Em São Joaquim (SC), a safra recuará, mas qualidade e preço podem compensar.
Problemas climáticos em regiões produtoras do Sul do país deverão provocar forte queda na safra de maçã que começará a ser colhida na região a partir desta semana. Conforme a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a quebra poderá ser de até 25%. Segundo Pierre Nicolas Pérès, presidente da entidade, a geada e o granizo prejudicaram o desenvolvimento das frutas, e com isso ele prevê uma colheita de cerca de 1 milhão de toneladas, ou 275 mil a menos do que no ano passado.
Em Santa Catarina, polo responsável por 54% da produção nacional, segundo a ABPM, a previsão também é de queda na safra em comparação com o ano passado. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado (Epagri), a estimativa é que os municípios da serra catarinense colham 338,3 mil toneladas, cerca de 12% menos que as 384,4 mil de 2010. Os dados levam em conta a produção de São Joaquim, Urubici, Urupema, Bom Retiro e Bom Jardim da Serra. A região reúne 1,5 mil produtores, a grande maioria de pequeno porte, em propriedades de até 5 hectares. De acordo com Marlise Nara Ciotta, engenheira agrônoma da estação da Epagri em São Joaquim, o granizo atingiu a região entre novembro e dezembro, fase de desenvolvimento do fruto. A geada de setembro também prejudicou os produtores. Segundo Marlise, o frio atinge a planta na época de floração, o que a impede de gerar o fruto. A geada foi a principal responsável pelas perdas da Cooperativa Regional Agropecuária Serrana (Cooperserra), fundada há 34 anos em São Joaquim e que hoje integra 115 produtores e 490 hectares plantados. Segundo o presidente Giovani Franzoi, o grupo deverá colher cerca de 20 mil toneladas de maçã, entre 10% e 15% a menos do que em 2010. Conforme o dirigente, ainda há chances de entre 5% e 7% das frutas serem descartadas, com condições apenas de servir à indústria, em função dos estragos causados pelo granizo. Com isso, na avaliação de Franzoi, os preços pagos aos produtores podem ter um incremento de 10% a 15%. Na safra passada, o preço oscilou entre R$ 0,40 e R$ 0,50 o quilo pago ao produtor. Este ano, na avaliação de Franzoi, podem ultrapassar os R$ 0,60 por quilo. A Cooperserra tem aproximadamente 60% da produção centrada em maçã fuji e seus clones. Os outros 40% são de produção de maçã gala. Apenas 5% da produção é exportada para a Europa. Na Cooperativa Agrícola de São Joaquim (Sanjo), que reúne 80 produtores, a expectativa é colher ao redor de 40 mil toneladas de maçã nesta safra. O volume pode ter uma queda de 10% em relação a 2010 em função dos prejuízos climáticos. A cooperativa foi fundada em 1993 por um grupo de 34 produtores de frutas, jovens imigrantes japoneses, e atualmente é uma das principais beneficiadoras de maçã do país. Tem uma área plantada da ordem de 2,1 mil hectares, das quais 50% são destinadas à variedade fugi. Em 2010, a Sanjo faturou cerca de R$ 60 milhões, 20% a mais do que no ano anterior. Para este ano, a perspectiva é manter a taxa de crescimento. Cerca de 300 pessoas trabalham na empresa. A Renar Maçãs, empresa de Fraiburgo, no meio-oeste catarinense, que detém cerca de 13% da produção nacional da fruta desde que se associou à PomiFrai em novembro de 2010, ainda não tem previsão de resultados para esta safra. Segundo Wendell Finotti, diretor financeiro da empresa, a Renar tomou a decisão estratégica de eliminar pomares antigos para melhorar a qualidade dos frutos. A área de 1,7 mil hectare foi reduzida para 1,6 mil hectare, mas Finotti acredita que a safra terá um ganho de produtividade. Em 2010, foram colhidos 80 mil toneladas da fruta. A expectativa da companhia é que a redução da área plantada seja compensada com a qualidade da fruta. Finotti não aposta em uma elevação grande dos preços da maçã em consequência da possibilidade de importação de países como Chile e a Argentina. Segundo dados do sistema Aliceweb, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram importadas 76,8 mil toneladas de maçãs frescas em 2010, um crescimento de 20% sobre o volume de 2009. No acumulado dos nove primeiros meses de 2010, a Renar apresentou receita líquida de R$ 48 milhões, superior aos R$ 26,4 milhões do mesmo intervalo do ano anterior. Apesar do crescimento nas vendas, o resultado para os três primeiros trimestres de 2010 foi um prejuízo de R$ 3,3 milhões. De dezembro de 2009 a janeiro de 2011, as ações da companhia também recuaram. O papel, negociado a R$ 1,02 no fim de 2009, valia R$ 0,64 na sexta-feira passada.
Milho também pressiona taxa de inflação
Preço do milho sobe mais de 60% em um ano |
Autor(es): lda do Amaral Rocha | De São Paulo |
Valor Econômico - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/milho-tambem-pressiona-taxa-de-inflacao |
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Em alta há um ano, os preços do milho no mercado doméstico já subiram 63,5% no período e atingiram agora o maior patamar em dois anos, pressionados por atraso na colheita, demanda forte e problemas de oferta no exterior. As chuvas nas regiões de produção de São Paulo e Minas atrasaram a colheita, que já deveria ter começado, diz Felipe Netto, da consultoria Safras. Há reservas de milho - o governo estima estoques iniciais em 11,1 milhões de toneladas-, mas as chuvas também têm atrapalhado o escoamento do produto dos armazéns. 0 milho é mais um alimento com preços em alta a reforçar o pessimismo em relação à inflação. Nas projeções do mercado recolhidas pelo Banco Central, o IPCA deste ano foi elevado pela sétima vez, de 5,42% para 5,53%.
Mercado: Atraso na colheita, demanda doméstica forte na entressafra e alta no exterior puxam cotações no país
Os preços do milho dispararam no mercado doméstico de um ano para cá e atingiram o maior patamar em dois anos na última semana. Atraso na colheita, demanda forte e problemas na oferta de milho no exterior explicam o aumento. A valorização alcança 66% na região de Campinas, segundo a Safras & Mercado. Lá a saca do cereal saiu do intervalo de R$ 19,30 a R$ 19,50 há um ano para R$ 32 a R$ 32,50 atualmente. De acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa, considerando a cotação de R$ 31,54 a saca, de sexta-feira, o aumento foi de 63,5% em 12 meses. A cotação foi a maior desde 16 de janeiro de 2008, quando ficou em R$ 31,76, segundo o Valor Data. Ontem, o indicador recuou 0,52%, para R$ 31,38. "Há escassez de milho no Paraná e em São Paulo", afirma Felipe Netto, analista da Safras. Ele observa que a colheita da safra de verão está apenas se iniciando e há algum atraso nos trabalhos no campo por causa das chuvas nas regiões de produção de São Paulo e Minas Gerais. A expectativa é de que a colheita comece entre a primeira e segunda quinzenas de fevereiro nessas regiões, estima Netto. Normalmente, já teria começado. Na prática, a colheita só se iniciou no Rio Grande do Sul, segundo relatório da Céleres. Na avaliação da consultoria, o quadro de preços elevados em relação a 2010 deve permanecer "até que grandes volumes da nova safra entrem no mercado". Isso deve aliviar o problema de oferta visto nesta entressafra do milho, mas os preços ainda poderão ficar firmes, diz. Segundo o relatório, as chuvas têm atrapalhado também a colheita de soja em Mato Grosso, onde é forte o cultivo de milho da safrinha, semeado depois que oleaginosa é tirada do campo. Isso pode atrasar o plantio do grão, dando sustentação aos preços. Segundo a Céleres, empresas já fazem oferta em dólar pelo milho que será plantado na safrinha para garantir o insumo da ração de aves e suínos. Felipe Netto, da Safras, acrescenta que a demanda por milho é forte, pois há aumento na produção de carnes no país. O cenário doméstico está sendo influenciado também pelo mercado internacional do milho, onde os preços já subiram 77,10% em 12 meses, como mostram os números da bolsa de Chicago. Ontem, o contrato com vencimento em maio fechou a US$ 6,65, com queda de 2 centavos de dólar. Há um ano, no dia 22 de janeiro, estava em US$ 3,755 por bushel. O combustível para a alta é a demanda por milho por parte da indústria americana de etanol. Também contribui a forte queda nos estoques de milho, estimados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A última previsão mostra que o estoque de milho nos EUA deve ficar em 18,92 milhões de toneladas na safra 2010/11, bem abaixo dos 43,38 milhões do ciclo anterior. Para os estoques mundiais, a estimativa é de 127 milhões de toneladas ante 147 milhões em 2009/10. Netto lembra que a quebra na safra argentina de milho também sustenta as cotações. "A Argentina é o segundo maior exportador mundial do grão. Uma oferta menor afeta todos", afirma. Na semana passada, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou a safra 2010/11 em 19,5 milhões de toneladas, 850 mil toneladas a menos que o previsto uma semana antes. Além disso, a China deve seguir demandando milho, acrescenta o analista da Safras. Atento às altas, o governo federal já ofertou 1,2 milhão de toneladas de milho em leilões desde novembro passado. Nesta semana, vai leiloar 354,3 mil toneladas. No ano que passou, o Brasil, que exportou 10,8 milhões de toneladas de milho graças aos leilões de PEP, um tipo de subsídio ao frete.
Preço do milho sobe mais de 60% em um ano
Autor(es): Alda do Amaral Rocha | De São Paulo |
Valor Econômico - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/preco-do-milho-sobe-mais-de-60-em-um-ano |
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Mercado: Atraso na colheita, demanda doméstica forte na entressafra e alta no exterior puxam cotações no país Os preços do milho dispararam no mercado doméstico de um ano para cá e atingiram o maior patamar em dois anos na última semana. Atraso na colheita, demanda forte e problemas na oferta de milho no exterior explicam o aumento. A valorização alcança 66% na região de Campinas, segundo a Safras & Mercado. Lá a saca do cereal saiu do intervalo de R$ 19,30 a R$ 19,50 há um ano para R$ 32 a R$ 32,50 atualmente. De acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa, considerando a cotação de R$ 31,54 a saca, de sexta-feira, o aumento foi de 63,5% em 12 meses. A cotação foi a maior desde 16 de janeiro de 2008, quando ficou em R$ 31,76, segundo o Valor Data. Ontem, o indicador recuou 0,52%, para R$ 31,38. "Há escassez de milho no Paraná e em São Paulo", afirma Felipe Netto, analista da Safras. Ele observa que a colheita da safra de verão está apenas se iniciando e há algum atraso nos trabalhos no campo por causa das chuvas nas regiões de produção de São Paulo e Minas Gerais. A expectativa é de que a colheita comece entre a primeira e segunda quinzenas de fevereiro nessas regiões, estima Netto. Normalmente, já teria começado. Na prática, a colheita só se iniciou no Rio Grande do Sul, segundo relatório da Céleres. Na avaliação da consultoria, o quadro de preços elevados em relação a 2010 deve permanecer "até que grandes volumes da nova safra entrem no mercado". Isso deve aliviar o problema de oferta visto nesta entressafra do milho, mas os preços ainda poderão ficar firmes, diz. Segundo o relatório, as chuvas têm atrapalhado também a colheita de soja em Mato Grosso, onde é forte o cultivo de milho da safrinha, semeado depois que oleaginosa é tirada do campo. Isso pode atrasar o plantio do grão, dando sustentação aos preços. Segundo a Céleres, empresas já fazem oferta em dólar pelo milho que será plantado na safrinha para garantir o insumo da ração de aves e suínos. Felipe Netto, da Safras, acrescenta que a demanda por milho é forte, pois há aumento na produção de carnes no país. O cenário doméstico está sendo influenciado também pelo mercado internacional do milho, onde os preços já subiram 77,10% em 12 meses, como mostram os números da bolsa de Chicago. Ontem, o contrato com vencimento em maio fechou a US$ 6,65, com queda de 2 centavos de dólar. Há um ano, no dia 22 de janeiro, estava em US$ 3,755 por bushel. O combustível para a alta é a demanda por milho por parte da indústria americana de etanol. Também contribui a forte queda nos estoques de milho, estimados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A última previsão mostra que o estoque de milho nos EUA deve ficar em 18,92 milhões de toneladas na safra 2010/11, bem abaixo dos 43,38 milhões do ciclo anterior. Para os estoques mundiais, a estimativa é de 127 milhões de toneladas ante 147 milhões em 2009/10. Netto lembra que a quebra na safra argentina de milho também sustenta as cotações. "A Argentina é o segundo maior exportador mundial do grão. Uma oferta menor afeta todos", afirma. Na semana passada, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou a safra 2010/11 em 19,5 milhões de toneladas, 850 mil toneladas a menos que o previsto uma semana antes. Além disso, a China deve seguir demandando milho, acrescenta o analista da Safras. Atento às altas, o governo federal já ofertou 1,2 milhão de toneladas de milho em leilões desde novembro passado. Nesta semana, vai leiloar 354,3 mil toneladas. No ano que passou, o Brasil, que exportou 10,8 milhões de toneladas de milho graças aos leilões de PEP, um tipo de subsídio ao frete.
Transgênicos ocupam 75% da área de plantio de soja no país
Transgênicos ocupam área recorde |
Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo |
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/transgenicos-ocupam-75-da-area-de-plantio-de-soja-no-pais |
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Três em cada quatro hectares cultivados com soja na safra 2010/11 - que está em curso - utilizaram sementes geneticamente modificadas no Brasil. No caso do milho, mais da metade da área foi plantada com as variedades transgênicas disponíveis, enquanto no algodão, quase um terço do plantio está sendo feito com sementes modificadas na safra 2010/11. Considerando as três culturas juntas, a área alcança 25,8 milhões de hectares, a maior taxa de adoção de transgênicos da história da agricultura nacional, segundo levantamento da Céleres. "Esse é um caminho que não tem mais volta, e a tendência é que a adoção dessa tecnologia aumente cada vez mais", diz Leonardo Menezes, pesquisador da Céleres. Ele lembra que, no caso do algodão, a adoção só não foi maior na safra atual porque a disponibilidade de sementes era pequena para atender à demanda. Entre as três culturas, a adoção da tecnologia ocorreu mais rapidamente no milho. O uso de híbridos geneticamente modificados alcançou 52,7% da área plantada já no terceiro ano após a liberação oficial da primeira variedade transgênica, cultivada na safra 2008/09. Para comparar, a soja só alcançou o percentual de 56% sete anos após ter sido liberada oficialmente pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na safra 2000/01. No caso da soja, a expectativa da Céleres é que 18,1 milhões de hectares sejam cultivados com variedades transgênicas no ciclo 2010/11, ou seja, 76,2% do total. Os Estados do Maranhão e Piauí são os que menos adotaram as sementes geneticamente modificadas - 60,7% da área cada um. Segundo Menezes, o motivo para isso é que ainda faltam cultivares transgênicas melhor adaptadas à região. "Vale lembrar que Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, não é o que mais utiliza transgênicos. Algumas variedades convencionais ainda apresentam uma produtividade superior que as geneticamente modificadas", afirma Menezes. Em Mato Grosso, 66,8% da área é plantada com soja transgênica.
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Importação de defensivos dispara e inquieta indústria
Autor(es): Alexandre Inacio |
Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/importacao-de-defensivos-dispara-e-inquieta-industria |
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A enxurrada de defensivos agrícolas asiáticos que tomou conta do Brasil nos últimos dez anos começa a preocupar as indústrias do setor. O temor é que os baixos custos dos produtos, vindos especialmente da China e da Índia, desestimulem a produção no Brasil e levem a um processo de desindustrialização do setor nacional.
Levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) mostra que na última década a importação de princípios ativos (matéria-prima) para serem formulados no Brasil cresceu mais de 200%. Os volumes superaram 193 mil toneladas, conforme dados da entidade compilados até outubro de 2010. Entre o ano que passou e 2009, o aumento das importações foi de 3,6%. Não há estimativas precisas quanto à importação de produto final, mas o Sindag identifica que o volume importado é crescente. "Há 30 anos, 80% dos defensivos tinham produção nacional e apenas 20% eram importados. Hoje, essa proporção é exatamente oposta, ou seja, temos uma elevada dependência dos produtos que vêm de fora do país", afirma Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do Sindag. Nesse cenário, a evolução registrada para as compras feitas da China, Índia e Argentina são as que mais se destacam. Apesar de relativamente pequenas, as importações da Índia cresceram 188 vezes na última década. Já as compras da China avançaram 17,4 vezes e chegaram a 38 mil toneladas no ano passado. Já da Argentina, as importações de 2010 ultrapassaram a marca de 40 mil toneladas, um aumento de 30 vezes nos últimos dez anos. "No caso da Argentina, 70% das nossas importações são de glifosato, que consegue entrar no Brasil com tarifa zero por conta dos acordos comerciais existentes", afirma Sampaio. "A entrada de tanto produto importado está incentivando uma desindustrialização no Brasil, já que as margens estão ficando cada vez mais apertadas, especialmente para as indústrias que atuam no segmento de genéricos", afirma Sampaio. De fato algumas empresas de genéricos passaram por mudanças de ordem global. A israelense Makhteshim-Agan, controladora da brasileira Milenia - maior indústria de defensivos genéricos do Brasil - teve seu controle vendido para a China National Chemical, mais conhecida como ChemChina. A operação reforça a presença chinesa no mercado brasileiro, já que, sozinha, a Milenia detém uma fatia de 6% das vendas no Brasil. Não são apenas os princípios ativos importados que estão invadindo o mercado brasileiro. Sem mencionar nomes, Sampaio diz que algumas empresas estão importando os produtos já formulados, para apenas distribuir no país. Ele afirma que multinacionais levam o princípio ativo da China para algum país da América do Sul, fazem a formulação em unidades lá instaladas e embarcam para o Brasil o produto final, já embalado, para apenas ser distribuído no mercado doméstico. "Esse aumento das importações de países asiáticos ocorre porque os grandes mercados consumidores até então, Europa e Estados Unidos, estão em recessão. O grande potencial de venda hoje são os países em desenvolvimento, e o Brasil passou a ser uma alternativa para os produtos chineses", explica Rodrigo Almeida, diretor de assuntos corporativos da americana Monsanto. O executivo da multinacional lembra que a capacidade de produção de glifosato da China é quase duas vezes maior que a demanda brasileira. Com isso, mais de 60% do glifosato importado pelo Brasil já é proveniente da China. "Em 2009 essa fatia era de 40%", afirma Almeida. Atualmente, a Monsanto é a única empresa que fabrica o glifosato no Brasil, em sua unidade instalada em Camaçari (BA). No ano passado, a companhia conseguiu vencer uma disputa contra o glifosato chinês, fazendo com que o governo brasileiro impusesse uma tarifa de US$ 3,60 por quilo do princípio ativo importado da China. "Creio que esse movimento de grande importação seja algo conjuntural. O governo e as autoridades não deixarão que isso se perpetue", afirma Almeida.
Governo retira inseticida do mercado
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/governo-retira-inseticida-do-mercado |
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O metamidofós, princípio ativo de alguns inseticidas utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja e algodão, não poderá mais ser utilizado no Brasil a partir de 2012. A decisão pelo banimento do produto contou com parecer conjunto do Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A proibição foi publicada ontem no Diário Oficial e, entre outros motivos, levou em consideração o fato de o metamidofós já ter sido proibido em outros países pelo seu elevado grau de toxicidade. O produto pode provocar danos nos sistemas endócrino e reprodutor humano e no desenvolvimento de feto. A retirada do produto do mercado, no entanto, será programada. As empresas que ainda importam o princípio ativo e fazem a formulação poderão manter a produção até 19 de novembro deste ano. Já a comercialização poderá ser feita no Brasil até 31 de dezembro de 2011, para finalmente em 30 de junho de 2012 o uso do metamidofós ser totalmente proibido. Conforme dados do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), do Ministério da Agricultura, cinco empresas têm registro para formulação de produtos à base do metamidofós - Milênia, Fersol, Sipcam, Nufarm e Bayer. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), estudos ainda estão sendo realizados para avaliar o impacto que a retirada do produto causará no mercado.
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Caem os preços do seguro para crédito às exportações
Cai preço do seguro de crédito |
Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi | De Paris e São Paulo |
Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/caem-os-precos-do-seguro-para-credito-as-exportacoes |
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Menos perdas: Coface, líder no mercado, vê pressão baixista e corretores confirmam
Depois de aumentos de 10% até 30% em 2010, os preços do seguro de crédito no mercado interno e também à exportação começam a cair. "É o início de um novo ciclo, claramente, com pressão de baixa nos preços e de crescimento mais acelerado", disse Bart Pattyn, presidente e CEO na América Latina da francesa Coface, do grupo francês Natixis, a líder do mercado no Brasil. O seguro de crédito serve para cobrir perdas nos empréstimos de uma empresas a outra. Segundo explica Pattyn, se uma apólice tem muitas perdas em um ano, os preços sobem. No caso contrário, os preços caem. "Em 2011, nas renovações das apólices, eu espero que muitas empresas que tiveram um bom ano, que não tiveram muitas perdas, vão ter um preço melhor disponível", diz. "Os preços para as maiores empresas já começaram a cair", confirma Eric Brabenec, sócio-diretor da GECO Serviços Financeiros, corretora especializada no seguro de crédito. Segundo ele, uma multinacional brasileira sua cliente conseguiu redução de 50% na comparação com o ano anterior. As empresas não tão grandes terão estabilidade nos preços, diz. Os primeiros seis meses de 2009 foram de uma crise profunda de crédito para as empresas, que deixaram de pagar clientes e fornecedores e a Coface teve de cobrir essas perdas das seguradas. "Durante 2010, houve bem menos sinistros e um monte de dívida em atraso começou a ser paga", relata Pattyn. Com isso, o dinheiro dessas dívidas veio para o caixa da Coface, que melhorou seus lucros. Em 2009, os lucros foram de R$ 7,9 milhões no Brasil, enquanto que, em 2010, o resultado subiu para R$ 24 milhões. "As consequências são um efeito muito positivo na taxa de sinistralidade", diz. Essa taxa é a relação entre as perdas com indenizações pagas e as receitas com apólices e recuperação de perdas. No caso da Coface, despencou de 100% em 2009 para 30% em 2010. No mercado interno, a Coface tinha uma exposição muito grande ao setor agrícola por meio de empresas de fertilizantes, que se mostrou problemática na crise, mas teve recuperação forte em 2010. No crédito à exportação, o principal problema foi com importadores de produtos brasileiros da Venezuela. "O Cadivi (Comissão de Administração de Dívidas da Venezuela, que tem como objetivo administrar o mercado cambial venezuelano) cria um longo e burocrático atraso no pagamento da dívida", comenta Pattyn. Em 2010, uma dívida de US$ 4,5 milhões indenizada pela Coface em 2009 foi paga por empresa da Venezuela.
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Exportações brasileiras recuaram no ano passado
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/exportacoes-brasileiras-recuaram-no-ano-passado |
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Os embarques brasileiros de suco de laranja e outros itens produzidos pelas grandes indústrias exportadoras renderam US$ 2,744 bilhões em 2010, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Cutrale. Em relação ao ano anterior (US$ 2,883 bilhões), houve queda de 4,8%. Com os preços internacionais em elevado patamar, a queda foi influenciada pela menor disponibilidade do produto na última safra, por conta de adversidades climáticas que afetaram a oferta de laranja, e por uma demanda global ainda retraída, em boa medida em virtude da proliferação de bebidas concorrentes mais baratas, como néctares e refrescos. Principal produto da pauta de exportações do segmento, os embarques do suco concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) alcançaram US$ 1,027 bilhão no ano passado, 9,09% menos que em 2009. Já as vendas ao exterior do suco não concentrado (NFC), cuja demanda tem estado mais firme nos últimos anos, atingiram US$ 950,5 milhões, com aumento de 1,18%. Fontes do segmento consultadas pelo Valor lembram que o resultado de 2010, apesar de menor que o de 2009, apresenta franca evolução em relação à média da última década. E que em 2011 o patamar tende a seguir elevado, já que os preços internacionais não cederam e hoje a maior parte dos contratos de exportação foi fixada por valores atraentes.
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Plano chinês para laranja preocupa os americanos
Autor(es): Alex Ribeiro | De Washington |
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/plano-chines-para-laranja-preocupa-os-americanos |
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A Flórida está preocupada com a concorrência estrangeira na produção de suco de laranja - e, desta vez, a ameaça não vem do Brasil. A comissão de citros da Flórida, órgão do governo estadual que define políticas para o segmento, encomendou uma investigação à Universidade da Flórida sobre o projeto desenvolvido pela China para se tornar uma potência na produção de laranja e outras frutas cítricas da mesma "família".Para o professor Zhifeng Gao, que lidera o projeto na Universidade da Flórida, o Brasil também deveria prestar bastante atenção ao que ocorre na China. "No longo prazo, o projeto chinês pode afetar o mercado mundial de citros e também o Brasil", disse ele ao Valor. Com as produções concentradas nos Estados de São Paulo e da Flórida, respectivamente, Brasil e EUA lideram as exportações globais de suco de laranja há décadas. A China lançou em 2002 um grande projeto de Estado para desenvolver a produção de cítricos. A meta é cultivar 2 milhões de hectares de citros até 2015, uma área dez vezes maior que a da Flórida, e produzir 30 milhões de toneladas, mais do que a oferta combinada de São Paulo e Flórida, segundo Gao. "O principal objetivo é aumentar a renda dos agricultores e promover o desenvolvimento econômico regional." O interior da China é bem mais pobre do que a região próxima ao litoral, onde ficam alguns dos mais importantes centros industriais do país. Para conter a migração do campo para as cidades, o governo chinês vem adotando nos últimos anos uma série de medidas para desenvolver as áreas mais pobres do país. Dentro desse pacote, foram definidos 15 produtos agrícolas prioritários, entre eles os citros. A Flórida despertou para o perigo do avanço chinês em meados do ano passado, quando um executivo do Departamento de Citros da Flórida, Bob Norberg, visitou o país para participar de um congresso. "Um dos palestrantes levantou os dois braços e disse: "A China vai dominar o mercado de citros em cinco anos"", relatou Norberg há algumas semanas, na reunião da comissão em que foi aprovada uma verba de US$ 174 mil para custear os estudos da Universidade da Flórida, que levarão dois anos. "Disse para mim mesmo: isso não será nada bom." Na primeira fase do projeto chinês, entre os anos de 2002 e 2007, a área plantada de frutas cítricas aumentou 38% no país, e a produção, 72%, graças ao apoio dos governos nacional e locais, por meio de financiamentos e assistência técnica. "A qualidade das frutas melhorou significativamente", disse Gao. A China tem quatro grandes áreas produtoras de citros, e o suco de laranja é o ponto forte em apenas uma delas. Em geral, os chineses preferem consumir a fruta fresca, e o país tem conseguido algum sucesso em abrir mercados na Europa para o pomelo. No suco de laranja, a produção aumentou 900% de 2002 a 2007, mas a China responde por apenas 0,7% da produção mundial do produto, conforme os dados coletados por Gao. Embora a China hoje seja apenas um traço no mercado internacional de suco de laranja, os receios são de que o país se transforme em uma potência, seguindo os passos do Brasil a partir da década de 60. Foi quando o país começou a formar, praticamente do zero, uma forte indústria no segmento depois que uma geada na Flórida abriu uma imensa oportunidade de mercado. Hoje o Brasil é o principal produtor do mundo, respondendo por cerca de 55% do mercado global, com exportações sobretudo para a Europa. A Flórida domina cerca de 30% do mercado global, com a produção dirigida basicamente para o próprio mercado americano, graças a barreiras tarifárias protecionistas que impedem a entrada do produto brasileiro, que é mais competitivo. "Um exemplo do potencial chinês é o que eles fizeram na produção de maçãs", afirmou Norberg na audiência da comissão de citros. "Em cinco anos, o país saiu de quase nada para uma grande fatia do mercado mundial de suco de maçã, respondendo por 75% das exportações mundiais." Além da produção, o consumo é uma variável-chave para determinar o papel da China no mercado de suco de laranja no futuro. O consumo per capita do produto aumentou 361% na China entre 2000 e 2009, enquanto nos Estados Unidos caiu 26% no mesmo período, em boa parte devido à concorrência de outras bebidas. Os chineses ainda consomem relativamente pouco suco de laranja, com uma média de 0,22 litro por ano, e há bastante terreno para avançar, considerando-se que os americanos consomem 61,2 mais vezes que isso.
Brasil ainda espera elevar vendas ao país
Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo |
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/brasil-ainda-espera-elevar-vendas-ao-pais |
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A indústria brasileira de suco de laranja passou a encarar a China como um mercado com grande potencial importador no início dos anos 2000, e até hoje, apesar do projeto chinês de expansão de sua própria cadeia citrícola, acredita que será possível ampliar as vendas ao país asiático. O problema é que, há uma década, as empresas exportadoras acreditavam que esse potencial só se concretizaria em alguns anos, e hoje a expectativa é exatamente a mesma, o que reforça entre os mais pessimistas a impressão de que é realmente mais fácil os chineses tornarem-se concorrentes do Brasil do que compradores relevantes. Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR), pondera que o projeto chinês de expansão da produção de citros esbarra em um "clássico e grande problema de falta de água", nas carências e na desarticulação dos citricultores locais e nas dificuldades em lidar com a proliferação de doenças. Além disso, os chineses são mais fortes na produção de tangerina, normalmente vendida in natura - e nesse caso quem tem que se preocupar é a Espanha -, do que em variedades como pêra, natal e valência, as mais utilizadas na produção do suco brasileiro. Segundo Lohbauer, o frustrante ritmo de crescimento das exportações brasileiras para a China, que atualmente absorve entre 2% e 3% do volume total embarcado (ver matéria ao lado) não decorre do projeto do país asiático de fortalecimento de sua citricultura, mas, sobretudo, de hábitos de consumo e preços. "Os chineses gostam de bebidas quentes, e o chá é imbatível. Além disso, eles têm muita maçã e ainda não têm renda para consumir o suco que exportamos", afirma. Lohbauer esclarece, também, que as exportações brasileiras para a China ainda são realizadas em tambores, não a granel, o que tira ainda mais competitividade do produto. As grandes indústrias que exportam suco a partir do Brasil - as nacionais Cutrale, Citrosuco e Citrovita, além da francesa Louis Dreyfus Commodities - não têm terminais na China que tornem viáveis os embarques a granel. Para suprir a Ásia, as indústrias só têm essa estrutura no Japão e na Austrália. "Além disso, o consumidor chinês, por questões de paladar e preço, ainda prefere produtos com menores teores de laranja. Mas o futuro do consumo está nos países emergentes, o Brasil entre eles. Quem sabe se em cinco anos não conseguiremos ampliar significativamente as vendas para a China?".
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Argentina reduz importações de alimentos não frescos
Autor(es): Ariel Palacios |
O Estado de S. Paulo - 18/01/2011
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O governo da presidente Cristina Kirchner decidiu novamente restringir a importação de alimentos não frescos que fazem concorrência contra os similares produzidos na Argentina. Tal como no ano passado, a decisão tem como objetivo "proteger" a indústria nacional e reduzir a saída de dólares da Argentina. No entanto, ao contrário de 2010, a medida, comunicada verbalmente pelo secretário de Comércio, Guillermo Moreno, a donos de supermercados e importadores, não atingirá os produtos do Brasil. Desta forma, produtos brasileiros barrados no ano passado como o tomate e milho em lata, além de frangos e derivados de suínos, não sofrerão problemas para entrar no mercado argentino. Em 2010, a decisão em Buenos Aires de aplicar medidas contra a entrada de produtos alimentícios não frescos de todos os países, inclusive os brasileiros, foi encarada em São Paulo como a gota d"água de uma série de atitudes protecionistas acumuladas pelo governo Kirchner. Na ocasião, o governo brasileiro, pressionado por vários setores, entre eles a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), indicou à administração argentina que aplicaria retaliações a produtos deste país em caso de permanência das barreiras aos alimentos produzidos no Brasil. Moreno, depois de explicar que o Brasil seria poupado das medidas protecionistas, pediu aos empresários importadores que avancem na "desdolarização" das operações de intercâmbio comercial com o Brasil, isto é, que as vendas e compras sejam realizadas exclusivamente em pesos ou reais.
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Os royalties da mineração e a balança comercial
Autor(es): Paulo Camillo Vargas Penna |
Valor Econômico - 28/01/2011
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Na perspectiva da nova legislatura que se inicia no Congresso Nacional, reabrem-se as discussões de temas inconclusos. Um dos principais é o dos royalties minerais ou Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que pertencem à União e por esta são administrados. Uma vez que Estados, distrito federal e municípios têm participação na distribuição da CFEM, a matéria gera polêmicas, como o recente episódio do pré-sal. Aspecto mais particular dessa questão é o que se refere às comparações dos royalties do petróleo com os da mineração. Com frequência, se busca utilizar a comparação como justificativa para o aumento destes últimos, sem levar em conta o somatório de tributos e outros encargos que colocam a mineração brasileira entre as três primeiras mais oneradas. Ultimamente têm proliferado declarações de fontes diversas em defesa da equiparação dos royalties, sem que seus autores levem em conta argumentações importantes que esta questão, tão crucial ao país, exige. A manchete do Valor de 17 de janeiro é oportuna para essa discussão e corrobora a importância dos royalties da mineração para a economia brasileira: "Governo vai atuar para proteger saldo comercial". No texto, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirma que o governo "tomará iniciativas de defesa comercial sem esperar provocação do setor privado" com o objetivo de preservar ou ampliar o saldo positivo da balança comercial. O ministro avalia que o superávit poderá cair à metade, ou seja, US$ 10 bilhões. Segundo números do próprio Ministério do Desenvolvimento, a indústria da mineração contribuiu em 2010 com 136% do saldo positivo da balança comercial de US$ 20 bilhões, ou seja, com US$ 27,6 bilhões, resultado da subtração de US$ 7,7 bilhões das importações de US$ 35,3 bilhões das exportações do setor mineral. As mineradoras gostariam de "provocar" o ministro para que atente à questão dos royalties e não se restrinja às medidas de "defesa comercial". A simples equiparação com os royalties do petróleo como vem sendo proposto e discutido significaria um aumento brutal de custos para as empresas, com flagrante dano à competitividade e consequente queda expressiva justamente do que o ministro Pimentel pretende proteger. Os comparativos entre royalties do petróleo e os de mineração são, por vários motivos, falaciosos. Há várias questões a se considerar. Uma delas é que o petróleo e os demais minérios têm mercados consumidores diferentes. O petróleo é um produto de demanda inelástica, em virtude de ser combustível estratégico, sem substituto pleno. Seu preço é extremamente sensível e oscila em função de qualquer distúrbio político internacional, sem afetar sua demanda inelástica. No petróleo, prevalece a imposição de preços pelo cartel liderado pela OPEP, ao passo que no mercado de minérios há um expressivo poder de imposição do preço pelos compradores. Tal fato, embora não seja o único, traz, no caso do Brasil, diferenças importantes quanto aos cálculos dos royalties. Não há como parametrizar o cálculo da CFEM com os critérios de pagamento dos royalties do petróleo. Aqui, os do petróleo são cobrados em função de um complexo sistema que envolve preços de venda, livres de ICMS, PIS e COFINS, preços mínimos estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que levam em consideração frações dos diferentes tipos e preços no mercado internacional. Quanto à CFEM, não há processo de cálculo semelhante. Nele também há alíquotas diferenciadas, mas estas incidem sobre o faturamento líquido de cada minério. Há de se examinar fatos de ordem técnico-econômico-operacional relacionados à localização dos empreendimentos e os tipos de investimentos demandados pela extração do petróleo e pela mineração. No primeiro caso e particularmente quanto ao Brasil, prevalece a utilização de plataformas e outros equipamentos marinhos, algo que deverá crescer com o pré-sal. A extração de óleo ocorre a quilômetros da costa, afastada de núcleos populacionais, com uma característica importante: o equipamento utilizado pode ser deslocado, praticamente de forma integral, para ser empregado em um novo poço. Já no caso da mineração, há necessidade de implantar e operar toda uma infraestrutura específica para cada mina, sempre localizada próxima a núcleos populacionais. Não só para a extração propriamente dita, mas também para aproveitar, racionalmente, os recursos hídricos. Isso significa evitar o assoreamento dos rios e, durante e após as operações de lavra, remanejar os lençóis freáticos e construir barragens, para criar alternativas de abastecimento d"água às comunidades das áreas de influência. Outro ponto a ser destacado é que os bens de capital importados pelas mineradoras não contam com a redução e/ou suspensão de tributos sobre a importação que, no caso do petróleo, tem instrumentos tais como Repetro, Repex e Regas. Além disso, na cadeia produção e consumo do petróleo há uma substituição tributária, inexistente no caso da mineração. Em paralelo às intenções do ministro do Desenvolvimento, o poder executivo analisa informações técnicas na expectativa de se manifestar sobre eventuais alterações nas alíquotas da CFEM. A decisão é delicada para a futura situação da economia do Brasil. A indústria da mineração ainda reivindica espaço maior para apresentar suas contribuições por compreender que até o momento, as manifestações dos que defendem a elevação pura e simples da CFEM, ignoram o peso exercido por toda a carga tributária do setor mineral, ou seja, parecem enxergar que as mineradoras recolhem apenas aquela contribuição aos cofres públicos.
Importação desacelera, mas sobe 154% no ano
Autor(es): Vera Saavedra Durão | Do Rio |
Valor Econômico - 19/01/2011
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A importação de aço em dezembro já sinalizou um processo de desaceleração, confirmando as expectativas do Instituto de Aço Brasil (IABr). Segundo dados divulgado ontem pelo IAB, a entrada de material em dezembro foi de 432 mil toneladas (US$ 452 milhões), representando queda de 4,8% ante novembro. No acumulado do ano, chegou a 5,9 milhões de toneladas de produtos, um recorde, atingindo US$ 5,5 bilhões. Em tonelagem, ficou 154,2% acima de 2009. Outubro foi o mês em que as importações tiveram maior volume mensal: mais de 560 mil toneladas. Devido às enxurrada de importações, a produção nacional de 2010 fechou em 32,8 milhões de toneladas, aquém da meta superior a 33 milhões de toneladas traçada pelo IABr. A capacidade instalada total das usinas está na faixa de 45 milhões de toneladas, o que indica ociosidade de 37%. Em dezembro, a produção foi de 2,4 milhões de toneladas, queda de 7,4% ante novembro e 6,7% em relação a dezembro 2009. As vendas das usinas no mercado doméstico no ano foi de 21,1 milhões de toneladas. O consumo aparente atingiu o nível recorde de 26,6 milhões.
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Vale, sozinha, tem superávit superior ao brasileiro
Autor(es): Marta Watanabe e Silvia Costanti |
Valor Econômico - 31/01/2011
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José Augusto de Castro, da AEB: "Para muitas empresas, importar é mais barato que produzir no mercado interno"
A alta de preço das commodities exportadas e o aumento de desembarques provocado pelo crescimento do mercado doméstico foram os fatores que mais influenciaram os resultados individuais da balança comercial das grandes empresas.
A Vale foi a companhia com o maior saldo comercial positivo nas trocas internacionais em 2010. Alavancadas pelo aumento do preço do minério de ferro, as exportações da Vale atingiram US$ 24,04 bilhões. Com importações de US$ 762,3 milhões, o superávit da companhia foi de US$ 23,3 bilhões, superior ao superávit total do país de US$ 20 bilhões no ano passado. A Petrobras, que foi a segunda maior exportadora em 2010, teve saldo negativo nas trocas com o exterior. Com exportação de US$ 18,2 bilhões e importação de US$ 19,6 bilhões no ano passado, a companhia fechou o ano com déficit de US$ 1,4 bilhão, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Embora tenha reduzido suas vendas ao exterior em 2010, na comparação com 2008, a Embraer, quarta maior exportadora, fechou o ano passado com superávit de US$ 1,65 bilhão, resultado de exportações de US$ 4,16 bilhões e importações de US$ 2,51 bilhões. A Vale obteve grande superávit em razão do aumento no valor das suas exportações. Os US$ 24,04 bilhões embarcados em 2010 representaram um aumento de 77,7% em relação 2008. A elevação no valor exportado foi propiciada principalmente pelo aumento de preços do minério de ferro, explica Lia Valls, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV). "O minério de ferro passou por uma elevação de preço muito grande e isso teve influência maior no valor exportado do que o volume", diz ela. Segundo dados do Mdic, a exportação brasileira total de minério de ferro aumentou em 10,4% em termos de volume em 2010, na comparação com 2008. O preço médio em 2008 foi de US$ 58,71, caiu em 2009, mas recuperou-se depois, fechando 2010 com preço médio de US$ 92,98 a tonelada - salto de 58,37% no período. A Vale importa tradicionalmente valores relativamente baixos e seus investimentos estão voltados intensamente para a infraestrutura, o que também contribui pouco para a elevação dos desembarques, lembra José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Trajetória diferente segue a Petrobrás, que manteve no ano passado o saldo tradicionalmente deficitário nas trocas internacionais. Castro explica que a Petrobras provavelmente importou muito óleo leve em razão do consumo doméstico aquecido. Ele lembra que o óleo leve atualmente importado é mais caro que o petróleo mais pesado vendido ao exterior pela Petrobras, o que explica o seu frequente saldo negativo comercial. Outro caso em que a importação em função de mercado doméstico aquecido provavelmente fez diferença, lembra Castro, é o da Braskem. Oitava maior exportadora e, ao mesmo tempo, segundo maior importador no ano passado, a Braskem fechou o ano passado com um pequeno déficit de US$ 69,2 milhões. Suas exportações totalizaram no ano passado US$ 2,47 bilhões, o dobro de 2008. As importações, porém, triplicaram no mesmo período, passando de US$ 847,6 milhões para US$ 2,54 bilhões. O impacto da alta demanda interna se estende também a outros segmentos. De acordo com dados do Mdic, montadoras como Mercedes-Benz, Toyota, Volkswagen e Peugeot tiveram seus saldos positivos reduzidos ou seus déficits aprofundados de 2008 para 2010. Ford e Fiat passaram, no mesmo período, de superávits para saldos negativos. A Ford, que teve em 2008 saldo positivo de US$ 184,5 milhões, terminou o ano passado com déficit de US$ 159,7 milhões. A italiana Fiat passou, no mesmo período de superávit de US$ 212,1 milhões para saldo negativo de US$ 61,3 milhões em 2010. As importações que a empresa passou a fazer a partir de 2009 da Argentina contribuíram para elevar as importações da companhia de US$ 818,6 milhões em 2008 para US$ 1,29 bilhão no ano passado. "Para muitas, empresas, importar é mais barato do que produzir no mercado interno, principalmente quando se trata de importação dentro da mesma empresa", explica Castro. "E com o consumo doméstico aquecido a tendência foi direcionar a produção nacional principalmente para as vendas internas, sem tanto esforço para exportação." Em 2010, segundo dados do Mdic, os desembarques de automóveis de passeio totalizaram US$ 8,54 bilhões, o que representa crescimento de 59,9% na comparação com 2008. Fabricantes de eletroeletrônicos, como Samsung, acabaram com grande aprofundamento do déficit. A coreana, que havia ficado com saldo negativo de US$ 1,37 bilhão em 2008, atingiu no ano passado déficit de US$ 2,18 bilhões. Aqui, explica Castro, fez diferença a importação de componentes destinados a produzir também para o mercado interno. No ano passado, a importação brasileira de circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos totalizou US$ 3,99 bilhões, aumento de 74,8% em relação aos desembarques de 2008.
Vale passa a Petrobrás e fecha 2010 como a maior exportadora do País
Autor(es): Chiara Quintão e André Magnabosco |
O Estado de S. Paulo - 19/01/2011
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Com preços cada vez mais elevados do minério de ferro e uma demanda maior no mercado mundial, mineradora conseguiu elevar em 122% a arrecadação com exportações no ano passado, e retoma uma posição que não alcançava desde 1998
A Vale, maior empresa de minério de ferro do mundo, alcançou em 2010 o posto de principal exportadora brasileira, desbancando a Petrobrás, líder desde 2002. Segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as vendas externas da Vale somaram US$ 24 bilhões - 32% acima dos US$ 18,2 bilhões da Petrobrás.
Com um crescimento de 122,07% em relação a 2009, a Vale respondeu por 11,91% do total das exportações brasileiras e reassumiu um posto que não ocupava desde 1998. As exportações da Vale ficaram acima até do superávit comercial do Brasil, que no ano passado foi de US$ 20,278 bilhões. A Petrobrás respondeu por 9,01% das exportações. Em seguida no ranking vêm a Bunge Alimentos (2,13%, com US$ 4,3 bilhões), a Embraer (2,06%, US$ 4,1 bilhões) e a Samarco (1,59%, com US$ 3,2 bilhões ). A expectativa é que a condição de líder entre as exportadoras se repita em 2011, segundo o diretor executivo de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins. "Temos também exportação indireta por meio da Samarco, da qual possuímos 50%. Se incluirmos essa participação, os números ficam ainda mais expressivos", afirma. O desempenho das exportações da Vale é resultado principalmente dos preços elevados do minério de ferro num momento de oferta restrita da commodity em relação à demanda. A Petrobrás, por sua vez, reduziu exportações de derivados de petróleo em 2010, para garantir o abastecimento do mercado interno. A recuperação dos volumes embarcados de minério em relação a 2009 também foi fundamental para que a Vale obtivesse esse desempenho. Dados preliminares apontam que a mineradora exportou 20% a mais na comparação de 2009 com 2010. A entrada em vigor do novo modelo de reajuste de preços, em abril de 2010, permitiu que as mineradoras passassem a se beneficiar, trimestralmente, das altas cotações da matéria-prima no mercado à vista (spot) chinês. O cálculo do reajuste, no novo sistema, considera a média dos preços no mercado à vista, levando em conta também prêmios de qualidade e frete. Precificação. O aperto entre oferta e demanda de minério tem levado a sucessivas altas das cotações da matéria-prima no mercado à vista chinês. Ontem, os preços da commodity fecharam a US$ 182,01 por tonelada na China, valor que não era registrado desde abril. Já há previsões de que o recorde histórico de US$ 200 por tonelada será superado. Martins diz que o sistema de reajustes trimestrais reduziu conflitos nas negociações de preços. O modelo, para ele, atende aos interesses de produtores e clientes, num cenário de grande volatilidade de preços. A mudança da estratégia da mineradora em relação aos fretes também contribuiu para a obtenção de preços mais elevados. Após a crise, a companhia passou a atuar de maneira mais ativa em relação às entregas, contratando fretes e comprando ou mandando construir navios.
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Os royalties dos minérios
O Estado de S. Paulo - 22/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/22/os-royalties-dos-minerios |
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Principal produto de exportação do Brasil em termos de receita, o minério de ferro carreou para o País US$ 28,91 bilhões em 2010, segundo os últimos números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), um aumento de 117,4% em relação ao ano anterior. O volume das vendas cresceu, mas esse salto foi proporcionado principalmente pelas altíssimas cotações do produto no mercado internacional, que tendem a se manter elevadas neste ano. Como resultado, os royalties pagos aos Estados e municípios pelas mineradoras, por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), superou, pela primeira vez, a casa de R$ 1 bilhão, ficando Minas Gerais com R$ 534 milhões e, em segundo lugar, o Pará com R$ 314 milhões. É um bom reforço para as finanças de ambos os Estados e para os municípios produtores, mas há queixas de que a alíquota da CFEM, de 2% sobre o faturamento líquido da produção de minério de ferro, é insuficiente para cobrir os encargos públicos decorrentes da exploração das jazidas. Como fundamento das suas reivindicações os governadores e prefeitos alegam que os royalties pagos pela exploração de petróleo são de 10%, uma disparidade muito grande com relação aos dos minerais, cujas alíquotas variam de 1%, no caso do ouro, a 3%, no caso da bauxita. E as áreas de mineração requerem muitos investimentos públicos, em decorrência da grande afluência de trabalhadores a municípios frequentemente despreparados para recebê-los: aumentam as demandas por educação, serviços de saúde, habitação, saneamento, etc., que cabe aos Estados e municípios prover. Isso sem falar nos danos ao meio ambiente provocados pela mineração a céu aberto, que, além de poluir o ar, deixa fundas crateras no solo, que tornam essas áreas inaproveitáveis, durante anos, para a agropecuária ou o reflorestamento. Já o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) argumenta que o aumento da alíquota acarretaria a elevação dos custos, o que poderia afetar a competitividade do minério de ferro que o Brasil exporta. O Ibram rejeita a comparação com a Austrália, principal concorrente do Brasil no mercado de minério, que cobra 30% de royalties sobre suas exportações do produto. A Austrália encontra-se muito mais próxima dos mercados importadores, principalmente a China, Japão, Coreia e outros países do Sudeste Asiático, enquanto a produção brasileira arca com custos muito pesados de transporte. Nos últimos meses do governo Lula, o ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão, mencionou a possibilidade de mudanças no Código Brasileiro de Mineração, entre as quais estaria a elevação dos royalties. Houve forte resistência das empresas mineradoras, que têm vultosos investimentos no Brasil e planejam investir mais US$ 62 bilhões até 2015, atraídas pelas vantagens comparativas oferecidas pelo País. O Ibram nota também que, com o contínuo aumento da exportação mineral, as receitas proporcionadas pela CFEM tendem a crescer muito, mesmo sem elevação da alíquota. Mas a ideia aventada pelo MME volta com força, devendo o ministro Lobão reunir-se em breve com um grupo de prefeitos de municípios mineradores, que não defendem um aumento dos royalties para 10%, como no caso do petróleo, mas um reajuste compatível com os investimentos que têm de fazer e as despesas a que passaram a estar sujeitos. Segundo os prefeitos, o tema não deveria ser tratado no contexto de uma reforma tributária ampla, sob a alegação de que a CFEM não é realmente um tributo e que as mineradoras não recolhem ICMS. De qualquer forma, há espaço para um entendimento nessa área. No Chile, por exemplo, o aumento dos royalties sobre o cobre para até 14% foi instituído mediante um acordo entre as mineradoras e o governo. No Brasil, cogita-se da elevação do porcentual dos royalties sobre minérios, tendo como contrapartida a redução de impostos e taxas que recaem sobre as empresas.
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Exportação estratégica: 'O nióbio é nosso'
O Globo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/exportacao-estrategica-o-niobio-e-nosso |
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Se a China é uma rival para o Brasil no mercado de terras raras, pode se tornar aliada na exploração de outro mineral estratégico, o nióbio. O mineral ganhou notoriedade em 2010, quando documentos do governo americano vazados pelo Wikileaks incluíram as minas de Araxá (MG) e Catalão (GO) no mapa de áreas estratégicas para os EUA, o que vem levando internautas a organizar o movimento "o nióbio é nosso", a exemplo do que foi feito com o petróleo no passado. Isso porque o Brasil é o maior produtor do mineral, com 96% da produção mundial, e daqui partem 80% do nióbio importado pelos EUA.
Mas é no mercado asiático que estão as chances de expansão das exportações. Por suas propriedades - suporta baixas temperaturas e alta pressão -, o nióbio otimiza o uso do aço, sendo empregado na indústria de aviação, petrolífera e automobilística. Em países desenvolvidos, são usados de 80 gramas a cem gramas de nióbio por tonelada de aço. Isso deixa o carro mais leve e econômico, por exemplo. Na China, são usadas apenas 25 gramas em média de nióbio por tonelada.
- Na China, está boa parte do potencial de expansão de nossas exportações - disse o diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes.
Em 2010, a receita com vendas externas de nióbio foi de US$1,5 bilhão. Foi o terceiro item da pauta de exportações minerais, atrás de minério de ferro e ouro. As duas empresas que atuam no setor no Brasil são a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, do grupo Moreira Sales e dona da mina de Araxá, e a Anglo American, proprietária da mina de Catalão. (Danielle Nogueira)
País briga por US$ 9 bi em metais raros
Terras raras e brasileiras |
Autor(es): Danielle Nogueira |
O Globo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/terras-raras-e-brasileiras |
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País quer explorar substâncias usadas em iPod e mísseis, num mercado de US$9 bi
ARMAZENAMENTO de terras raras em unidade da INB, em São Francisco de Itabapoana (RJ): em 2010, tonelada saltou de US$5 mil para US$50 mil com restrições chinesas
OBrasil está disposto a entrar em um mercado bilionário dominado pela China e que é fundamental para a produção de aparelhos de alta tecnologia, como laptops, iPods e até mísseis. Técnicos do governo avaliam o potencial do país para explorar as chamadas terras raras, conjunto de 17 elementos químicos encontrados em jazidas minerais e que há até pouco tempo não passavam de siglas na tabela periódica. A ideia é consolidar um programa de pesquisa e desenvolvimento para minerais estratégicos, entre eles terras raras, além de traçar uma radiografia dos consumidores nacionais e identificar potenciais produtores. Assim, o governo pretende retomar a atividade - que hoje não representa sequer 1% da produção mundial - num segmento em que o país já foi líder global. Hoje, os chineses respondem por 97% da produção internacional, com 120 mil toneladas por ano.
Paralelamente, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) estão negociando com a Universidade Federal Fluminense (UFF) a realização de pesquisas no oceano com o objetivo de identificar novos depósitos de terras raras no país. A INB assumiu a exploração de terras raras no Brasil nos anos 90, após a extinção da Nuclemon, estatal que estava à frente da atividade até então. Umas das razões que fizeram a Nuclemon sair de cena foi a entrada com força da China nesse mercado, que jogou os preços para baixo, tornando a produção pouco lucrativa. Ironicamente, é a China que poderá levar o Brasil a ampliar sua atuação no segmento. Após restrições impostas por Pequim às exportações de terras raras, em setembro de 2010, o preço da tonelada saiu de US$5 mil para US$50 mil.
Tecnologia e meio ambiente: desafios
Com esse salto, os técnicos do governo avaliam que está na hora de o Brasil voltar a ter destaque nesse nicho. Em 2010, o mercado mundial de terras raras movimentou US$2 bilhões. Se os preços se mantiverem no patamar atual e a demanda continuar a crescer - estudo do Congresso americano aponta para uma demanda de 180 mil toneladas em 2012, ante as 134 mil em 2010 -, o mercado potencial para o próximo ano é de US$9 bilhões. Com produção residual, de apenas 650 toneladas de terras raras em 2009, segundo últimos dados disponíveis, o Brasil estaria praticamente fora desse boom, apesar de ostentar o título de terceiro maior produtor mundial. O segundo colocado é a Índia (2.700 toneladas).
Relatório feito por um grupo de trabalho do Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), entregue às autoridades no fim de 2010, aponta que entre os desafios brasileiros está o desenvolvimento de novas tecnologias para aproveitamento desses elementos. Há ainda a questão ambiental. Na produção de terras raras, produz-se também elementos radioativos, que exigem armazenamento especial.
- Os problemas associados à produção das terras raras a partir da monazita (um dos minerais em que esses elementos são encontrados no Brasil) são de natureza ambiental, notadamente o destino a ser dado aos rejeitos contendo urânio e tório - diz o diretor de Recursos Minerais da INB, Otto Bitencourt.
Para Ronaldo Luiz Santos, pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral, órgão ligado ao MCT, que integrou o grupo de trabalho interministerial, o essencial é que a iniciativa privada abrace a ideia do governo de retomar a produção de terras raras.
- As terras raras são uma questão de soberania nacional, pela multiplicidade de seus usos, inclusive na área de defesa e na indústria petrolífera. Precisamos de uma política estratégica de fomento à sua produção e arrojo empresarial para promover o aproveitamento das jazidas.
Gadolínio, cério e túlio são alguns desses elementos ditos raros. Apesar dos nomes esquisitos, o brasileiro já se acostumou com eles mesmo sem saber. Eles estão nas telas das TVs em cores, nos celulares e até nos motores elétricos. Também são usados na indústria bélica, para a fabricação de sistemas de orientação de mísseis, por exemplo, e são importantes insumos da indústria de energia renovável, por serem empregados na produção de painéis solares e turbinas eólicas. São usados ainda no processo de refino do petróleo. Apesar de batizados de raros, muitos são mais abundantes na natureza que outros metais, como cobre e ouro. Mas, por serem encontrados em pequenas concentrações, seu processo de produção é difícil e caro, o que os torna pouco viáveis economicamente. Daí sua raridade.
Depósitos em Goiás, Amazonas e Rio
No Brasil, sabe-se de depósitos de terras raras em Catalão (GO), Pitinga (AM) e São Francisco do Itabapoana (RJ). É neste último que as terras raras são encontradas na chamada monazita. De acordo com a INB, há estoques de 20 mil toneladas de monazita em suas dependências. A estatal chegou a elaborar um projeto para beneficiamento do mineral nos anos 90, mas acabou abandonando o projeto:
- O aumento da oferta, à época, de compostos de terras oriundos da China tornaram o projeto pouco atraente, e a operação foi suspensa. Agora, a INB está negociando com a UFF a realização de uma prospecção na plataforma continental (fundo do mar) adjacente aos depósitos terrestres buscando identificar novos depósitos para manutenção de suas atividades produtivas - diz Bitencourt.
Enquanto isso, outros países estão se mexendo para reduzir sua dependência da China. Em setembro passado, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou projeto de lei para a criação de um programa de incentivo à exploração de terras raras, com recursos de US$70 milhões até 2015. A proposta ainda tem de ser apreciada pelo Senado. Já a Comissão Europeia quer estimular a reciclagem de terras raras por seus países-membros, além de assistir países africanos nessa atividade
Advent compra 50% de terminal de contêiner
Autor(es): Carolina Mandl | De São Paulo |
Valor Econômico - 14/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/14/advent-compra-50-de-terminal-de-conteiner |
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A gestora de fundos de "private equity" Advent estreia no setor de infraestrutura no Brasil com a aquisição de 50% do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), no Estado do Paraná. Apesar de ter uma forte presença na América Latina em infraestrutura por meio dos investimentos em aeroportos, a Advent vinha fazendo no Brasil aquisições mais ligadas à area de consumo, como a varejista Quero-Quero e a rede de ensino superior Kroton. Segundo o Valor apurou, o TCP foi avaliado em US$ 1 bilhão ou R$ 1,67 bilhão pela cotação do dólar ontem. À vista, a Advent desembolsará R$ 700 milhões. Os R$ 135 milhões restantes serão pagos em etapas, em dois anos. Esse investimento total virá de dois fundos da Advent voltados para a América Latina, o Lapef IV, de US$ 1,3 bilhão, e o Lapef V, de US$ 1,65 bilhão e que fará seu primeiro aporte. Uma parte do dinheiro investido vai servir para comprar parte das ações dos atuais acionistas do TCP: Pattac, TUC Participações Portuárias, Soifer, Grup Maritim TCB e Galigrain, sendo que todos eles permanecem na atividade. Outra parcela dos recursos vai para o caixa da companhia, que tem planos de acelerar seus investimentos. Com a capacidade de movimentação hoje no limite, o TCP tem desde novembro de 2010 planos de passar dos atuais 700 mil TEUs (unidade padrão para contêiner de 20 pés) para 1,2 milhão de TEUs, além da construção de um terceiro píer. Esses planos devem ser antecipados com a entrada da Advent. Porém, segundo Luiz Antonio Alves, sócio da Advent no Brasil, um dos principais projetos da gestora para a companhia é a ampliação de suas atividades para além da movimentação de contêineres. O objetivo é que o TCP faça o armazenamento e o transporte das cargas. "Para ampliar os serviços, podemos crescer tanto de forma orgânica quanto partir para aquisições", explica Juarez Moraes e Silva, diretor-superintendente do TCP. A concessão do TCP foi dada aos cinco sócios do terminal em 1998 por um período de 25 anos, podendo ser renovados por outros 25 anos. Como os planos de crescimento podem passar pela compra de outras companhias, a Advent quer deixar o TCP pronto para eventuais captações via oferta de ações. "Isso não é para o curto prazo, mas o TCP tem projetos que abarcam a chegada de novos acionistas", afirma o sócio da gestora. Para os sócios que já estavam no TCP, a chegada da Advent ajuda a suprir a necessidade de investimento em um momento em que tanto a movimentação quanto a concorrência crescem. Em dezembro de 2010, foi inaugurado o Porto Itapoá, em Santa Catarina, distante 100 quilômetros. Por isso, desde o ano passado, buscava-se um novo acionista. Para isso o TCP passará a ter um conselho de administração. Um dos integrantes não-relacionados aos acionistas será Jesper Kjaedegaard, ex-executivo da Maersck, com 31 anos de experiência em logística marítima. A diretoria executiva permanecerá com Silva à frente da empresa. De acordo com Alves, os planos da Advent em infraestrutura não devem parar por aí. Desde 2008, a gestora possui em seu portfólio Latin America Airports, com aeroportos no México e na República Dominicana. "Não há dúvida que o Brasil carece de investimentos, mas o que ainda se discute é a estrutura regulatória."
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Investimentos mudam mapa dos portos
Petróleo e ferrovias dinamizam portos do Norte e do Nordeste |
Autor(es): André Borges | De Brasília |
Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/investimentos-mudam-mapa-dos-portos |
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Projetos de infraestrutura vão mudar a importância dos portos do Norte e Nordeste na movimentação de cargas do país. Por Suape (PE) passam hoje 9,3 milhões de toneladas, mas já em 2013 serão 30 milhões, com o início das operações da refinaria Abreu de Lima e o escoamento da produção trazida pela ferrovia Transnordestina. A Ferrovia Norte-Sul ampliará os serviços do porto maranhense de Itaqui e de Vila do Conde, no Pará, que também planeja abrir, a partir do rio Tocantins, uma hidrovia com mais de 400 km de extensão, ligando o Sul do Estado até Barcarena, no litoral. Levantamento do Valor no período de 2005 a 2009 mostra que o movimento de 18 portos do Norte e Nordeste ultrapassaram os da região Sul, com média anual de 26% do total nacional.
Até 2005, o complexo industrial portuário de Suape, em Pernambuco, era um porto mediano, movimentando 4,3 milhões de toneladas de carga, volume que o colocava no mesmo nível de alguns de seus vizinhos, como o porto de Maceió ou o de Areia Branca, no Rio Grande do Norte. Passados cinco anos, a realidade de Maceió e Areia Branca pouco mudou. Já Suape mostra outra realidade. Em 2010, o complexo de Pernambuco movimentou volume superior a 9 milhões de toneladas de carga, mais que o dobro de cinco anos atrás.
O crescimento foi alto, diz Geraldo Júlio, presidente de Suape, mas não chega a fazer sombra à movimentação que o porto projeta para 2013. O porto se prepara para 30 milhões de toneladas por ano, uma revolução que será causada por duas obras: o início das operações de Abreu e Lima, refinaria da Petrobras em construção no complexo, e o escoamento de produção que será trazido pela estrada de ferro Transnordestina. As ambições de Suape são o reflexo do que o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fialho, classifica como "uma nova curva no fluxo das cargas portuárias" do país. "Está havendo um deslocamento de vetores entre os portos em função dos projetos de infraestrutura e de logística." Com base em dados da Antaq, o Valor fez um levantamento sobre a movimentação de cargas de 2005 e 2009 - o balanço de 2010 ainda não foi consolidado - entre os 38 portos organizados (públicos) do país e dividiu esse levantamento por regiões. Os dados não incluem as cargas dos terminais privativos. O cenário mostra que os 18 portos do Norte e Nordeste, somados, mantiveram a média anual de 26% do bolo nacional. O Sudeste, puxada pelo porto de Santos, continua a ser, de longe, a região mais movimentada, com 53% da carga do país. O que encolheu foi a movimentação do Sul, que oscilou 27% para 21%, ou seja, os portos do Norte e Nordeste assumiram a segunda posição no fluxo de cargas. Na lista desses 18 portos, em particular, destaca-se o desempenho individual de quatro deles: Vila do Conde, no Pará; Pecém, no Ceará; Itaqui, no Maranhão; e Suape. Dos 18 portos dessas duas regiões, esses quatro portos foram responsáveis por mais de 60% de toda a movimentação verificada em 2009, uma participação que certamente avançou ainda mais no ano passado. Dados parciais de 2010 apontam que a movimentação de carga em Vila do Conde saltou de 10,7 milhões de toneladas em 2005 para 17 milhões no ano passado. No mesmo período, Pecém subiu de 1 milhão para 3,1 milhões de toneladas. Itaqui, que enfrentou uma série de atrasos em suas obras, foi o que o menos cresceu, oscilando de 11,6 milhões para 12,6 milhões de toneladas. A despeito do desempenho até agora, comenta Fialho, o que mais importa é o que está por vir. Uma das preocupações é estar pronto para atender o escoamento de grãos do Centro-Oeste com o início das operações das ferrovias Norte-Sul (FNS) e Transnordestina. A FNS deve ter lotes de seu trecho já licitado para tráfego de cargas ainda neste ano. O projeto mexe com os planos do porto maranhense de Itaqui, e também com Vila do Conde, no Pará, que estuda a construção de um ramal ferroviário para se conectar ao circuito da Norte-Sul. A Transnordestina deve ser concluída no primeiro semestre de 2013 e também vai mexer radicalmente com as estruturas de Suape e Pecém. A ampliação logística não passa só pelas ferrovias, comenta Fialho. "Vila do Conde, por exemplo, terá um impacto enorme com as operações da eclusa de Tucuruí, que foi inaugurada há dois meses." O porto do Pará tem planos para abrir, a partir do rio Tocantins, uma hidrovia direta com mais de 400 quilômetros de extensão, ligando o Sul do Estado até Barcarena, no litoral. Outro fator decisivo nesse redesenho das cargas portuárias são as refinarias de petróleo em construção pela Petrobras. Suape não é o único porto beneficiado pelo projeto bilionário de Abreu e Lima. Estima-se que a refinaria Premium I, em Bacabeira (MA), deverá dobrar a movimentação de navios no porto de Itaqui. No longo prazo, o complexo de Pecém também vai se beneficiar. Este ano deve ter início a construção da refinaria Premium II no complexo, com previsão de entrar em operação em 2017. "Essa mudança de cenário vai descomprimir Santos e Paranaguá", diz Fialho. "Não é um efeito negativo sobre esses dois portos. O que vai acontecer é que eles tendem a se voltar para uma vocação mais industrial." A tendência natural, segundo Fialho, é que o transporte de produtos de baixo valor agregado, como a produção agrícola e de minério, volte-se para os portos do Norte e Nordeste. Se essa carga pode seguir até lá por ferrovias, isso significa muitos quilômetros a menos em gastos com frete e transporte rodoviário, além da proximidade com os principais destinos de exportação do país.
Locomotivas da expansão
Como ocorre no mundo com os países emergentes, o crescimento brasileiro se desloca dos grandes centros para as cidades médias |
Autor(es): GUSTAVO HENRIQUE BRAGA VICTOR MARTINS |
Correio Braziliense - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/locomotivas-da-expansao |
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A cara do Brasil mudou. Verdadeiras Chinas de prosperidade, livres dos problemas do gigante oriental, como trabalho degradante e superpopulação, brotam no interior do país e descentralizam a riqueza para além dos grandes aglomerados urbanos. A substituição de Estados Unidos, Japão e Alemanha como os protagonistas mundiais pelos emergentes China, Índia e Brasil, se repete no âmbito interno. Hoje, em vez das metrópoles, as cidades médias são as locomotivas do crescimento econômico nacional. Com expansão, em alguns casos, a taxas superiores a 100% ao ano, esses municípios são o reflexo mais evidente do processo que levará a uma nova ordem econômica nacional.
A estabilidade de preços e a ascensão da classe C ao mercado consumidor desencadearam pequenas revoluções industriais país afora, transformando cidades até então restritas à produção agrícola. A exemplo de Rio Verde (GO) e Unaí (MG), onde o campo já determinou o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas), hoje o crescimento é puxado pelo setor de serviços e pela indústria. “Conforme a economia amadurece, mais ela é puxada pelos serviços. Como nos Estados Unidos, nessas cidades começa a se consolidar o mercado local”, argumenta Fábio Romão, analista da LCA Consultoria.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam o fenômeno. Enquanto o Sul e o Sudeste, tradicionais polos de desenvolvimento, perderam participação no PIB nacional, o resto do país avançou. As regiões metropolitanas — São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Belém (PA) — foram abatidas pelos mais graves casos de violência, degradação ambiental, ocupação irregular, trânsito caótico e infraestrutura saturada.
Os grandes conglomerados urbanos abrigam, juntos, cerca de 27% da carência habitacional no Brasil. Todos esses transtornos afetam sua capacidade de produzir e se manterem competitivos. “As metrópoles constituem espaço estratégico devido à sua importância para o crescimento nacional, mas apresentaram o pior desempenho de produtividade nos últimos 15 anos”, avalia Diana Motta, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Problemas como a falta de espaço e o alto custo dos terrenos e aluguéis completam a situação de “deseconomia”, nome dado por alguns especialistas ao momento em que o investimento em determinada cidade deixa de ser lucrativo por deficiências estruturais. Dados do Censo 2010 comprovam o ponto de vista de Diana. As cidades de porte médio, com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, cresceram a uma taxa de 1,5% ao ano na última década, contra 1% das cidades grandes.
A descentralização econômica é um processo lento, mas sem volta. Basta observar municípios como Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG), Natal (RN) e Teresina (PI). Na década de 1980, elas eram cidades médias, mas hoje subiram um degrau na hierarquia urbana para integrar o seleto grupo de 31 cidades grandes brasileiras. Quanto mais companhias migram para o interior, maior é a força atrativa para fora das grandes metrópoles. “À medida que profissionais qualificados vão atuar nas empresas do interior, um novo potencial de consumo se forma, o que justifica novos investimentos”, explica Fernando Mantovani, diretor de operações da empresa de treinamento Robert Half no Brasil.
As cidades médias se apresentam como a alternativa mais lucrativa aos empresários. O PIB de Catalão (GO), por exemplo, cresceu 719,7% entre 1999 e 2008. A cidade de São Sebastião (SP) se expandiu 928,1% em igual período. Entre 2002 e 2007, o PIB das cidades médias cresceu 5,36% ao ano, enquanto as cidades pequenas registraram 3,84% e as grandes, 3,32%, em igual período. De cada R$ 1 produzido no Brasil, R$ 0,40 veio das cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. “O padrão de desenvolvimento brasileiro está alterado”, constata Cláudio Salvadori Dedecca, professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
A capital paulista sofre com essa realidade. As montadoras de veículos, um dos principais agentes para a industrialização do ABC na década de 1970, agora preferem as cidades do interior do estado. Nos últimos anos, a Kia se instalou em Salto; a Toyota, em Sorocaba; a Hyundai , em Piracicaba e a Chery, em Jacareí. Sem contar com a cidade de São Paulo, o PIB do resto da unidade da federação alcança US$ 250 bilhões. Se fosse um país, o interior de São Paulo seria a 27ª economia do mundo, à frente da Argentina. Quando excluídos todos os 39 municípios da área metropolitana, o PIB da região chega a US$ 146 bilhões, maior do que toda a riqueza produzida no Chile.
Mantovani, da Robert Half, revela sentir na prática os efeitos da nova ordem econômica brasileira. “Atualmente, temos escritórios no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte. A concentração de empresas no interior de São Paulo, entretanto, criou a oportunidade de nos expandirmos. O plano é abrir, até o fim do semestre, um escritório na região”, diz. Na avaliação de Flavio Amary, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), o crescimento do interior paulista ocorre de maneira sustentável. “Ao contrário dos primeiros aglomerados, as cidades emergentes têm planos diretores bem definidos. Os problemas da expansão desordenada são mais bem conhecidos, assim como as formas de preveni-los”, comenta.
Dispersão Estudos do pesquisador norte-americano Jeffrey Williamson sobre as desigualdades regionais indicam que, em um primeiro estágio de desenvolvimento, a redução dos custos de transporte leva ao aumento da concentração espacial, uma vez que as empresas aglomeradas podem atingir mercados mais amplos. Passada a fase de agravamento das diferenças regionais, entretanto, a atividade produtiva volta a se dispersar, porque as regiões enfrentam aluguéis mais caros e a contínua queda dos custos de transporte e telecomunicações torna a produção independente do território.
Do centro ao interior
Autor(es): GUSTAVO HENRIQUE BRAGA, VICTOR MARTINS E ROSA FALCÃO |
Correio Braziliense - 15/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/15/do-centro-ao-interior |
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Em busca de maiores chances de crescer, trabalhadores estão partindo das grandes cidades e levando, com eles, prosperidade
Trânsito congestionado, alto custo de vida, poluição e filas fazem parte do dia a dia dos habitantes das grandes metrópoles brasileiras. Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte estão abarrotadas de gente e são cada vez mais dispendiosas tanto para empresas quanto para quem sonha com uma terra de oportunidades. Nos anos 2000, a dinâmica interna dos fluxos migratórios acompanhou as transformações da nova ordem global. Ao mesmo tempo em que brasileiros retornam de países como Estados
Unidos e Japão, por enxergarem melhores condições de vida aqui, a velha aglomeração de trabalhadores nos grandes centros do Sul e do Sudeste lentamente voltou a se dispersar.
No lugar do nordestino em fuga da seca, os novos migrantes têm alta renda e qualificação profissional. Eles demandam serviços, lazer e comércio de forma a puxar o desenvolvimento da cidade onde se instalam e a criar um ciclo de atração para novos trabalhadores. O Nordeste de hoje não só retém a mão de obra local, mas atrai profissionais de todas as regiões. A previsão é que, só para a Refinaria Abreu e Lima, que será instalada no complexo industrial de Suape, perto de Recife (PE), 20 mil trabalhadores serão contratados durante o pico das obras, em um investimento de US$ 13 bilhões. Mais 4 mil vagas serão preenchidas pela montadora da Fiat, que abrirá uma fábrica no mesmo polo até 2014.
Situação semelhante à de Pernambuco pode ser observada na Região Norte, mais precisamente em Rondônia, onde a construção das hidrelédricas de Santo Antônio e Jirau funciona como foco de atração de mão de obra qualificada. No Centro-Oeste, o polo de desenvolvimento gira em torno das atividades do agronegócio, que usa como bases de apoio cidades como Anápolis (GO) e Sinop (MT). “Na era tecnológica e científica, um simples trabalhador da colheita da soja tem de ter noções de inglês e informática para conseguir operar as máquinas”, comenta Aldo Paviani, professor do departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB).
A mudança no fluxo migratório ocorre também no movimento das capitais para o interior. No estado de São Paulo, a riqueza de cidades como Ribeirão Preto, Araraquara e Rio Claro atrai empresas e profissionais. Com a saturação da capital paulista, as companhias consideram mais lucrativo em termos de mobilidade e custos de instalação e de mão de obra, ir para as cidades médias. No Rio de Janeiro, a situação é semelhante.
Localidades como Cabo Frio e Angra dos Reis despontam como focos para atração de investimentos e trabalhadores, devido à exploração de petróleo. “Com a expectativa de dobrar o PIB em 10 anos, a velocidade do mercado de trabalho vai demandar cada vez mais profissionais qualificados. O ambiente é positivo no Brasil todo, mas esse movimento é maior na periferia do que no centro-sul”, avalia Valdeci Monteiro, diretor da Ceplan Consultoria.
Desconcentração A participação da indústria da capital fluminense no Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) caiu 9% entre 1999 e 2008. Em São Paulo, a queda foi de 7,4%. O Brasil ingressou de vez em uma nova fase de desenvolvimento econômico, focada na desconcentração populacional e da prosperidade. Em 1970, 15% dos brasileiros viviam em 80 cidades com população entre 100 mil a 500 mil habitantes. Hoje, a proporção subiu para 24% em 233 municípios.
Receita de rodovias chega a R$ 7 bi
Autor(es): Fernando Teixeira | De São Paulo |
Valor Econômico - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/receita-de-rodovias-chega-a-r-7-bi |
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A receita somada das quatro maiores concessionárias de rodovias do país - CCR, OHL, E coRodovias e TPI -, responsáveis por 26 das 52 estradas sob administração privada no Brasil, deve bater em 2010 a marca de R$ 7 bilhões, conforme estimativas preliminares. O crescimento é de 22% em relação a 2009, quando faturaram R$ 5,7 bilhões. O resultado é respeitável frente a outros setores da economia, mas usual no ramo - entre 2008 e 2009, o crescimento somado das quatro foi de 27%. Ao contrário de outros anos, contudo, desta vez a fatura não é resultado da chegada de novos ativos nem de um ricochete inflacionário. A maior explicação é mesmo o crescimento da economia. Segundo representantes do setor, o resultado excepcional de 2010 de alguma forma regenerou os traumas provocados pela crise do início de 2009, que deixou aquele ano com crescimento no volume de veículos próximo a zero. Na ocasião, os grupos foram salvos por uma inflação fora do comum no ano anterior - reajustes de até 15% nos pedágios - e o impacto da chegada dos lotes de estradas leiloadas pelo governo federal e de São Paulo entre 2007 e 2008. No ano que passou, foi o crescimento da economia que segurou o resultado. Segundo Arthur Piotto, diretor financeiro e de relações com investidores da CCR, o aumento na frota de veículos, retomada da atividade industrial - puxando o tráfego de caminhões - e mais dinheiro nas mãos dos consumidores são alguns traços que explicam os bons resultados da empresa. O setor rodoviário, diz, é particularmente sensível ao crescimento do PIB. Cálculos do ramo sugerem uma elasticidade próxima a 1,5 - para cada ponto a mais no PIB, o volume de veículos aumenta 1,5 ponto. O IGP-M, índice de inflação usado na maioria das concessões da CCR, teve participação moderada este ano. Na Autoban, maior concessão do grupo - responsável por mais de um terço de sua receita - o reajuste, aplicado em julho, foi de 4,17%. O resultado foi semelhante em outras concessões, em geral com reajustes no meio do ano - que assim, não captaram o recrudescimento inflacionário registrado na segunda metade de 2010. O IGP-M fechou 2010 em 11%. Os representantes das empresas normalmente rejeitam a tese do jogo de "ganha-ganha", pela qual um ano de inflação alta acaba garantindo uma boa receita para o ano seguinte, em um reflexo peculiar da indexação das tarifas. De acordo com Piotto, ao contrário do que se afirma, as concessionárias não gostam de inflação. "Se pudéssemos escolher entre inflação e crescimento, escolheríamos crescimento", diz. A explicação é que a inflação acaba rebatendo também nos custos da concessão, e logo na sua rentabilidade. O executivo também não conta com o histórico inflacionário do fim de 2010 para engordar o caixa no ano que vem. A inflação aumentou no segundo semestre, observa Piotto, mas os indícios surgidos nas últimas semanas do ano apontavam para uma queda do índice em dezembro e talvez nos próximos meses De fato, o IGP-M de dezembro fechou em 0,69%, quase metade do de novembro. Na EcoRodovias, que segue pouco atrás da OHL no posto de maior concessionária em faturamento, tem ganhado com aumento de tráfego e ainda colhe um resultado acima do esperado com a Ayrton Senna/Carvalho Pinto, arrematada no início de 2009. O fluxo de tráfego subiu acima do esperado, captando clientes da vizinha Presidente Dutra, no trecho entre São Paulo e o Vale do Paraíba. "O resultado foi melhor do que esperávamos, a evolução do tráfego foi antecipada", diz Marcelino Seras, presidente da EcoRodovias. Segundo ele, o público foi mais rápido para identificar a nova rota - que ficou com pedágios mais baratos com a mudança de mãos do Estado para a empresa. No terceiro trimestre, a receita da empresa aumentou em 28% entre 2010 e 2009, mas mesmo excluído o efeito da chegada da Ayrton Senna, a receita cresceu 18%. A empresa deve bater com facilidade a marca de R$ 1,2 bilhão em receita de pedágios em 2010. Segundo Seras, graças a rotas de tráfego ligadas a turismo e comércio internacional, a empresa tem uma maior sensibilidade à evolução da economia - a elasticidade do tráfego ao PIB é calculada em duas vezes, e não 1,5 vez. Marcelino Seras também não acredita que o impacto do IGP-M - que remunera seus principais ativos, inclusive o sistema Anchieta-Imigrantes - seja relevante sobre as contas da empresa. O índice trouxe reajustes próximos a 30% em 2003 - devido ao impacto da crise do ano anterior - mas ficou negativo em dois anos seguintes. "Inflação não é boa pra ninguém", diz. A discussão sobre o preço dos pedágios foi usada como munição durante a campanha eleitoral no ano passado, e rendeu ao setor o risco de uma revisão de contratos - que vem sendo defendida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A principal proposta é substituir o antigo IGP-M pelo IPCA, usado nas concessões realizadas a partir de 2007, e apontado como mais estável. Os representantes das empresas costumam dizer que a longo prazo, os índices são semelhantes. Mas desde 1998, data das primeiras concessões paulistas, até 2010, o IGP-M acumulado foi de 186,37%. O IPCA no mesmo período foi de 112,05%.
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Centro-Oeste sofre para escoar produção de grãos
Autor(es): Ana Conceição |
O Estado de S. Paulo - 22/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/22/centro-oeste-sofre-para-escoar-producao-de-graos |
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Mesmo com melhor condições das estradas, deslocamento em longa distância por caminhão é ineficiente e precário
Os produtores brasileiros iniciaram neste mês a colheita de uma safra recorde, de 149,41 milhões de toneladas de grãos, e mais uma vez a chamada eficiência da porteira por dentro não encontrará correspondência do lado de fora. No momento de escoar a produção, eles encontrarão pela frente os conhecidos desafios logísticos, mesmo com as várias obras de infraestrutura anunciadas nos últimos anos, em especial para a região Centro-Oeste, maior produtora do País. De acordo com estudo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), o transporte dos grãos por hidrovia reduziria os custos em 70%; por ferrovia seriam 35% menores. Mas nesta safra, o Estado, maior produtor nacional de soja, continuará a escoar 90% da colheita por via rodoviária.
No sistema rodoviário há várias obras de recapeamento e duplicação concluídas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, assim como em outros Estados; outras estão em andamento. Mas ainda que as condições das estradas melhorem, o deslocamento por caminhão em longas distâncias - no caso mais de mil quilômetros até os portos de Paranaguá e Santos - é caro e ineficiente. "Os problemas de escoamento da safra do Centro-Oeste vão continuar. A melhora das estradas por si só não garante ganho de eficiência no transporte dos grãos", diz Bruno Batista, diretor-executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Modais de transporte mais eficientes ainda são uma realidade longínqua. Uma pequena parte da produção de Mato Grosso, por exemplo, sai pelas hidrovias Paraná-Tietê, Rio Madeira e Araguaia; nas ferrovias, parcela da produção do sul do Estado sai pelos trilhos da Ferronorte. A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), entre Goiás, Mato Grosso, Rondônia, ainda não passou da fase de projeto. "Em épocas de chuva os buracos surgem com uma rapidez maior que a capacidade de tapá-los. O problema é que continuamos sem alternativas", explica Marcos da Rosa, coordenador da comissão de logística da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja). Ele, que também é produtor da região de Canarana, paga, em média, US$ 120 por tonelada para levar a oleaginosa até o Porto de Paranaguá. Para se ter uma ideia do que isso representa, em dezembro passado o preço médio da soja brasileira vendida ao mercado externo era de US$ 498 por tonelada, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Dados compilados pela Associação Nacional dos Usuários dos Transportes de Carga (Anut) mostram que a precariedade do transporte faz com que o produtor brasileiro tenha uma desvantagem de US$ 74 por tonelada, na comparação com os concorrentes norte-americanos e argentinos; somados o frete ao porto (US$ 71) com despesas portuárias (US$ 3). Enquanto na Argentina as distâncias favorecem o transporte rodoviário, nos Estados Unidos as grandes distâncias são vencidas com uso das ferrovias e das hidrovias. Investimentos. Segundo dados da mais recente prestação de contas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Mato Grosso, o investimento previsto em logística de transporte entre 2007 e 2010 somou R$ 2,516 bilhões; em Mato Grosso do Sul, R$ 1,602 bilhões; em Goiás, R$ 3,058 bilhões. No Pará, com a ligação entre a produção do Centro-Oeste e os portos do Norte, o investimento previsto somou R$ 2,77 bilhões. O porcentual de aplicação desses recursos varia, mas, em que pese o montante dos recursos, as obras, no estágio em que estão, vão apagar incêndio. "São necessários mais portos, mais terminais, mais ferrovias. Com os 30 mil quilômetros de ferrovias que estão aí, e nem tudo está em operação, não dá. E isso não se recupera em um ano ou dois", diz a consultora Elizabeth Chagas, especialista em logística. Ela avalia que o governo corre atrás do prejuízo após anos de subinvestimento em logística e infraestrutura e lembra: com o País em crescimento, a agricultura concorre por transporte com os outros setores da economia, o que pressiona todo o sistema de escoamento. Desafio logístico 149,4 milhões
de toneladas de grãos é a previsão para a safra este ano 90%
da colheita de soja de Mato Grosso, maior Estado produtor do grão, será escoada por rodovias, mesmo com todas as obras de infraestrutura anunciadas nos últimos anos 70%
seria a redução do custo do escoamento dos grãos de MT se fosse feito por hidrovias 35%
seria a economia se o transporte fosse feito por ferrovias |
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Consumo de biodiesel cresce no país
Autor(es): Mônica Scaramuzzo | De São Paulo |
Valor Econômico - 27/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/27/consumo-de-biodiesel-cresce-no-pais |
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A mistura de biodiesel no óleo diesel já começa a surtir efeito positivo na balança comercial brasileira. No ano passado, o consumo obrigatório do produto estabelecido em 5% pelo governo (conhecido como programa B5) respondeu por cerca de 30% do volume total importado pelo Brasil de diesel para atender à demanda no país. Em 2009, essa proporção chegou a 50%, mas as importações do diesel foram bem menores, por conta da crise financeira global.A expectativa é de que a dependência de importação de diesel no país recue aos poucos, até zerar nos próximos seis anos, considerando que a mistura do biodiesel no combustível aumente para 10% em 2014 e alcance 20% em 2020, além da instalação de novas refinarias no país pela Petrobras até 2017, segundo informações da estatal. No ano passado, o consumo nacional de biodiesel totalizou 2,5 bilhões de litros, crescimento de 56% sobre 2009, reflexo da obrigatoriedade de utilização de 5% do produto no diesel estabelecida pelo governo no início de 2010, informou Sérgio Beltrão, diretor-executivo da Ubrabio (União Brasileiro de Biodiesel). Por conta dessa política, o país deixou de importar diretamente o mesmo volume consumido de diesel, evitando gastos diretos em torno de US$ 1,4 bilhão. Até 2008, a mistura era facultativa e começou com 2% em 2005. Criado para ter o mesmo status que o Proálcool, que em meados dos anos 1970 revolucionou o mercado brasileiro de combustíveis, o programa de mistura do biodiesel, ainda que a passos lentos, começa a ganhar espaço. No ano passado, o Brasil importou 9,1 bilhões de litros de diesel para suprir suas necessidades. Os gastos foram de US$ 5,131 bilhões, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). O consumo total de diesel totalizou em 2010 cerca de 49,7 bilhões de litros, um aumento de 12,7% de acordo com estimativas do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Esse salto no consumo, depois de dois anos de estagnação por conta da crise econômica mundial, ocorreu com a recuperação da economia nacional. Em 2009, a importação do diesel foi de 3,5 bilhões de litros, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), quando o consumo total no país ficou em 44,3 bilhões de litros. "O aumento de consumo do diesel está ligado diretamente ao PIB. A economia deu sinais claros de recuperação no ano passado, com maior transporte de mercadorias", afirmou Alísio Vaz, diretor do Sindicom. Cerca de 90% do diesel consumido no país é utilizado em transporte, sobretudo de caminhões e ferrovias. Com investimentos de cerca de R$ 4 bilhões nos últimos anos, o país conta com 63 usinas produtoras do biocombustível. A Petrobras é dona de três usinas e tem participação em uma quarta unidade. Apesar dos tropeços no início de sua implantação, o mercado de biodiesel começa a amadurecer. O setor aguarda novo marco regulatório para que a mistura de 10% seja efetivada até 2014 e aumente para 20% em 2020. "Tivemos avanços em relação à obrigatoriedade da mistura de 5%, que estava prevista somente para 2013, mas foi antecipada para o ano passado", observou Beltrão. Para o Sindicom, uma nova elevação da mistura tem de ser discutida, antes de sua implementação. "Somos a favor da revisão ampla, antes das mudanças", afirmou Vaz. Ele lembra que os custos da mistura de biodiesel por litro são até R$ 0,07 maiores, por conta da logística de se transportar o biodiesel até as distribuidoras de combustíveis. Assim como o Proálcool no início de sua implementação, o programa do biodiesel, criado em 2005, é controlado pelo governo. As compras do produto são feitas 100% pela Petrobras via leilão, coordenado pela ANP. No caso do etanol, o governo não intervém diretamente nesse setor desde os anos 1990. A mistura obrigatória do etanol anidro na gasolina é de 25% e o etanol hidratado é utilizado diretamente como combustível no automóvel. "A diferença do biodiesel em relação ao etanol é que o impacto do produto na balança comercial é bem maior, uma vez que o Brasil importa pouco álcool", disse Beltrão. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a capacidade instalada de produção de biodiesel no país está em torno de 5,1 bilhões de litros. A demanda para atender a mistura de 20% até 2020 é estimada em 14,3 bilhões de litros, com investimentos em torno de R$ 7,3 bilhões. "Hoje, todo biodiesel produzido é consumido para viabilizar a mistura. As usinas não acumulam estoques", disse Beltrão. A soja responde por mais de 80% da matéria-prima para a produção do biocombustível. Neste ano, Beltrão disse que a expectativa é de que o Brasil se torne o terceiro maior produtor global de biodiesel, ficando somente à frente da Alemanha e França.
Um degrau para além das commodities
Autor(es): Gesmar Rosa dos Santos |
Valor Econômico - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/um-degrau-para-alem-das-commodities |
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Passados cinco anos do programa de biodiesel no Brasil, o Congresso Nacional promove ajustes no marco regulatório do setor e aproveita para discutir regras da produção do etanol. Esses biocombustíveis têm grande relevância na economia nacional, atingindo, em 2010, R$ 35 bilhões, mais de um milhão de empregos e a perspectiva de dobrar de tamanho em 20 anos. Dezenas de anteprojetos de lei pontuais foram anteriormente debatidos, até chegar ao projeto de lei (PL) 219/2010 - Política Nacional sobre Biocombustíveis -, da Comissão de Infraestrutura do Senado. Dada a expectativa de especialistas, políticos, governo e setor produtivo, as perguntas do momento são: mudar o quê e para quê? Aonde o país pode ou quer chegar com os biocombustíveis? Na parte burocrática, o PL 219/2010 altera a Política Energética Nacional (Lei 9478/1997) nas atribuições e na responsabilidade de monitoramento e de controle, a cargo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ao olhar o mercado interno, o PL objetiva alcançar mais rigor na fiscalização da produção e da comercialização, além da estabilidade do abastecimento. Para impulsionar as exportações, o texto traz diretrizes de certificação e ajustes técnicos visando a alavancar o etanol como commodity. Por outro lado, nas etapas agrícola e industrial, as mudanças são frágeis, principalmente para o biodiesel, por não haver instrumentos de integração produtiva e um rol maior de medidas de inserção social, principalmente para o Norte e Nordeste. O tema será ainda debatido em plenário, cabendo avanços. Quatro novidades se destacam no projeto de lei: 1) Possibilidade de uso do óleo vegetal nas máquinas e no transporte agrícola, condicionada ao avanço tecnológico e à regulamentação. Essa medida poderá gerar economia de até 40% no consumo de diesel na agricultura, além de ajudar a regionalizar a produção, incentivar o uso de novas oleaginosas e tecnologias e viabilizar a produção em menor escala do biodiesel. Exigirá, porém, maior controle e fiscalização da produção e da sonegação, devido ao esperado aumento do comércio ilegal; 2) Criação da etiqueta de eficiência energética e emissão de gases poluentes, obrigatória para os fabricantes de veículos após regulamentação. Esse instrumento terá efeito positivo para a saúde dos brasileiros somente se combinado com melhorias na nossa gasolina e diesel, que estão entre os mais poluentes do mundo. De forma isolada, a medida é apenas um esforço nacional para atender exigências dos importadores. 3) Permissão de novas rotas tecnológicas, mantendo a transesterificação como a principal, mas incorporando a do craqueamento. A medida é positiva para incentivar a pesquisa e desenvolvimento (P&D), pois deixa de ser restritiva a novas tecnologias; 4) Criação do Programa Nacional de Cooperativas, cujo foco são pequenos produtores de etanol. O objetivo é gerar mais emprego e renda, dar competitividade econômica aos produtores e diminuir o peso da intensidade de capital. A medida é importante, mas depende muito da organização dos cooperados, de financiamento e de capacitação técnica dos agricultores, aspectos que exigem maior presença direta do Estado no início. O país possui acúmulo de conhecimento que possibilita um salto maior, uma a mudança de patamar nessa área
Com tanta novidade, o que ainda falta? Falta ousadia. Pelo seu potencial, os biocombustíveis têm sido comparados ao petróleo da camada pré-sal, estimando-se que 15 milhões de hectares de cana-de-açúcar e 16 milhões de oleaginosas (palma, macaúba e soja) superem a energia do petróleo do Pré-Sal em 45 anos. Tal estimativa considera áreas de preservação permanente, rios e outras, que seriam protegidas na mesma região dos cultivos para reduzir impactos ambientais. Além disso, a agroenergia tem potencial para superar a soja ou o milho, em valor da produção e em novos postos de trabalho, dando outra dinâmica à agricultura. Para que isso ocorra de forma sustentável, espera-se que o marco legal desestimule a concentração da terra e da renda. Caso contrário, o efeito tende a ser o oposto, mantendo-se a histórica concentração. Do lado industrial, o país possui as condições para um salto maior, a mudança de patamar nessa área. O tamanho do mercado interno de combustíveis e de energia possibilita, por exemplo, o desenvolvimento de P&D e inovação em equipamentos com baixa emissão de CO2, questão ausente no PL 219/2010, porque ele segue descolado de uma Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Nessa rota, o Brasil estaciona no degrau das commodities e continua no ponto em que "quase" domina a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico em energia limpa. Ousar é induzir e direcionar esforços para o patamar de mais patentes e equipamentos para a produção do etanol e do biodiesel e para o uso dos resíduos energéticos. Isso exige esforços e sintonia dos marcos regulatórios. Exige apostar menos em commodity e mais no mercado interno e na indústria paralela que abastece de equipamentos e insumos a agroenergia ou outras fontes de energia. Há recursos. Entre 2010 e 2019, a previsão do Ministério de Minas e Energia é de investimentos da ordem de R$ 1 trilhão no setor energético, desde a produção até a distribuição (é mais do que a soma dos recursos previstos para investimentos em saúde e educação). Segundo o Ipea (Comunicado 53/2010), foram destinados mais de R$ 30 bilhões para os biocombustíveis de 2006 a 2010; outros R$ 66 bilhões são investimentos previstos até 2019. A mudança de patamar pode ser impulsionada se, além de haver mais diálogos, for alocada, em conjunto com uma robusta Política de Desenvolvimento Produtivo e com as novidades do projeto de lei 219, fatia maior dos investimentos públicos para planejar e direcionar a etapa agrícola dos biocombustíveis e a de geração de energia elétrica. Investimentos privados e, em parte, públicos devem induzir o desenvolvimento tecnológico dos fornecedores de equipamentos. Essa é a rota traçada pelos países desenvolvidos e empresas líderes em energia. O Brasil não tem muito tempo a perder. Gesmar Rosa dos Santos é técnico de Planejamento e Pesquisa - Diset/Ipea.
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ALL transportará produção da ETH em MS
Autor(es): Fernando Teixeira | De São Paulo |
Valor Econômico - 27/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/27/all-transportara-producao-da-eth-em-ms |
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A ALL Logística está lançando dois investimentos para aumentar o transporte de combustíveis - derivados de petróleo e álcool - em sua malha. Juntas, as ações devem acrescentar 50 mil m3mensais de carga à operadora. O maior deles é um investimento para captar carga de álcool produzido na região de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Em sociedade com a ETH, do grupo Odebrecht, a ALL terá um terminal em Campo Grande para atrair a produção local de álcool e levá-lo até Paulínia (SP), de onde será distribuído por caminhão aos postos de gasolina. Segundo Gustavo Vitti, da gerência de líquidos da ALL, o plano é atrair para a malha 50% da produção de álcool na região localizada até 150 km de Campo Grande. As obras devem começar ainda este mês. Outro investimento foi feito em Lages (SC), em um centro de combustíveis em parceria com a distribuidora Idasa, a ser inaugurado na próxima semana. O terminal movimentará inicialmente 20 mil m3 por mês, podendo dobrar de capacidade com a evolução do negócio. O centro receberá derivados de petróleo - diesel e gasolina - da refinaria Refap, localizada em Canoas (RS), próxima a Porto Alegre, e também álcool produzido no norte do Paraná. "A ALL vai passar a responder pela movimentação de 40% de todo o etanol de Santa Catarina", afirma Vitti. Os investimentos serão feitos na maior parte pelos clientes, diz Gustavo Vitti, e os vagões deverão ser os mesmos já em uso na ALL. As nova operações visam exatamente aproveitar a capacidade de carga do retorno das composições. No caso do investimento em Mato Grosso do Sul, a ALL já leva derivados de petróleo da refinaria de Paulínia para Mato Grosso, mas 30% voltavam vazios. Uma parte ainda era abastecida no meio do caminho, com álcool produzido no noroeste paulista, na região de Andradina - próxima ao limite com Mato Grosso do Sul. No empreendimento na região Sul, a situação era inversa. A empresa levava álcool do Paraná para o Sul, mas os vagões voltavam vazios. Agora, com o centro de distribuição em Lages, poderá levar os derivados de petróleo produzidos em Canoas com os vagões usados para o etanol na viagem de ida. Na divisão de combustíveis como um todo, conta Gustavo Vitti, hoje a proporção é de 70% de carga de derivados e 30% de álcool. A carga é a terceira mais importante da ALL, com 4,5 milhões de TKU (unidade que multiplica tonelada por quilômetro transportado) movimentados em 2009 - ficou atrás da soja e do milho. Dados preliminares da ALL quanto a 2010 mostram que a empresa transportou 43 milhões de TKU, 10,8% mais do que no ano anterior - ano em que a crise retraiu a receita em 0,2% em relação a 2008. Em 2010, o lucro antes de juros, impostos e depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) chegou a R$ 1,3 bilhão, aumento de 21,6% em relação a 2009.
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Custo da cana varia até 41% em São Paulo
Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo |
Valor Econômico - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/custo-da-cana-varia-ate-41-em-sao-paulo |
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Em um trabalho que levou quase dois anos, o Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo, levantou os custos de produção de fornecedores de cana-de-açúcar de todas as regiões de São Paulo, desde as mais tradicionais, como Ribeirão Preto e Piracicaba, até as mais novas em cana, como Catanduva e Jaú. O trabalho, considerado o mais abrangente já feito nessa área, verificou que as diferenças entre os custos chegam a até 41%, variando de R$ 32,08 por tonelada a R$ 45,42. Mais do que um ineditismo geográfico, o trabalho conseguiu incorporar os diversos sistemas de produção que se multiplicaram nos últimos anos como reação a uma demanda contraditória no setor: aliar o aumento das exigências ambientais e trabalhistas com a necessidade de reduzir custos, diz a pesquisadora do IEA, Marli Dias Mascarenhas de Oliveira. No estudo, um calhamaço de mais de 90 páginas, foram encontrados nada menos do que sete formatos de produção diferentes, que contemplam os já tradicionais, nos quais o fornecedor planta a cana e a usina colhe, e os mais inovadores, como o de compartilhamento de máquinas e mão de obra. A pesquisa calculou custos de fornecedores em todas as seis principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do Estado: Araçatuba, Assis, Catanduva, Jaú, Piracicaba e Ribeirão Preto. No centro da questão "custo" estão a colheita e o transporte, também conhecidos como CCT (corte, carregamento e transporte). São esses itens que pesam no bolso do produtor e chegam a responder por mais de 50% do custo total da gramínea. Mas o IEA botou tudo na ponta do lápis e chegou à conclusão de que essa participação do CCT também varia bastante e fica entre 52,8% e 66% dependendo da região e do sistema de produção adotado. Entre as combinações mais competitivas está a de colheita feita pelos produtores, mas no sistema de condomínio, diz Marli. Por meio deles, os fornecedores compram máquinas e equipamentos para colher e organizam a logística para atender à área de todos os fornecedores-condôminos. Na região de Jaú, por exemplo, a colheita mecânica feita nesse regime resultou em um custo total de produção de cana de R$ 32,75. Na mesma localidade, o valor sobe para R$ 39,30 se o serviço de colheita for prestado pela usina. Esse tipo de organização, explica Marli, está mais presente nas regiões novas em cana, como Jaú e Catanduva. Nelas, a relação entre usina e fornecedor é mais recente, por isso, o comportamento é diferente, afirma a pesquisadora. Outra questão que fomentou nessa região a expansão dos condomínios foi a pouca concorrência entre usinas. Com menos indústrias para disputar a cana, os valores cobrados por serviços, como colheita mecanizada, subiram, explica Kátia Nachiluk, também autora da pesquisa. De acordo com o estudo, em Jaú, o custo da cana ao produtor sobe para R$ 39,30 com colheita mecânica feita pela usina e para R$ 40,01 quando esta presta serviço de colheita manual. Ambos os sistemas estão entre os valores mais altos encontrados no Estado. Já em Ribeirão Preto, quando a colheita com máquinas é feita pela usina, o custo do fornecedor por tonelada é de R$ 34,76, quase R$ 5 menos do que na mesma modalidade em Jaú. Além da relação usina-fornecedor ser mais tradicional em Ribeirão, essa diferença de preço se deve, segundo Katia, ao fato de na região haver uma concentração maior de usinas que "disputam" o fornecedor de cana, o que gera vantagens ao produtor. Outros sistemas alternativos apresentam crescimento, como a terceirização da colheita com a contratação de empresas especializadas. Em Araçatuba, o custo total da cana nessa modalidade foi também um dos mais baixos - R$ 32,08 por tonelada. O estudo do IEA estará disponível no site do instituto no dia 31 de janeiro.
Preço pago a fornecedores deve ser o maior da história
Valor Econômico - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/preco-pago-a-fornecedores-deve-ser-o-maior-da-historia |
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Os preços médios pagos pelas usinas aos fornecedores de cana nesta safra 2010/11, em finalização, devem ser os mais altos da história. No acumulado entre abril e dezembro, o valor pago pela tonelada da matéria-prima na média do Estado ficou em R$ 53,78, segundo dados preliminares da Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul (Orplana). O maior preço já visto até agora na série, que começou a ser feita em 1998, foi de R$ 51,39 na safra 2006/07, segundo Geraldo Magela de Andrade e Silva, assessor técnico da Orplana. Magela pondera que os preços médios desta temporada são preliminares, pois ainda há três meses de safra. A tendência, no entanto, diz ele, é de que esses valores aumentem até março, no encerramento do ciclo. "Estamos na entressafra e é natural que os preços de açúcar e de álcool estejam mais altos do que em outros momentos da safra", afirma. Os preços indicados pela Orplana são feitos no âmbito do Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo), criado na safra 1998/99 e que, neste momento, passa por revisões de metodologia para contemplar os novos patamares de custos de produção. É nesse ponto que está o "xis" da questão, diz Magela. Apesar de o preço pago pela cana ao fornecedor estar em níveis recordes, a rentabilidade não será superior à registrada na temporada 2006/07. Isso porque, explica ele, os custos de produção estão 42% maiores. Em 2006/07, segundo a Orplana, o custo médio para se produzir uma tonelada de cana em São Paulo era de R$ 39,46, valor que hoje está na casa dos R$ 56,00.
Usinas atrasam entrega de energia da cana
Autor(es): Josette Goulart | De São Paulo |
Valor Econômico - 19/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/19/usinas-atrasam-entrega-de-energia-da-cana |
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Quase metade das usinas termelétricas movidas a bagaço de cana e que venderam energia em 2008, em um leilão pioneiro que chamou a atenção do mundo inteiro, está com o cronograma atrasado. Juntas, essas usinas têm uma capacidade de gerar 754 megawatts (MW) de energia e já deveriam ter entrado em operação no ano passado, mas até gora não começaram a gerar energia para o sistema. Um dos motivos apontados ainda é a forte crise econômico e financeira mundial daquele ano do leilão, que afetou fortemente as usinas de açúcar e álcool. Além disso, algumas usinas estão prontas mas não geram energia para o sistema por falta de linhas de transmissão.
Os atrasos registrados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não se limitam a pequenos grupos. Das 13 usinas listadas pela agência e que estão em atraso, quatro delas pertencem à ETH Bioenergia, empresa do grupo Odebrecht, e uma à Cosan. As usinas da ETH foram herdadas da Brenco, incorporada no ano passado. As quatro usinas da empresa acumulam multas de quase R$ 200 mil pelos atrasos. A empresa, por meio de sua assessoria de imprensa, informou apenas que no caso dos projetos Água Emendada e Costa Rica, eles já registravam atrasos quando a Brenco foi incorporada e não deu outra explicação sobre os motivos dos atrasos. As outras duas unidades - Alto Taquari e Morro Vermelho - estão prontas mas a conexão ao sistema ainda não foi disponibilizada. A falta de conexão também afeta a usina da Cosan. A empresa não quis falar sobre o assunto e apenas enviou uma nota em que diz ser "importante contar com a colaboração das diversas autoridades, seja na viabilização da infraestrutura necessária ao fornecimento, seja pela criação de condições de preços que reconheçam a prioridade e importância da energia limpa e renovável e viabilizem seus investimentos de longo prazo". O fator preço se tornou um obstáculo às usinas de açúcar e álcool que querem vender energia nos leilões de governo federal e, com isso, garantir nova geração de caixa para seus negócios. Estudos de algumas consultorias mostram que aquelas usinas de açúcar que tem 100% de cogeração já integrada à sua produção geram até 80% de seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) por meio dos contratos de venda de energia. Mas nos últimos leilões, essa fonte de energia perdeu espaço para as eólicas, que baixaram fortemente os preços. O assessor de bioeletrecidade da UNICA, Zilmar José de Souza, diz que as eólicas receberam incentivos fiscais que tornaram a biomassa menos competitiva. "Mas em 2011 esperamos um leilão dedicado à biomassa", diz Zilmar de Souza. O setor sucroalcooleiro foi fortemente afetado pela crise de 2008 e pela forte queda dos preços do etanol no mercado mundial. Os investimentos em geração de energia foram paralisados e apenas no ano passado empreendimentos voltaram a ser leiloados. Da lista de atrasos da Aneel, alguns empreendimentos não tiveram sequer suas obras iniciadas. Um deles é a usina Alda que tem ainda apontado como motivo do atraso a falta de recursos financeiros. Os executivos da empresa, entretanto, não quiseram falar sobre o assunto. Outro que não teve recursos, segundo a Aneel, foi Cachoeira Dourada, do grupo USJ. A empresa informa que o novo cronograma para o funcionamento da usina, previsto para 2012 já foi aprovado pela Aneel e levou em consideração os impactos da crise financeira de 2008, que provocou diminuição no ritmo de investimentos do Grupo USJ nesse obra. "A obra, no entanto, jamais foi interrompida - sua execução teve o prazo dilatado, apenas", disse a empresa por meio de nota. Em meio à crise, o governo federal realizou diversos leilões de energia para suprir uma demanda que crescia à galope. Além do chamado leilão de reserva, onde foram vendidos os projetos de biomassa, também foram vendidos quase 5 mil MW de energia proveniente de termelétricas, principalmente movidas a óleo combustível. Boa parte dessas térmicas também tiveram dificuldades financeiras e só agora começam a sair do papel. A preocupação agora é se a conta desses atrasos acabará sendo paga pelos consumidores. No caso das usinas de biomassa que não puderam entregar a energia pela falta de linhas de transmissão, a informação é de que elas estão recebendo a receita da energia venderam, o que significa que a conta chegará aos consumidores.
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Copersucar faz joint venture na área de frete
Autor(es): Fabiana Batista |
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/copersucar-faz-joint-venture-na-area-de-frete |
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A Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do país, que nesta safra 2011/12 deve faturar R$ 14 bilhões, anunciou ontem a criação de uma empresa de afretamento marítimo em parceria com o grupo Jamal Al-Ghurair (JAG) - que, entre outros negócios, é dono da Al Khaleej Sugar (AKS), a maior refinaria de açúcar do mundo, localizada em Dubai.A nova empresa, batizada de Copa Shipping Company Limited, num primeiro momento fretará navios para as cargas da Copersucar e da AKS, mas numa segunda etapa também atenderá terceiros. Copersucar e a JAG detêm cada uma 50% da companhia. Sem grandes investimentos, por se tratar de uma prestadora de serviços, a Copa Shipping começa a operar neste primeiro trimestre, com sede em Dubai e escritório em São Paulo. O volume movimentado na safra 2011/12 será de cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar, e contemplará os volumes enviados de açúcar bruto pela Copersucar à Dubai e os de produto refinado exportados pela AKS. Há potencial, segundo Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, para que esses volumes subam para entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas no médio prazo. Além de açúcar, a nova empresa também afretará navios para etanol. Neste ano, os 600 milhões de litros a serem exportados pela Copersucar já vão estrear o novo serviço. A parceria faz parte da estratégia da Copersucar de avançar em toda a cadeia logística para açúcar e etanol. Souza explica que assumir o controle sobre o afretamento de navios se fez necessário para melhorar a administração do fluxo logístico da empresa "Se o embarque na ponta atrasa, toda a cadeia para trás é prejudicada. A ferrovia, por exemplo, que é um modal em expansão na Copersucar, não pode parar por conta desse tipo de problema". Chegar a esse nível de verticalização logística só foi possível, segundo ele, porque atualmente 80% do volume de açúcar exportado pela empresa - neste ano serão 6 milhões de toneladas - são de contratos de longo prazo. Com estabilidade de volumes e destinos, a empresa precisará agora converter os contratos com clientes, de forma que 70% deles tenham a entrega do produto no destino final sob a responsabilidade da Copersucar (CIF - Cost, Insurance and Freight), percentual que atualmente é de 30%. Para isso, detalha Souza, parte da economia com frete obtida com a Copa Shipping será repassada aos clientes como contrapartida para essa mudança do regime de entrega da mercadoria - de CIF para FOB (Free on Board). Com capacidade para refinar 2 milhões de toneladas de açúcar por ano, a AKS é a maior cliente individual da Copersucar que, por questões contratuais, não revela o volume vendido à agora sócia. "Atendemos a maior parte dessa demanda", resume Souza.
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