segundo o presidente da estatal, Pedro Antônio Arraes, o desafio é acompanhar a evolução da oferta de alimentos, sem prejuízo do meio ambiente. “O Brasil poderá produzir 250 milhões de toneladas anuais de grãos até 2030, com a vantagem de ter fonte garantida de água”, resumiu.
Desequilíbrio
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicou que os altos preços refletem o desequilíbrio conjuntural entre demanda crescente nos países emergentes e avanço menor da oferta global devido a eventos climáticos. “Esse mesmo ciclo também é empurrado pela especulação nos mercados futuros”, acrescentou. Apesar disso, o ex-ministro não acredita em mais fome no mundo, mesmo porque as próprias cotações levam a mais plantio. “É o sobe e desce da oferta e procura”, resumiu.
Rodrigues lembrou que cerca de 85% do crescimento populacional até 2050 virá das regiões que concentram a maioria dos pobres: África, Ásia e América Latina. Nesses lugares, a renda per capita cresce mais. “Tudo isso fortalece as expectativas de que o Brasil ampliará presença nos mercados”, reforçou, lembrando que a ascensão social afeta primeiramente o comércio de alimentos. O único receio de Roberto Rodrigues está na expectativa que o mundo deposita na resposta do país ao aumento do consumo global. Estudos recentes do Reino Unido e da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a produção agrícola brasileira precisa crescer o dobro da demanda, ou seja, 80% em 20 anos.
 Para a superintendente técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosemeire Cristina dos Santos, a produção de alimentos no Brasil avançará via tecnologia e incorporação de áreas deixadas pela pecuária.
FAO estima preços recordes
» Os preços globais dos alimentos devem fechar janeiro perto das altas recordes de dezembro, quando os valores ultrapassaram até mesmo picos de 2008, estimou o órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação. “A expectativa é de que o índice de janeiro seja muito próximo ou pouco abaixo (do índice) de dezembro”, disse Abdolreza Abbassian, economista da entidade. O Índice de Preço de Alimentos da FAO mede as mudanças mensais no preço para uma cesta que inclui cereais, oleaginosas, laticínios, carnes e açúcar. Em dezembro, apresentou alta histórica de 214,7 pontos, acima do recorde de junho de 2008, quando houve uma crise de alimentos e revoltas em diversos países.
Reflexos no bolso
A reclamação com a alta dos preços dos alimentos não poupa nem o Brasil, campeão mundial do agronegócio, revelam as donas de casa. “Uma barbaridade: o preço da carne só aumenta. Tenho agora de escolher o que for mais barato e vou a vários mercados para comprar o que preciso. Estão começando a usar a maquininha de remarcar preços”, disse a professora Marta Mônica Reis, 55 anos, moradora do Cruzeiro Novo.
A costureira Maria Nunes, 67, prefere carregar da Ceilândia ao Cruzeiro Novo, uma distância de 25 quilômetros, o pão de queijo para o lanche na casa de sua filha, Ivanete Nunes Moraes, pensionista do Exército, 44.
“Meu dinheiro dura mais porque pesquiso muito antes de comprar”, resumiu. Segundo ela, o pão de queijo na Ceilândia custa R$ 9,90 o quilo, mas no Cruzeiro passa de R$ 12. “Não perco meu tempo, ando sempre atrás de promoção”, afirmou Maria.
A comerciante Gabriela da França Bonfim, 25, disse, por sua vez, que terá de fechar o restaurante que serve 100 refeições por dia no Setor de Abastecimento Sul de Brasília para vender roupas, devido ao aumento dos preços dos alimentos. “Não podemos repassar os reajustes porque a clientela não teve ganho de salário e vai nos abandonar. Troquei o corte de lagarto pelo de capa de filé para cozinhar e assar uma carne mais barata”, justificou. (JF)

Vivendo em negação

Autor(es): Alexandre Schwartsman
Valor Econômico - 03/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/3/vivendo-em-negacao

Se houvesse um campeonato mundial de negação da realidade, não tenho dúvidas que algumas autoridades nacionais seriam fortes candidatas ao título. À luz da aceleração recente da inflação, mesmo em face de sinais inequívocos de sobreaquecimento da economia, ainda há quem busque em fatores externos a explicação para o forte desvio da inflação relativamente à meta, que, a valerem as expectativas, deverá se repetir em grande estilo também em 2011.
A última novidade no quesito "não é minha culpa" atribui ao aumento do preço internacional de commodities a aceleração inflacionária. À primeira vista a lógica do argumento parece impecável. Preços de commodities (medidos pelo CRB) não apenas se encontram 40% acima de sua média de 2006 para cá, mas também o grosso do aumento se concentrou nos últimos seis meses, quando os preços subiram pouco mais de 25%.
No entanto, o que interessa para a inflação local não são os preços de commodities em dólares, mas sim seus preços em reais. Estes aumentaram quase 20% no mesmo período, o que mostraria inequivocamente o papel do choque externo nos preços domésticos, levando à conclusão inevitável que, contra este pano de fundo, pouco (ou nada) caberia ao Banco Central fazer.
Entretanto, quem examinar o período anterior aos últimos seis meses notará que o comportamento recente dos preços de commodities em reais parece anômalo. Com efeito, entre o começo de 2006 e o terceiro trimestre de 2010 os preços locais de commodities apresentaram um desempenho bastante distinto dos preços internacionais.
Enquanto estes últimos subiram de maneira quase ininterrupta de 2006 até a eclosão da crise internacional, os preços em reais permaneceram dentro de um intervalo relativamente estreito (em torno da média do período acrescida de uma margem de variação de 10%). Da mesma forma, quando a crise levou ao colapso dos preços internacionais de commodities e a recuperação mundial subsequente os fez retomar a trajetória ascendente, os preços em reais continuaram teimosamente dentro do mesmo intervalo (com uma pequena e breve exceção), até escapar de forma marcante a partir do último trimestre de 2010.
Em outras palavras, até muito recentemente não só a volatilidade local era muito menor que a internacional, mas mesmo a tendência internacional de alta não parecia se materializar domesticamente (preços locais passaram quase 5 anos "andando de lado"). O que explicaria este padrão?
A resposta, é claro, reside na conhecida relação entre a taxa de câmbio e preços de commodities. Como já tive oportunidade de explorar em mais de uma ocasião, o real tende a se fortalecer quando preços de commodities se elevam. Este comportamento reflete, por sua vez, a relação entre esses preços e os termos de troca brasileiros (a razão entre os preços das coisas que exportamos e as que importamos), que, devido ao peso de commodities na pauta exportadora, tendem a melhorar quando os preços de commodities aumentam.
Estimações que fiz com Tatiana Pinheiro sugerem que um aumento de 10% nos preços de commodities tende a apreciar o real em torno de 6%, fenômeno que dissiparia grande parte do aumento internacional quando expresso em moeda local (neste caso, por exemplo, preços locais aumentariam pouco menos de 3,5%). Não por acaso, portanto, a volatilidade dos preços locais é cerca de 40% da volatilidade externa.
A partir do último trimestre de 2010, porém, esta regularidade parece ter se rompido, como expresso pela "fuga" dos preços locais do intervalo em que estiveram confinados por quase cinco anos. Não deve escapar aos observadores mais atentos que este comportamento se materializou justamente no período em que o governo - sob o pretexto de combater a "guerra cambial" - intensificou suas intervenções (incluindo as administrativas) sobre a taxa de câmbio.
Embora a intervenção em si pareça inócua em períodos mais longos (como sugerido pelo meu trabalho com Tatiana Pinheiro), a sequência de medidas e o receio do mercado quanto à possibilidade de novas interferências têm, aparentemente, evitado no curto prazo uma apreciação mais vigorosa do real, a despeito do aumento dos preços de commodities.
Trata-se, contudo, de uma vitória de Pirro, pois impede que o mecanismo de dissipação do choque externo funcione, permitindo a transmissão integral da elevação de preços em dólares. Posto de outra forma, não é o aumento dos preços internacionais que tem acelerado a inflação, mas sim a inconsistência das políticas monetária e cambial, que buscam objetivos conflitantes (câmbio estável e inflação sob controle) sob as condições atuais, fato que deixa clara a responsabilidade das autoridades locais na aceleração da inflação.
Caso estas continuem a negar este fenômeno, o resultado será apenas o acirramento das pressões inflacionárias, e o risco real de perder a meta de inflação em 2011.
Alexandre Schwartsman - economista-chefe do Grupo Santander Brasil, doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley, e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil

Investimento em Santos soma US$ 6 bi

Valor Econômico - 03/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/3/investimento-em-santos-soma-us-6-bi
O plano de investimento do porto de Santo reúne US$ 6 bilhões entre aportes públicos e privados até 2024, quando o complexo deverá movimentar 230 milhões de toneladas, quase 140% a mais do que em 2010 - ano em que a recuperação do comércio exterior expôs sérias limitações operacionais.
O montante é dividido entre acessos rodoviários, dragagens e engenharia, aumento de capacidade dos berços de atracação, novos terminais e o PAC Copa. "Fiquei maravilhado com essa estrutura grande e importante, que o governo federal vai continuar a investir", disse o ministro de Portos, Lêonidas Cristino, que estima para este exercício 101 milhões de toneladas escoadas por Santos.
Para tanto, a principal obra em execução é a dragagem de aprofundamento de 13 para 15 metros, contratada por US$ 112 milhões. Dos quatro trechos que estão sendo dragados, três estão prontos. O último - de número quatro - é o mais complicado porque tem pontos de contaminação e exige um outro tipo de retirada dos sedimentos do leito do estuário, mais demorada.
A expectativa é que até setembro o porto esteja com a nova profundidade homologada. A 15 metros, o porto de Santos poderá receber embarcações com calado de até 14,5 metros, estima a SEP. "No PAC teremos mais R$ 193 milhões para continuar a ampliação da dragagem para 16 metros no canal interno e 17 no externo", afirmou o ministro.
Também a derrocagem de duas pedras deve estar finalizada até lá. Em julho começam os trabalhos de uma embarcação - vinda do Canal do Panamá - que, com uma tecnologia inédita, perfurará e implodirá por dentro as pedras de Teffé e Itapema, depositadas no fundo do canal. "Com isso, reduziremos de 18 para três meses o tempo do serviço", disse Cristino.
Cristino conheceu o projeto de alinhamento e modernização do cais do terminal de passageiros de Santos, que dobrará a capacidade de atendimento de navios de cruzeiros e de cargas atracados em fila e será essencial para a Copa do Mundo. O orçamento da SEP tem R$ 120 milhões para a expansão do cais para 1.320 metros de extensão e admitirá que seis embarcações atraquem uma ao lado da outra, servindo de hotel flutuante com 15.800 leitos. A obra também prevê aumento da profundidade dos berços dos atuais 7 a 9 metros para 14 metros e ampliação de 40% da capacidade de movimentação de passageiros no terminal do porto.


''Porto de Santos é grande gargalo''

Autor(es): Afra Balazina e Andrea Vialli
O Globo - 02/02/2011



NTREVISTA
Bruno Covas,secretário estadual de Meio Ambiente

Recém-chegado à área ambiental, o novo secretário estadual Bruno Covas (PSDB), de apenas 30 anos, traz na bagagem o sobrenome de prestígio na política e um recorde de votos - 239.150 na última eleição a deputado estadual.
Em sua primeira entrevista no cargo, o neto do ex-governador Mario Covas dá sinais de que sua gestão será marcada por pragmatismo e conciliação entre desenvolvimento e sustentabilidade.
Isso fica claro na sua intenção de retomar o polêmico projeto de expansão do Porto de Santos - que afetaria, segundo ambientalistas, mangues e áreas verdes preservadas. Leia, a seguir, trechos da entrevista do advogado e economista ao Estado:
A primeira reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) em sua gestão aprovou a expansão do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, que provocará dano ambiental. Qual sua avaliação das críticas de que sua gestão será mais permissiva?
A aprovação foi por unanimidade. Votaram favoravelmente todos os conselheiros do governo e todos os conselheiros representando os ambientalistas, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A gente conseguiu encontrar mecanismos de compensação. Ali há uma pequena área de Cerrado (82 hectares) que precisa ser devastada e vai ser compensada com uma Unidade de Conservação quatro vezes maior. Então há um ganho ambiental, não se passou por cima de nada.
Deve ser dada continuidade ao projeto de ampliação do Porto de Santos?
Sim. É um gargalo muito grande hoje a ampliação do Porto de Santos, sua modernização. A quantidade de caminhoneiros que fica ali esperando para embarcar o contêiner é muito grande. Mas não dá para fazer isso desrespeitando a legislação ambiental. A gente deve encontrar uma forma de compensação, de garantir a preservação em outros locais.
Por que o zoneamento ecológico-econômico (espécie de ordenamento territorial) na Baixada Santista vem se arrastando há dez anos?
Por que não é fácil colocar no papel o planejamento de uma área que tem a possibilidade de grande expansão com o pré-sal. E a ampliação do porto de Santos é outro tema que acaba dividindo. Algumas áreas, são poucas, fazem com que o processo não se conclua. É prioridade aprovar o zoneamento logo, até para orientar os investidores em que área é possível fazer essa expansão.
Uma das nossas propostas é ampliar o zoneamento ecológico-econômico para todo o Estado de São Paulo, até para ajudar os municípios com seus licenciamentos, sua lei de uso e ocupação do solo. Hoje a gente já tem no litoral norte, tem um projeto para litoral sul e para o Vale do Ribeira.
O senhor pensa em criar novos parques ou áreas de proteção no Estado?
O Instituto Florestal tem estudos em dez áreas do Estado já identificadas para a criação de parques estaduais. Vamos avançar. Até o final deste governo a gente consegue criar novas Unidades de Conservação.
Está em discussão a revisão do Código Florestal. A proposta do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) é criticada por pesquisadores e ambientalistas. Que posição o Estado vai tomar?
Eu me reuni no começo de janeiro com o secretário João Sampaio, da Agricultura, para ver se a gente encontra uma solução conjunta. Se é para escolher um lado, claro que estou do lado dos ambientalistas. Mas eu venho do Parlamento, não dá para deixar de acreditar no debate, no diálogo, na construção de uma saída. A preocupação é válida. Não pode desmatar em nome do desenvolvimento. Mas eu acho que é possível, sim, encontrar saídas que agradem a todos. Seria uma contribuição muito grande para o Brasil se São Paulo conseguisse propor um substitutivo.
Estão trabalhando nessa proposta de substitutivo?
Sim. A gente tem tido algumas tratativas. O pessoal está muito preocupado porque acha que logo de início essa discussão vai ser pautada. Eu acho difícil, num Congresso que está começando, num governo que está se iniciando, pautar algo tão polêmico. Mas vamos acompanhar e participar dos debates nesse tema.
A lei estadual de mudanças climáticas prevê redução de 20% nas emissões de gases de efeito estufa até 2020. Quais setores serão mais impactados?
Transporte é o setor mais importante, pois corresponde a 55% das emissões de gases de efeito estufa de São Paulo. Se não for o primeiro, será um dos primeiros a ter uma meta setorial.
No ano passado, representantes da indústria paulista disseram que a lei de clima afugentaria investimentos no Estado. O senhor concorda?
Muito pelo contrário. Há grande possibilidade de criação de novos empregos na economia verde. São Paulo busca uma nova vocação nessa área de produção e tecnologia limpa. Por exemplo: se vai se instalar uma nova planta de carros, que seja uma planta de carros movidos a hidrogênio. Essa busca por novas tecnologias pode agregar muito valor àquilo que é produzido no Estado.
Como deputado, o senhor não chegou a fazer projetos na área ambiental. Como surgiu seu interesse pelo tema?
Ambiente é a área do futuro. A população hoje está madura, entende cada vez mais sua importância. Além de ter um orçamento significativo, de R$ 700 milhões, essa possibilidade de interlocução com a sociedade é algo muito presente nessa secretaria e que me agrada bastante.
O senhor teme comparações com seu avô Mario Covas?
Se eu temesse, não teria sido candidato a deputado estadual em 2006. A comparação é natural, sempre acontece, sempre tem alguém para dizer que meu avô não faria dessa forma. É inevitável.
A geração de políticos do seu avô era mais preocupada com o desenvolvimento e a questão ambiental ficava em segundo plano...
A sociedade era desenvolvimentista. Meio ambiente era uma preocupação que a sociedade não tinha há 40, 50 anos atrás. O político é o representante da sociedade. Estamos num outro momento. Recebi outro dia o plano de governo do meu avô de 1994 e tem lá um tópico de meio ambiente, pelo menos isso (risos).
QUEM É
Tem 30 anos, é casado e pai de um filho. É advogado formado pela USP e economista pela PUC-SP. Faz mestrado em administração pública na FGV-SP. Elegeu-se deputado estadual em 2006 e foi reeleito em 2010. É o atual presidente nacional da Juventude Tucana.

Portos antigos terão licença ambiental

Autor(es): Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 03/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/3/portos-antigos-terao-licenca-ambiental

Transportes: Autorização será concedida por decreto, mas governo vai definir medidas a serem adotadas
A maior parte dos 34 portos públicos do país não tem licença ambiental para operar, pois foram instalados muito antes da lei sobre o assunto, criada na década de 90. Essa situação tem gerado alguns problemas, como a interdição do porto de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) em 2010 por não atenderem os requisitos da legislação. Para resolver o problema, o governo preparou um decreto que deve definir um receituário, propondo uma inversão de ordem para não interromper o comércio exterior. Primeiro, todos os portos receberão as licenças ambientais e somente depois terão de cumprir uma série de condicionantes. Caso não cumpram, ai terão a licença cassada.
Está prevista também a criação do Programa Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental para apoiar o licenciamento dos portos. Conforme o Valor apurou, os portos e terminais já em operação, que não contam com licença, terão 120 dias para firmar compromisso com o órgão do meio ambiente e apresentar, em até 720 dias, um relatório de controle ambiental que balizará a regularização, e a consequente emissão da licença. Hoje, poucos estão em dia, como Rio Grande (RS) e Suape.
A questão ambiental faz parte de um pacote de quatro decretos que são a prioridade da Secretaria de Portos (SEP) neste início de governo. Os decretos devem ser encaminhados à Casa Civil proximamente, disse ontem o novo ministro dos Portos, Leônidas Cristino. Além do texto que trata da questão ambiental, dois visam a ampliação das áreas físicas dos portos de Santos (SP) e Suape (PE) e outro cria a comissão nacional para assuntos de praticagem. Todos foram concebidos na gestão do antecessor Pedro Brito, mas, por um rito burocrático da troca de comando da pasta, precisam do aval do novo ministro - também cearense e igualmente indicado ao cargo pelo clã dos irmãos Cid e Ciro Gomes.
Outro decreto já pronto é o que cria uma comissão para assuntos de praticagem, com a missão de propor metodologia para a formação de preços do serviço de prático - profissional encarregado por manobrar o navio na entrada e saída dos portos. Por lei, os preços de praticagem estão fixados para remunerar o prático, a lancha (que leva o profissional até a embarcação) e a atalaia (o centro de operações). Mas a SEP quer saber o peso de cada item na composição dos valores cobrados dos armadores - os tomadores do serviço que reclamam do que consideram altos os custos. O comitê deve ser presidido pelo Ministério da Defesa e com membros da SEP, ministérios da Justiça, Fazenda e Transportes e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). "Estivemos com a Marinha (a quem a praticagem responde) e eles também têm interesse em fazer essa reformulação", disse Cristino.
Por fim, restam as ampliações dos portos organizados de Santos e Suape. O novo traçado de Santos incluirá quase 7,8 milhões de m2, estando pouco mais da metade apta a receber terminais, devido a restrições ambientais. A expansão de Suape - já analisada pelo novo ministro - prevê a exclusão do polo naval da área do porto organizado, com objetivo de estimular investimentos. A reivindicação é antiga e, segundo a SEP, abre caminho para a indústria progredir.
Questionado sobre o porto de Paranaguá, que tem contratos sob suspeita de fraude - razão pela qual o ex-superintendente da administração, Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, foi preso -, o ministro afirmou que se reuniu com a direção do porto que ficou de apresentar um histórico do que aconteceu. "Vamos analisar, por enquanto não temos determinação em relação a isso (intervenção). A conversa foi positiva, é um porto importantíssimo,"
Sobre o comando das companhias docas, Cristino disse que ainda é cedo falar sobre possíveis trocas. "Estamos conhecendo os portos brasileiros. Num segundo momento analisaremos com tranquilidade para ver se serão necessários alguns ajustes na estrutura administrativa". Hoje ele estará no estado fluminense, onde visitará os portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Angra dos Reis. Ontem participou das festas de aniversário de Santos.

Cabotagem suspeita

Autor(es): Luiza Villaméa
Isto é - 31/01/2011

Irmão do senador eleito Roberto Requião é acusado de envolvimento em esquema de corrupção no Porto de Paranaguá

problemas em Paranaguá, o maior porto graneleiro da América Latina, e não se trata apenas de desvio de mercadoria. Superintendente do porto situado no litoral do Paraná entre 2003 e 2008, Eduardo Requião, irmão do senador eleito e ex-governador Roberto Requião (PMDB), é acusado de ser o maior beneficiário de um esquema envolvendo propina de US$ 5 milhões na compra de uma draga importada da China. A negociata foi descoberta pela Polícia Federal durante monitoramento de telefones feito para investigar denúncia de desvio de mercadorias no porto. “A draga foi uma surpresa”, afirma Jorge Fayad Nazário, delegado-chefe da Polícia Federal em Paranaguá. “O negócio não se concretizou, mas o simples fato de solicitar propina já caracteriza o crime de corrupção passiva.”

Além do acerto para a propina – a parte de Eduardo Requião totalizaria US$ 2,5 milhões –, as interceptações telefônicas detectaram a existência de um amplo esquema de corrupção e de contratação direcionada de empresas. Acusado de participação direta na maior parte das irregularidades, o superintendente que sucedeu Eduardo Requião, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, foi preso no Rio de Janeiro e transferido para o Paraná na terça-feira 25. Sua prisão ocorreu durante a chamada Operação Dallas, que cumpriu 29 mandatos de busca e apreensão, inclusive em propriedades de Eduardo Requião. Em uma delas – uma casa no Rio de Janeiro –, a polícia encontrou R$ 140 mil em espécie e apreendeu farta documentação, além de armas.

Eduardo Requião só deve ser intimado a depor no inquérito depois que os documentos apreendidos durante a Operação Dallas forem analisados e os dados cruzados com as informações obtidas durante o monitoramento telefônico, que durou seis meses. Nem ele nem o senador eleito falam à imprensa sobre as investigações, mas Roberto Requião postou em seu Twitter o seguinte comentário: “A tentativa de envolver Eduardo Requião em escândalos no Porto é descabida, desde outubro de 2008 ele estava fora.”

Antes de a operação ser desencadeada, a Polícia Federal requisitou à Justiça a prisão de Eduardo Requião. Embora tenha indeferido o pedido, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva ressaltou que fatos relativos ao ex-superintendente mereciam ser investigados, como a “menção a remessas ilegais de altas somas em dinheiro feitas por ele para contas bancárias no exterior, bem como de que mantinha em casa, sem comprovação de origem, o montante de US$ 2 milhões”. Para complicar ainda mais o cenário, na quinta-feira 27 a imprensa do Paraná trouxe à tona denúncias do engenheiro Leopoldo Campos, demitido do porto em 2007, após denunciar ao então governador Roberto Requião a existência do esquema de corrupção. De acordo com o engenheiro, de lá para cá, a única novidade para ele foi a operação envolvendo a draga chinesa. Como os acusados, o antigo denunciante também será chamado para prestar depoimento no inquérito que apura a cabotagem suspeita no Porto de Paranaguá.





Rumo e Coopercitrus fecham parceria

Autor(es): Mônica Scaramuzzo | De São Paulo
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/rumo-e-coopercitrus-fecham-parceria
A Rumo Logística, braço do grupo Cosan para o transporte açúcar e grãos, fechou acordo a Coopercitrus, uma das mais tradicionais cooperativas de São Paulo, para a formação de uma nova empresa que vai explorar o terminal da Coopercitrus em Barretos (SP). Essa nova companhia pretende reativar a linha férrea, que passa ao lado desse terminal, afirmou ao Valor Júlio Fontana, presidente da Rumo.
A nova empresa - TB S.A (Terminal de Barretos) - terá 50% de participação de cada uma no negócio. O contrato prevê também que a TB tenha opção de compra desse terminal nos próximos anos.
A Rumo oferecerá sua estrutura para o transporte ferroviário de açúcar do terminal até o porto de Santos. Já a Coopercitrus vai disponibilizar a estrutura do seu terminal de cargas, que conta com uma capacidade estática para armazenagem de 130 mil toneladas de açúcar ou grãos.
"Essa região é estratégica para a Rumo, uma vez que está próxima de grandes usinas produtoras de açúcar de Ribeirão Preto [o principal polo produtor de São Paulo]", disse Fontana. O município de Barretos conta com uma área cultivada de cerca de 65 mil hectares de cana, além de um grande potencial de crescimento na cultura de grãos.
Com esse acordo, a Rumo passa a controlar cinco terminais no Estado - Sumaré, Jaú, Pradópolis, Barretos e Tirapina, que está em construção. "Estudamos terminais fora de São Paulo, mas, neste momento, estamos priorizando o Estado", disse. A expectativa é de que a Rumo incorpore outros três terminais nos próximos meses.
O terminal de Barretos está pronto para operar com dois produtos simultaneamente, uma vez que possui estruturas segregadas de recebimento e expedição, ambas com os modais rodoviário e ferroviário. A atual estrutura permite operação ferroviária, com carregamentos diários de trens com até 85 vagões e capacidade de movimentação mensal de produto que pode atingir 200 mil toneladas.
Considerando as atuais instalações, incluindo esse novo acordo, a Rumo aumentará sua capacidade de transporte para 1 milhão de toneladas de produtos, entre açúcar e grãos. "Em três anos, pretendemos dobrar esse volume", afirmou Fontana.
No mês passado, a Rumo fechou contrato de longo prazo (dez anos) com a usina São Martinho, de Pradópolis (SP), que prevê serviços em armazenagem, transbordo e transporte de açúcar entre as duas empresas. Pelo contrato firmado, a São Martinho vai investir R$ 30 milhões para a construção em sua usina de Pradópolis de um armazém com capacidade para 60 mil toneladas de açúcar, além da modernização do ramal ferroviário de acesso à fábrica, o que garantirá uma capacidade de transbordo para a ferrovia de até 2 milhões de toneladas de açúcar por ano - dos quais até 650 mil toneladas são produzidas pela própria usina.
As instalações da Rumo em Santos contam com uma capacidade de embarque anual de mais de 11 milhões de toneladas. A expectativa é de que o escoamento da Rumo atinja cerca de 7 milhões de toneladas este ano.
Em julho do ano passado, a Rumo ganhou dois sócios de peso - os fundos de investimento Gávea e Texas Pacific Group (TPG), que se associaram à companhia. Os dois investidores fizeram, juntos, aporte de R$ 400 milhões, ficando cada um, com 12,5% do negócio (25% no total). A Cosan mantém os 75% restantes.

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