Com a produção maior de cacau nacional, as indústrias processadoras reduziram a importação da amêndoa. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), em 2010 foram compradas do exterior 47,6 mil toneladas, 35% menos do que em 2009. De acordo com estimativas da TH Consultoria e Estudos de Mercado, nesta temporada, 2010/11, que termina em abril, a safra brasileira deve atingir 195 mil toneladas, 26% mais do que na safra anterior, quando o país colheu 154,9 mil toneladas. Além de o produtor ter aprendido a controlar a vassoura de bruxa, fungo que ataca o cacaueiro, ele também vem sendo estimulado pelos preços mais remuneradores da cultura. Nos últimos três anos, a tonelada da amêndoa vem se mantendo valorizada, sendo que somente neste ano a alta acumulada é de 8,65%, de acordo com levantamento do Valor Data. Apesar do avanço da área e dos projetos de fomento à melhoria da produção, o Brasil não deve ainda ser autossuficiente pelo menos, nos próximos cinco anos, diz Laerte Moraes, diretor da área de Cacau e Chocolate da Cargill. Mas ele reconhece que a necessidade de importação foi muito reduzida nos últimos anos. "Do total de amêndoa processada no Brasil, 70% a 75% são de cacau nacional. Esse percentual era de 50% há dez anos", diz Moraes. Com capacidade para processar 85 mil toneladas em sua planta em Ilhéus (BA), a Cargill usa nessa unidade cacau de quatro origens diferentes, conta o executivo. São elas Bahia, Pará, África (Costa do Marfim e outros países africanos) e Ásia (Indonésia). A importação, diz ele, não se justifica apenas por uma questão de volumes, mas para atender demandas específicas dos clientes. "Normalmente, fazemos misturas de matérias-primas, mas dependendo do tipo de produto que será fabricado pelos nossos clientes, temos que ter cacau de origens específicas", detalha Moraes. Do cacau, retira-se basicamente três produtos: o líquor, a manteiga e o pó. O cacau da Bahia, por exemplo, tem um pó mais vermelho, muito usado em bebidas lácteas e na elaboração de achocolatados. O paraense, por outro lado, tem um pó mais claro, mas com um sabor mais suave que o baiano, característica muito demandada nas sobremesas lácteas. "Temos uma infinidade de pós de coloração e intensidade de sabor diferentes para atender diversas empresas com seus produtos específicos". A Cargill não revela qual o seu volume processado de cacau por ano em Ilhéus, que foi a primeira unidade de cacau da empresa no mundo. Hoje, a fábrica responde por 15% da capacidade total da múlti, que é de 600 mil toneladas. Apesar de essa área representar apenas 5% das receitas totais da empresa no Brasil, quando se trata de resultado esse percentual sobe para algo na ordem de 10%. "Apesar de os volumes serem menores do que de outras commodities, o valor agregado dos subprodutos do cacau são mais elevados", explica Moraes. Além da indústria de Ilhéus, que processa a amêndoa, a Cargill tem uma unidade de chocolate em Porto Ferreira (SP). De tudo o que a empresa vende, 65% seguem para o mercado interno e 35% para a exportação, parte para compensação tributária do imposto de importação do cacau, e também para desovar o volume de manteiga de cacau que não é absorvido no mercado brasileiro.
Projeto de fomento reanima produção de cacau na Bahia
Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo |
Valor Econômico - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/projeto-de-fomento-reanima-producao-de-cacau-na-bahia |
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As indústrias produtoras de cacau instaladas no Brasil começam a obter os primeiros resultados de um projeto de fomento à produção da amêndoa na Bahia. Os 25 produtores participantes da iniciativa, que entra agora em seu terceiro ano de execução, conseguiram mais que dobrar a produção por hectare somente com adoção do manejo e das tecnologias preconizadas no projeto. A iniciativa tem coordenação da Associação da Indústria Produtora de Cacau (AIPC), que representa as cinco maiores produtoras mundiais da amêndoa - Cargill, ADM, Barry Callebaut, Delfi Cacau e Indeca. A duração total é de oito anos, sendo que os aportes financeiros serão realizados nos primeiros quatro. O orçamento total é de € 673 mil, sendo € 500 mil aportados pelo fundo do governo alemão Buffer Stock Fund, e o restante pela AIPC. As fazendas selecionadas participam com 15% do total dos insumos gastos no projeto.
Antes da fase de implantação nas fazendas, explica Walter Tegani, secretário-executivo da AIPC, foi feito um levantamento das melhores práticas de manejo da lavoura realizadas na região sudeste da Bahia. Com ele em mãos, iniciou-se a multiplicação dessas práticas em cinco hectares de cada fazenda escolhida - o tamanho médio das propriedades na região é de 20 a 60 hectares. O critério, diz Tegani, foram as áreas com produção mais deficiente e com terras mais degradadas. Por conta dessa base pequena, pondera Tegani, os resultados foram muito altos. Apesar disso, as produtividades atingidas já estão acima da média da Bahia, o maior Estado produtor da amêndoa. As primeiras dez fazendas que aderiram ao programa saíram do patamar de 11,5 arrobas por hectare para algo em torno de 32 arrobas. As 15 fazendas que entraram mais tardiamente já conseguiram avançar para 28,5 arrobas por hectare, ante o desempenho anterior de 11,5 arrobas. Segundo Thomas Hartmann, da TH Consultoria e Estudos de Mercado, a média alcançada nesta safra por toda a região da Bahia foi menor, de cerca de 25 arrobas por hectare. No entanto, recorda, o sudeste baiano já atingiu no passado desempenho de 40 a 45 arrobas por hectare, antes da incidência da doença vassoura de bruxa, causada por um fungo que quase dizimou as lavouras cacaueiras da região. Há ainda, segundo ele, fazendas que atingem níveis de produtividade muito superiores, na casa de 100 arrobas por hectare. "Mas são plantações isoladas e que recebem tratos excepcionais", pontua. Para chegar aos avanços preliminares no projeto liderado pelo AIPC, batizado de Phoenix, foram implementadas algumas mudanças no manejo, explica Laerte Moraes, diretor da área de Cacau e Chocolate da Cargill no Brasil, que participa do projeto como associada da AIPC. Entre elas, o aumento da densidade de plantas por hectare. "Muitas dessas fazendas tinham 400 plantas por hectare, população que foi elevada para 1.200 plantas", diz Moraes. Além do adensamento, as práticas contemplaram a criação de viveiros e enxertia com variedades de clones resistentes à vassoura de bruxa e altamente produtivos, explica Moraes. Nas primeiras 10 propriedades, diz ele, foi possível avaliar dois momentos da lavoura: temporão e safra principal. Nas outras quinze, só se tem da principal. Apesar dos preliminares, os resultados finais serão conhecidos apenas ao final dos oito anos, diz Moraes. "O cacaueiro é uma árvore perene que leva cinco anos para começar a dar frutos", diz. Ainda não foi definido o modelo de difusão das tecnologias testadas e que obterão êxito no projeto. "Mas vamos discutir isso nos próximos anos. Pode ser por meio da associação, via fundo ou com apoio do governo", diz Moraes. Além desse projeto com a AIPC, no Brasil, a Cargill, que é a maior processadora de cacau do mundo, também desenvolve uma outra iniciativa com a ONG Care, mas com foco em pequenos produtores - com área inferior a 10 hectares. "Diferentemente do outro, que tem apelo econômico, a abordagem desse é mais técnica".
Preço elevado incentiva o avanço do sorgo na Bahia
Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo |
Valor Econômico - 02/02/2011 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/2/preco-elevado-incentiva-o-avanco-do-sorgo-na-bahia |
A disparada das cotações do milho nos mercados internacional e doméstico motivou um forte aumento dos preços do sorgo em regiões produtoras do país nos últimos meses. Ainda que a valorização não seja suficiente para que essa alternativa mais barata ao milho desbanque o "primo rico" na estratégia de plantio da maior parte dos agricultores que investem em grãos destinados sobretudo a rações animais, no sudoeste baiano a tendência estimulou a substituição de plantações de feijão, prejudicadas pelo clima adverso nas últimas temporadas. Não por outro motivo é a Bahia que puxa o aumento da produção brasileira de sorgo nesta safra 2010/11, cuja colheita está em andamento. Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada no Estado com a cultura cresceu expressivos 153,5% em relação a 2009/10 e alcançou 240,8 mil hectares. Como o órgão prevê para o sorgo baiano produtividade 50,6% maior, de 1.691 quilos por hectares, a colheita esperada é de 407,2 mil toneladas, 282% superior à do ciclo anterior. Ainda é difícil comparar o movimento na Bahia com o de outros importantes Estados produtores porque nestes, situados no Centro-Sul do país, o sorgo entra principalmente na safrinha de inverno, para a qual ainda não há estimativas oficiais mais concretas. Mas pelo menos em Goiás, que tradicionalmente lidera a produção nacional, não há expectativa de incremento. Por enquanto, a Conab estima uma área plantada total no país de 850,4 mil hectares em 2010/11, 21,9% maior que a do ciclo 2009/10, com produtividade média de 2.303 quilos por hectare (1,1% menor) e colheita de 1,959 milhão de toneladas, um salto de 20,6%.
Segundo Alcides Viana, assessor de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), um dos municípios do sudoeste do Estado que registram maior avanço do sorgo granífero sobre áreas de feijão é Irecê. Apesar da tradição dos pequenos produtores do município no plantio de feijão, as menores regularidade e uniformidade das chuvas nas últimas temporadas abriram espaço para a troca. Em toda a Bahia, a produção de feijão deverá recuar 16,2% em 2010/11, segundo a Conab. Hoje ainda não há sorgo disponível naquela região, mas há indicações de que a saca de 60 quilos poderia estar sendo negociada a R$ 22,50 se houvesse oferta. A valorização do sorgo tem acompanhado a curva de alta do milho. Conforme Viana, no oeste da Bahia, principal polo de grãos do Estado, os preços do milho começaram a reagir em julho, depois que os produtores da região já tinham concluído seus planejamentos para a safra 2010/11. Atualmente a saca de milho é comercializada em torno de R$ 30 no oeste, ante as médias de R$ 18,26 de 2010 e de R$ 16,33 de 2009. "Como o valor da saca do sorgo é taxado pelo seu valor de proteína em comparação com o milho, que é de 75%, a cultura fica totalmente inviável quando o milho se encontra em cenário de baixo preço", afirmou o assessor. É por isso que na região oeste em si, de Cerrado, onde a produção agrícola é liderada por soja, milho e algodão, o sorgo não encontrou espaço para expansões em 2010/11. Ali, estima Viana, a área permanece em cerca de 13 mil hectares e qualquer aumento só poderá acontecer depois da colheita das variedades precoces de soja, a partir de meados deste mês. Se de fato houver alguma expansão, é até possível que a Bahia deixe Goiás para trás e assuma a liderança entre os principais Estados produtores de sorgo do país. Em suas estatísticas, a Conab ainda mantém para Goiás a mesma área de sorgo semeada em 2009/10 (243,3 mil hectares), com produtividade 2,2% superior (2.525 quilos por hectare) e colheita de 614,3 mil toneladas, também 2,2% maior. No Estado, 90% da semeadura é realizada na safrinha de inverno, cujo plantio ainda está sendo definido. Para Alexandro Alves, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a expectativa da entidade é de leve redução da área na próxima safrinha. "Como o milho está em disparada, os produtores que plantaram soja no verão estão preferindo o milho na safrinha". A colheita de soja deverá começar "oficialmente" no campo goiano nos próximos dias. A preferência pelo milho está ligada à vocação dos agricultores e à maior liquidez do milho, um grão mais nobre do que o sorgo. "Por isso é difícil o produtor tradicional mudar de ideia. Mas o produtor "investidor" ainda pode substituir a aposta", afirma Alves. No mercado de Goiás, a saca de 60 quilos do sorgo subiu de R$ 10,91, em janeiro de 2010, para R$ 16,85 no mês passado (alta de 54,4%), enquanto a saca de milho passou de R$ 13,88 para R$ 22,55 na mesma comparação (alta de 62,5%). O custo do plantio do sorgo está calculado pela Faeg em R$ 10,70 por saca, ante os R$ 17,17 do milho.
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Agricultura puxa alta de 4% no preço de commodities
Autor(es): Fernando Travaglini | De Brasília |
Valor Econômico - 03/02/2011 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/3/agricultura-puxa-alta-de-4-no-preco-de-commodities |
O Índice de Commodities Brasil (IC-Br), do Banco Central (BC), subiu 4,05% no primeiro mês do ano. O indicador se acelerou em relação ao ritmo apresentado no fim do ano passado, cujo crescimento era da ordem de 2%. A variação é fruto do choque de commodities que afeta a economia brasileira. Em 12 meses, o IC-Br subiu 33,55%. O maior impacto na formação do índice veio do setor de agricultura, que subiu 4,44% em janeiro, enquanto as commodities metálicas avançaram 3,52% no mês. Os preços de energia tiveram expansão de 3,4% no período. O indicador mostra, portanto, que o choque de alimentos, que puxou a inflação brasileira para cima no último trimestre do ano passado, ainda mostra sinais de força. A consequência direta é que os economistas começam a prever um aperto monetário mais intenso ao longo deste ano do que o previamente esperado. O mercado, por meio das projeções do Boletim Focus, já aponta essa tendência. Os analistas acreditavam que o Banco Central traria a inflação para a meta apenas em 2012. Mas os dois últimos boletins, dessa semana e da anterior, passaram a apontar que a expectativa para a inflação do próximo ano também escapou do centro da meta, de 4,5%, e atingiu 4,7%. Como consequência, a alta total da Selic esperada para este ano passou de 1,5 ponto percentual para 1,75 ponto percentual. O IC-Br é um indicador novo calculado pelo Banco Central que mede a variação dos preços de commodities no mercado internacional que têm impacto direto na inflação doméstica. O IC-Br, que se mostra mais aderente à economia brasileira do que o índice CRB (Commodity Research Bureau), agrega os indicadores relativos aos segmentos agropecuário, metalúrgico e de energia. |
Alimentos têm maior alta desde 1990
O Globo - 04/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/alimentos-tem-maior-alta-desde-1990 |
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Índice da ONU mostra aumento de 3,4% em janeiro sobre dezembro
MILÃO e LONDRES. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) anunciou ontem que os preços dos alimentos em todo o mundo foram recorde em janeiro. Com 231 pontos, o índice subiu 3,4% em relação a dezembro, a sétima alta seguida e registrando o maior patamar desde o início da série histórica, em 1990. Segundo a FAO, todas as commodities alimentares registraram aumentos significativos no mês passado, exceto a carne.
- Os números mostram claramente que a pressão sobre os preços não diminui. A alta provavelmente vai persistir nos próximos meses - disse o economista da FAO Abdolreza Abbassian.
A agência da ONU também alerta que os problemas serão ainda mais penosos para os países com dificuldades para obter financiamento para suas importações, assim como para as famílias pobres que gastam a maior parte de sua renda com comida.
Crise política nos países árabes contribui para alta
A instabilidade dos últimos dias nos países árabes está contribuindo também para o encarecimento dos preços. A preocupação com o tema é crescente: os líderes mundias reunidos em Davos, no fim do mês passado, advertiram que, se continuar assim, a situação poderá desencadear novos conflitos e até guerras.
Já para a revista britânica "The Economist", a inflação está subindo, mas não está alta. E, baseada nesta constatação, a publicação afirma que o temor de suas consequências é superestimado.
"Em nenhum país, rico ou emergente, (a inflação) atingiu o pico de 2008 (nos EUA está em apenas 1,5%)."
Ainda de acordo com a revista, dificilmente as pressões inflacionárias continuarão a longo prazo nos países ricos, porque não há espaço para reajustes salariais.
"Nas economias emergentes, a história é outra. Mas mesmo assim as reações podem ser exageradas", afirma.
Para a revista, os bancos centrais devem ignorar os choques temporários, como os problemas na colheita russa de grãos, já que seu trabalho é conter pressões contínuas sobre os preços.
Sobre o Brasil, a "Economist" defende que um controle maior do Orçamento bastaria para segurar a inflação: "Na Índia e no Brasil, a principal ferramenta contra inflação deve ser um déficit orçamentário menor".
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Commodities continuam em ritmo de alta
Em carta, Sarkozy alerta Dilma sobre ação contra instabilidade |
Autor(es): Assis Moreira | De Genebra |
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/commodities-continuam-em-ritmo-de-alta |
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Os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil tiveram nova alta em janeiro. Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de produtos negociados na bolsa de Chicago (soja, milho e trigo) e de Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que todos encerraram janeiro com ganhos em relação a dezembro. As altas variaram de 3,57% (cacau) a 9,51% (algodão). Quase todos, com exceção do cacau, se valorizaram em relação às médias de janeiro do ano passado. No caso do algodão, as cotações dobraram.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, enviou carta à presidente Dilma Rousseff na qual reitera que o G20, sob sua presidência este ano, terá como uma de suas prioridades reduzir a volatilidade excessiva dos preços das matérias-primas, principalmente dos alimentos. Foi a primeira carta de Sarkozy à nova presidente brasileira desde que ela assumiu, em janeiro, e mantém o Brasil em alerta sobre o plano francês. Sarkozy também destaca em suas demandas a reforma do sistema financeiro internacional. O presidente francês vincula os preços agrícolas à segurança alimentar e vem alertando para os problemas políticos decorrentes da alta da inflação, considerando que aumentos de preços e volatilidade podem perdurar nos próximos anos. Na busca de coordenação internacional para obter estabilidade nos mercados, Sarkozy viajará a alguns países para "convencer" chefes de Estado do G20, que representam 85% da produção mundial. O primeiro será o presidente da Turquia. A França tenta influenciar estudos na FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação (FAO), na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e em outras entidades internacionais a fim de reunir argumentos suficientes para pavimentar uma eventual proposta de intervenção direta nos mercados agrícolas. O Brasil já começou a combater as ideias francesas nas primeiras reuniões técnicas do G20. Para exportadores, é preciso um diagnóstico sério sobre a variação dos preços agrícolas antes de o grupo aparecer com soluções que possam provocar novas distorções em um setor já fortemente marcado por subsídios bilionários e barreiras de toda ordem. A própria OCDE já publicou relatório preliminar mostrando que a alta excessiva de preços de commodities desde 2005, com destaque para a explosão de preços agrícolas em 2008, não é anormal em termos históricos. E constatou que a volatilidade dos alimentos é até moderada se comparada a outras commodities, como metais e energia. Planos intervencionistas como a criação de estoques regionais de alimentos, por exemplo, também não se justificariam, conforme avaliação apresentada na OCDE pelo professor italiano Christopher Gilbert, da Universidade de Trento (Itália). Ele examinou acordos internacionais para estabilizar preços por meio de controles da oferta seja através de estoques, como nos casos de cacau e borracha, seja por controles de exportações, como em café e açúcar, e conclui que os resultados foram na direção oposta do que se esperava - a volatilidade aumentou - e não teria sentido retomar a ideia agora. [Se a estocagem foi obra dos conglomerados, os mesmos que especulam, sem dúvida, a volatilidade saiu reforçada.] No G20, os países exportadores defendem que a volatilidade dos preços agrícolas pode resultar de fatores fora dos mercados agrícolas, como a alta de preços de petróleo e fertilizantes, o clima e fatores macroeconômicos. Sem esquecer o crescimento da renda das economias emergentes e a redução dos estoques internacionais de alimentos nos últimos anos. Diante de reações de vários países, Sarkozy começa a colocar nuances em suas posições. "Eu vi num jornal que queremos fixar os preços de matérias-primas. Pode-se ter um raciocínio equilibrado sobre isso? Entre o liberalismo louco total e a gestão compulsiva, talvez exista uma regra média", afirmou. Para o Brasil e outros exportadores, de fato há espaço para mecanismos que corrijam falhas dos mercados, mas sem intervenções diretas que seriam custosas em alocação de recursos e mesmo em eficiência no setor agrícola. Sobre o combate aos especuladores, Sarkozy poderá ter mais apoio no G20. Mas no Fórum Global de Commodities, ontem em Genebra, analistas mostraram que, apesar do aumento do interesse de investidores por commodities, a parte de matérias-primas nos contratos de derivativos é inferior a 1% do total. E das commodities como ativos financeiros, os contratos agrícolas representam 12,2%, ante 72% da energia. Sarkozy antecipou em Davos que uma das propostas da França será exigir dos investidores em matérias-primas que bloqueiem uma parte da soma que representa o custo do volume de produtos agrícolas que compraram no mercado futuro.
Mais um mês de fortes valorizações de preços no exterior
Autor(es): Assis Moreira e Fernando Lopes | De Genebra e São Paulo |
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/mais-um-mes-de-fortes-valorizacoes-de-precos-no-exterior |
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Os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior confirmaram as expectativas e permaneceram em patamares elevados em janeiro, ainda sustentados por demandas em geral firmes, restrições ou ameaças às ofertas, dólar fraco e forte interesse de grandes fundos de investimentos nesses mercados. Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega - normalmente a de maior liquidez - de produtos referenciados ou na bolsa de Chicago (soja, milho e trigo) ou em Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que todos eles encerraram janeiro com ganhos em relação a dezembro - entre 3,57% (cacau) e 9,51% (algodão) - e que quase todos, exceto o cacau, apresentam valorizações em relação às médias de janeiro do ano passado, entre 9,69% (açúcar) e 100,17% (algodão). Nesse contexto, aumentaram o temor de que o encarecimento mundial dos alimentos provoque uma nova crise permeada por protestos em países mais pobres, como em 2008, e a pressão internacional para a adoção de mecanismos que contenham a especulação e a volatilidade na bolsas (ver matéria acima). No que depender dos fundamentos de oferta e demanda, lembram especialistas, os sinais mais fortes ainda são de cotações bem acima das médias nos próximos meses, ainda que o provável incremento da produção sobretudo de algodão e grãos no Hemisfério Norte na safra 2011/12 sejam mais concretos em virtude dos atuais preços remuneradores. O problema é que esses aumentos terão de ser expressivos, e para isso será preciso investimento nas lavouras e clima favorável. No Fórum Global de Commodities da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), realizado ontem em Genebra, Etsuo Kitahara, diretor executivo do Conselho Internacional de Grãos (IGC), projetou que os preços dos grãos continuarão elevados porque os estoques totais caíram 36% no ano passado, em larga medida em decorrência dos estragos provocados pelo clima adverso na produção do Hemisfério Norte na safra 2010/11. Os estoques de trigo declinaram 24%, e os de milho tombaram 50%. Além da redução da produção, a sustentação dos preços é ajudada pela restrição às exportações em alguns países. Em 2010/11, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão deixaram de exportar 29,1 milhões de toneladas de grãos. Uma parte disso poderá ser compensada por maiores embarques dos EUA (11 milhões de toneladas), Argentina (5,3 milhões), UE (3,9 milhões) e Austrália (2,5 milhões). Em 2011/12, Kitahara reforça o coro dos que acreditam em "disputas" de terras nos EUA por parte de produtores de milho e de soja. Hoje a balança parece pender para milho, já que a demanda pelo produto dos EUA, que tem vocação histórica para o plantio do grão, está aquecida, apesar da queda apurada pelo governo do país na semana passada. E os preços, estão próximos ao recorde histórico de 2008, mesma situação observada no Brasil, conforme a consultoria Céleres. Não é positivo, porém, o cenário para as cotações de algodão, que rondam máximas nunca antes vistas. Terry Townsend, diretor executivo do International Cotton Advisory Committee, estimou em Genebra, com "alto grau de confiança", que os preços poderão cair pela metade até o fim do ano por causa do aumento da oferta. Segundo ele, a tendência de forte baixa pode ser comprovada pelo comportamento dos contratos futuros com prazo mais longo de entrega na bolsa de Xangai, na China, que é um grande país produtor mas que também importa muito. Mas, ainda que a libra-peso passe de US$ 2 para US$ 1 em Xangai, como apontam os papéis para dezembro, nos últimos cinco anos as médias foram inferiores, entre 50 e 90 centavos. A crise no Egito passou a dar fôlego extra às cotações do algodão nos últimos dias - o mesmo vale para o trigo -, mas trata-se de uma influência que, espera-se, dure pouco. Para os cafeicultores exportadores, José Sette, diretor executivo interino da Organização Internacional do Café (OIC), traçou um cenário positivo no fórum da Unctad. Estimou que a tendência altista perdurará até o fim do ano, já que a demanda é constante e o mercado vive um choque de oferta. A Colômbia, segundo maior produtor de café arábica, vem de três safras com problemas e a próxima safra do líder Brasil, disse, ainda gera controvérsias. "Não estou dizendo que os preços vão subir mais, mas o nível atual é muito atraente". Outro que deverá seguir valorizado é o açúcar, conforme Lindsay Jolly, economista da Organização Internacional do Açúcar (OIA). Pelo menos até que o mercado saiba quanto a Índia será autorizada a exportar e tenha mais informações sobre o quanto o Brasil destinará de sua próxima safra de cana à produção do adoçante. Em 2010, os preços subiram, baixaram e depois subiram de novo. Mas a oscilação em forma de "V", diz, não levará a um "crash" mais tarde. A OIA projeta alta das produções de açúcar e etanol em 2011/12 no Brasil.
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Na BM&FBovespa, boi e milho voltam a subir
Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo |
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/na-bm-fbovespa-boi-e-milho-voltam-a-subir |
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O mês de janeiro chegou ao fim com os preços das principais commodities agrícolas negociadas no mercado doméstico ainda dentro da trajetória de alta iniciada em meados do ano passado. Até mesmo as cotações do milho e do boi gordo, que haviam recuado em dezembro, voltaram a subir e de forma acentuada, conforme cálculos do Valor Data que levam em consideração os contratos de segunda posição - normalmente os de maior liquidez - negociados na BM&FBovespa. O gado criado em confinamento elevou a oferta de animais para abate entre outubro e dezembro de 2010, fato que pressionou os preços. Com o término do abastecimento dos frigoríficos com esse tipo de animal, a oferta voltou a cair, fazendo com que os preços subissem novamente no mês passado. "Muitos animais que ficariam prontos para o abate agora acabaram indo para os frigoríficos em dezembro por conta dos bons preços pagos", afirma Élio Micheloni, analista da Icap. O recorde nos volumes exportados em 2010 e os mais de 6 quilos de café consumidos por cada brasileiro no ano passado - maior patamar já registrado pela indústria nacional - fizeram os preços subirem novamente. Com a valorização de janeiro, foi o oitavo mês consecutivo em que as cotações subiram no Brasil sem qualquer interrupção. "Os preços do café não voltam mais para os patamares anteriores. Os níveis de negociação foram alterados e já não é mais possível analisar o mercado apenas olhando para o que aconteceu no passado", afirma Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes. Mesmo com a alta, o analista diz não ver uma corrida no Brasil ou outro país produtor, para ampliação de áreas para café. "Vejo investimentos para aumento de produtividade e redução de custo, mas novas áreas não". O nervosismo das bolsas internacionais tem influenciado diretamente os preços dos grãos no mercado doméstico. Tanto a soja quanto o milho estão sendo sofrendo na BM&FBovespa os efeitos gerados pelas incertezas climáticas na América do Sul, especialmente na Argentina.
Soja no Brasil
Valor Econômico - 01/02/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/1/soja-no-brasil |
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Relatório divulgado ontem pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que as condições gerais das lavouras de soja da temporada em curso - a 2010/11 - estão satisfatórias até nas áreas de variedades superprecoces (ciclo mais curto), cujo rendimento está estimado em 55 e 56 sacas por hectare. Soja no RS A exceção, de acordo com o documento da CNA, fica nas áreas gaúchas da oleaginosa, que assim como as da Argentina, ainda são foco de preocupação por causa da estiagem das últimas semanas. A seca também pode comprometer o desempenho da pecuária de corte e de leite no Estado, segundo a CNA. Venda de soja em MT A comercialização de soja segue acelerada no maior produtor nacional da oleaginosa. De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), foram comercializados no Estado até agora 65,9% da safra 2010/11, ante os 45,4% de igual período do ano passado. Diferentemente do que informou ontem o Valor, apenas 2,8% da área da oleaginosa de Mato Grosso tinha sido colhida até 27 de janeiro. Em igual momento da temporada 2009/10, a colheita estava mais adiantada: 9,9% da área total, segundo o Imea.
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Índice de preços de alimentos da FAO atinge novo pico em janeiro
Autor(es): Assis Moreira | De Genebra |
Valor Econômico - 04/02/2011 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/2/4/indice-de-precos-de-alimentos-da-fao-atinge-novo-pico-em-janeiro |
O Índice de Preços de Alimentos da FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, voltou a bater recorde em janeiro, pelo segundo mês consecutivo. O indicador, composto a partir do comportamento dos preços de uma cesta formada por carnes, lácteos, cereais, óleo e gorduras e açúcar, subiu 3,5% em relação a dezembro e atingiu 231 pontos. Desde junho de 2010, quando adversidades climáticas começaram a ceifar a safra de grãos de Rússia e países vizinhos, o índice apresenta apenas variações positivas. "Os preços dos alimentos vão continuar muito altos, mais que em 2011, e até agosto não vejo correção significativa", disse Abdolreza Abbassian, economista da FAO, ao Valor. Ele lembra que, na situação atual, os principais ganhadores serão os Estados Unidos, maior exportador agrícola do mundo, o Brasil, que exporta quase tudo no setor, e também a União Europeia, por causa de seus embarques de grãos. A nova alta do índice também reforça a posição da França de buscar no G20 maneiras de regular o mercado agrícola e coibir a grande volatilidade atual. O Brasil vê com preocupação ideias de intervenção direta nos mercados. Como se vê no gráfico acima, dos índices específicos que compõem o "Food Price Index" consolidado da FAO, apenas o referente às carnes não apresentou elevação em janeiro na comparação com dezembro. Na Europa houve até queda, em virtude do escândalo provocado pela contaminação de rações com dioxina, uma substância cancerígena, na Alemanha. Todos os demais índices específicos subiram. No dos cereais, houve alta de 3%, mas o patamar do mês passado ainda é 11% inferior ao pico de abril de 2008, quando uma disparada global dos preços de alimentos deflagrou revoltas nas ruas em diversos países. A escalada atual também já motiva reações em vários mercados. Na Tailândia, segundo maior país exportador de açúcar do planeta, atrás do Brasil, os clientes são aconselhados a só comprarem até três pacotes do produto cada vez nos supermercados, enquanto o governo tenta frear a alta de custos. Já a Indonésia está sendo obrigada a fazer grandes importações de arroz depois que a produção doméstica sofreu com pesadas chuvas. A inflação subiu para 7%, alimentada pela alta de 16% nos preços de commodities. No Brasil, que resiste a intervenções diretas nos mercados agrícolas globais, o índice de commodities agropecuárias do Banco Central atingiu o pico de 186,99 pontos em janeiro, 4,44% a mais que em dezembro, e acentuou ainda mais as já agudas preocupações inflacionárias. A FAO constatou que, globalmente, a pressão altista dos alimentos não diminuiu e que a fatura vai pesar para os países pobres que são importadores líquido de alimentos. Segundo o economista Abdolreza Abbassian, o único fator positivo até agora é que alguns países vêm obtendo boas colheitas e podem manter os preços domésticos de produtos de base mais baixos que os internacionais. Mas nem sempre isso é verdade. No Brasil, as cotações do milho no mercado interno subiram mais de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, como informou recentemente o Valor.
Preço de alimentos tem maior alta em 21 anos, diz FAO
Autor(es): Lisandra Paraguassu |
O Estado de S. Paulo - 04/02/2011
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É o sétimo mês seguido de alta; entre dezembro e janeiro houve um acréscimo de 3,4% na cotação dos produtos, diz órgão da ONU
O Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) divulgou ontem que o índice FAO de preço dos alimentos, baseado em uma cesta de commodities, alcançou o seu maior valor desde 1990, quando foi criado. De acordo com a organização, esse é o sétimo mês seguido de alta e, entre dezembro e janeiro houve um acréscimo de 3,4% no preço dos alimentos. Todas as commodities monitoradas pela FAO tiveram aumento em janeiro, sendo a única exceção a carne. Os produtos com maior custo foram o açúcar e os grãos. No entanto, o maior aumento foi o dos laticínios. De acordo com economistas da organização, não há sinais de reversão desses aumentos e aumenta a probabilidade de risco alimentar nos países mais pobres. No entanto, a própria FAO reconhece que a boa safra de grãos registrada nos países em desenvolvimento tem feito com que os preços internamente tenham ficado abaixo das médias internacionais. O aumento dos preços dos alimentos é de grande preocupação, especialmente para países de baixa renda com déficit de alimentos - que podem enfrentar problemas em financiar as importações - e famílias pobres que gastam a maior parte da renda com alimentação, disse Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental para Grãos da organização. A preocupação da FAO se alinha com as propostas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de encontrar uma forma de controle internacional dos preços dos alimentos. Sarkozy tem deixado claro aos outros países membros do G-20 que essa será sua principal ação durante a presidência do grupo, apesar de ainda não ter angariado nenhum apoio. A França tem pressionado a FAO e outras organizações internacionais para obter estudos que comprovem não só a contínua elevação de preços das commodities, mas a manutenção dessa perspectiva. A intenção dos franceses é obter argumentos suficientes para referendar sua proposta. Combustíveis. Um dos maiores produtores mundiais de alimentos, o Brasil é contra qualquer proposta de controle de preços, seja por intervenção, seja por compra para formar estoques internacionais. Especialmente, se o controle deixar de fora os combustíveis, considerado pelo País o maior responsável pelo aumento dos alimentos, já que o petróleo é a base para a produção da maior parte dos fertilizantes e é a matéria-prima mais volátil. O Itamaraty acredita que a proposta francesa se concentra na criação de estoques internacionais, o que também agrada a FAO. Porém, a possibilidade de usar recursos públicos para comprar estoques e controlar preços não agrada o governo brasileiro. Apesar de defender uma ação internacional contra a fome, a proposta brasileira tem como base o fim dos subsídios agrícolas dados pelos países ricos - usada em larga escala pela França.
EUA e Brasil preparam frente contra controle de preços
Autor(es): Denise Chrispim Marin |
O Estado de S. Paulo - 04/02/2011
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Os Estados Unidos querem formar uma frente com o Brasil contra a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de adoção de controle sobre o aumento de preços das commodities agrícolas. Esse será um dos principais temas da reunião ministerial do G-20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes, marcada para o período de 17 e 19 em Paris. A aliança entre dois dos maiores produtores mundiais de alimentos será proposta pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, à presidente Dilma Rousseff na segunda-feira. Como preparação para o encontro do G-20, Geithner pretende ainda extrair um apoio mais claro do Brasil à campanha dos EUA em favor da mudança na política cambial da China. O objetivo americano tem sido deter - e reverter - a desvalorização artificial do yuan. Nos últimos meses, o Ministério da Fazenda passou a adotar um discurso mais próximo ao americano nessa questão. Uma autoridade do Departamento do Tesouro afirmou ao Estado ser este "um bom momento para o Brasil e os EUA trabalharem juntos no desafio de administrar os riscos ainda presentes ao crescimento da economia mundial". Entre eles, os provocados pelo desvio da política cambial chinesa das regras de mercado. Carta. No caso dos controles sobre os preços das commodities, o apoio do Brasil será disputado entre EUA e, com menor chance, pela França. Na semana passada, Sarkozy enviou uma carta a Dilma Rousseff - sua primeira correspondência com a nova presidente - sobre sua prioridade no G-20 na redução da volatilidade e da especulação dos preços dos alimentos. Sarkozy defende a adoção de medidas de transparência e de limites aos valores das transações. A iniciativa afetaria duramente os setores produtores do Brasil e dos EUA -- bem como da Argentina e do Canadá. Os planos de safra já se adequaram à perspectiva de preços mais elevados, em função do aumento da demanda mundial em um ambiente de maior crescimento econômico. Para países como os EUA e o Canadá, nos quais uma quebra de safra por razões naturais chega a atingir 50% a 70% da colheita, essa mudança seria ainda mais nociva. A mesma autoridade do Tesouro americano afirmou haver boa vontade dos EUA em relação à maior transparência no mercado de commodities. Mas o controle de preço não será aceito. "Queremos trabalhar com o Brasil e outros países para fortalecer o mercado de commodities, conferindo maior transparência aos preços, em vez de impor limites aos contratos comerciais", afirmou. "Brasil e EUA podem se beneficiar com isso." No âmbito global, o Tesouro americano preocupa-se particularmente com a pressão inflacionária em países emergentes que apresentaram forte aquecimento da atividade no último ano, como é o caso do Brasil e da China. Esse seria outro sério risco à continuidade da atual fase de recuperação da economia mundial. A incerteza sobre o comportamento do preço do petróleo, sujeito à pressão do aumento da demanda e também aos efeitos da crise do Egito, também assombra os economistas. |
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