domingo, 6 de fevereiro de 2011

Indústria e Comércio

Marinha renovará frota sob ''pressão estratégica''

Autor(es): Roberto Godoy
O Estado de S. Paulo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/marinha-renovara-frota-sob-pressao-estrategica
 
 Escolha final, entre ofertas de Itália, Reino Unido, Alemanha, Coreia e França, deve sair até o fim do ano e a primeira fragata ficará pronta entre 2018 e 2019

A renovação da frota da Marinha do Brasil não foi cancelada nem adiada pela presidente Dilma Rousseff. O negócio, envolvendo 11 navios e estimado entre 4 bilhões e 6 bilhões, continua em andamento. A fase atual é de consultas a empresas candidatas à parceria pretendida. "O tempo para execução é o tempo da pressão estratégica", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Analistas ouvidos pelo Estado concordam que essa condição de ameaça é, atualmente, de baixa intensidade, mas lembram que "a curva é ascendente, se projetada para os próximos 20 a 25 anos", de acordo com o relatório Projeção 2025, feito em 2009 pela Secretaria de Assuntos Estratégicos. A escolha final, entre ofertas de Itália, Reino Unido, Alemanha, Coreia e França, deve sair até o fim do ano. A primeira fragata ficará pronta entre 2018 e 2019 - a entrega do navio patrulha ocorre 12 meses antes.
O contrato inicial, todavia, será firmado em 2012. Depois da seleção, a complexidade do processo exigirá um ano de discussões para ajuste da transferência de tecnologia, estabelecimento da rede de fornecedores e das compensações comerciais. Só então haverá o pagamento do adiantamento formal, cerca de R$ 100 milhões. É para o custeio da implementação da operação. Apenas seis meses mais tarde é que vence a primeira parcela semestral, referente aos juros do financiamento. O principal da dívida começa a ser abatido 180 dias depois, em meados de 2013.
É a mesma arquitetura financeira aplicada na escolha dos novos caças de múltiplo emprego da Aeronáutica, a F-X2. Em nenhum dos dois casos existe a previsão de desembolso imediato. O ministro Jobim sustenta que a indicação do avião vencedor será anunciada até julho pela presidente Dilma. Em 2013 a Marinha vai adquirir 24 unidades da mesma aeronave, mas em versão embarcada para equipar um novo porta-aviões de 60 mil toneladas que planeja incorporar entre 2027 e 2031 - a nau capitânia da projetada 2.ª Frota, na foz do Amazonas.
Pacote. Em maio de 2010, a Marinha apresentou aos empresários do setor seu plano completo, abrangendo 61 navios de superfície, mais cinco submarinos, quatro de propulsão diesel-elétrica e um movido a energia nuclear. As encomendas vão até 2030.
O pacote prioritário, definido como Prosuper, abrange cinco fragatas de 6 mil toneladas com capacidade stealth, de escapar à detecção eletrônica, cinco navios escolta oceânicos, de 1,8 mil toneladas, e um navio de apoio, de 22 mil toneladas, para transporte e transferência em alto mar de todo tipo de suprimentos.
A intenção da Marinha é que apenas a primeira fragata e o primeiro patrulheiro sejam construídos fora do País, embora com acompanhamento de técnicos e engenheiros brasileiros. Há grupos diretamente interessados em participar desse empreendimento. A Odebrecht Defesa prepara os estaleiros da Enseada do Paraguaçu, na região metropolitana de Salvador, Bahia, para disputar o Prosuper. A empresa, associada à francesa DCNS, está construindo em Itaguaí, no Rio, uma nova base naval e mais as instalações industriais de onde sairão os cinco submarinos do Prosub, encomendados por 7,6 bilhões.
Outra prioridade da Marinha do Brasil, para ser cumprida em etapas ao longo de 15 anos, é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, o SisgAAz. É uma espécie de Sivam - a rede de radares e sensores eletrônicos que controla o espaço aéreo da região amazônica - do mar. A área de cobertura do SisgAAz é imensa - cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à metade do território nacional, e tão grande quanto a Europa Ocidental. O aparato é destinado a vigiar e proteger um tesouro - na indústria da energia são 15,3 bilhões de barris de petróleo, 133 plataformas (86 fixas, 47 flutuantes) de processamento da Petrobrás, o patrimônio decorrente de investimentos da ordem de US$ 224 bilhões de 2010 até 2015. Mais que isso: estão sendo desenvolvidas pesquisas a respeito da biodiversidade exótica, encontrada nas fontes hidrotermais localizadas nas zonas de encontro das placas tectônicas. As características apuradas permitem garantir aproveitamento na indústria farmacêutica e de cosmésticos em escala bilionária. O oceano, na abrangência controlada pelo Brasil, abriga, ainda, 80 reservas de 100 materiais estratégicos. Mapeadas, não prospectadas.
Italianos. Até dezembro de 2010, a vantagem na análise preliminar das propostas era do consórcio italiano Fincantieri Cantieri Navali. O preço era bom, o modelo de transferência de conhecimento avançado foi considerado satisfatório e o tipo de fragata, da classe Freem, desenvolvido junto com a França, adequado às especificações. O clima desandou há três semanas, quando a deputada Fiamma Nirenstein, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Itália, propôs o congelamento do acordo bilateral de cooperação em Defesa assinado por Nelson Jobim e seu colega de Roma, Ignazio de La Russa. O motivo alegado é o veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à extradição do ex-ativista Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana por quatro homicídios. Dilma não gostou da atitude. A Fincantieri não é mais a favorita. Mas continua no páreo.

Indústria mantém dependência do BNDES para investir em 2011

Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/industria-mantem-dependencia-do-bndes-para-investir-em-2011
 

Para analistas, medidas de incentivo ao crédito privado de longo prazo terão efeito limitado na sobrecarga do banco

Apesar do papel mais forte nos grandes projetos de infraestrutura que o governo quer dar para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a instituição ainda será decisiva no suporte aos investimentos da indústria em 2011. Mesmo com os incentivos ao crédito privado de longo prazo, apontam analistas, o BNDES manterá o elevado patamar de liberações de 2010.
A indústria ficou com quase metade do desembolso recorde de R$ 168,4 bilhões do BNDES no ano passado. Foram R$ 78,8 bilhões, 24% a mais do que em 2009. Uma nova operação especial de apoio à Petrobrás (R$ 24,7 bilhões aplicados na capitalização) destacou o setor de química e petroquímica nas contas do banco. O crédito para o segmento somou R$ 33,8 bilhões, alta de 32% em relação a 2009, quando o BNDES já havia emprestado outros R$ 25 bilhões para a estatal.
As liberações para o transporte rodoviário tiveram alta de 90% em 2010, acumulando R$ 25,9 bilhões, com a escalada do crédito para ônibus e caminhões com os juros subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), cuja carteira superou R$ 120 bilhões e financiou também bens de capital, exportação e inovação.
A indústria de caminhões teve um dos seus melhores anos embalada pelo financiamento do BNDES para caminhoneiros autônomos e microempresas. O Procaminhoneiro cresceu 470% em relação a 2009, somando R$ 6,6 bilhões emprestados em 37,5 mil operações.
O PSI termina em março, mas o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, negocia com o governo uma forma de manter incentivos. O banco também aguarda uma definição, que deve sair em fevereiro, sobre um novo reforço do Tesouro Nacional para a manutenção do atual patamar de desembolsos.
O PSI dobrou os desembolsos das linhas do BNDES para a aquisição de máquinas e equipamentos, ampliando a capacidade da indústria. O programa está por trás da alta de alimentos e bebidas (53%) e têxtil e vestuário (232%) no desempenho do banco. A demanda de setores voltados para o mercado interno fez o crédito para as áreas de agropecuária e de comércio e serviços crescer ainda mais do que a indústria: 56% e 48%, respectivamente.
"Esse crédito viabiliza um aumento de oferta que só será sentido a médio e longo prazo, mas que é a melhor política de combate à inflação. Por isso, o governo deve continuar incentivando o investimento para alcançar o crescimento sustentado", diz Fernando Sarti, do Instituto de Economia da Unicamp.
Para o economista Antonio Carlos de Lacerda, da PUC-SP, o BNDES começará a se voltar para a infraestrutura e a retomar o foco em desenvolvimento regional, inovação, meio ambiente e pequenas empresas, mas o setor industrial ainda dependerá muito do banco em 2011.
"O investimento na economia cresceu nos três primeiros trimestres de 2010 a taxas superiores a 20%, à frente do consumo. O crescimento do BNDES reflete esse desempenho positivo. Começam a surgir outras fontes de longo prazo, mas o BNDES ainda será importante", avalia Lacerda, para quem o crescimento do financiamento estatal não preocupa. O BNDES concentra mais de 70% do crédito de longo prazo no País. "O BNDES é mais solução do que problema."
Para Lacerda, a alta de juros iniciada pelo Banco Central para combater a inflação aumenta a atratividade dos títulos de curto prazo, adiando ainda mais os efeitos do pacote lançado em dezembro para estimular o crédito privado no longo prazo, especialmente no mercado de capitais.
Já para Armando Castelar, coordenador da área de economia aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), há espaço para que alternativas, como emissões de títulos privados, saiam do papel, reduzindo a demanda de crédito sobre o BNDES.
"É algo para ser gradual, mas que pode crescer ao longo do ano. A queda dos juros é importante mas não é imprescindível. Muitas empresas já estão fazendo emissões de debêntures e o próprio BNDES está ajudando a movimentar esse mercado", observa o economista, ressaltando o impacto fiscal provocado pela manutenção do crescimento do crédito do BNDES a reboque do Tesouro Nacional.
"Os incentivos ao crédito privado são sinais fortes de que o próprio governo quer alternativas ao BNDES para elevar o investimento", observa.

Exportação cresce, mas desafios continuam

Autor(es): Moacir Drska
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/exportacao-cresce-mas-desafios-continuam
 

O Brasil encerrou o ano de 2010 com US$ 4 bilhões em exportações de software e serviços de tecnologia da informação (TI) - US$ 500 milhões acima da meta estimada pelo setor - e o equivalente a um crescimento de 33,3% em relação a 2009, quando o mercado brasileiro exportou um volume de US$ 3 bilhões.
Os números, apurados pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom), mostram que a atividade já não é o patinho feio de outrora e supera segmentos econômicos tradicionais. As exportações das indústrias têxtil e de calçados, por exemplo, atingiram US$ 1,8 bilhão e US$ 2 bilhões em 2010, respectivamente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O órgão não tem dados específicos sobre as exportações da indústria de software e serviços de TI.
Apesar disso, a soma de US$ 4 bilhões ainda é considerada baixa para um mercado que movimentou globalmente cerca de US$ 101 bilhões em 2010, segundo a consultoria IDC, e que tem como seu principal expoente a Índia, cuja previsão é fechar o ano fiscal - que termina em março - com um saldo de US$ 60 bilhões em exportações, de acordo com a Associação Nacional das Empresas de Software e Serviços da Índia (Nasscom, na sigla em inglês).
A questão que permanece para as empresas brasileiras é o que fazer para aumentar sua participação no bolo mundial - uma dúvida que o setor tenta responder, com sucesso apenas relativo, há muitos anos.
Para Djalma Petit, diretor de mercado da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), nada indica que a Índia perderá a liderança nos próximos anos. "A disputa é para ver quem vai abocanhar uma parcela significativa do restante desse mercado", afirma o executivo, que cita China e Rússia entre os principais concorrentes do Brasil.
As entidades do setor no país traçaram como meta alcançar US$ 20 bilhões em exportações em 2020. Para 2011, a expectativa é exportar US$ 5 bilhões. Atingir esse objetivo, no entanto, vai exigir superar barreiras comuns a outros segmentos, como a valorização do real, além de questões específicas da área de TI.
"O grande gargalo ainda é a mão de obra, seja pelo custo ou pela falta de profissionais", diz Benjamin Quadros, presidente da BRQ IT Services. No ano passado, a empresa obteve no exterior 10% de seu faturamento, de R$ 240 milhões, com a prestação de serviços a 30 clientes internacionais.
Um estudo recente da Softex mostra que em 2010 o déficit de mão de obra no setor de TI foi de 71 mil profissionais. Se nada for feito, obter um profissional especializado no futuro será uma tarefa árdua. Para 2020, a projeção é de que 300 mil vagas não serão preechidas por falta de mão de obra.
Em relação à carga fiscal e seus reflexos na folha de pagamento, a Brasscom trabalha com dados segundo os quais os custos trabalhistas no Brasil são 70% mais altos que na Índia e 40% que na Argentina.
Para Marcos Stefanini, presidente da Stefanini IT Solutions, esses índices e os demais tributos pagos pelo setor fizeram com que o país perdesse muitas oportunidades de negócio em 2010, até mesmo para concorrentes não tão tradicionais, como o Chile e a Argentina. "Enquanto os gastos com pessoal no Brasil representam cerca de 80% dos custos das empresas, em países como o Chile eles não passam de 30%. A diferença é brutal".
Em 2009, foi assinado um decreto com vigência de cinco anos reduzindo de 20% para 10% a incidência de INSS na folha de pagamento para as companhias exportadoras do setor. Para Gerson Schmitt, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), a medida foi ineficaz. Ele diz que, na prática, para cada 10% do faturamento, a empresa tem direito à redução de 1% na contribuição total do INSS. "Quantas empresas brasileiras de TI exportam mais de 10% do seu faturamento? E qual seria o impacto efetivo de reduzir 1% do encargo do INSS?"
Para Schmitt, o ideal seria que as empresas tivessem a opção de trocar encargos sociais e trabalhistas por um percentual equivalente sobre seu faturamento. "A tributação ocorreria sobre vendas e não sobre os custos. Para um setor em que o principal insumo é o custo de pessoal, isso seria uma evolução importante".
A despeito dessas mudanças, porém, é consenso entre os executivos do setor que as companhias brasileiras precisam definir uma estratégia mais eficiente de concorrência no exterior, que não esteja baseada meramente no preço - um quesito no qual a Índia é imbatível.
O ponto que deveria ser mais explorado é a qualidade dos sistemas criados no país, uma qualidade que tem levado algumas companhias nacionais à participações significativas no mercado interno, mesmo concorrrendo com grandes multinacionais.
Claudio Bessa, diretor de operações internacionais e novos negócios da Totvs - empresa que obtém 5% de suas receitas com exportações - diz que o fato de o mercado interno ser muito sofisticado trouxe vantagens para o país. "Até por conta de adversidades fiscais, legais e econômicas, temos experiência para desenvolver sistemas que outros países não têm".
Entre as áreas e segmentos de atividade nos quais as companhias brasileiras conseguiram conquistar espaço estão o setor financeiro, telecomunicações, varejo e governo eletrônico.
Djalma Petit, diretor de mercado da Softex, alerta, porém, para o que considera um risco para as empresas brasileiras, mesmo no mercado interno. Segundo o executivo, 94% das empresas brasileiras do setor são de pequeno e médio portes e atuam em segmentos muito específicos. Para Petit, essa característica favorece os processos de aquisição das companhias brasileiras pelas multinacionais do setor.
"É preciso criar mais mecanismos de capitalização e fomento a fusões e aquisições entre as empresas nacionais, para que elas ganhem musculatura e possam competir de igual para igual, tanto no mercado interno quanto no exterior", afirma Petit.

Alívio para os exportadores

Autor(es): A gência o globo : Eliane Oliveira
O Globo - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/alivio-para-os-exportadores
 
Governo vai desonerar setor produtivo. Ministro quer força-tarefa para lidar com avanço chinês


Oministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, vai sugerir ao Itamaraty a criação de um grupo interministerial voltado exclusivamente ao monitoramento das relações com a China - maior parceiro comercial do Brasil, mas uma de nossas principais fontes de preocupação, na briga por mercados e na guerra cambial. O objetivo da força-tarefa será a elaboração de uma estratégia de atuação junto a Pequim para defender o Brasil da onda chinesa e contra-atacar quando necessário. Ele antecipou ainda que o novo pacote de incentivos ao setor produtivo trará novas desonerações de impostos que incidem sobre as exportações.

Pimentel, que tratará do tema na segunda ou terça-feira que vem com o chanceler Antonio Patriota, está preocupado com a queda sucessiva dos superávits comerciais ao longo dos últimos anos. Uma de suas missões, disse, é recuperar as exportações brasileiras.

Aprovada a proposta de criação da força-tarefa, a ideia é que o plano estratégico seja fechado antes de abril, quando a presidente Dilma Rousseff viajará a Pequim. Como O GLOBO antecipou esta semana, no leque de ações, estão acordos comerciais e de investimentos com Pequim, como compensação aos danos concorrenciais provocados pelo país asiático.

Maior parceiro e fonte de problemas

Apesar de ser, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio (soma de exportações com importações) de US$56,4 bilhões em 2010, contra US$36,9 bilhões em 2009, a China tem sido um dos grandes responsáveis pela perda de competitividade de produtos brasileiros, afetados pela valorização do real frente ao dólar, enquanto o yuan está desvalorizado ante a moeda americana.

Desde que assumiu o cargo, o economista e ex-prefeito de Belo Horizonte enfrenta uma maratona diária de trabalho de mais de 12 horas. Sem esconder o jeito mineiro de fazer política, Pimentel evitou polemizar com o Banco Central (BC), que voltou a elevar juros, e entrar em detalhes sobre as novas desonerações. Explicou que quem deve falar é Dilma, de quem é amigo desde a faculdade. A seguir, os principais pontos da entrevista:


A EQUIPE: "Estamos montando uma equipe que conjuga três coisas fundamentais: a experiência no setor público, a juventude e a interface com o setor privado. Somos o ministério da indústria, não só do governo. Quero dizer ao empresário que vier ao meu gabinete: "Aqui é sua casa"."

CHINA: "Não sei se vamos conseguir o mesmo que os Estados Unidos ganharam na visita do presidente (da China) Hu Jintao a Washington, como a abertura do mercado chinês para manufaturados. Mesmo porque a relação entre chineses e americanos é quase simbiótica. São eles quem financiam o déficit americano. Mas vamos tentar. A China é, hoje, o principal personagem da cena comercial do mundo, e não pode ser tratada como um país igual aos outros. Vou conversar com o Patriota na segunda ou na terça-feira que vem e sugerir a criação de um grupo permanente de trabalho interministerial para elaborarmos uma estratégia, que leve em conta possíveis acordos a serem fechados e a revisão de acordos que já existem."

DEFESA COMERCIAL: "Vamos manter o que já fazemos, só que com um rigor maior, no sentido de buscar nossos direitos se (formos prejudicados por) qualquer país que pratica qualquer ato em desacordo com as normas internacionais de comércio."

SALDO COMERCIAL: "Precisamos recuperar a tendência de crescimento do saldo comercial. Estamos em decréscimo. Já tivemos US$50 bilhões de saldo, que depois caiu para US$25 bilhões. As estimativas para 2011 apontam para um superávit de apenas US$10 bilhões, um pouco mais, um pouco menos. Por isso, o conjunto de medidas em estudo (pacote de incentivo ao setor produtivo, previsto para fevereiro) vai contemplar o setor exportador, com redução de custos e novas desonerações."

PACOTE DE MEDIDAS: "O objetivo básico é destravar a economia brasileira. Em vez de ficarmos falando em ampla reforma tributária, vamos identificar os pontos onde de fato teremos (condições de trabalhar). Os estados terão de comparecer, fazer a parte deles."

JUROS X INFLAÇÃO: "A disciplina fiscal não é um fim em si mesmo; é um meio em que você tem condições de dar crescimento econômico com estabilidade, com distribuição de renda. Espero que a conjuntura seja passageira, porque juro alto ninguém quer, nem o Banco Central, nem o Ministério da Fazenda. Tenho certeza de que o Tombini (Alexandre Tombini, presidente do BC) concorda com isso. Sabemos que as chuvas geraram pressão inflacionária sobre os alimentos, além de outros fatores. Nosso objetivo é termos uma taxa de crescimento com sustentação, entre 4,5% e 5%."

INFRAESTRUTURA: "Não adianta a economia brasileira crescer se não temos infraestrutura e capacidade logística. Portos, aeroportos, estradas, tudo isso é fundamental para a produção e os embarques ao exterior."

Apesar das regras, exportador ainda embarca tributos

Autor(es): Marta Watanabe
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/apesar-das-regras-exportador-ainda-embarca-tributos
 

A desoneração de tributos na exportação, anunciada como uma das prioridades do novo governo na área de comércio exterior, deve esbarrar na dificuldade de pôr em prática algo que só existe na teoria: a recuperação integral pelo exportador de todo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do PIS/Cofins pago na cadeia de produção da mercadoria exportada.
Estudo do escritório Machado Associados mostra que um par de sapatos que chega ao consumidor final por R$ 300 paga 25,49% em tributos. O cálculo inclui encargos trabalhistas, tributação sobre o lucro e impostos indiretos. Se voltado para exportação, o mesmo produto sofreria carga de 12,62%. Mas essa carga menor só acontece efetivamente quando a empresa fica livre não só do ICMS e PIS/Cofins pagos na operação de venda do produto ao exterior como também do ICMS e PIS/Cofins que a indústria pagou ao adquirir os insumos.
O problema, apontam os segmentos exportadores, é que nem sempre a empresa consegue utilizar os créditos dos tributos pagos nos insumos. Se a empresa não consegue recuperar o ICMS pago na cadeia, a carga sobre o produto exportado sobe para 19,1%. Se o exportador não consegue recuperar também o PIS e a Cofins, a carga suportada pela indústria sobe para 22,39%, muito perto dos 25,49% de carga tributária cobrado do consumidor final na venda ao mercado interno. O cálculo foi feito com base na estrutura de custos da pesquisa industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano base de 2008.
José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a atual estrutura tributária inibe a exportação. Segundo ele, se a empresa exporta, em média, mais de 30% da sua produção, já não consegue utilizar todos os créditos de ICMS e PIS/Cofins.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) calcula que entre 1,5 mil associados, cerca de 700 empresas exportam. Essas indústrias que vendem ao exterior acumulam cerca de R$ 1 bilhão em créditos de ICMS. Cerca de 70% desses créditos são de imposto pago em São Paulo. "As empresas não conseguem usar os créditos. Com isso, o imposto pago na cadeia não é efetivamente compensado e vira custo para as indústrias", diz Carlos Pastoriza, diretor da Abimaq. O setor todo, diz ele, exportou cerca de US$ 10 bilhões no ano passado, o que significa 20% da produção nacional.
O custo, no caso, faz diferença na carga tributária. O estudo do Machado Associados mostra que uma máquina de embalar que custa R$ 120 mil no mercado interno paga 23% em tributos. Se os mecanismos atuais de desoneração na exportação fossem eficientes, o fabricante da máquina pagaria 13,16% em tributos na venda ao exterior. Sem recuperar o ICMS pago nos insumos, porém, a carga tributária fica em 17,98%. Num automóvel 2.0 exportado, o custo tributário sobe de 9,87% para 14,96% caso o ICMS pago nos insumos não seja efetivamente usado como crédito.
Não é difícil encontrar exportadores que não conseguem usar os créditos de ICMS pago nos insumos e passam a contabilizá-los como imposto a recuperar. A indústria de fundição Tupy, por exemplo, registra em seu último balanço divulgado total de R$ 42,36 milhões de ICMS a recuperar. Desse valor, R$ 35,4 milhões são relativos ao ICMS pago em São Paulo, decorrentes de compras de matérias-primas utilizadas na manufatura de produtos exportados.
Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, presidente da Tupy, explica que a fábrica, instalada, em Joinville, conta com um benefício de ICMS que, na prática, livra a empresa do pagamento do imposto no momento da aquisição de insumos. O benefício é do governo catarinense e, por isso, vale somente para os insumos adquiridos no próprio Estado. Por isso, a indústria não acumula créditos de ICMS pagos em Santa Catarina relativos a operações de exportação. A Tupy não conta, porém, com o mesmo benefício quando compra de fornecedores paulistas. "Em São Paulo eu tenho o grosso das minhas compras. Compro cerca de 100 mil toneladas ao ano de fornecedores de Mauá, por exemplo. Em São Paulo há muitas indústrias e não há como deixar de comprar de lá", resume Tarquínio. É justamente o ICMS pago na compra de insumos de São Paulo que a empresa tem dificuldade de compensar.
A empresa informa no balanço que fez um pedido à Fazenda paulista para poder usar os créditos de ICMS recolhido em insumos adquiridos em São Paulo. A empresa quer usar os créditos para pagar fornecedores paulistas. Com a demora na obtenção da autorização, a empresa já provisiona contabilmente como perda cerca de R$ 15,5 milhões.
As normas contábeis e a auditoria, diz Tarquínio, obrigam a empresa a fazer a provisão. "Não posso ficar eternamente dizendo que vou recuperar um ativo."
No ano passado, a Tupy exportou 45% da produção nacional. O restante foi desovado no mercado interno. Em períodos anteriores, porém, o nível de vendas ao exterior da companhia chegou a 58%. A maior participação do mercado doméstico, diz Tarquínio, tem permitido um fluxo de compensação do ICMS acumulado, embora o estoque ainda continue alto. "A dificuldade com esses créditos tem impacto considerável não só da lucratividade da empresa como na competitividade no mercado internacional."
Exportadora de compressores, a Whirlpool também tem créditos acumulados do imposto pago na compra de matéria-prima para fabricação de mercadorias exportadas. Pelo balanço consolidado encerrado em setembro do ano passado, o total a recuperar de ICMS é de R$ 65,8 milhões.
Júlio de Oliveira, sócio do Machado Associados e um dos coordenadores do levantamento, diz que o problema está no sistema atual de ressarcimento dos tributos pagos na cadeia de produção.
A operação de venda ao exterior não sofre tributação de ICMS, de PIS ou Cofins. Mas o problema é a carga tributária sobre os insumos utilizados na cadeia de produção. Teoricamente o ICMS pago sobre esse insumos gera créditos que os exportadores podem compensar com o imposto devido nas operações domésticas.
Se os insumos têm participação elevada no produto final exportado e a empresa tem pouco volume de vendas domésticas, porém, não há operações internas suficientes nas quais usar os créditos de ICMS. José Augusto de Castro, da AEB, diz que hoje em dia o problema de créditos originados com a exportação diminuiu muito porque a participação das exportações na produção das indústrias caiu, como resultado da valorização do real frente ao dólar. "Atualmente as empresas não têm acumulado tanto crédito de PIS e Cofins porque esses tributos oferecem mais chances de utilização", lembra. "Mas alguns setores ainda têm alto estoque de ICMS porque o imposto é estadual e só pode ser compensado com o próprio tributo."
Carlos Pastoriza, da Abimaq, diz que os exportadores sentem-se desestimulados em solicitar o aproveitamento de créditos aos Estados. "É uma burocracia grande, com processos lentos", afirma. "A empresa demora para transformar os créditos em dinheiro e nas vezes em que consegue não há nenhuma correção monetária sobre os valores."
As empresas costumam provisionar o ICMS a recuperar quando há pouca perspectiva de recuperação do crédito. Nesse caso, diz o tributarista Antonio Carlos Salla, do Machado Associados, o exportador sofre duplo aumento de carga tributária. Mesmo que o ICMS torne-se efetivamente custo, ele não é considerado despesa para cálculo do Imposto de Renda e da CSLL. Ou seja, esse custo adicional eleva a carga tributária de ICMS sobre o produto exportado e também a de CSLL e IR, que incide sobre 34% sobre o crédito tributário.
Heitor Klein, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), lembra ainda que, além da dificuldade de recuperar os tributos indiretos, os exportadores ainda enfrentem despesas que não geram tributos compensáveis. "Há gastos importantes como honorários, comissões sobre vendas e propaganda, por exemplo, que não dão direito a créditos tributários."

Desemprego é o menor desde 2003

Autor(es): Rafael Rosas | Do Rio
Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/desemprego-e-o-menor-desde-2003
 

O mercado de trabalho voltou a apresentar expressiva melhora em dezembro, com mais um recorde de baixa na desocupação, com taxa de 5,3% na média das seis regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do desemprego mais baixo da série iniciada em 2002, a pesquisa de dezembro mostra recorde para a população ocupada, que atingiu 22,450 milhões de pessoas, e o nível mais baixo da população desocupada, que ficou em 1,251 milhão de pessoas.
Na média do ano, a taxa de desocupação foi de 6,7%, a menor desde o início da série, enquanto o contingente médio de ocupados foi de 22,019 milhões de pessoas, uma alta de 3,5% frente a 2009, no maior crescimento na série desde 2003. Entre 2003 e 2010 o contingente de ocupados subiu 18,9%.
"O contingente de ocupados em 2010 teve maior alta desde 2003, o que mostra que país se recuperou da crise", frisou o gerente da PME, Cimar Azeredo, lembrando que a média anual para o nível de ocupação também foi recorde, de 53,2%.
Azeredo destacou que o nível de ocupação entre 2003 e 2010 cresceu "com qualidade", baseado na expansão da carteira assinada no setor privado. Em 2010, na média, os trabalhadores com carteira assinada no setor privado representaram 46,3% da população ocupada nas seis regiões metropolitanas da PME. No total, esse contingente somou 10,191 milhões de pessoas, uma alta de 7,2% frente a 2009 e um crescimento de 38,7% na comparação com a média de 2003.
Em contrapartida, os funcionários sem carteira no setor privado caíram de 15,5% na população ocupada em 2003 para 12,1% no ano passado. Também caíram, como fatia da população ocupada, os funcionários públicos sem carteira assinada, passando de 1,5% da população ocupada em 2003 para 1,3% em 2010, os empregados por conta própria, de 20% em 2003 para 18,4% em 2010, os trabalhadores domésticos (de 7,6% para 7,3%), os empregadores (de 5,5% para 4,5%), e os outros trabalhadores (de 1% para 0,5%).
Azeredo observou que a inflação em alta contribuiu para que a recuperação do rendimento médio real dos trabalhadores ocupados nas seis regiões metropolitanas analisadas pela PME ficasse abaixo do esperado um ano depois da crise financeira internacional. Em 2010 o rendimento médio real ficou em R$ 1.490,61, apenas 3,8% acima dos R$ 1.436,69 médios de 2009. O avanço está em linha com a alta de 3,2% registrada pelo rendimento entre 2008 e 2009.
"A inflação tem peso para o progresso do rendimento ter sido mais tímido do que se poderia esperar. A inflação funciona como uma espécie de barreira para o rendimento", disse Azeredo. "Mas há vários fatores. A própria formalização pode contribuir para a queda do rendimento." Ele lembrou que em dezembro o rendimento médio real ficou em R$ 1.515,10, 0,7% abaixo dos R$ 1.526,36 de novembro.
O gerente da PME ressaltou que São Paulo ainda apresentou, em 2010, o maior rendimento médio real, com R$ 1.615,73 de média anual. A diferença para as demais regiões metropolitanas está, no entanto, regredindo, já que o rendimento na maior região metropolitana do país cresceu apenas 0,4% no ano passado e 13,1% desde 2003, o menor nível entre as regiões pesquisadas.

Desemprego em 2010 é o menor em 8 anos: 6,7%

Autor(es): A gência o globo : Cássia Almeida
O Globo - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/desemprego-em-2010-e-o-menor-em-8-anos-6-7
 
Rendimento de R$1.490 é recorde, mas inflação começa a corroer ganho. Falta de mão de obra qualificada preocupa


RIO, SALVADOR e PORTO ALEGRE. O ano de 2010 foi o melhor para o mercado de trabalho brasileiro. Essa avaliação foi unânime entre analistas. A taxa de desemprego, o rendimento, o emprego formal, as diferenças regionais, de gênero e raça estão no melhor patamar histórico, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada pelo IBGE. A parcela de desempregados na força de trabalho foi de 5,3% em dezembro, abaixo dos 5,7% de novembro e bem inferior aos 6,8% de dezembro de 2009. Em 2010, a taxa média de desemprego ficou em 6,7%, contra 8,1% de 2009 e 12,5% em 2003. Já o rendimento subiu 3,8% no ano, mas recuou 0,7% frente a novembro de 2010, efeito do avanço da inflação nos últimos meses.

Com taxa tão baixa, a ponto de os economistas estarem avaliando se o país já está no piso do desemprego, Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do IBGE, diz que ainda é cedo para classificar a situação atual no mercado de trabalho de pleno emprego:

- É cedo para falar de pleno emprego. Como falar disso num país onde as diferenças regionais são tão grandes?

Ele se refere às altas taxas que ainda persistem em capitais nordestinas, como em Salvador, onde a média da taxa de desemprego em 2010 ficou em 11%, e em Recife, em 8,7%. Desemprego que acompanha há oito meses Antônio Carlos dos Santos, de 25 anos. Ele retornou ao Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra de Salvador pela sétima vez, desde que seu contrato como técnico em informática terminou na empresa onde trabalhava, para tentar uma vaga como vigilante, com salário de R$990:

- O mercado de trabalho (de informática) é menor e muito mais exigente. Por isso, fiz um curso de vigilante que terminei em novembro. Ainda espero conseguir esta vaga.

Desemprego em Porto Alegre chegou a 3%

Em situação inversa vem Porto Alegre, onde o desemprego alcançou apenas 4,5% no ano e chegou a 3% em dezembro. Joseane de Oliveira Machado, de 26 anos, ajudou a baixar a estatística. Está empregada desde outubro em uma casa de massas no centro de Porto Alegre. A jovem é testemunha do aumento da oferta de emprego na capital gaúcha. Na primeira entrevista, conseguiu a vaga:

- Foi muito rápido! Em dois dias eu estava trabalhando.

Assim como Joseane, mais 743 mil trabalhadores conseguiram vaga formal. Das ocupações criadas em 2010, 91,8% foram com carteira assinada. Na Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, a situação se repete. Dos 765 mil empregos criados, 95% foram com carteira.

A participação desses trabalhadores protegidos no total de ocupados foi recorde em todas as atividades econômicas e em todas as regiões. O exemplo mais marcante foi a construção civil. De 2003 a 2010, a parcela de empregados formais subiu de 25,5% para 36,8%, na maior alta entre os ramos econômicos:

- Houve reestruturação forte no mercado de trabalho na construção civil - constatou Marcia Quintslr, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

No total de ocupados, a participação dos que têm carteira assinada passou de 39,7% em 2003 para 46,3%. Na indústria, o setor mais formal da economia, essa parcela subiu de 60,7% em 2003 para 66,7% em 2010:

- E vimos reduções importantes no emprego sem carteira e doméstico. Foram menos 66 mil no trabalho doméstico. Isso significa que o mercado criou alternativas para entrada no mercado desses trabalhadores - afirmou Sérgio Mendonça, economista do Dieese.

Diante dessa situação, Cristiano Souza, economista do Banco Santander, diz que a pressão da falta de mão de obra, principalmente qualificada, vai continuar este ano. E o ritmo de melhora vai diminuir. O banco projeta taxa de desemprego média em 2011 de 7%.

"A inflação funcionou como uma barreira ao rendimento"

Para Sérgio Mendonça, do Dieese, ainda não há um apagão de mão de obra generalizado no mercado. Mas a situação preocupa em algumas áreas:

- Com 6,7% de desemprego pelo IBGE e 11,9% pelo Dieese, não dá para dizer que haja um gargalo. Há falta de engenheiros, carpinteiros, soldadores. São situações pontuais.

O rendimento médio real também alcançou seu maior nível no ano passado. Chegou a R$1.490,61, uma alta de 3,8% frente a 2009. Um aumento semelhante ao captado em 2009, de 3,2%, quando o mercado de trabalho sofria as consequências da crise global, e a taxa de desemprego média subira de 7,9% para 8,1%. Segundo Azeredo, do IBGE, o aumento da inflação teve o seu papel nesse "progresso mais tímido" no rendimento:

- Havia uma expectativa de que iria aumentar ainda mais o rendimento no ano passado. A inflação funcionou como uma barreira ao progresso do rendimento - afirmou Azeredo. 

Alta forte do emprego faz massa salarial subir 7,6%

Autor(es): João Villaverde e Luciana Otoni | De São Paulo e Brasília
Valor Econômico - 19/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/19/alta-forte-do-emprego-faz-massa-salarial-subir-7-6
 


A forte geração de empregos com carteira assinada nos últimos anos, que culminou com a geração de 2,5 milhões de vagas no ano passado, combinada com a ampliação nos rendimentos reais levou a massa salarial real a acumular no ano passado o quinto ano consecutivo de avanço expressivo - salto de 7,6% entre 2009 e 2010. O aumento leva em conta o estoque de emprego registrado nas pesquisas do Ministério do Trabalho e o rendimento médio real por trabalhador no setor privado, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mercado de trabalho poderia ter registrado saldo de um milhão de vagas a mais não fosse a precária qualificação da mão de obra. A estimativa, feita por técnicos do Ministério do Trabalho, foi revelada pelo ministro Carlos Lupi em entrevista ao Valor. Para Lupi, que aposta em novo recorde no Caged neste ano - saldo de três milhões de empregos - o grande desafio do país está em ampliar a qualificação dos trabalhadores.
Os gastos do governo federal, por meio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com programas de qualificação foram 73% menores sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) na comparação com os gastos feitos durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando, porém, o saldo de empregos formais foi 150% inferior. Segundo o ministro, os dados "levam em conta apenas os gastos do Codefat". Ele disse que o Ministério implementa gastos mais elevados, mas o não soube informar quanto foi gasto em qualificação durante os últimos anos.
A alta no emprego em 2010 contou com uma manobra contábil do Ministério do Trabalho, que ontem divulgou números "inflados" de geração de vagas no ano passado ao incorporar no resultado final as informações dadas pelas empresas fora da data oficial de coleta (dia 6 do mês subsequente). De janeiro a novembro, um saldo de 387 mil registros foi feito fora da data limite. Em outros anos, o governo nunca incorporou esse registro fora de data nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O ministério, tradicionalmente, faz essa correção na divulgação da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Desta vez, eles foram antecipados e permitiram atingir a meta, lançada por Lupi no início de 2010, de gerar 2,5 milhões de empregos formais. Junto com essa "mudança", o governo, também pela primeira vez, não liberou todos os dados do Caged no seu site até às 21 horas de ontem.
Sem considerar o adiantamento excepcional de empregos, o saldo de empregos formais em 2010 foi de 2,1 milhões, dado que considera o corte de 407,5 mil postos de trabalho em dezembro.
Com o corte de 153 mil vagas em dezembro, a indústria de transformação fechou o ano com saldo de 536 mil postos de trabalho formais, representando 21,3% do total de empregos gerados no ano - resultado superior ao de 2008 e 2009, quando o setor sofria os reveses da crise mundial. No entanto, o desempenho tímido do setor, que costuma pagar salários maiores, não atrapalhou o salto da massa salarial no ano passado. Mesmo desconsiderando os rendimentos de militares e do funcionalismo, o rendimento médio real no setor privado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) em sete capitais aumentou 1,4% entre janeiro e novembro, enquanto o emprego formal cresceu 6,1% em 2010 (pelo Caged).
Os principais empregadores, comércio e serviços, também apresentaram saldo negativo em dezembro, de 14 mil e 75 mil, respectivamente, mas registraram expressivo resultado em 2010. Enquanto o varejo terminou o ano com 601,8 mil mais comerciantes, o setor de serviços registrou saldo de um milhão de trabalhadores. Já o setor de construção civil registrou fechamento líquido de 80 mil vagas no mês passado - no ano, o saldo foi de 329,1 mil empregos formais.
O ministro do Trabalho espera ter aprovado ainda neste ano, pelo Congresso, um projeto que prevê a vinculação do seguro-desemprego à frequentação de um curso de qualificação. "A frequência será fiscalizada pelo Ministério, que também zelará pela qualidade dos cursos", diz Lupi.


DESEMPREGO É O MAIS BAIXO EM 8 ANOS, MAS INFLAÇÃO CORRÓI RENDA

DESEMPREGO É O MENOR EM 8 ANOS, MAS INFLAÇÃO JÁ CORRÓI RENDA DO TRABALHADOR
Autor(es): Alessandra Saraiva
O Estado de S. Paulo - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/desemprego-e-o-mais-baixo-em-8-anos-mas-inf1acao-corroi-renda
 
O ano de 2010 foi o melhor momento do mercado de trabalho brasileiro nos últimos oito anos, com o menor nível de desemprego desde 2003 e patamar recorde no número de empregados. Mas a alta da inflação ajudou a corroer a renda do trabalhador, que mostrou queda em dezembro e avanço tímido em todo o ano, em relação ao ano anterior.
Taxa anual de 2010 é de 6,7%, em dezembro foi de 5,3% ante 5,7% de novembro; renda média registrou queda de 0,7% em dezembro
 
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego recuou de 5,7% para 5,3% de novembro para dezembro, e terminou 2010 com média anual de 6,7%, bem abaixo da taxa de 8,1% apurada em 2009.
O número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho foi de 22 milhões, o maior patamar da nova série da PME, iniciada em 2002 e cujos dados anuais começaram a ser apresentados em 2003. Além disso, o total de desempregados em 2010, de 1,6 milhão, foi o menor da série.
Mesmo com os dados positivos de dezembro e de 2010, o cenário brasileiro não aponta para um "pleno emprego" no mercado de trabalho, para o gerente da PME e economista do IBGE, Cimar Azeredo. Segundo ele, nem todas as taxas de desemprego entre as seis regiões metropolitanas estão mostrando o mesmo cenário.
No caso da região metropolitana do Recife, por exemplo, a taxa de desemprego foi de 8,7% em 2010."É muito cedo para se falar em pleno emprego. Temos um país com diferenças regionais bastante precisas", afirmou o técnico.
Renda. Os dados positivos de emprego no mercado de trabalho não se refletiram, em igual magnitude, nos ganhos do trabalhador. Embora tenha subido 3,8% em 2010 ante 2009, a renda média caiu 0,7% em dezembro em relação a novembro. Isso porque a inflação deu um salto no ano passado, com alta de 5,91% no IPCA, ante 4,31% em 2009.
"A inflação, de certa forma, funciona como uma espécie de barreira ao crescimento do rendimento do trabalho", afirmou Azeredo.
O técnico do IBGE admitiu que, não fosse o cenário de inflação mais elevada em 2010, contra 2009, a renda do trabalhador poderia ter apresentado um avanço mais expressivo, no mesmo período de comparação.

Falta de correção de tabela do IR corrói parte dos aumentos reais

Autor(es): Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 18/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/18/falta-de-correcao-de-tabela-do-ir-corroi-parte-dos-aumentos-reais
 

 
A falta de correção da tabela de Imposto de Renda (IR) para 2011 irá corroer uma parte expressiva dos aumentos reais obtidos por algumas categorias nas negociações salariais do ano passado. O impacto depende da data-base da categoria e também do salário do trabalhador.
Na negociação salarial dos metalúrgicos do ABC, em setembro, foi negociado um aumento real de 4,52% (pago além da inflação). Para quem ganha o que é considerado a média salarial da categoria, esse ganho real pode cair para 3,22% quando a conta inclui a parcela a mais que o trabalhador passará a pagar de Imposto de Renda este ano. Para quem está no teto, o reajuste real cai pela metade - de 4,52% para 2,15% porque o desconto do IR é maior. Nos químicos, considerando o salário médio, o aumento real ficou em 1,34%, levando em consideração o Imposto de Renda extra deste ano, percentual que é bem menor que os 2,48% acima da inflação negociados na data-base. Os cálculos foram feitos pela ASPR Auditoria e Consultoria.
A perda com o IR acontece porque não houve correção de valores para as faixas salariais da tabela progressiva. Ou seja, os trabalhadores terão seu imposto devido sobre os salários deste ano calculados com base na mesma tabela que vigorou no ano passado. A última correção da tabela progressiva aconteceu de 2009 para 2010, quando as faixas de valores tiveram reajuste de 4,5%.
Sem nenhum tipo de correção para este ano, um simples reajuste de salário pela inflação pode fazer um trabalhador, que antes estava inteiramente na faixa de isenção do imposto, passar a contribuir com 7,5% sobre uma parcela do valor do contracheque. Nesse caso, esse trabalhador terá, na prática, uma elevação de salário abaixo da inflação.
No caso das categorias que tiveram reajuste real, como metalúrgicos do ABC, químicos e bancários, por exemplo, a tendência é uma correção com ganho real menor. O levantamento da ASPR mostra, por exemplo, que um metalúrgico do ABC com salário de R$ 2.326,44 em janeiro do ano passado, por exemplo, estaria ganhando R$ 2.535,82 atualmente. A correção considera o aumento total de 9% obtido pela categoria, composto pela reposição da inflação (4,29%) mais aumento real de 4,52%.
Com o novo salário, porém, esse metalúrgico passou a pagar R$ 99,43 de Imposto de Renda ao mês. Em janeiro do ano passado, pagava R$ 68,03. "Isso acontece, porque todo o aumento de salário obtido por esse trabalhador ficou sujeito ao pagamento de 15% de IR, que é a faixa que o valor já alcança na tabela", diz Isabella Gomes, da ASPR. Com a mordida do IR, o aumento de salário líquido desse trabalhador fica em R$ 177,97, o que resulta num reajuste real de 3,22%.
No caso do metalúrgico do ABC que ganhava o teto de R$ 7 mil no ano passado, a corrosão do aumento real é maior. A explicação é simples. Esse trabalhador fica sujeito à alíquota máxima da tabela, de 27,5% (paga por todos que recebem mais de R$ 3.743,19). Com o reajuste de 9% obtido no ano passado, o salário hoje é de R$ 7.630, e ele é obrigado a pagar R$ 173,25 a mais de IR em relação ao valor retido antes. Esse aumento do IR reduz seu aumento real de salário 4,52% para 2,15%.
Com o mesmo tipo de cálculo, e levando em conta as médias salariais da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, o reajuste real de 2,48% obtido pelos químicos no ano passado cai para 1,34%. Foi levada em consideração uma média salarial de R$ 2.382,14 em 2010. O valor alcança a faixa salarial de 15%. A categoria obteve no ano passado aumento total de 8%, sendo a inflação de 5,39%. No salário considerado como teto, a elevação real cai de 2,48% para 0,39%.
No caso dos bancários, o reajuste real de 3,08% cai para 1,1% levando em conta a média salarial paga pelas instituições financeiras. O efeito é grande nesse caso, explica Isabela, porque a média salarial levada em consideração - R$ 3.840,57 - já alcança a faixa de 27,5% na tabela de IR.


Desocupação no país é uma das mais baixas

O Globo - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/desocupacao-no-pais-e-uma-das-mais-baixas
 
Num ranking de 37 nações, Brasil ocupa a 29ª posição e foi um dos poucos a reduzir a taxa


O Brasil fechou o ano passado com uma taxa de desemprego das mais baixas numa comparação com 37 países, feita pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Pelo estudo, a maioria dos países da Zona do Euro ainda ostenta desemprego superior a 2010. Na região, o desemprego atingiu 10% dos trabalhadores. Em 2009, estava em 9,4%. Já na América Latina e Caribe, o movimento foi inverso. A taxa de desemprego passou de 8,2% para 7,6%:

- Muitos países da América Latina reduziram o desemprego a reboque do Brasil. Vimos isso na Argentina (a taxa caiu de 8,7% para 7,8%), no Paraguai (de 8,2% para 7,8%), no Uruguai (7,7% para 7,1%). Foi a força da economia brasileira no ano passado que se refletiu nos vizinhos.

O ranking do desemprego é liderado pela Espanha, onde 20% da força de trabalho está à procura de uma ocupação. Agostini afirma que os países com crises fiscais são os que apresentam as maiores taxas. Não por acaso, Irlanda ocupa o terceiro lugar no ranking, com desemprego de 13,5%. Em 2009, a taxa ficara em 11,9%. Em Portugal, situação semelhante. A taxa de desocupação saiu de 9,6% para 10,9%.

- A questão crítica do desemprego ainda está na Europa com níveis de desemprego historicamente elevados.

Desemprego nos EUA subiu de 9,3% para 9,7%

Nos Estados Unidos, a falta de vagas fez a taxa subir de 9,3% em 2009 para 9,7% em 2010. Taxa bastante alta quando a comparação é feita com 2007, quando o desemprego atingia menos da metade da força de trabalho americana. Naquele ano, a taxa ficara em 4,6%.

- O Brasil está a um passo à frente no emprego. O mercado de trabalho fortalece a demanda doméstica e o país não fica tão refém da recuperação do setor externo para manter a atividade econômica aquecida. (Cássia Almeida)

Quase 800 mil pessoas deixam a informalidade

Autor(es): Edson Ruiz/Valor
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/quase-800-mil-pessoas-deixam-a-informalidade
 

Carlos Alberto dos Santos: serviços para órgãos públicos com formalização.
A formalização da economia brasileira ganhou novos contornos em 2010. Depois de um começo incerto, a figura do empreendedor individual "pegou" e ganhou projeção com a adesão de 847 mil pessoas à regulamentação - criada em 2008 e em vigor desde o segundo semestre de 2009. Mesmo tendo projetado 1 milhão de adesões para o ano passado, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) considera o resultado extremamente satisfatório, diz o diretor técnico da instituição, Carlos Alberto dos Santos.
Na visão de Santos, com um custo relativamente baixo (máximo de R$ 62,10 por mês), esses mais de 800 mil trabalhadores formalizados passaram a ter cidadania econômica e a desfrutar de benefícios que antes eles nem sequer poderiam sonhar, como acesso à Previdência Social. Entre mais de 400 atividades diferentes, entraram para a legalidade os negócios de 77 mil vendedores ambulantes, 58 mil salões de beleza, 22 mil fast foods, entre outros. Para 2011, o Sebrae Nacional aposta na formalização de outras 500 mil a 800 mil pessoas, praticamente dobrando o número de empreendedores individuais (Eis). Só entre o dia 1º e 21 de janeiro foram formalizados mais 46.183 negócios, segundo o Sebrae, média de 2,5 mil por dia.
O diretor técnico do Sebrae relata o caso de um chaveiro de Brasília. Estabelecido na cidade há cerca de 30 anos, o profissional formalizou-se em 2010 e, quase imediatamente, recebeu a encomenda de aproximadamente 270 chaves de um órgão público. O serviço, equivalente a quase um mês do faturamento de seu quiosque, não podia ser feito antes da formalização pelo simples fato de o chaveiro não poder emitir a nota fiscal exigida para justificar despesas públicas.
"O Brasil tinha números vergonhosos de informalidade que chegavam a dois negócios informais para um formal", comenta Santos. "Chegou a superar 10 milhões de empreendimentos sem nenhuma regularização." Em 2010, pela primeira vez desde a crise econômica dos anos 1980, o país terminou o ano com menos informais que no exercício anterior, comenta o diretor técnico do Sebrae.
Santos aponta alguns ganhos conseguidos com a formalização dos negócios individuais. Por um custo baixo para regularizar o negócio (equivalente a R$ 2 por dia), o empreendedor ganhou acesso à Previdência, passou a ter comprovação que permite um relacionamento mais profissional com o sistema de crédito, pode ter acesso a preços, produtos e fornecedores mais variados e qualificados. De quebra, ainda gerou emprego. Pela regulamentação, cada EI pode ter um empregado com registro em carteira. Nas contas do Sebrae Nacional, os 847 mil negócios regulamentados em 2010 proporcionaram a formalização de 820 mil empregos formais - 97 para cada 100 atividades regularizadas.
Para o coordenador do centro de empreendedorismo do Insper, Marcos Hashimoto, iniciativas como a criação do EI e o desejo manifesto pelo governo de Dilma Rousseff de transformar parte dos beneficiários dos programas sociais em empreendedoree de reduzir os encargos sobre a contratação de empregados dão um novo destaque ao empreendedorismo no Brasil.
Hashimoto acha "possível e necessário" incentivar o microempreendedorismo, categoria que ele considera "não muito valorizada", mas é justamente a que mais responde aos incentivos e que está mais bem alinhada com as políticas sociais. "Está provado que a base da pirâmide tem grande capacidade de mobilização quando impulsionada por políticas públicas", argumenta. Números do Sebrae corroboram sua opinião. Segundo Carlos Alberto dos Santos, a criação do Simples (o regime tributário simplificado das microempresas) contribuiu para aumentar em 70% o emprego formal de 2006 a 2008. Nas contas da entidade, as MPEs respondem por 53,2% dos empregos formais no país.
Hashimoto diz que iniciativas nesse sentido têm grande potencial de crescimento no microvarejo, desde que se criem condições para que o ganho de receita desses microempreendedores compense o imposto que terão de pagar. Segundo ele, a área de serviços também tem potencial para ampliar sua participação nos pequenos negócios formais, mas é um segmento que requer alguma especialização e que, portanto, pressupõe certa formação profissional dos candidatos, nem sempre possível.
Hashimoto vê nessas iniciativas os meios de reduzir a profunda informalidade da economia brasileira. Segundo ele, pesquisas apontam de 60% a 70% de informalidade na economia brasileira, entre negócios não registrados e práticas informais dentro de negócios formais (como não emissão de nota). "Eu duvidava desses números, mas são tantos os estudos e tantos os indícios que passei a acreditar que eles não estão tão longe da realidade".


Ipea: emprego avança, relações trabalhistas, não

Autor(es): A gência o globo : Liana Melo
O Globo - 20/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/20/ipea-emprego-avanca-relacoes-trabalhistas-nao
 
Estudo mostra que 37% dos assalariados veem risco à saúde no trabalho e 29,4% têm jornada excessiva


O mercado de trabalho cresceu com força nos últimos anos, pulando de uma geração de postos de emprego de 650 mil anuais, entre 1999 e 2003, para 2,1 milhões de novas vagas no ano passado, mas as relações trabalhistas continuam frágeis. E nem mesmo uma carteira assinada vem sendo suficiente para garantir uma sensação de proteção ao trabalhador.

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que 37,2% dos assalariados enfrentam situações que colocam a saúde em risco ou suas vidas em perigo. E 56,8% deles afirmam que não recebem adicional de insalubridade ou de periculosidade no salário.

- O país mudou de patamar do ponto de vista do emprego, mas a discrepância em relação à qualidade das relações de trabalho continuam - diagnostica André Gambier, um dos autores do estudo "Direitos do Trabalhador e Qualificação Profissional", que será o primeiro de uma série que o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) está produzindo. - A segunda etapa da pesquisa, que inclui informações sobre renda, já está ficando pronta.

Só 10% dos formais não recebem por hora extra

A pesquisa mostrou que os trabalhadores informais não enxergam no excesso de trabalho a caracterização de hora extra: 91,3% dos não formalizados dizem que não fazem horas extras.


- O que talvez ocorra é que esse sobretrabalho dos informais não é por eles encarado como a realização de horas extras, sendo percebido como parte integrante do tempo normal do seu trabalho.

Já entre os com carteira assinada, este índice é de 29,4%. As horas extras entre os formais, porém, são reconhecidas: 89,4% recebem adicional ou têm esse excesso de trabalho compensado em banco de horas.



- Não menos que 30% dos trabalhadores por conta própria relataram ter muito pouco controle sobre a duração de seu trabalho. Outros 10,4% afirmaram que trabalham com uma jornada excessiva, mas recebem pouco como retribuição monetária - concluiu Gambier.

Discriminação atinge 8,3% e assédio, 4,9%

Autor(es): A gência o globo :
O Globo - 20/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/20/discriminacao-atinge-8-3-e-assedio-4-9
 
Mas apenas 2,5% dos trabalhadores formais denunciam abusos

A discriminação também está presente no mercado de trabalho. Entre os trabalhadores formais, 8,3% relataram que há casos de discriminação em seu trabalho. Entre os informais, 5,6% deram a mesma resposta. O assédio - moral ou sexual - também está presente em 4,9% dos casos, para os trabalhadores formais, e em 0,9% para os informais.

O desrespeito aos direitos do empregado pode ser explicado, segundo a pesquisa do Ipea, pelo fato de a "hegemonia do empregador" não ter sido quebrada. O técnico do Ipea André Gambier afirma que esse é um dos principais motivos porque os trabalhadores não denunciam os abusos cometidos.

Apenas 2,5% dos trabalhadores com carteira assinada afirmaram usar os canais competentes, como sindicatos, associações, ministérios públicos ou Justiça do Trabalho, para denunciar algum tipo de arbitrariedade ocorrida no ambiente de trabalho. Já entre os informais, o nível é bem menor: 1%.

Rede de contatos é mais importante que formação

A pesquisa, que ouviu três mil trabalhadores no país inteiro, também surpreendeu positivamente os técnicos do órgão. A maior incidência de discriminação ocorreu, segundo relato dos entrevistados, devido à idade do trabalhador - o que também surpreendeu os pesquisadores. O nível de assédio ou discriminação ficou abaixo do esperado.

Ficou comprovado ainda que ter uma boa rede de contatos é importante para conseguir emprego. As referências pessoais foram o segundo item mais apontado pelos trabalhadores com carteira assinada como a principal exigência do empregador na hora da contratação, com 21,3% das respostas. Perdeu apenas para o item "experiência na atividade" que, segundo 23,1% dos empregados formais entrevistados foi a principal exigência para garantir a vaga. Formação escolar e técnico-profissionalizante tiveram menor peso: 12,4% dos entrevistados citaram essas qualificações como fundamentais para garantir o emprego. (Liana Melo)

IBGE: comércio brasileiro tem expansão de até 11%

O Globo - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/ibge-comercio-brasileiro-tem-expansao-de-ate-11
 

Em novembro, oito dos dez segmentos do varejo pesquisados tiveram alta de vendas


As vendas no varejo brasileiro cresceram 1,1% em novembro, registrando o maior expansão mensal desde agosto e ficando acima do esperado. A alta em relação ao outubro passado foi a sétima seguida, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a igual mês de 2009, houve expansão de 9,9%.


Analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters previam uma alta mês a mês de 0,55% . Já a elevação anual prevista era de 9,5%. No acumulado de janeiro a novembro do ano passado, as vendas do comércio cresceram 11% e a receita nominal aumentou 14,4%.

Na comparação mensal, oito dos dez segmentos do varejo pesquisados tiveram aumento de vendas, sendo as maiores as de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (10,5%); livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%) e móveis e eletrodomésticos (2,4%).


Setor de veículos tem expansão de 30% no ano

Em relação a novembro de 2009, todas as atividades cresceram, com destaque para veículos e motos, partes e peças (30,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (23,2%).



Ainda de acordo com o IBGE, a receita nominal do comércio registrou alta de 1,2% em novembro em relação a outubro e de 14,8% frente a igual mês de 2009.


2010: o ano do comércio

Autor(es): Cristiane Bonfanti
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/2010-o-ano-do-comercio
 

Puxadas pela renda, vendas do varejo aumentam 1,1% em novembro, acumulando alta de 11% no ano. Crescimento é recorde

A disposição dos brasileiros em consumir está fazendo a festa do comércio varejista. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor apresentou crescimento de 1,1% no volume de vendas em novembro em relação ao mês anterior. Com esses números, o varejo completou sete meses consecutivos de taxas positivas. As vendas registraram alta de 9,9% na comparação com novembro de 2009 e de 11% no acumulado do ano. É a primeira vez que o desempenho anual pode ultrapassar dois dígitos.

Entre os itens mais procurados pelos consumidores estão os móveis e os eletrodomésticos. As vendas cresceram 2,4% entre outubro e novembro. A secretária Angela Ferreira Ponte, 31 anos, visitou as lojas ontem à procura de um ar-condicionado. No início do mês, ela comprou uma televisão de mais de R$ 1 mil, em 10 parcelas. “Os preços estão mais acessíveis. Agora, quero pagar até R$ 800 no novo aparelho. Ao longo do ano, vou trocar os móveis da casa”, planeja Angela.
Técnico da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, Nilo Lopes atribuiu o crescimento nas vendas ao bom desempenho econômico vivido pelo Brasil ao longo do ano. “Temos condições favoráveis. A renda do trabalhador melhorou, os importados estão mais baratos e o brasileiro está otimista em relação ao futuro”, avaliou. O economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Fábio Bentes calculou que, em 2011, as vendas vão crescer 8,3%, quase dois pontos percentuais a menos que em 2010. “Quando os dados forem fechados, veremos que o ano de 2010 será o melhor da década para o setor. Mas, no ano que vem, a economia vai estar menos aquecida e a oferta do crédito, menor. De qualquer forma, será um bom resultado”, afirmou Bentes.

A dona de casa Fernanda Maria de Vasconcelos Calixto, 48 anos, pretende engordar as estatísticas neste ano. Ontem, ela saiu de casa para pesquisar os preços de um guarda-roupa, pelo qual quer desembolsar até R$ 600. “Vou comprar porque preciso trocar esse móvel em casa. Não fosse isso, economizaria. Vou parcelar sem juros, pois as taxas são altas demais”, disse.

À vista
O servidor público aposentado Walmir Alves dos Santos, 58 anos, está bem disposto para consumir. Ele guardou R$ 2 mil do 13º salário para comprar uma geladeira. Há dois meses, levou para casa um aparelho de som no valor de R$ 2 mil, divididos em 10 parcelas. “Estamos aproveitando os preços para renovar a casa. Agora, quero comprar à vista, pois já tenho muitos compromissos pela frente”, observou.

Além de eletrodomésticos e móveis, que tiveram a terceira maior elevação no volume de vendas, sete de 10 atividades obtiveram variações positivas em relação a outubro. As principais foram equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; livros, jornais, revistas e papelaria; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; material de construção; outros artigos de uso pessoal e doméstico; veículos e motos, partes e peças; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Por outro lado, caíram as vendas de tecidos, vestuário e calçados e de combustíveis e lubrificantes. “Com o aumento no preço do álcool e da gasolina, muitos deixaram o carro mais tempo na garagem”, explicou Nilo Lopes, do IBGE.


PIB caminha para os 5%

Luiz Carlos Azedo
Victor Martins


Mesmo com toda a robustez demonstrada pelo varejo — graças ao aumento do poder de compra dos consumidores —, o ritmo de crescimento da economia está perdendo fôlego. Foi o que constatou o Banco Central. Pelas suas contas, a atividade registrou expansão de 0,42% em novembro ante o mês anterior, quando o salto havia sido de 0,51%. Foi a primeira desaceleração do Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, na comparação mensal desde maio.

No acumulado de 12 meses, o avanço chegou a 8,33%, resultado que, na avaliação dos especialistas, reforça a necessidade de o Comitê de Política Monetária (Copom), com reunião marcada para a próxima semana, elevar a taxa básica de juros (Selic) em pelo menos 0,5 ponto percentual, dos atuais 10,75% para 11,25% ao ano. “O ritmo menor de crescimento em novembro ainda não foi suficiente para pôr fim ao superaquecimento da atividade, que pressiona a inflação”, explicou um técnico do BC.

Apontado como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br é acompanhado de perto pelos integrantes do Copom, pois sinaliza como está o comportamento da economia. Nas projeções do governo, não há motivo para apreensão. Com a atividade perdendo força, o PIB fechará 2011 com aumento próximo de 5%, ritmo que deverá ser mantido pelos próximos anos, graças à ampliação dos investimentos públicos e privados. São esses investimentos, segundo análises feitas pela presidente Dilma Rousseff com sua equipe econômica, que permitirão o controle mais eficaz da inflação e, mais à frente, abrirão espaço para a queda dos juros.

O diagnóstico do governo é o de que, com os investimentos, será preciso correr com o processo de qualificação da mão de obra, cuja escassez surge no horizonte como um dos principais entraves para o crescimento sustentado. Dilma também vem ressaltando a necessidade de agregar valor aos produtos brasileiros, por meio da inovação tecnológica. Dois setores, que, por vários anos, ficaram sem investir em pesquisa e desenvolvimento, são apontados como modelo a ser seguido: o naval e o siderúrgico, que estavam sucateados.



Preço médio dos bens importados pelo Brasil caiu 8% em 2010

Produto importado ficou 8% mais barato
Autor(es): Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/preco-medio-dos-bens-importados-pelo-brasil-caiu-8-em-2010
 

 
A combinação de um mercado aquecido com uma superoferta mundial de produtos fez o Brasil aumentar o volume de importações pagando menos pelos produtos desembarcados. No ano passado o país importou um volume total 13,9% maior que o de 2008, mas o preço médio dos desembarques caiu 8% no mesmo período. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Em 2010 as importações somaram US$ 181,6 bilhões, o que significa elevação de 5% em relação a 2008.
Com participação de 46,2% na pauta de importação, os bens intermediários puxaram para baixo a queda de preço. O volume dos desembarques dessa categoria aumentou em 6,8%, enquanto os preços ficaram 5,9% mais baixos. Em razão da demanda aquecida no mercado doméstico, algumas categorias chegaram a apresentar aumento de preço médio de importação no período. Essas elevações, porém, foram muito pequenas na comparação com o aumento de volume.
As importações de bens de consumo duráveis, por exemplo, cresceram 46,9% em volume. O avanço do preço médio do desembarque, porém, foi de apenas 3,1%. "O aumento não chegou nem a repor a inflação. O mais natural seria que os preços das importações subissem mais em função da demanda do mercado interno. Isso só não aconteceu porque o Brasil surgiu como um dos mercados para os quais todo o mundo quer vender", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

"Com superoferta de produtos, os importadores brasileiros puderam comprar volumes maiores e negociar preços melhores", acrescenta Castro. Segundo ele, a evolução de volume e preço indica que até fornecedores mais tradicionais, incluindo os chineses, provavelmente reduziram seus preços para não perder mercado. Mesmo para o exportador chinês, que contou com a valorização do yuan frente ao dólar, isso pode ter significado abrir mão de um pedaço do lucro.
"Até 2008, a evolução dos preços das importações refletiu a expansão do mercado internacional", acredita Lia Valls, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 2009, lembra, o efeito da crise financeira quebrou o ritmo de crescimento. No ano passado, criou-se uma pressão pela compra de bens pelos países emergentes, que apresentaram crescimento forte ao mesmo tempo em que havia recuperação mais lenta dos países desenvolvidos. Essa pressão, diz Lia, ajuda a explicar o contraste no comportamento de volumes e preços dos desembarques.
Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex, lembra que o ritmo de crescimento do volume das importações seguiu a tendência que já havia surgido no período pré-crise. "Houve uma interrupção temporária em 2009, mas existia uma evolução forte na quantidade importada em todas as categorias, sendo mais acentuada em bens de consumo duráveis e em bens de capital."
Segundo os dados da Funcex, no ano passado o Brasil importou mais que o triplo do que havia desembarcado em quantidade de bens de consumo não duráveis em 2006. Ribeiro explica que o crescimento nos desembarques desses bens pode ser explicado em parte pela baixa base de comparação, principalmente em 2002 e 2003. "Essa importação é muito sensível ao câmbio e à demanda doméstica, que tem crescido mais rapidamente que a capacidade produtiva e transbordado para as importações." Com os bens de capital, avalia Ribeiro, o fenômeno é parecido. "Os investimentos estão altos e parte disso está sendo direcionada para fora, com importação de bens de capital", acrescenta. Em 2010 a quantidade desembarcada de bens de capital aumentou 23,4% enquanto os preços médios de categoria tiveram queda de 3%, sempre em relação a 2008 (porque a crise transformou 2009 em um ano atípico).
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os dados mostram a forte penetração dos importados no consumo interno, com perda da indústria nacional. Segundo ele, o cenário deve permanecer em 2011 caso não haja mudanças. "O câmbio continua com valorização do real, apesar das tentativas de contenção do governo e do Banco Central, e temos muitas distorções competitivas." Além do câmbio favorável, o excesso de oferta de produtos industrializados no mercado internacional propicia estabilidade ou queda de preços na importação desse produto, diz Ribeiro. É o contrário do que vem acontecendo com as commodities que, com demanda forte, têm os preços pressionados para cima. "É isso que tem permitido ao Brasil comprar mais barato e vender mais caro", analisa Ribeiro.
Ao contrário das importações, as exportações brasileiras totais caíram em termos de volume e apresentaram aumento de preço. A queda na quantidade exportada foi de 2,2% em 2010 na comparação com 2008. No mesmo período houve aumento de 4,4% no preço médio das vendas ao exterior. No ano passado, as exportações somaram US$ 201,9 bilhões, com aumento de 2% em relação a 2008. Os básicos, que incluem as commodities, foram os que tiveram o melhor desempenho, com crescimento de 14,5% em volume e 7,5% de elevação no preço médio. As vendas de manufaturados ao exterior, ao contrário, perderam 16% em volume e tiveram aumento de preços de apenas 2,1%.
Ribeiro não acredita que o cenário do comércio exterior mude num período curto. Para ele, a grande diferença acontecerá em função do mercado interno. Ele lembra que até mesmo medidas para aumento de competitividade têm efeito relativo com crescimento interno elevado. Hoje, a indústria nacional está com sua produção voltada ao consumo doméstico, sem estímulos à exportação. Ele exemplifica com o setor automobilístico. Em 2003 e 2004, lembra, o setor procurava exportar porque tinha 50% de capacidade ociosa. Hoje, as indústrias voltaram a ter sua produção sustentada por um mercado doméstico com demanda tão grande que tem propiciado uma importação maior de veículos. Para ele, é necessário um controle da demanda interna.






Financiamento do Proex a exportação cresce 55%, para US$432,4 milhões

Autor(es): A gência o globo : Vivian Oswald
O Globo - 17/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/17/financiamento-do-proex-a-exportacao-cresce-55-para-us-432-4-milhoes
 

BRASÍLIA. O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) teve o melhor desempenho dos últimos cinco anos em 2010, com desembolsos de US$432,4 milhões para o financiamento das vendas do país no exterior. Trata-se de um crescimento de 55% em relação ao ano anterior. Considerando não só os empréstimos, mas também as operações de equalização de juros, o Banco do Brasil (BB) estima que o programa tenha alavancado US$4 bilhões em exportações no ano passado. O volume total de vendas ao exterior fechou o ano em US$201,9 bilhões.

Mas o foco do Proex é estimular as exportações sobretudo das micro, pequenas e médias empresas, que corresponderam a 85% do público atendido no período. Os setores que mais se beneficiaram do programa foram os de agronegócios, têxteis, couros e calçados, máquinas e equipamentos, produtos minerais e transportes, cobrindo mais de 90% da pauta de exportações brasileiras.

- O conhecimento e a experiência do BB em comércio exterior é importante na gestão do programa. Usamos as 18 gerências para usar a capilaridade do banco. Tivemos nosso melhor resultado de cinco anos e ainda alcançamos nosso principal objetivo de atingir as empresas menores - disse o gerente executivo da Diretoria Internacional e de Comércio Exterior do BB, Everton Dalnei Fauth.

China, Alemanha, França, Itália e Cuba foram os principais destinos dessas exportações. Em 2010, uma única empresa do setor de couros e calçados financiada pelo BB conseguiu bater o recorde de países nos quais quis garantir espaço para os seus produtos. Uma outra companhia do mesmo setor exportou para 26 clientes diferentes.

Além da variedade de clientes, os exportadores têm conseguido levar os produtos brasileiros a mercados tidos como exóticos. Estão nesta lista Gana, Guadalupe, Guiana Francesa, Islândia, Senegal, Trinidad e Tobago, Uganda, Vietnã e Zâmbia.


O grande salto das pequenas empresas

Pequenos vão de carona
Autor(es): Cristiane Bonfanti
Correio Braziliense - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/o-grande-salto-das-pequenas-empresas
 
NEGÓCIOS
Bom momento da economia contamina micro e pequenas empresas, que planejam investir e aumentar os lucros ao longo do ano. Setores como a construção civil, o comércio e os serviços são as grandes estrelas

Cansadas do papel de meras coadjuvantes do crescimento econômico, micro e pequenas empresas (MPEs) pegam carona na onda de prosperidade que empurra as grandes companhias e os setores brasileiros. Beneficiados por pesados investimentos públicos e privados, além da elevação do nível de emprego e da renda, esses negócios decidiram ampliar seus horizontes à procura de boas oportunidades e, claro, mais lucros. As condições para alcançar tais objetivos são as melhores possíveis em 2011.

Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que, em função dos preparativos para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, construção civil, tecnologia da informação, agronegócio, madeira e móveis, o comércio varejista e os serviços são os segmentos mais promissores para quem espera faturar alto neste e nos próximos anos. Motivos para confiar no futuro não faltam. Dados da Serasa Experian provam que o fantasma da falência já não assusta mais como antigamente: de janeiro a dezembro de 2010, por exemplo, houve 653 decretos que levaram ao fechamento das portas — número inferior aos 831 registrados em 2009.

Hoje, 98% de todas as companhias estabelecidas no país são de micro e pequeno portes, o que mostra a importância desse perfil de empreendedores. “Elas funcionam como uma esponja em relação à economia. Se estamos num período de recessão, elas são as primeiras a sofrer. Se vivemos um bom momento, elas também são as mais beneficiadas”, explica Francisco Barone, coordenador do Programa de Estudos Avançados em Pequenos Negócios, Empreendedorismo e Microfinanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Aportes feitos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao lado do Minha Casa Minha Vida, impulsionam a construção civil. O empresário Paulo Roberto Balbino de Freitas, 50 anos, está atento ao cenário. Depois de ver sua loja no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Distrito Federal, ampliar em 10% ao ano as vendas em 2009 e 2010, Balbino se prepara para as novas demandas. Neste ano, vai investir cerca de R$ 800 mil na compra de uma empilhadeira, uma pá mecânica e três caminhões. “A nossa expectativa é de crescer mais 10% em 2011. Com o mercado aquecido, as pessoas estão fazendo mais obras. Além disso, os programas governamentais têm impacto no faturamento”, reforça.

Para o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, a expansão da nova classe média é um dos principais propulsores. Desde 2003, 30 milhões de brasileiros alçaram à condição de classe C, consumindo como nunca e tomando crédito a um ritmo cada vez mais acelerado. Com mais poder de compra, esse contingente de homens e mulheres passou a frequentar bares, restaurantes e a cobiçar produtos sofisticados. “O desenvolvimento também está se espalhando, saindo da Região Sudeste para o Norte e o Nordeste, o que favorece enormemente os negócios”, ressalta Santos.

Sobrevivência
No Nordeste, o índice de empresas que fecham antes de completar dois anos de criação caiu de 46,7% para 18,9% desde 2002. No Sudeste, de 48,9% para 16,1%. Em todo o Brasil, de 49% para 22%. Os estados com melhores resultados quanto à sobrevivência de MPEs são Espírito Santo, Minas Gerais e Sergipe, com mais de 85% de empresas que não fecharam as portas. Em contrapartida, Roraima, Acre e Amapá apresentaram as maiores taxas de mortalidade, entre 37% e 50%. “Numa economia capitalista, as empresas sempre vão fechar. Mas, graças ao crédito para o consumo e a iniciativas como o Super Simples — que reduz a carga tributária para os empreendimentos de pequeno e médio porte —, a taxa de mortalidade tem caído de forma paulatina”, adverte o diretor técnico do Sebrae Nacional.

Na avaliação da professora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação e empreendedorismo, Marina Figueiredo Moreira, a redução nos índices de falência também contribui para amenizar o custo social do país. “Quando uma empresa fecha, famílias perdem empregos e ficam endividadas. Não é um custo apenas econômico. O bom é que vemos uma reversão nesse quadro”, resume Marina.

 
Jogo que não permite erros

Se quiserem tirar proveito dos bons ventos que sopram a favor neste ano, os micro e pequenos empresários precisarão, antes de tudo, vencer obstáculos. Em meio a um emaranhado de leis, carga tributária elevada e dificuldades crônicas de contratar mão de obra, as maiores chances de ampliar os lucros estarão concentradas nas mãos de quem se modernizar e estiver atento à realidade do mercado. “É fundamental ter informação e conhecimento. Com uma concorrência tão acirrada, os profissionais precisam entender as tendências e os desejos dos clientes. Não adianta achar que o que deu certo ontem vai funcionar hoje”, lembra o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos.

O empresário do ramo da tecnologia da informação Roberto Bretas, 48 anos, aprendeu a receita. Há três anos, ele abriu um negócio para vender equipamentos e programas de informática para órgãos governamentais e, nesse período, saiu da posição de micro para pequena empresa — com faturamento de até R$ 2,4 milhões por ano. “O mercado tem instituições públicas com grandes e complexas estruturas. Precisamos saber com profundidade o que cada cliente quer”, diz Bretas. As perspectivas para 2011 são positivas. “Este é um ano mágico, de franco crescimento. Hoje, tenho 12 funcionários, mas quero contratar outros 15. Além disso, vou investir na especialização da equipe”, planeja.

A professora Marina Figueiredo Moreira, da Universidade de Brasília (UnB), afirma que o grande desafio para os empresários é oferecer produtos diferenciados. “Eles precisam investir na inovação tecnológica, com novos itens, serviços e métodos. Hoje, de cada 10 empresas abertas, nove fazem mais do mesmo”, completa a especialista. “O importante é criar uma combinação que não é encontrada na concorrência. Uma pizzaria, por exemplo, pode produzir um novo sabor ou mudar a técnica de atendimento”, justifica.

A diretora de planejamento de mercado da Publicar, Rosimery Saad, acrescenta que a importância de os executivos divulgarem seus produtos é fundamental. “Com tanta disputa, quem não investir em comunicação e mostrar sua marca vai ficar para trás”, lembra. “Outro ponto é a gestão. O problema das MPEs é que o empresário, muitas vezes, é bom em vendas, mas não entende de recursos humanos e tecnologia”, Francisco Barone, da Fundação Getulio Vargas (FGV). (CB)

Mapa da mina
Copa e Olimpíadas trazem boas
chances de turbinar o faturamento 
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Desemprego global deve bater novo recorde, diz OIT

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/desemprego-global-deve-bater-novo-recorde-diz-oit
 

 
Pelo menos 203 milhões de pessoas continuarão desempregadas no mundo até o fim do ano, nível recorde pelo terceiro ano consecutivo desde a crise econômica iniciada em 2007.
A projeção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra uma ligeira melhora em relação ao ano passado, mas confirma também que o emprego vai demorar a se recuperar nas economias desenvolvidas e o consumo continuará achatado.
A previsão é de taxa mundial de desemprego de 6,1% este ano, comparado a 6,3% ano passado. Mas as cifras não incluem o crescente número de pessoas obrigadas a aceitar trabalho parcial ou outras formas de emprego "vulnerável", com ou sem proteção.
Essas tendências estão em forte contraste com vários indicadores macroeconômicos, como PIB global, consumo privado, investimento, comércio internacional e mercado de ações, já que todos se recuperaram em 2010, superando os níveis de antes da crise.
Os números ilustram a continua mudança no crescimento econômico global, com a criação de emprego passando do mundo industrializado para nações emergentes.
Mais da metade da alta do desemprego global desde a crise ocorreu nos EUA, na União Europeia e outros países desenvolvidos, que representam apenas 15% da mão de obra global. Em contraste, em vários países emergentes, como Brasil e Tailândia, a situação do mercado de trabalho é melhor do que antes da crise.
Mesmo onde há criação de empregos, o contexto é diferente. Globalmente, cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores ocupam empregos vulneráveis, mal pagos e com pouca ou nenhuma proteção social.
Além disso, 730 milhões de trabalhadores, ou 20,7% da mão de obra global, viviam com suas famílias no limite da extrema pobreza com US$ 1,25 por dia, em 2009. Isso representa 40 milhões de pessoas a mais.
Outro problema persistente é o desemprego dos jovens. Nada menos de 78 milhões não conseguiram trabalho em 2010. Toda essa situação reflete "o terrível custo humano da recessão", diz o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
A retomada retardada do mercado de trabalho se manifesta tanto numa diferença entre crescimento da produção e alta do emprego como também entre os ganhos de produtividade e a alta dos salários reais em vários países do mundo.
No setor agrícola, o emprego aumentou em 2009, indo na contracorrente histórica. Por sua vez, a OIT insiste que a alta dos preços de alimentos representa uma "ameaça crescente", podendo provocar mais demissões se a inflação se estender a mais setores da economia.

Na AL, cresce a vulnerabilidade do trabalho

Valor Econômico - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/na-al-cresce-a-vulnerabilidade-do-trabalho
 
 
O Brasil é um dos poucos países no mundo em que a taxa de desemprego é hoje menor do que antes da crise econômica global, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Mas a entidade mostra também que, se na América Latina a retomada rápida da economia levou a forte alta do emprego, o trabalho "vulnerável" cresceu, alcançando um terço dos 253 milhões de trabalhadores da região.
Além disso, a diferença de produtividade entre a América Latina e as economias desenvolvidas piorou. Na média, o trabalhador latino-americano produz menos de um terço do que o de país rico, quando era 37% em 1999. Na Ásia, a produtividade melhorou.
Em combinação com produtividade e emprego vulnerável, as cifras indicam que em vários países da América Latina a situação melhorou em geral a criação de empregos, mas não a criação de trabalhos melhores.


China lidera investimento no país

China lidera investimento no Brasil
Autor(es): Sergio Lamucci | De São Paulo
Valor Econômico - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/china-lidera-investimento-no-pais
 

A China liderou em 2010, pela primeira vez, a lista dos países com maior investimento direto no Brasil, com um fluxo de capital de US$ 17 bilhões, pouco menos de um terço do total de ingressos de US$ 52,6 bilhões. A estimativa é da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet). Em dezembro, o investimento estrangeiro direto líquido atingiu US$ 15,3 bilhões, volume inflado pela compra de 40% do capital da Repsol pela chinesa Sinopec, no valor de US$ 7,1 bilhões.
O presidente da Sobeel, Luis Afonso lima, diz que é difícil ter uma ideia exata do valor do investimento chinês porque as companhias estatais da China enviam muitas vezes os recursos a partir de outros países. Os números do Banco Central, por exemplo, mostram apenas US$ 392 milhões de capital chinês nas operações de participação de capital em todo o ano passado. Só a operação da Sinopec com a Repsol foi de 18 vezes esse valor, mas os recursos entraram via Luxemburgo, país que oferece generosos benefícios fiscais.

A China liderou o investimento estrangeiro direto no Brasil em 2010. O fluxo de capital chinês para atividades produtivas atingiu até US$ 17 bilhões no ano passado, pouco menos de um terço do total de US$ 52,6 bilhões de ingressos para operações de participação no capital, segundo estimativas são da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet). Em dezembro, o investimento estrangeiro direto líquido ficou em US$ 15,3 bilhões, volume inflado pela compra de 40% do capital da Repsol pela chinesa Sinopec, no valor de US$ 7,1 bilhões. 
O presidente da Sobeet, Luis Afonso Lima, diz que é difícil ter uma ideia exata de quanto investimento chinês entrou no Brasil, porque as companhias do país asiático enviam muitas vezes os recursos a partir de outros países. Os números do Banco Central (BC) mostram apenas US$ 392 milhões de capital chinês nas operações de participação de capital em todo o ano passado, quando apenas a operação da Sinopec com a Repsol superou em mais de 18 vezes esse valor. A análise dos dados do BC indica que o dinheiro entrou via Luxemburgo, país que oferece generosos benefícios fiscais, aparecendo como o maior investidor em atividades produtivas no Brasil, tanto em dezembro, com US$ 7,3 bilhões, como no ano inteiro, com US$ 8,6 bilhões.
"Os investimentos chineses são fortemente concentrados em setores ligados a commodities", ressalta Lima. Em maio, a Sinochem comprou, por US$ 3 bilhões, 40% do campo de Peregrino, pertencente à petrolífera norueguesa Statoil. No mesmo mês, a State Grid adquiriu por US$ 1,7 bilhão sete companhias de transmissão de energia da Plena, de controle espanhol. Três meses antes, a Wuhan Iron & Steel (Wisco) havia comprado 21,5% do capital da MMX, a mineradora de Eike Batista, por US$ 400 milhões. Por valor idêntico, a Honbridge, do setor de mineração, fechou a aquisição do projeto Salinas da Votorantim Novos Negócios, na Bahia.
Outra operação de vulto anunciada neste ano foi a compra da Itaminas pela chinesa ECE, por US$ 1,2 bilhão. Mas, segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, o pagamento ainda não foi efetuado por conta de disputas com acionistas minoritários.
O professor Antônio Correa de Lacerda, da PUC-SP, estima que as entradas de recursos chineses ficaram em US$ 13 bilhões no ano passado. As operações já fechadas podem superar esse valor, mas nem todo o dinheiro entra de uma vez, afirma ele, que mostra preocupação com a ofensiva do capital chinês no Brasil. Com a aquisição de empresas produtoras de commodities, o país busca mais autonomia no fornecimento de matérias-primas minerais e de alimentos, além de propiciar a abertura de mercado para empresas chinesas de outros setores - a companhia que explora commodities usa equipamentos fabricados por outra empresa chinesa, exemplifica Lacerda.
Tang estima que as compras de empresas no Brasil por companhias chinesas podem ter superado US$ 20 bilhões em 2010, também ressaltando que muitas vezes a entrada de recursos não ocorre simultaneamente ao anúncio da operação.
"Somando a esses mais de US$ 20 bilhões o empréstimo de US$ 10 bilhões feitos à Petrobras [pelo China Development Bank] e os US$ 55 bilhões de comércio bilateral, a parceria com a China é de mais de US$ 85 bilhões", diz Tang. Segundo ele, até 2009, os investimentos chineses acumulados no país não passavam de US$ 400 milhões.
Para Lacerda, os números de inversões em atividades produtivas de 2010 evidenciam que a China se tornou um parceiro muito importante não apenas no comércio como também no investimento. "O mundo e o Brasil estão ficando um pouco reféns da China."
Lima diz que, como os investimentos da China são recentes, se concentram em compras na participação no capital, não havendo números relevantes de empréstimos intercompanhias (realizados entre a matriz e a filial).
Os ingressos para operações de participação no capital ficaram em US$ 52,6 bilhões em 2010, um número diferente do fluxo líquido de US$ 48,4 bilhões, que engloba também os empréstimos intercompanhias, excluindo as operações de repatriamento de capital feitas pelas multinacionais.


Fiesp estima crescimento de 4,5% para o setor em 2011

Autor(es): Fernando Taquari | De São Paulo
Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/fiesp-estima-crescimento-de-4-5-para-o-setor-em-2011
 

 
Depois de registrar avanço de 9,9% em 2010, a indústria paulista de transformação deve crescer em torno de 4,5% em 2011. Embora abaixo do resultado apurado no ano passado, a estimativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pode ser considerada positiva, porque 2010 foi um ano atípico para o setor, com a produção voltando a ganhar fôlego após as perdas decorrentes da crise financeira mundial em 2009.
"Os números do ano passado são satisfatórios. Mostram que tivemos boa recuperação sobre o ano anterior. É lógico que a base baixa de comparação permitia expansão perto de dois dígitos", disse Paulo Francini, diretor da entidade. O crescimento de 9,9% veio em linha com a expectativa da entidade, que projetava alta de 10%. Trata-se da maior taxa desde 2004, quando o indicador saltou 13,2%.
A Fiesp também divulgou os números de novembro e dezembro. Na série com ajuste sazonal, o índice subiu 1,3% e 0,4%, respectivamente. Esse desempenho foi suficiente para a indústria superar pela primeira vez o nível de atividade apurado no período pré-crise.
Apesar das perspectivas favoráveis para 2011, Francini avaliou que pairam muitas dúvidas sobre o comportamento da economia nacional nos próximos meses, sobretudo em relação aos preços das commodities e à evolução da taxa de câmbio, que influencia a produção doméstica e o volume de itens importados.


Desenvolvimento da cadeia produtiva é lento

Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/desenvolvimento-da-cadeia-produtiva-e-lento
 

A formação da cadeia produtiva de semicondutores no Brasil avança a passos lentos. O único projeto de fábrica de chip existente é do Centro Nacional em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), empresa de capital misto vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Criada em 2008, a Ceitec já recebeu R$ 500 milhões em aportes, mas ainda não iniciou a produção, que deveria ter início em 2009.
O prazo foi postergado para 2012. Procurada pelo Valor, a empresa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já finalizou contratos para a instalação e a finalização da reforma de equipamentos. Até outubro, deve iniciar a operação na fábrica, sediada em Porto Alegre. A expectativa é de que a fábrica comece a produzir a partir do ano que vem, com capacidade para 100 milhões de chips ao ano.
Outras propostas foram anunciadas, mas não chegaram à etapa de produção. A brasileira Altus, de São Leopoldo (RS), anunciou em 2010 parceria com a sul-coreana Hana Micron, para a instalação de uma fábrica de chip no país em 2011, com investimento de US$ 200 milhões - parte do chip será fabricada no exterior.
Em dezembro, a Semp Toshiba anunciou com a japonesa Toshiba e o Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun um memorando de entendimentos para a criação de design house (empresa que cria projetos de chip) no Brasil, com aporte de US$ 4 milhões. Existem no país 20 empresas dedicadas à criação de semicondutores.


Brasil está longe de produzir tablets

Autor(es): Lu Aiko Otta
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/brasil-esta-longe-de-produzir-tablets
 

Pesquisa realizada pelo Ipea mostra que as empresas nacionais do setor de informática e telecomunicação estão atrasadas e defasadas
Um longo caminho terá de ser percorrido até que a indústria nacional tenha condições de produzir tablets para serem vendidos a preços populares, como quer a presidente Dilma Rousseff.
Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que servirão de base para a elaboração de uma vertente da política industrial para o setor de informática e telecomunicações mostram que as empresas brasileiras, atrasadas e com pouca retaguarda em pesquisa tecnológica, terão de entrar num mercado no qual concorrerão com empresas globais como Alcatel-Lucent e Nokia.
Na média, as empresas líderes de mercado mundial faturam R$ 2 bilhões ao ano. Em comparação, as líderes nacionais faturam em média R$ 20 milhões cada. Enquanto o Brasil investe 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em tecnologia de informação e telecomunicação, os norte-americanos aplicam 0,65% do PIB e os europeus, 0,31% do PIB.
"Se a gente não começar a produzir, não vai produzir nunca", diz a pesquisadora do Ipea Fernanda De Negri, reconhecendo que a indústria nacional está em desvantagem. Ela considera que, apesar do tamanho do desafio, vale a pena enfrentá-lo porque esse setor concentra nada menos do que 35% de tudo o que o mundo investe em pesquisa e desenvolvimento.
O Brasil não pode ficar de fora se quiser ter uma economia moderna. "Esse setor é chave não só pela inovação, mas também porque tem um impacto profundo sobre a competitividade", afirmou.
Nacionalização. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ainda não definiu que medidas tomará para concretizar o plano da presidente Dilma de fortalecer a indústria nacional. "A presidenta disse que é importante colocar um olhar nesse setor", disse ele ao Estado.
"Queremos aumentar o grau de nacionalização, por isso estamos vendo o que é utilizado pela indústria e o que é fabricado aqui, quais as condições em que as indústrias trabalham para começar a discutir", completou Bernardo.
Os instrumentos de que o governo tradicionalmente dispõe para estimular setores são o corte de tributos (desoneração) e o crédito. São duas opções cuja adoção é mais difícil num período de ajuste fiscal como será o ano de 2011. "Vai ter disciplina fiscal, todo mundo está ciente disso", afirmou Bernardo, que até o mês passado chefiava o Ministério do Planejamento, responsável pelos cortes no Orçamento. "Mas vamos conversar e ver o que é possível fazer."
Os estudos realizados pelo Ipea identificaram que um dos principais gargalos a serem superados pelas empresas nacionais é a produção pequena e concentrada em nichos. Segundo constataram os pesquisadores, a brasileira Padtec produz equipamentos de rede e vende serviços de manutenção para operadoras de telefonia.
Enquanto isso, uma concorrente como a Nokia fabrica desde celulares até equipamentos de porte para operadoras. Os clientes da Alcatel-Lucent vão desde operadoras até governos, passando por empresas de grande, médio e pequeno porte.
"Antes, as empresas se concentravam só num pedaço do mercado", disse a pesquisadora do Ipea. "Hoje elas produzem celular, produtos para operadoras de telefonia, vendem serviços de operação, produzem software." Essa mudança de estratégia não foi acompanhada pelas empresas brasileiras.
A produção nacional tampouco acompanha a tendência mais forte do mercado hoje, que é a produção de terminais (celulares, I-pads e outros).
Além disso, as empresas sediadas no Brasil não conquistaram um mercado global, a exemplo de suas concorrentes. As exportações nacionais ficam na casa dos US$ 19 milhões, contra US$ 2 bilhões das multinacionais. Falta ainda mão de obra especializada.
"O governo tem fontes de recursos importantes, que usados de forma coordenada podem ser um impulso razoável", disse Fernanda. O Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Comunicações (Funttel) dispõe de R$ 200 milhões ao ano para serem aplicados em pesquisa.
Na avaliação de Fernanda, juntando o Funttel, os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os benefícios previstos na Lei de Informática, é possível estruturar uma política de desenvolvimento para o setor como pretende Dilma Rousseff.

Distribuidor vende menos que fabricante

Autor(es): Cibelle Bouças | De São Paulo e Luís Ushirobira/Valor
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/distribuidor-vende-menos-que-fabricante
 

Os fortes investimentos das empresas, sobretudo pequenas e médias, têm garantido a expansão do setor, diz Fábio Gaia, presidente da Officer
Os distribuidores de produtos de tecnologia da informação (TI) foram beneficiados no ano passado pela retomada das compras pelas empresas, que em 2009 haviam postergado a renovação de seus parques de computadores como efeito da crise financeira internacional. Em 2010, o setor cresceu 17%, alcançando receita de R$ 12,4 bilhões, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Distribuidores de Tecnologia da Informação (Abradisti). Para este ano, a expectativa é de um incremento de pelo menos 10%.
O resultado, no entanto, ficou abaixo das vendas diretas dos fabricantes de equipamentos e software para governos, redes varejistas e consumidores, que no período foram de R$ 17 bilhões. Não existem estudos anteriores para comparar a participação das distribuidoras no mercado. Mas a sensação da entidade e de empresas do setor é de que essa fatia está menor. "Nos Estados Unidos, os fabricantes destinam a maior parte das vendas aos distribuidores, mas no Brasil eles fazem a venda direta para o varejo, o que inibe o crescimento do setor de distribuição", avalia Mariano Gordinho, presidente da Abradisti.
Para 2011, Gordinho estima que a expansão nas vendas de TI gerará uma receita adicional de R$ 13 bilhões, que será disputada entre distribuidores e fabricantes. De acordo com o estudo da Abradisti, as vendas dos distribuidores têm como principal destino as empresas, que em 2011 elevarão as compras de TI em aproximadamente 11%. As vendas ao varejo - voltadas sobretudo aos consumidores - têm participação reduzida. E esse segmento terá expansão mais forte neste ano, de 15%.
"A venda direta dos fabricantes ao varejo tira um pouco a força do canal de vendas, mas é difícil mensurar o efeito econômico para os distribuidores", afirma o gerente de marketing da Agis, Bruno Coelho. A distribuidora atua em todo o país com 9 mil revendas e encerrou o ano passado com expansão nas vendas de 25%. A empresa não divulga dados de receita e lucro.
De acordo com Coelho, um dos fatores que permitiu o crescimento acima da média do mercado foi a demanda fora da região Sudeste. Os principais clientes da Agis são integradoras (empresas que compram peças para montar equipamentos sob encomenda).
A Avnet Technology Solutions, um dos maiores distribuidores mundiais, com faturamento global de US$ 22 bilhões, também registrou crescimento de vendas acima da média no país em 2010, de 55%, tendo como foco o atendimento a empresas. O gerente regional da Avnet no Brasil, Alexandre Barbosa, afirma que o mercado em 2011 pode crescer de 14% a 15%, mas a empresa tem como meta expandir em 30% sua operação no país. Para isso, reforçou sua estrutura no ano passado com a aquisição da Tallard Tecnologies e da Bell Micro, por valores não informados.
Com a Bell Micro, a Avnet garantiu uma rede de 14 mil revendas para o segmento de componentes. A compra da Tallard permitiu ampliar a prestação de serviços de integração de software e equipamentos, cujos principais clientes são grandes companhias. "A meta para 2011 é acelerar as vendas dos sistemas sob medida, com maior valor agregado", diz Barbosa.
Segundo Gordinho, em 2010 os distribuidores foram favorecidos pela expansão da demanda das grandes companhias, que renovaram seus parques, e de pequenas e médias empresas, que passaram a investir mais na automação de processos. Esse movimento deve ter continuidade neste ano.
Fábio Gaia, presidente da Officer Distribuidora (pertencente ao grupo Ideiasnet), confirma que investimentos fortes das empresas têm garantido uma expansão mais acelerada dos distribuidores. A empresa conta com uma rede de 10 mil revendas, que atendem pequenas e médias empresas em todas as regiões do país.
Gaia considera que o mercado tende a crescer acima de dois dígitos nos próximos anos, graças ao crescimento econômico esperado para o país e a onda de investimentos prevista para criar a infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Segundo o executivo, 85% das vendas da Officer são destinadas às empresas. Os outros 15% referem-se às vendas para o varejo. "Os distribuidores têm uma rede de vendas que os fabricantes não conseguem ter. Parte das vendas pode ser direta, mas os elos da cadeia vão chegar a um ponto de equilíbrio", diz Gaia.
A Network 1, que opera com 8 mil revendas no país, também vê oportunidades de expansão para as distribuidoras, sem afetar os planos dos fabricantes de efetuar a venda direta, afirma o presidente da empresa, Rafael Paloni. Ele observa que os distribuidores pulverizam o crédito que os fabricantes ofertam para venda a prazo e isso facilita as vendas em regiões distantes. "Para a fábrica fazer isso diretamente, terá que se estruturar para fazer a distribuição. Mas cada fabricante tem sua estratégia", diz.
A Network 1 fechou 2010 com crescimento em vendas de 50% e planeja expansão de 35% neste ano. A empresa não divulga faturamento. No ano passado, a Network 1 reforçou a sua operação na região Nordeste, com a inauguração de um centro de distribuição, o quarto da empresa no Brasil.
No país, de acordo com a Abradisti, existem 29,4 mil revendas ativas e 79% delas estão concentradas na região Sudeste. O Sul sedia 17% das revendas, seguido pelo Nordeste (3%) e o Centro-Oeste (1%).


Importação de itens de média e alta tecnologia quase triplica

Importação de produtos de alta e média tecnologia quase triplica em seis anos
Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/importacao-de-itens-de-media-e-alta-tecnologia-quase-triplica
 
Compras externas de veículos, máquinas, equipamentos e eletroeletrônicos cresceram 177% entre 2004 e 2010, aponta estudo da Abimaq

SÃO PAULO - A indústria brasileira perde espaço em ritmo acelerado para produtos importados nos setores mais dinâmicos da economia nacional. Nos últimos seis anos, quase triplicou a importação de produtos do chamado grupo de média- alta tecnologia, que inclui de veículos automotores e outros equipamentos de transporte a eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos.
Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entregue há cerca de duas semanas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostra que o consumo desses itens deu um salto de 76% entre 2004 e 2010, mas a produção local cresceu só 40%. E a diferença foi suprida por importações, cujo crescimento atingiu 177% nos seis anos.
A situação é agravada pelo desempenho no grupo de produtos de alta tecnologia, que em boa parte já é dominado pelos importados. No entanto, o diagnóstico acaba sendo dificultado pelos produtos de menor intensidade tecnológica, cujo quadro ainda favorável puxa para baixo a média da participação de importados no consumo global de industrializados.
"Todo mundo fala que a indústria está indo bem, mas precisa ver de qual indústria está se falando", diz o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
O real valorizado encarece as exportações ao mesmo tempo em que torna as importações mais baratas. Com os custos da produção pressionados para cima pela carga tributária, logística, energia e mão de obra, entre outros fatores que compõem o chamado custo Brasil, as empresas alegam não ter como competir com os importados. Para manter parte do mercado, os fabricantes locais importam componentes e até produtos totalmente fabricados no exterior.
Para especialistas, é prematuro dizer que o País passa por um processo de desindustrialização generalizado. Nos setores considerados de baixa tecnologia, que incluem os segmentos mais intensivos em mão de obra, como alimentos e bebidas, calçados, têxtil e vestuário, na média, a participação de importados no consumo passou de 3% em 2004, para 5,8% no ano passado. É pouco se comparado com a evolução no grupo de média -alta tecnologia, em que os estrangeiros dobraram a sua fatia, de 14,9% para 30,6% do total.
A situação não é tão tranquila para o grupo de média -baixa intensidade tecnológica, entre os quais estão produtos de metal, metalurgia básica, borracha e plástico. Em seis anos, a parcela dos importados no consumo cresceu de 7,1% para 16,9%.
Problemas. Mas nada se compara aos produtos de alta tecnologia, como químicos, material eletrônico e equipamentos médico-hospitalar e de comunicação, em que a produção não acompanha nem de longe o crescimento do consumo.
A fatia dos estrangeiros chegou a 36,9%, ante 24,6% em 2004. A importação de equipamento médico-hospitalar cresceu 268% e hoje responde por 65,5% do consumo brasileiro.
"Os setores de média-alta e alta tecnologia estão sendo desindustrializados", afirma o diretor do Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Mário Bernardini, responsável pelo estudo.
Para ele, a situação é dramática porque a perda de competitividade faz com que as empresas deixem de ganhar dinheiro, pois têm de baixar seus preços para competir com os importados. O que à primeira vista parece favorecer o consumidor. "A questão é que, baixando o lucro, a empresa não tem dinheiro para investir e vai ter de importar ou fechar as portas", frisa Bernardini.
Um exemplo é o da indústria de material eletrônico, em que a importação dobrou em seis anos e já responde por 56% do consumo brasileiro. A taxa média de investimento em seis anos foi de apenas 3,8% da receita líquida, quando deveria ser acima de 5%.
"Com uma rentabilidade baixíssima e sentindo que o preço de venda tem chance de cair ainda mais, quem vai querer se arriscar a investir? É preciso ter retorno para haver investimento", diz o presidente da Câmara Setorial de Ferramentaria e Modelação da Abimaq, Alexandre Mix.

Chineses ampliaram fatia de mercado

Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/chineses-ampliaram-fatia-de-mercado
 

Em 2004, equipamentos asiáticos tinham 2% das vendas; em 2010 chegaram a 40%

A importação cresce num ritmo nove vezes maior que o do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria nacional. Enquanto o PIB industrial aumentou 36% entre 2004 e 2010, a importação de produtos industrializados subiu 121,4%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em seis anos, a exportação de industrializados recuou 4,8%.

"Quando se nota ao longo do tempo que a importação cresce e a exportação cai, significa perda de competitividade", diz Mário Bernardini, diretor da Abimaq.
São muitos os exemplos de empresas que pagam alto pela conta desse processo. A Paletrans é praticamente o último fabricante que restou no mercado brasileiro de transpallet manual, um equipamento hidráulico para movimentação de mercadorias em supermercados.
Outras dez empresas que atuavam no segmento jogaram a toalha nos últimos seis anos, depois de serem nocauteadas pelo preço baixo dos produtos estrangeiros. Uma delas ainda tem produção local, mas traz boa parte dos equipamentos do exterior.
"Enquanto eu gasto R$ 230 só de matéria prima, o equipamento chinês sai da fábrica por U$ 110 a unidade", queixa-se Lineu Matos Camargo Penteado, presidente da Paletrans. "O produto estrangeiro chega ao cliente final no Brasil por R$ 500 a R$ 600. Eu não consigo oferecer o meu para esse mesmo cliente por menos que R$ 700."
A participação de equipamentos chineses se alastra no mercado nacional. Há seis anos, eles detinham apenas 2% das vendas. Hoje, já respondem por quase 40%. Em 2010 foram vendidas 60 mil unidades no País, entre importados e nacionais. "Só a minha empresa fabricou 35 mil, mas o crescimento dos chineses é assustador", afirma Penteado.
Com fábrica em Cravinhos (SP), a Paletrans já foi líder de vendas em países latinos como Argentina e Venezuela. Em 2003, a empresa exportava 30% de toda a produção - hoje esse número não passa de 0,2%.
"O problema é o câmbio, porque nós sempre tivemos o custo Brasil e ele não melhorou, mas também não piorou. Já a valorização do real é brutal", argumenta o empresário.
Diferença. Dados do Ministério do Desenvolvimento levantados pela Abimaq mostram que é grande a distância entre o preço de máquinas e equipamentos nacionais e dos importados. O quilo de produtos, como válvula tipo gaveta, sai aqui por US$ 53,30, enquanto na Alemanha é US$ 35,8 e, na China, US$ 4,95.
Em seis anos, a produção de máquinas e equipamentos cresceu 30%, menos que a metade do consumo, de 76,5%. A exportação caiu 21% e a importação avançou 167%.
A falta de competitividade do produto nacional é problema até para quem quer exportar a preço de custo. A Polimold, que fabrica porta-moldes para indústria de ferramentaria em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, sente isso na pele. Em menos de quatro anos, as vendas externas da empresa caíram pela metade.
"Há poucos dias, recebi uma proposta interessante de exportação para a Turquia", conta Alexandre Fix, um dos sócios da Polimold e presidente da Câmara Setorial de Ferramentaria e Modelação da Abimaq. "Resolvemos mandar nosso preço de custo porque sabíamos que, se não fosse assim, teríamos dificuldades. Mas não levamos: o turco disse que teríamos de reduzir o preço uns 20% a 30%."
O contrato previa a exportação de 70 toneladas de placas de moldes por mês por quase um ano. Para se ter uma ideia, a Polimold, considerada uma das maiores empresas do setor da América Latina, fabrica mil porta moldes por mês. "Os turcos estavam comprando algo entre 15% a 20% disso."
"Essa situação não é de hoje, embora muita gente só tenha acordado agora para o fato", diz o presidente de uma empresa que fechou a fábrica de componentes eletrônicos na Zona Franca de Manaus. Só nos últimos três anos, mais de uma dezena de fabricantes seguiram o mesmo caminho. O empresário diz que o fechamento de uma unidade dificilmente tem volta, pois significa que "os acionistas não acreditam mais no negócio".

Toyota amplia produção no Brasil e na Argentina

Autor(es): Cleide Silva
O Estado de S. Paulo - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/toyota-amplia-producao-no-brasil-e-na-argentina
 

Montadora japonesa vai investir US$ 640 milhões nos dois países; objetivo é passar a produzir 230 mil carros por ano na região

A Toyota vai ampliar sua capacidade produtiva em 60% no Brasil e na Argentina nos próximos dois anos. Líder mundial em vendas, com 7,5 milhões de veículos em 2010, o grupo japonês decidiu investir mais nos países emergentes, mercado que nos últimos anos não foi alvo de atenção da marca.
"Mudamos nossa estratégia para nos concentrar nos países emergentes", disse Akira Okabe, diretor da Toyota Motor Corporation. Ele esteve em São Paulo na sexta-feira para participar da cerimônia de transição da presidência da empresa do Mercosul, que passa a ser ocupada por Shunichi Nakanishi.
Juntos, os dois países terão capacidade produtiva de 230 mil carros por ano, ante as 140 mil atuais. Os investimentos somam US$ 640 milhões - a maior parte ficará no Brasil, onde a Toyota constrói sua segunda fábrica. Na Argentina, a capacidade produtiva será ampliada de 70 mil para 90 mil unidades ao ano.
A unidade de Sorocaba, que será inaugurada em meados de 2012, terá capacidade inicial para 70 mil veículos ao ano e permitirá à marca atuar no segmento de carros compactos, responsável por 70% das vendas no País. Hoje, a Toyota só tem produtos do segmento de sedãs, picapes e utilitários. O único modelo feito no Brasil é o Corolla.
A fábrica produzirá as versões hatch e sedã derivadas de um carro desenvolvido especialmente para mercados emergentes, já em produção na Índia, onde tem o nome de Etios. Ele vai disputar espaço com modelos como Volkswagen Gol e o Fiat Palio nas versões mais potentes, pois não terá motor 1.0.
"Com carros compactos, nossa empresa dará salto ainda maior no mercado, iniciando um novo ciclo de crescimento", disse Nakanishi. Ele é economista, tem 55 anos e está na Toyota há mais de 30. Já trabalhou nos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico.
Shozo Hasebe, que deixa a presidência após cinco anos, lembrou que, nesse período, as vendas da marca no País saltaram de 60 mil para quase 100 mil unidades ao ano. O mercado brasileiro, no mesmo período, cresceu de 1,7 milhão para 3,5 milhões de unidades. "Queria ter colocado a Toyota entre as quatro grandes montadoras e não consegui. É um desafio que fica para meu substituto", disse ao Estado.

Paraguai usa custo baixo para atrair indústria

Autor(es): Marli Lima | De Assunção e Ciudad Del Este
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/paraguai-usa-custo-baixo-para-atrair-industria
 


Pela Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, passam mais do que sacoleiros e turistas carregados com mercadorias trazidas da Ásia e compradas no comércio de Ciudad Del Este. Por ela trafegam produtos feitos no país vizinho e importados por empresas brasileiras, como bermudas e camisetas que levam a marca Adidas e a etiqueta "hecho en Paraguay". Passam também cortinas, que são vendidas em lojas de decoração e em varejistas, como as Pernambucanas, além de outros artigos fabricados por empresários, que encontraram parceiros e vantagens fiscais para produzir do outro lado da fronteira.
Pela mesma via vão circular, em 2012, caminhões carregados com frangos da Globoaves, maior produtora de pintinhos e ovos da América Latina, que tem projeto de construção de fábrica de ração e frigorífico para abate de 160 mil aves por dia no município paraguaio de Santa Rita, distante 70 quilômetros da ponte.
"O Paraguai é o país mais competitivo para investimentos na América", diz Marcos Bertoli, gerente de negócios internacionais da Globoaves. Segundo ele, um quilo de frango produzido no Paraguai e exportado para o Oriente Médio pelo porto de Paranaguá custa de 20% a 28% menos que um quilo de frango produzido em Cascavel (PR), onde fica a sede da empresa.
Menos impostos, menor custo de energia e mão de obra jovem são algumas das vantagens apresentadas por representantes do governo paraguaio para conquistar investimentos. Entre os atrativos oferecidos está a Ley de Maquila, modelo baseado em experiência mexicana, que permite importação de matéria-prima com isenção de impostos, desde que os produtos sejam destinados à exportação.
De acordo com Raquel Ramirez, secretária-executiva do Conselho Nacional da Indústria Maquiladora de Exportação (Cnime), há 49 maquiladoras no Paraguai, sendo 10 com participação de investidores brasileiros. "Mais do que descobrindo o Paraguai, as empresas estão confiando no país", diz ela, que usa uma pulseira com as cores da bandeira e tem como meta atrair ao menos dez indústrias por ano, de vários países. O objetivo foi atingido nos últimos três anos, e hoje há cinco negociações avançadas. Raquel conta que a decisão de investimento dos empresários estrangeiros costuma levar 18 meses.
A proximidade torna o Brasil o grande alvo do processo de industrialização paraguaia, segundo Oscar Stark, diretor da Rede de Investimentos e Exportações (Rediex), do Ministério de Indústria e Comércio do Paraguai. Ele visitou o Brasil quatro vezes em 2010 e planeja voltar em 2011, ano em que espera finalizar projetos em andamento.
"O Brasil é o país que temos que focar?", conta ele, que fala do interesse de pequenos e médios empresários pelo Paraguai, e também de gigantes mundiais, como a Rio Tinto Alcan, que negocia com o governo a instalação de uma unidade naquele país, no que tende a ser o maior investimento privado de sua história, orçado em US$ 2,9 bilhões.
Pelas ruas de municípios paraguaios, é comum encontrar postos da Petrobras e agências do Banco Itaú, empresas brasileiras que, segundo relatos de moradores, levaram qualidade de instalação e atendimento e forçaram mudanças nos concorrentes locais.
As indústrias ficam mais escondidas. Há três anos, as bermudas e camisetas da Vantex Paraguay, que tem 142 empregados e sócios e importadores brasileiros, saem de barracões que abrigaram o refeitório e o teatro de operários que ajudaram a construir a usina de Itaipu, nos anos 80. Do lado de fora não há placas de identificação. Do lado de dentro, homens e mulheres cortam e costuram peças com a marca Adidas, usando tecidos trazidos do exterior.
Os barracões ficam em Hernandárias, cidade vizinha a Ciudad Del Este. Lá, a capacidade é para confeccionar 35 mil peças por mês. Como não há espaço para ampliação no local, um novo investimento está programado para aumentar a produção. A Vantex espera que a demanda cresça com a Olimpíada e a Copa do Mundo. Além disso, a empresa quer estar pronta para a possibilidade de receber encomendas de outras marcas.
Lilian Almeida, coordenadora de importação e exportação, mostra a etiqueta em três idiomas - "made in Paraguay", "produzido no Paraguai" e "hecho en Paraguay" - e fala com empolgação das mudanças que tem visto no seu país. "Estamos vivendo uma fase de transição na área industrial", afirma ela, que tem 36 anos e, aos 19, trabalhava como caixa em uma loja de tecidos em Ciudad Del Este.
Para o empresário brasileiro Alexandre Bazzan, que vive no Paraguai há dois anos, a industrialização do país ainda vai demorar algum tempo. Ele está satisfeito com os resultados que tem obtido na Cortinerias del Paraguay, onde emprega 200 pessoas e faz 100 mil cortinas por mês - eram 60 mil no ano passado. Sua maior compradora é a Bella Janela, de Blumenau (SC), que tem três fábricas e 5 mil clientes no Brasil.
"O custo é menor e vale a pena", afirma Bazzan, que ocupa quatro galpões do Parque Mercosur, em Ciudad Del Este. O próprio local é um sinal de mudanças: ele foi criado inicialmente para servir de depósito para mercadorias importadas pelo comércio local, que atende os sacoleiros brasileiros. O empresário está com projeto de ampliação em outro terreno e planeja dobrar o tamanho da equipe ainda em 2011. "Mais de 80% deles estavam desempregados", conta, sobre o pessoal que agora veste seu uniforme.
Além da Maquila, há a lei 60/90, de importação de bens de capital livres de impostos, que vai beneficiar a Globoaves. A empresa é aguardada com ansiedade pelos moradores de Santa Rita - uma localidade com sotaque brasileiro, pois 65% da população de 16 mil habitantes veio do país. Uma área de 180 mil metros quadrados já está reservada para as instalações em um parque industrial em implantação, onde antes havia plantação de soja.
O prefeito, Concepción Rodriguez, já pensa em dar mais espaço para as indústrias. "Temos confiança na atração de empresas", explica ele, que oferece terreno subsidiado e busca autorização federal para oferecer incentivos locais para exportadores. "Tenho muita esperança de ver esse país crescer. Ele merece", diz Humberto Arges, brasileiro que vive há 30 anos no Paraguai, é apaixonado pelo país e presta consultoria para empresas que querem produzir nele. Ele atuou no processo de instalação da Globoaves, que aguarda financiamento do BNDES para começar a obra.

Salário mínimo é parecido, mas encargos são menores

Autor(es): De Assunção e Ciudad Del Este e Silvia Costanti / Valor
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/salario-minimo-e-parecido-mas-encargos-sao-menores
 

Paraguaios trabalhando em fábrica de cortinas: em comparação ao Brasil, operários têm férias mais curtas, mas não recolhem Imposto de Renda
Todas as empresas do Paraguai apresentam o valor do salário mínimo logo na entrada, em folhas coladas em paredes e vidros: 1.507.484 guaranis, valor mais ou menos equivalente aos R$ 545 do novo salário mínimo brasileiro. Os encargos sociais, no entanto, são menores -16,5% para o empresário e 9% para o empregado.
Não há FGTS nem contribuição sindical e as férias são mais curtas, de 12 dias para empregados com até cinco anos de registro, 18 dias para até dez anos e 30 dias para períodos superiores. Além disso, não há imposto de renda para pessoa física e, para as empresas, é de 10%. Para indústrias maquiladoras, o imposto de exportação é de 1%.
Em apresentação de 54 páginas, o adido comercial do Paraguai para o Brasil, Sebastian Bogado, mostra a empresários brasileiros as vantagens de investir do outro lado da fronteira. "Fugir da carga tributária brasileira" e "fugir dos encargos trabalhistas brasileiros" estão entre as razões citadas no documento "Paraguai, Oportunidades de Negócios".
Bogado conta que os cargos de adido foram criados em julho, em quatro cidades. A base dele é Curitiba, para trabalhar em todo o Brasil. Os outros ficam em Miami, Bruxelas e Buenos Aires "Os consulados já estavam divulgando as vantagens do Paraguai", diz Lourdes de Insfran, cônsul-geral do Paraguai na capital paranaense.
Ao trabalho dos dois soma-se a Câmara de Comércio Brasil-Paraguai. Todos estão empenhados na conquista de investidores da área metal-mecânica de Curitiba. Visitas foram feitas e terrenos próximos da fronteira selecionados. A decisão depende de garantias de fornecimento de energia, mas há expectativa que alguma decisão seja tomada em fevereiro.
Nelson Hubner, um dos diretores do Sindimetal do Paraná, diz que, "para serem mais competitivos", muitos empresários devem começar a buscar parcerias e abrir filiais em outros países. "Chegamos no limite de custos com impostos e logística", reclama.
Bogado argumenta que o Paraguai, que tem população de 6,3 milhões de habitantes, cresceu 14,5% em 2010, tem economia estável, localização estratégica, água, energia e a população mais jovem do continente - 74% com menos de 34 anos de idade. Comércio e serviços respondem por 56% do Produto Interno Bruto (PIB), seguido por agricultura (28%) - o Paraguai é o quarto maior exportador mundial de soja, cultura associada à presença de brasileiros. É a fatia de 13% da indústria que o país quer aumentar.
Representantes do governo não revelam a meta a ser atingida, mas esperam ajuda do Brasil para diversificar ainda mais o público que usa a Ponte da Amizade. A presidente Dilma Rousseff vai visitar o país em breve, e dela será cobrado apoio para o desenvolvimento regional. Uma linha de transmissão que ligará Itaipu à capital do país está em processo de licitação e vai ajudar a diminuir problemas na infraestrutura, uma das principais reclamações de empresários. Segundo eles, faltam vias de acesso e parques industriais e há falhas no fornecimento de energia.

Nova guerra do Paraguai

Correio Braziliense - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/nova-guerra-do-paraguai
 

Depois de pressionar o Palácio do Planalto para uma revisão do preço da energia de Itaipu, o país vizinho agora oferece eletricidade farta e barata às indústrias brasileiras. A meta é atrair para o outro lado da fronteira empresas insatisfeitas com a salgada tarifa nacional
Sílvio Ribas

Após ganhar do Palácio do Planalto a promessa de triplicar o preço da energia que vende obrigatoriamente ao Brasil, o Paraguai recorre à mesma cota de 50% da geração de Itaipu para seduzir os maiores consumidores brasileiros de eletricidade. As indústrias eletrointensivas, que concentram até 37% do seu custo final em energia, estão sendo convidadas a transferir, total ou parcialmente, sua produção para o país vizinho. São siderúrgicas e cimenteiras responsáveis por fatias expressivas do mercado doméstico e pelo fornecimento de matérias-primas a várias cadeias produtivas.
A larga disponibilidade de energia — 95% da sua parte na hidrelétrica binacional — e a reduzida carga tributária sobre a tarifa são os atrativos oferecidos pelo governo paraguaio para atrair investimentos no outro lado da fronteira. Especialistas calculam que tributos e encargos somam 51,6% da arrecadação das distribuidoras brasileiras de eletricidade. No Paraguai, o consumidor industrial teria 50% de alívio nos impostos da conta de luz.
Antes de buscar eletrointensivos, que respondem por 30% da demanda brasileira, o Paraguai criou as condições para isso. O plano paraguaio de industrialização definiu a construção, até 2012, de uma linha de transmissão de 500 quilômetros entre a hidrelétrica e Villa Hayes, a 30 quilômetros de Assunção. Esse reforço absorverá US$ 400 milhões, dos quais US$ 150 milhões serão aportados pela própria Itaipu. O restante virá do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem). O país vizinho se compromete ainda a investir US$ 150 milhões numa subestação que atingirá potência de 1,25 mil megawatts (MW) até meados de 2013.
O desejo das autoridades paraguaias de conquistar eletrointensivos brasileiros foi formalizado em novembro pela diretoria da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em reuniões e seminários. À frente da empreitada, estavam engenheiros paraguaios de Itaipu e da autarquia Administracíon Nacional de Eletricidade (Ande). “Num quadro de crescente aperto tarifário, ignorado pelo governo, o Paraguai surge como alternativa, tendo na mão metade da energia de Itaipu”, explica Carlos Cavalcanti, diretor de Infraestrutura da Fiesp.
Burocracia e corrupção
Para ele, ao investir em infraestrutura para consumir mais do que a fatia a que tem direito dos 14 mil megawatts (MW) da potência de Itaipu, o Paraguai torna-se sócio ativo da usina. Além disso, o país ainda tem potencial hídrico inexplorado e grupos privados manifestaram interesse em ter hidrelétricas lá para vender energia ao mercado brasileiro. Cavalcanti admite, contudo, que corrupção e burocracia são uma realidade enfrentada por empresários que atuam no Paraguai.
O setor de alumínio, o mais sensível aos custos de energia, informa fechamento de duas fábricas (Valesul e Aratu) nos últimos meses — indústrias que representavam 10% da produção nacional. O processo é acompanhado da aceleração das importações de produtos acabados e semiacabados, com destaque para os aparelhos de ar condicionado made in China, com alta de 450% em 2010. A maior parte das indústrias de alumínio no mundo atua com tarifas de US$ 30 a US$ 50 por megawatt hora (MWh), enquanto as do Brasil chegam a US$ 80.
Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia Elétrica da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), relata que o segmento mantém hidrelétricas para fornecer um terço da energia utilizada para a produção do alumínio primário. Os projetos em curso de novas usinas devem elevar essa participação para 50% até 2013. “Isso permitirá que a indústria resista à concorrência externa”, estima.  Mas Spalding vê um “triste paradoxo”: conta oferta garantida de energia e bauxita, além de demanda crescente, mas a eletricidade é cara.
Até então, a indústria no geral, que consome 47% da energia do país, tem procurado driblar os altos custos participando da construção de hidrelétricas. Mas a marcha para o Paraguai já começou. Em dezembro de 2009, a canadense Rio Tinto Alcan abriu negociações com a Ande para comprar energia destinada a uma futura fábrica de alumínio no país.
Cimenteira na frente
Em julho de 2010, foi a vez de a Camargo Corrêa Cimentos anunciar a construção de uma cimenteira no Paraguai, investimento de US$ 100 milhões. A Cimentos Yguazú será instalada em Villa Hayes com capacidade para produzir 400 mil toneladas anuais. Sua operação vai ser inaugurada em 2012.
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, acha que a escala de encargos na tarifa elétrica impede o Brasil de deslanchar. “A tarifa industrial explodiu desde 2001 (190%) e é a terceira maior do mundo, atrás só da China e Alemanha”, disse. Pedrosa não acredita em transferência de  fábricas para o Paraguai, mas acha que o país vizinho já é opção para investimentos.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), classifica os alertas de eletrointensivos de “choradeira” de empresários. Para ele, os encargos e impostos sobre a energia pesam mesmo no bolso de cidadãos e pequenas empresas. “Com exceção das fases de pouca chuva, a grande indústria tem opção de comprar energia barata no mercado livre. Se alguém quiser se mudar, boa viagem”, provoca.

Usina binacional
Segunda maior hidrelétrica do mundo em capacidade e a primeira em produção, a usina binacional de Itaipu está localizada no Rio Paraná, entre Paraguai e Brasil, sendo responsável por quase 20% da capacidade de geração de energia do lado brasileiro. Ela produz, em média, 91 milhões anuais de megawatts/hora, tendo sido projetada para 75 milhões de MWh. O tratado que a viabilizou entrou em vigor em 1973. A previsão do governo é autorizar sua revisão no primeiro semestre deste ano.

ANÁLISE DA NOTÍCIA
Distorções contábeis
Não bastassem as concessões governamentais feitas ao Paraguai, envolvendo revisões no Tratado de Itaipu, boa parte dos consumidores brasileiros acaba pagando a conta, indiretamente, quando o país abre a guarda e revê, sempre para cima, repasses ao país vizinho. Na hermética fatura de energia, não há um encargo específico destinado a financiar os clientes da hidrelétrica no outro lado da Ponte da Amizade, mas o novo cálculo, que prevê um aumento de 200% sobre o excedente comprado aos paraguaios, atinge indiretamente os moradores das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Eles consomem, compulsoriamente, parte da energia produzida na megausina binacional.
Como tudo no sistema elétrico, a matemática do acordo de Itaipu não é para leigos. No confronto das contas, em 2009 o Brasil pagou por 94% da energia da usina, mas consumiu menos, o equivalente a 92% dos megawatts (MW) gerados pela hidrelétrica. Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil — que identificou as distorções — lembra que as despesas são meio a meio, mas as receitas favorecem o Paraguai, “que não colocou um tostão na usina e só de royalties recebe mais do que paga pela energia que consume”.  (Márcio Pacelli)

Empresas dos EUA perdem mercado cubano para Chávez

O Estado de S. Paulo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/empresas-dos-eua-perdem-mercado-cubano-para-chavez
 

Falta de clareza, burocracia e problemas nas negociações impediram investimento de americanos
A modernização da internet em Cuba pode não trazer consequências diretas ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, mas afetou as empresas americanas interessadas no mercado cubano. A ilha tem o maior mercado de telecomunicações do Caribe, com 11,4 milhões de potenciais consumidores.

Em 2009, o presidente dos EUA, Barack Obama, flexibilizou o embargo e permitiu que empresas de telecomunicações americanas prestassem serviços aos cubanos. Segundo o vice-diretor de política externa do Brookings Institution, Ted Piccone, as empresas americanas reclamaram da falta de regras, afirmando que a abertura não foi clara e o governo não deu incentivos para a expansão dos negócios na ilha.
A instalação dos cabos submarinos de fibra óptica entre a Flórida e Cuba seria muito mais simples e barata pela proximidade com o território americano. O projeto da empresa americana TeleCuba Communications, com sede em Miami, orçado em US$ 18 milhões, foi atrasado pela recusa do Departamento do Tesouro americano em aceitar as exigências de Havana.
O governo venezuelano tirou vantagem da burocracia americana e garantiu um mercado até então inexplorado. O cabo submarino terá ainda conexão aberta para outros países do Caribe, como Jamaica, República Dominicana e Haiti.
Enquanto o presidente Hugo Chávez investirá US$ 70 milhões, Cuba contribuirá com trabalhos sociais, como faz com a troca de petróleo por serviços médicos e educacionais em território venezuelano. Líder do único país latino-americano que não apresentou crescimento econômico no ano passado, Chávez trata o investimento sem grande alarde.



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