domingo, 6 de fevereiro de 2011

Finanças



Brasil tem maior inflação na AL entre países com regime de meta

Para analistas, indexação, meta elevada e estímulos fiscais dificultam estabilização dos preços
Autor(es): SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo - 15/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/15/brasil-tem-maior-inflacao-na-al-entre-paises-com-regime-de-meta
 


Para ex-presidente do BC, crédito do BNDES e atuação de bancos públicos reduzem eficácia da alta do juro

Depois de 17 anos de estabilidade econômica, a inflação ainda é uma carga pesada no Brasil. Entre os países da América Latina que adotam o regime de metas, o Brasil foi um dos que tiveram mais dificuldade para reduzir a inflação na recessão econômica após a crise mundial de setembro de 2008.
Além de registrar a maior taxa em 2010, foi o primeiro a ter que subir juros para conter reajustes de preços em razão da retomada de 2010.
O maior problema é que mais de um terço da inflação ainda é indexada e, portanto, vinculada à variação dos preços registrada um ano antes.
Combinam-se a isso três outros fatos importantes. Primeiro, o país tem uma das metas de inflação mais elevadas, o que, na avaliação de especialistas, é um convite à indexação na hora em que os contratos são negociados.
Além disso, os estímulos fiscais dados pelo governo nos últimos anos e a atuação de bancos e empresas públicas favoreceram o consumo e o gasto e, como consequência, novos reajustes.
"O resultado fiscal do Brasil não é tão ruim, mas tem mecanismos que enfraquecem a política monetária e fazem com que a ação precise ser mais forte", diz o ex-presidente do BC Gustavo Loyola.
Segundo ele, com operações do BNDES a custos mais baixos -desvinculados da taxa Selic fixada pelo BC- e a forte atuação da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na concessão de crédito, "uma parte da economia não responde à atuação do BC para controlar a inflação".
Por isso, o BC tem que elevar mais rápido e mais forte os juros em momentos de risco de descontrole de preços.
META ALTA
Para completar, como a meta de 4,5% ao ano (podendo variar de 2,5% a 6,5%) é alta diante do resto do mundo, isso "sugere" sempre para trabalhadores e empresários que "a inflação vai ser maior no Brasil", iniciando um ciclo que se autoalimenta, segundo o economista do WestLB Roberto Padovani.
Diante desse cenário, a redução da meta de 4,5% ao ano -defendida pelo próprio presidente do BC, Alexandre Tombini- poderia ser feita já no ano que vem, segundo Loyola.
A avaliação é que, à medida que a inflação perseguida for menor, próxima a 3%, 2%, a necessidade de indexar contratos ficaria restrita às operações de longo prazo.
"Há um gatilho na economia que desencadeia a inflação inercial. Se a inflação for muito baixa, as pessoas não tendem a se preocupar muito em indexar os contratos."

Aluguel sobe 11,5%

Correio Braziliense - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/aluguel-sobe-11-5
 
 IGP-M acumulado em 12 meses vai tornar a locação mais cara. Índice em janeiro foi influenciado pelas mensalidades escolares
Os aluguéis de imóveis residenciais cujos contratos serão renovados em fevereiro devem aumentar 11,5%, valor do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acumulado em 12 meses. Com esse reajuste, um inquilino que paga R$ 1.000 por mês em um apartamento no Plano Piloto, por exemplo, passará a desembolsar R$ 1.115 a partir do mês que vem, caso o proprietário não aceite negociar e aplique o indicador cheio. Segundo cálculo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação medida em janeiro foi de 0,79%, numa aceleração em relação ao 0,69% registrado em dezembro do ano passado.
O IGP-M, principal referência para o ajuste dos aluguéis, é formado por três indicadores específicos. O Índice de Preços por Atacado (IPA) foi de 0,76%, também maior que o de dezembro (0,63%). O IPA dos produtos agrícolas passou de 1,15% em dezembro, número já considerado alto, para 1,27%. As principais altas foram verificadas nos seguintes itens: café em grão, algodão em caroço, milho em grão, laranja e cana-de-açúcar. O IPA industrial acelerou de 0,44% para 0,57%.
O componente que mede a variação dos preços ao consumidor (IPC) aumentou de 0,92% para 1,08%. A influência mais marcante foi nos custos de educação, o que costuma ocorrer no início do ano. O salto foi de 0,42% para 2,75%, com destaque para as mensalidades do ensino fundamental, médio e superior. Os transportes subiram 1,94% na esteira dos reajustes das tarifas de ônibus urbano em algumas capitais do país. Além desses itens, o tomate teve alta significativa no varejo.
Terceiro elemento do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) registrou elevação de 0,37% em janeiro, após subir 0,59% em dezembro. A alta é reflexo direto do aquecimento no mercado imobiliário, favorecido pelo crescimento do emprego, da renda e do crédito.


Comer em SP é mais caro que em NY

Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/comer-em-sp-e-mais-caro-que-em-ny
 

Quem viaja ao exterior constata que também na Europa, na China e na vizinha Buenos Aires os preços dos restaurantes estão mais baratos
São Paulo é hoje uma das cidades mais caras do mundo para comer fora. Quem viaja para o exterior se assusta com as diferenças de preços. Num restaurante de classe média da capital paulista, 270 gramas de filé mignon grelhado, sem acompanhamento e taxa de serviço, custa R$ 41,80. Por esse valor se faz uma refeição completa e de qualidade em Paris, Nova York, Buenos Aires e Pequim.
Duas referências: Em Nova York, por US$ 25 (R$ 42,15) se come o tradicional filé com fritas do Balthazar, um dos restaurantes mais badalados do mundo, com mais de duas horas de espera para conseguir uma mesa. Pelos mesmos US$ 25 se come uma entrada, prato principal com carne, sobremesa e, de quebra, água mineral em restaurantes do boa qualidade nos charmosos bairros de Palermo e Recoleta de Buenos Aires.
Mesmo considerando que o real se valorizou 5% nos últimos 12 meses ante o dólar, os preços na cidade de São Paulo estão acima do que seria considerado razoável.
Comer fora de casa se tornou um opção indigesta para os brasileiros também quando se compara os custos dos alimentos com o preço do prato. Com os R$ 41,80 desembolsados por 270 gramas de filé mignon no restaurante é possível comprar praticamente um quilo do mesmo corte de carne num supermercado em São Paulo (R$ 45,90).
Donos de restaurante atribuem os preços elevados das refeições no País aos altos custos de mão de obra e de aluguel e à alta dos alimentos nos últimos meses. "A culpa é do bife", afirma Antonio Comune, coordenador do IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, a capital gastronômica do País.
Com a escassez de chuvas e a diminuição na oferta de bois, o preço da carne subiu. E o produto é base das refeições fora de casa, explica o economista.
Por isso, do tradicional prato feito e prato do dia à refeição à la carte, houve uma alta generalizada de preços em 2010. A alimentação fora de casa subiu quase o dobro dos índices gerais de inflação no ano passado e acompanhou de perto a subida dos alimentos em geral, apontam dois indicadores de inflação.
Os preços da alimentação fora de casa aumentaram 10,62% no ano passado no IPCA, a medida oficial de inflação do País. Enquanto isso, o índice geral de inflação no período acumulou alta de 5,91%. Comer em restaurante, bar ou lanchonete foi o segundo maior fator de pressão da inflação: respondeu por 0,46 ponto porcentual do resultado IPCA de 2010. Só perdeu para a carne, que subiu 26,64% e respondeu por 0,64 ponto porcentual da inflação total.
Comercial. Resultado semelhante foi constatado no IPC-Fipe. No ano passado, a inflação geral medida pelo indicador foi de 6,4% e a alimentação fora de casa subiu 12,10%. As maiores altas, todas na casa de dois dígitos, foram constatadas nas refeições que levam carne. O comercial foi campeão de alta e ficou 13,81% mais caro em 2010, seguido pelo filé com fritas (13,50%).
Já o prato do dia, no qual é possível trocar a carne bovina pelo frango ou carne suína, e o feijão, que subiu 63,62% em 2010, pelo macarrão, aumentou 12,48% no ano passado. No caso da comida por quilo, a alta foi de 11,38% no período, segundo o IPC-Fipe.
"Não me lembro de o preço da carne ter subido tanto como ocorreu nos últimos meses", observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para ele, o principal fator que pressionou os preços da alimentação fora de casa foi a disparada da carne bovina. "O filé mignon subiu 67% e a picanha 57% em 2010." Ele diz que a carne bovina puxa as demais. Os alimentos respondem por 35% do custo do prato, diz. A mão de obra é o segundo maior custo dos restaurantes e pesa entre 22% e 23%. / COLABORARAM GUSTAVO CHACRA E ARIEL PALACIOS


Restaurantes têm receita recorde de R$ 73 bilhões

Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/restaurantes-tem-receita-recorde-de-r-73-bilhoes
 

Apesar da alta de preços, os brasileiros, com mais renda no bolso, não deixaram de comer fora de casa no ano passado, diz Abrasel
Mesmo com os preços das refeições nas alturas, o brasileiro não deixou de comer fora de casa. Os restaurantes, bares e lanchonetes encerraram 2010 com faturamento recorde de R$ 73 bilhões, segundo os cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne cerca de um milhão de estabelecimentos espalhados pelo País.
"Foi o nosso melhor ano", afirma o presidente da entidade, Paulo Solmucci. Em relação a 2009, o crescimento real foi de 12%, isto é, descontada a inflação do período. Ele explica que os estabelecimentos repassaram a alta de preços dos alimentos para o valor das refeições e também buscaram alternativas para atenuar os custos e não espantar a clientela.
"Acabei de comprar mais um freezer", conta Gutemberg Ribeiro Aguiar, dono do restaurante comercial Paraíso das Delícias, na zona oeste da capital paulista. A aquisição do novo equipamento foi uma das saídas encontradas pelo empresário para estocar carne em oferta.
Promoções. Ele conta que, nos últimos tempos, tem corrido atrás das promoções. "É só anunciar oferta de carne na TV que a gente vai atrás", diz. Depois da recentes chuvas, notou mudanças para pior também nos preços das verduras. "Já estou pagando R$ 3 por um pé de alface. Na semana passada, custava R$ 1."
O empresário diz que apesar de ir atrás dos alimentos em oferta é praticamente impossível atenuar outros aumentos de custos. Ele tem dez funcionário atualmente e o menor salário pago é de R$ 1.300.
Segundo Solmucci, da Abrasel, reajuste mínimo dos trabalhadores de restaurantes no ano passado foi de 10%. Para reter mão de obra mais experiente, os empresários deram aumento de 15%.


Governo controlará o preço dos alimentos

Governo intervém para conter alta da comida
Autor(es): Jorge Freitas Graziela Reis
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/governo-controlara-o-preco-dos-alimentos
 

Intervenção no mercado de produtos agrícolas tenta evitar a alta dos últimos meses, que afeta mais a população de baixa renda.
Ministério da Agricultura decide vender parte dos estoques de grãos para forçar a queda dos preços dos alimentos, mas produtores duvidam que a medida vá surtir efeitos
 
O governo vai intervir pesadamente no mercado de produtos agrícolas para controlar os preços dos alimentos, cuja alta tem castigado a população de baixa renda. Com a venda de parte dos estoques de grãos, que somam 7,29 milhões de toneladas, e a garantia de preços ao produtor, a equipe econômica quer derrubar o custo da comida e ajudar a manter na mesa dos brasileiros mais pobres feijão, arroz, carnes de aves e suínos, leite e ovos. Mas essa iniciativa pode ser insuficiente para enfrentar o salto nas cotações internacionais e a evolução da renda dos trabalhadores, que eleva o consumo e, em consequência, gera inflação.
Com a venda de sacas de milho, o Ministério da Agricultura quer garantir a redução do preço do produto in natura e contribuir para diminuir os custos de produção de carne de aves e suínos. O milho é um importante insumo na produção das rações dos animais. Ontem mesmo, já foi realizado um leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com entrega de 83 mil toneladas — 66,5% do total de 125,9 mil toneladas oferecidas.

O governo promoverá leilões de arroz para garantir o pagamento mínimo estipulado aos produtores. No início, a oferta será de cerca de 60 mil toneladas do grão. Já os preços do feijão tendem a baixar quando a oferta subir. Segundo análise dos técnicos da Conab, os agricultores estão recebendo pela saca do produto recém-colhido entre R$ 50 e R$ 90, dependendo da qualidade. As recentes chuvas têm criado uma maior dificuldade de compra nas regiões produtoras. A primeira safra, ou safra das águas, terá redução de 1,1% na área plantada, mas será maior em 1,5 milhão do que a anterior.

Círculo vicioso
A equação formada por consumo aquecido e oferta reduzida tem levado à valorização dos alimentos. No caso da carne bovina, não há estoques e é impossível engordar um bezerro da noite para o dia. Nos grãos, as cotações previstas para as sacas é que definem o investimento do produtor. Se o preço baixar, o produtor acaba não plantando. Sem colheita, cai a oferta e o preço chega mais alto na safra seguinte, num círculo vicioso. Por isso, consultores, pesquisadores e, principalmente, produtores rurais não acreditam que qualquer intervenção feita “na marra”, por meio da venda dos estoques reguladores do governo, tenha efeitos duradouros.

O consultor de Mercado da Scot Consultoria Alex Lopes da Silva lembra que a arroba do boi atingiu a cotação recorde no Brasil no ano passado, chegando a R$ 118. “Falta matéria-prima e a renda está em alta. Por isso, houve o pico na entressafra”, explicou. Hoje, o preço da arroba está, em média, em R$ 100 e não há expectativa de queda. Segundo Silva, o preço da carne bovina é diretamente ligado ao aquecimento da economia. “Estudos mostram que, se a renda aumenta 1%, o consumo de carne, principalmente dos cortes traseiros, de maior valor agregado, sobe 0,5%.”

O proprietário da fazenda Agromill, Renato Müller, de Paracatu (MG), também duvida que uma intervenção do governo para baixar preços de grãos surta efeito. “O tiro pode sair pela culatra”, alertou. Ele planta feijão, milho, soja, abóboras e cebolas. Segundo Müller, a saca de 60 quilos de feijão esteve mais cara em agosto (R$ 80). Agora, a cotação está em R$ 50. “Não sei onde querem intervir.”

A onda de elevação de preços não é relacionada apenas ao aumento da renda dos pobres. Segundo Lucilio Alves, pesquisador da Área de Grãos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a recuperação de preços da soja e do milho foi ditada pelo mercado internacional. “Não se consegue ampliar a oferta rapidamente e muito menos reduzir a demanda”, observou. Segundo analistas, o consumo internacional continuará aquecido.

Exportações
As exportações brasileiras de produtos agrícolas bateram recorde em 2010, atingindo US$ 76,4 bilhões, num crescimento de 18% em relação aos US$ 64,7 bilhões de 2009.

Os produtos que se destacaram foram açúcar (US$ 12,7 bilhões), café (US$ 5,7 bilhões), milho (US$ 2,1 bilhões) e carnes bovinas, suínas e de aves (US$ 11,8 bihões). A Ásia se consolidou como principal destino, comprando 30,1% da pauta. Somente a China foi responsável por 14,4% do total. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, as vendas podem ultrapassar a casa dos US$ 85 bilhões neste ano. “Seria bastante razoável esperarmos incremento em torno ou acima de 10%”, disse ontem, ao anunciar os números.


Consumidor muda cardápio

Cristiane Bonfanti

A disparada no preço dos alimentos azedou o orçamento dos brasileiros mais pobres em 2010, que tiveram o bolso mais sacrificado que o restante da população e precisaram adaptar o cardápio, deixando de comprar carne e frango e reduzindo o açúcar. O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, encerrou o ano em 7,33%, muito acima dos 3,69% de 2009. O número é maior que os 6,24% do IPC-BR, indicador que leva em conta os gastos das famílias com ganhos até 33 mínimos.

A elevação nos preços dos alimentos foi condicionada pela quebra de safra de alguns produtos por causa de problemas climáticos, e pelo crescimento do consumo, resultado da melhora dos rendimentos dos trabalhadores. “Houve aumento no preço dos grãos em geral, que afetou outros alimentos, como o frango. Os problemas na oferta do trigo, por exemplo, encareceram o pãozinho francês, fundamental na mesa do brasileiro. As famílias de baixa renda sentiram muito, pois a alimentação é o que mais pesa na sua cesta”, disse o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.

A secretária Vânia de Sousa, 43 anos, sentiu o aperto no bolso e passou a ir ao supermercado só em dias de promoção. Mesmo assim, muitas vezes, precisou deixar o frango para trás. “Os preços estão um absurdo. Eu comprava o quilo por R$ 3. Agora, não encontro por menos de R$ 5”, reclamou. Na lista de compras da dona de casa Ireni Trindade, 48, o aumento mais sentido foi no açúcar. Nas contas dela, o preço saltou de R$ 6 para R$ 9. “Além disso, todas as verduras estão mais caras”, observou.

Coxão mole
Casado e pai de três filhos, o motorista Rui Bispo, 43 anos, vai várias vezes ao supermercado durante o mês para aproveitar a queda nos preços de produtos específicos. Apesar do trabalho, sofre com o preço da carne. “O valor do quilo do coxão mole subiu de R$ 9 para R$ 13. Dependendo do item, eu só levo quando tem liquidação”, afirmou. A maior inflação do IPC-C1 foi registrada na classe de despesas alimentação (11,03%), rubrica que consome 40% da renda das famílias mais pobres.



Lula terminou governo com novo recorde de impostos

Era Lula chega ao fim com recorde de arrecadação
Autor(es): MÁRIO SÉRGIO LIMA
Correio Braziliense - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/lula-terminou-governo-com-novo-recorde-de-impostos
 

O governo Lula bateu todos os recordes de coleta de impostos federais em 2010, com uma arrecadação de R$ 826 bilhões - ganho real de 9,85% sobre 2009. O resultado foi inflado por recolhimento, também recorde, de R$ 91 bilhões em dezembro.
Segundo a Receita, o desempenho se deve ao crescimento econômico e a mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias.

Dezembro ultrapassa todos os resultados da história em coleta de impostos.

Ano de 2010 terminou com uma arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante o ano anterior.

O último mês do governo Lula bateu todos os resultados históricos de coleta de impostos federais, contribuindo para que 2010 tenha encerrado com uma arrecadação recorde de tributos na história do país.
Em dezembro, a Receita Federal arrecadou R$ 90,8 bilhões, um crescimento real (corrigido pela inflação medida no IPCA) de 16,17% em relação a igual mês do ano passado, o melhor desempenho anterior mensal verificado na série histórica.
Utilizando valores de dezembro, o ano de 2010 terminou com arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante 2009. Em termos nominais, o contribuinte pagou R$ 805,7 bilhões no ano passado ou R$ 3,2 bilhões por dia útil.
Segundo o novo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, o desempenho da arrecadação no ano passado deve-se ao forte desempenho econômico, embora a esse fator some-se, em dezembro, mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias.
Ele citou que os principais fatores que influenciaram o desempenho foram os crescimentos da produção industrial, das vendas de bens e serviços e da massa salarial, que influenciaram diretamente a coleta de tributos.
Uma das principais receitas extraordinárias foi um depósito judicial realizado por uma instituição financeira, em dezembro, de R$ 4 bilhões, que permitiu uma alta de 14,66% na arrecadação de PIS/Cofins no ano.
No mesmo mês ocorreu arrecadação extraordinária de R$ 2 bilhões de tributos por instituições financeiras.

IMPOSTO DE RENDA
Já o IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) registrou, em dezembro, avanço de 54,52% ante igual mês de 2009. Além da massa salarial, segundo o governo, houve ganhos de capital em vendas de bens e direitos.
"Apesar dessa alta, não há nada de específico, além de grandes vendas ou de ações ou de imóveis, por exemplo", afirmou Barreto.
Em sua primeira entrevista concedida desde que assumiu o cargo, ele aproveitou para anunciar as prioridades do fisco para 2011.
Além da modernização do órgão e do aumento da fiscalização, citou o papel do fisco na defesa comercial. "Vamos fortalecer a fiscalização aduaneira para combater crimes como pirataria e descaminho", disse.
Ele esquivou-se de comentar o protesto de sindicatos contra a ausência de correção pela inflação da tabela do IR e, questionado sobre a crise da Receita em decorrência do vazamento de informações sigilosas de políticos do PSDB, reforçou que os sistemas do fisco são seguros.
"O problema maior, que foi o fator humano, ético, é mais difícil de controlar, mas já foram tomadas medidas para isso", disse o novo secretário do órgão.

GOVERNO LULA BATEU RECORDE EM IMPOSTOS

Saco sem fundo
Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/governo-lula-bateu-recorde-em-impostos
 

Arrecadação de impostos bate o recorde no ano passado, atingindo R$ 826,05 bilhões. Volume de recolhimento no governo Lula foi 63,6% maior do que nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso

 
Os oito anos de governo Lula deixaram um extenso legado econômico e social, mas custaram aos contribuintes e às empresas brasileiras 63,6% a mais do que os dois mandatos de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. A arrecadação de impostos federais acumulou desde 2003 o equivalente a R$ 5,4 trilhões, corrigidos pela inflação do período, enquanto, entre 1995 e 2002, a carga somou um volume que, hoje, valeria R$ 3,3 trilhões. O apetite voraz resultou, no ano passado, no recolhimento recorde de R$ 826,065 bilhões, avanço de 9,85% sobre o obtido em 2009 — somente em dezembro, os cofres públicos foram engordados em R$ 90,882 bilhões.

Os dois períodos tiveram peculiaridades. FHC subiu alíquotas de alguns impostos já existentes e criou outros, como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), para tentar sustentar o país durante a travessia de quatro crises internacionais — Rússia, México, Ásia e Brasil.

No único abalo internacional que enfrentou, Lula desonerou alguns setores, via redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e correção em 4,5% ao ano da tabela de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). O plano era estimular a economia e sustentar a pesada máquina pública, ampliada durante sua gestão. A estratégia deu certo, mas todo o dinheiro cobrado dos consumidores com a justificativa de manter os serviços públicos básicos funcionando continua longe de ser revertido em atendimento à população.

A vendedora Rosecleide Leal, 45 anos, está insatisfeita com o valor que desembolsa em tributos, dentre os quais destaca o Imposto de Renda, equivalente a quase um terço de seu salário. “Às vezes, dá vontade de ficar com a situação irregular mesmo, porque estar dentro da lei custa muito”, desabafou. Além dos impostos federais, ela reclama dos valores das tarifas cobradas em âmbito estadual — IPTU e IPVA — que, somados, chegaram a R$ 1,2 mil em 2010. “Esse é o valor de duas prestações do meu carro, que já está acabado por conta dos buracos na rua. Eu pago e não recebo nada em troca, nem uma pista decente.”

O novo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, considerou positivo o aumento do recolhimento de impostos durante o governo Lula. “Tirando o ano da crise, a arrecadação se conformou dentro do esperado, com base nos indicadores macroeconômicos, e respondeu ao crescimento da atividade no país”, afirmou. No ano passado, os índices mencionados pelo secretário deram o tom do avanço da arrecadação. A produção industrial cresceu 11,71%, enquanto o comércio varejista subiu 14,43% e a massa salarial teve incremento de 13,23%. “Esses fatores contribuíram significativamente para ultrapassarmos os R$ 90 bilhões em dezembro. Não poderia ser diferente”, completou.

Cada um desses indicadores influencia diretamente alguns dos tributos que registraram as maiores somas no ano passado. Entre eles, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o PIS, que, juntos, registraram R$ 184,7 bilhões, em alta de 14,66%, e a Receita Previdenciária, que se expandiu em 10,73%, chegando a R$ 239,2 bilhões. Apesar de o aquecimento econômico ser positivo para os empresários, a carga tributária dificulta o desenvolvimento dos negócios.

Pedro Alexandre Moura Barros, 22 anos, abriu uma microempresa de venda direta há quatro meses e, por causa dos impostos, ainda não conseguiu contratar funcionários. “Trabalhamos eu, meu sócio e minha irmã. Gastamos cerca de R$ 15 mil com tributos de notas fiscais no mês passado. É muito caro”, reclamou. Segundo ele, essa quantia poderia ser menor. “Pagamos e não vemos o benefício. Esse dinheiro poderia ir para investimentos internos.”

Barreto espera que o vigor da arrecadação continue forte e estimou um crescimento nominal este ano em torno de 10%. Entretanto, evitou fazer uma previsão de avanço real (acima da inflação). “É preciso esperar para ver como a economia e a inflação vão se comportar”, justificou. Ele evitou comentar a possibilidade de aumento na carga tributária total. “Torço para que a economia cresça, para que a produção aumente e o emprego avance, o que vai levar a uma arrecadação em níveis mais altos, mas a carga continua a mesma. O governo, aliás, continua reduzindo impostos para investimento.”

O secretário admitiu que, mesmo tendo um caráter regulatório predominante, com a função de evitar a entrada de capital estrangeiro de curto prazo no país, e não arrecadatório, o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 6% foi um dos reforços da arrecadação. O valor recolhido nessa rubrica foi de R$ 27,2 bilhões, 31,62% superior ao de 2009.

IMPOSIÇÃO DIRETA
» A ocupação do cargo de secretário da Receita Federal por Carlos Alberto Barreto foi uma imposição direta da presidente, Dilma Rousseff, na equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A nova chefe da República sempre foi ligada a Barreto que, na época em que era adjunto do então secretário Jorge Rachid, preparava, com a equipe da Casa Civil, as medidas provisórias de matéria tributária. Quando Rachid caiu, Dilma queria que Barreto assumisse o posto, mas perdeu a queda de braço com Mantega por ainda não ter a influência política necessária. Ao sentar-se na cadeira mais alta do Executivo, no entanto, Dilma fez valer a sua força e exigiu a nomeação de Barreto. Para completar, colocou no lugar de Nelson Machado — ex-secretário-executivo que indicou Lina Maria Vieira e Otacílio Dantas Cartaxo, antecessores de Barreto — seu queridinho Nelson Barbosa. 

Calendário diferente

Entre os principais tributos federais afetados pela crise internacional, apenas o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) ainda não se recuperaram. Juntos, os dois renderam à União R$ 138,6 bilhões no ano passado, num recuo de 0,14%. A demora se deve à diferença nos calendários de pagamento dos impostos das companhias, de acordo com o tipo de atividade que exercem.

As empresas que recolhem pelo regime do lucro presumido (uma estimativa anual de vendas) já experimentaram no ano passado um avanço de 17,71% no pagamento dos impostos, uma vez que estavam sob o reflexo da recuperação econômica. O mesmo ocorreu com os grupos que pagam ao Fisco com base na estimativa mensal de lucros e amargaram alta de 6,50%. As companhias remeteram à Receita R$ 29,3 bilhões e R$ 72,1 bilhões, respectivamente.

Para as companhias que fazem os cálculos segundo balanços trimestrais, a arrecadação caiu 3,60% no ano passado, para R$ 7,9 bilhões. O recuo ocorreu porque os resultados registrados até agora estão influenciados ainda pelo último trimestre de 2009, período no qual a crise ainda prejudicava o funcionamento dos negócios. O menor ritmo de atividade ocasionou uma queda no recolhimento.

As pessoas jurídicas que acertam as contas com o Leão da mesma forma que as pessoas físicas — por meio de declaração de ajuste — foram as que menos contribuíram com o avanço do recolhimento de impostos. A queda foi de 32,65%, refletindo as operações de todo o ano de 2009, o que incluiu a maior parte das turbulências nos mercados doméstico e internacional.

O secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto, acredita que será possível observar uma recomposição desses tributos a partir do primeiro trimestre de 2011, começando pelos contribuintes que apuram lucro pelo balanço trimestral. “Não dá para ter uma previsão exata, porque algumas empresas podem preferir utilizar compensações e abatimentos de impostos a que têm direito. Mas vemos com otimismo a recuperação do recolhimento de IRPJ e de CSLL no ano que vem”, avaliou.

IOF garante receita extra de R$ 1,3 bi

Autor(es): Luciana Oton
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/iof-garante-receita-extra-de-r-1-3-bi
 

O aumento de 2% para 6% na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em outubro garantiu ao governo uma receita adicional de R$ 1,3 bilhão nos últimos três meses do ano. A Receita Federal estimava uma arrecadação de R$ 26 bilhões com o tributo e contabilizou R$ 27,3 bilhões. O aumento na arrecadação do tributo foi de 31,6%, percentual três vezes superior ao crescimento total da arrecadação, que foi de 9,85% sobre 2009, já descontando a inflação. Com isso, o peso do IOF no total da receita da União (sem considerar a arrecadação para a Previdência) passou de 4% em 2009 para 4,9% no ano passado.
A receita recorde e expressiva com a cobrança de um tributo de natureza regulatória é resultado da ampliação do volume das operações de crédito, do maior investimento de estrangeiros no mercado brasileiro e do aumento da alíquota. O resultado é bem superior aos anos anteriores. Em 2009, o IOF gerou R$ 20,7 bilhões e, em 2008, R$ 21,7 bilhões.
A maior receita advém da cobrança do IOF nas operações de crédito feitas por pessoas jurídicas, que somou R$ 8,8 bilhões, 7% acima do registrado em 2009. A maior taxa de crescimento, no entanto, foi registrada nas pessoas físicas, cujas operações de crédito no sistema financeiro renderam ao governo R$ 7,3 bilhões, 20% acima do apurado em 2009.
Nas operações de câmbio, a alta do IOF foi expressiva. Somente na liquidação das operações de câmbio referentes ao ingresso de moedas no país, a alta na arrecadação do tributo foi de 276%, proporcionando uma receita de R$ 5,2 bilhões. Na liquidação das operações de câmbio referente à saída de moeda, a receita foi de R$ 1,7 bilhão, 9,7% superior à do ano anterior. O aumento de 2% para 6% na alíquota do IOF ocorreu em outubro, quando o Ministério da Fazenda elevou, por duas vezes em um mês, a alíquota na tentativa de refrear o ingresso de dólares no mercado doméstico.
A primeira projeção consistente para o IOF em 2011 será conhecida em março no primeiro decreto de programação orçamentária do ano. O fisco não conta com uma performance como a de 2010, porque avalia que haverá menor crescimento das operações de crédito no mercado doméstico.

Fazenda vai manter IOF em resgate de CDB

Fazenda corrige decreto para manter IOF em resgate de CDB
Autor(es): Luciana Otoni | De Brasília
Valor Econômico - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/fazenda-vai-manter-iof-em-resgate-de-cdb
 

O Ministério da Fazenda publicará na próxima semana um decreto para esclarecer que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuará a ser cobrado nos resgates e revendas dos Certificados de Depósito Bancário (CDB) no prazo de 30 dias. O decreto 7.412, publicado pela Receita Federal no dia 31 de dezembro, que definiu as condições de incidência do IOF para várias operações de câmbio, de seguros e com título, e valores mobiliários foi genérico e os bancos entenderam que o governo eliminará a cobrança do imposto nos resgates ou revendas de CDBs. A imprecisão foi apontada pelo Valor em reportagem no dia 10 de janeiro. O receio de especialistas era de que a isenção estimulasse a liquidez diária do papel e criasse pressão sobre a principal fonte de captação dos bancos, prejudicando em especial pequenas e médias instituições.

 
O Ministério da Fazenda publicará na próxima semana um decreto destinado a esclarecer que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuará a ser cobrado nos resgates e revendas dos Certificados de Depósito Bancário (CDB) no prazo de 30 dias.
Em 31 de dezembro do ano passado, a Receita Federal publicou o Decreto 7.412 definindo as condições de incidência do IOF para várias operações de câmbio, de seguros e com títulos e valores mobiliários. Uma das finalidades foi eliminar a cobrança do tributo nas operações de curto prazo com títulos de renda fixa privada, mais especificamente nas negociações com debêntures e letras financeiras. O objetivo da medida é incentivar a negociação desses papéis no mercado secundário.
Como o texto das modificações ficou genérico, as instituições financeiras entenderam que o Ministério da Fazenda estava, também, eliminando a cobrança do imposto nas operações de resgate ou revenda de CDBs em prazo inferior a 30 dias. Mas esse papel não era o alvo da Fazenda e, portanto, não será beneficiado pela isenção.
Essa imprecisão do texto foi apontada pelo Valor, em reportagem publicada no dia 10 de janeiro. O receio de especialistas era de que a isenção do IOF estimulasse a liquidez diária do CDB e, assim, gerasse uma pressão sobre a principal fonte de captações dos bancos, prejudicando, principalmente, as pequenas e médias instituições.
A Fazenda prepara, portanto, um novo ato legal a ser publicado nos próximos dias. A área econômica tenta agir de forma rápida para paralisar a interpretação equivocada, evitar a pressão sobre a captação dos bancos e, ainda, barrar a possibilidade de as instituições financeiras ofertarem produtos financeiros direcionados ao aproveitamento do suposto benefício tributário com o CDB.
A correção será feita pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda e envolverá a Receita Federal. "A redação não ficou boa e deu margem a essa interpretação. O mercado naturalmente corre atrás das oportunidades regulatórias, alguém vai querer oferecer esse produto e antes que isso aconteça queremos esclarecer a questão", afirmou o secretário-adjunto da SPE, Dyogo Oliveira. "A intenção da medida não era essa. Ao contrário, a intenção não é encurtar os prazos de algumas aplicações, é alongar e facilitar a captação dos bancos e das empresas", acrescentou.
A alteração envolve dois decretos: o 7.412, de dezembro de 2010, e 6.306, de dezembro de 2007. O Artigo 32 do Decreto 6.306 especifica as condições de cobrança do IOF à alíquota de 1% ao dia sobre o valor do resgate, cessão ou repactuação, limitado ao rendimento da operação, em função do prazo.
A partir da publicação do Decreto 7.412 foi eliminada a parte que incluía, no Artigo 32 do Decreto 6.306, o trecho referente às operações realizadas no mercado de renda fixa. A partir dessa supressão, o mercado passou a interpretar que também os CDBs estariam incluídos na regra do IOF zerado.
Para o Ministério da Fazenda, não se trata de um entendimento meramente errôneo do mercado financeiro sobre o benefício tributário, mas de uma interpretação equivocada provocada pela falta de clareza na redação das mudanças.


Governo exclui isenção do IOF para CDBs

Autor(es): A gência o globo : Martha Beck
O Globo - 14/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/14/governo-exclui-isencao-do-iof-para-cdbs
 
BRASÍLIA. O governo decidiu reeditar o decreto que elimina a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a compra e a venda de títulos privados negociados num prazo de até 30 dias. O novo texto vai deixar claro que o benefício só vale para debêntures e Letras Financeiras (LFs) e, portanto, não inclui os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

A desoneração foi concedida dentro do pacote de incentivo ao investimento privado de longo prazo no país - anunciado no fim de 2010 - e visava a incentivar a criação de um mercado secundário para papéis emitidos por empresas no país.

O problema é que o primeiro decreto não deixava claro para que tipo de títulos a isenção do IOF era válida. Diante dessa brecha, o mercado financeiro começou a ver uma oportunidade de retomar com mais força as operações de apenas um dia (overnight) com CDBs.

Um aumento nesse segmento poderia prejudicar bancos médios e pequenos, que não teriam fôlego para concorrer com bancos de maior porte na oferta de títulos de um dia, e ainda afetar a liquidez no mercado. Os CDBs representam depósitos a prazo e têm um compulsório equivalente a 15% (da média diária dos saldos), bem inferior ao existente para depósitos à vista (43%).


Fartura no mercado externo

Autor(es): A gência o globo : Ronaldo D"Ercole
O Globo - 14/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/14/fartura-no-mercado-externo
 
Empresas brasileiras já emitiram US$2,7 bi em títulos este ano. Em 2010, total foi recorde: US$40 bi


As empresas e os bancos brasileiros nunca captaram tanto dinheiro lá fora com a emissão de títulos. Do início do ano até ontem, cinco grupos - BR Malls, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e banco Cruzeiro do Sul - já concluíram emissões lá fora, em operações que, juntas, levantaram US$2,76 bilhões. O excesso de liquidez nos mercados internacionais e os juros baixos resultantes das politicas monetárias expansionistas nos Estados Unidos e Europa, que tentam reerguer suas economias, criaram um cenário muito favorável para as empresas brasileiras buscarem lá fora recursos para financiar os investimentos aqui. Em 2010, entraram nos cofres das companhias brasileiras US$40,37 bilhões por meio das emissões de papéis, como bônus e commercial papers. O volume, 53% maior do que os US$26,2 bilhões levantados em 2009, é recorde, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

- O primeiro trimestre tende a ser muito aquecido, porque a economia brasileira está muito forte e o dinheiro de longo prazo para as empresas no Brasil ainda é escasso - diz diretor Alexandre Aoude, diretor-executivo do Itaú BBA.

Mais lançamentos de bônus perpétuos

A maior operação deste início de ano foi fechada ontem pelo BB, que emitiu 750 milhões em bônus com prazo de cinco anos, pagando juros de 4,625% ao ano. Ainda em Londres, ontem, o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores do BB, Ivan Monteiro, comemorava a primeira captação do banco no mercado europeu desde 2003.

- Retornamos a esse mercado, que volta a ser uma fonte adicional de funding importante, possibilitando ao banco manter a liderança no financiamento às exportações Brasileira - disse Monteiro, informando que a demanda pelos papéis do banco chegou a 1,4 bilhão.

Os bancos têm aproveitado bastante as boas condições de captação no exterior. Dos US$40,3 bilhões levantados lá fora com a emissão de títulos no ano passado, US$21,3 bilhões, ou 53%, foram para reforçar o caixa de empresas não financeiras, enquanto que US$14,2 bilhões (35%) ficaram com os bancos.

A maior parte foi de "dívida subordinada", ou seja, recursos que servem para aumentar a capacidade de financiamento dos bancos. Recorreram a essas operações tanto bancos menores, como o BicBanco e ABC, como Itaú Unibanco, Santander, Bradesco e BB.

- O mercado está muito aberto e é uma oportunidade para a diversificação de prazos das captações, a custos menores. Em 2010, o mercado teve um apetite forte, os bancos souberam aproveitar e o ano começou nessa linha - diz Fábio Mentone, diretor de Investimentos do Bradesco BBI, que na semana inaugurou a temporada de captações, com a emissão de US$500 milhões em bônus.

Em 2010, o governo federal captou apenas US$2,8 bilhões lá fora com o relançamento de um bônus global, enquanto que o BNDES levantou US$1,9 bilhões com debêntures.

O maior interesse por papéis brasileiros reabriu também às empresas brasileiras o mercado para as emissões de títulos perpétuos (sem prazo de vencimento). Companhias como Odebrecht, Braskem e InBev aproveitaram para fazer novas emissões.

- Esse dinheiro é quase um investimento direto por não ter prazo - observa Aoude, do Itaú BBA.

As boas condições para buscar recursos lá fora, contudo, levaram a um maior endividamento nos últimos dois anos. Levantamento da consultoria Economática mostra que, entre setembro de 2009 e o mesmo mês de 2010, o estoque de dívidas em moeda estrangeira das 291 empresas brasileiras de capital aberto aumentou 32%, passando de US$115,7 bilhões para US$153,8 bilhões.

- Desse aumento de US$37 bilhões no estoque de dívidas, parte veio de novos empréstimos diretos tomados junto a bancos - observa Einar Rivero, da Economática.

A elevação do endividamento decorrente do aumento das captações, observa Luiz Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, exige das empresas uma gestão mais eficiente da variável cambial em seus balanços.

- O governo já sinalizou que vai intervir para calibrar o nível do dólar, o que representa um componente novo de incerteza cambial, que deve ser considerada nas decisões de novas emissões - diz.


Banqueiros podem embolsar garantias

Autor(es): Murillo Camarotto e Fernando Travaglini
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/banqueiros-podem-embolsar-garantias
 

 
Donos de bancos em liquidação que entregaram propostas de parcelamento de suas dívidas ao Banco Central no apagar das luzes de 2010 para encerrar os processos, aproveitando-se da possibilidade aberta por uma nova lei, estão com a expectativa de conseguir embolsar milhões.
Além de permitir o parcelamento em até 180 meses das dívidas com o BC, a Lei 12.249, assinada em junho de 2010, abre a possibilidade de que os antigos controladores dos bancos em liquidação extrajudicial recuperem ao menos parte das garantias que hoje estão atreladas às dívidas. Tudo vai depender da resposta do BC às propostas feitas pelos bancos. A depender do novo valor das dívidas que será calculado pela autoridade monetária, com desconto, garantias apresentadas por banqueiros socorridos pelo Proer poderão ser suficientes para o pagamento de todo o passivo, com sobras.
Esse é o caso do Banco Mercantil de Pernambuco, que deve hoje algo próximo a R$ 2 bilhões para o BC, segundo números atualizados por seu liquidante, Marcos Siqueira Leite. A instituição manifestou em 21 de dezembro do ano passado o desejo de quitar suas dívidas sob os benefícios da nova lei. No entanto, optou pelo pagamento à vista, que oferece desconto de 45% sobre todos os encargos.
Na época em que foi socorrido pelo Proer, o banco adquiriu, como garantia, um volume de Notas do Tesouro Nacional (NTN). De acordo com o liquidante, o valor atualizado desses títulos é inferior ao passivo total com o BC, ou seja, insuficiente para a amortização. Existe, contudo, a expectativa de que o montante com desconto possa tornar viável o pagamento. "O que se supõe é que, se houver o abatimento [dos encargos], se possa pagar a União e os demais credores", afirmou Siqueira Leite.
Além desses credores, o liquidante admitiu que poderia sobrar algum dinheiro para a família Queiroz Monteiro, antiga controladora. Siqueira Leite, no entanto, disse não ter feito cálculos.
No caso do Econômico, as chances de que isso ocorra são menores. O liquidante do banco, Natalício Pegorini, disse considerar uma "irresponsabilidade" tratar de eventuais sobras nesse momento. Segundo ele, além do BC, para quem deve mais de R$ 23 bilhões, o Econômico tem ainda dívidas tributárias e outros 700 credores. As garantias foram apresentadas na forma de NTNs, que valem hoje algo próximo a R$ 5,5 bilhões, e de recebíveis do Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS), cujo valor atualizado não foi calculado.
O liquidante lembrou que imóveis e empresas ligados aos ex-controladores estão indo a leilão, no intuito de levantar mais recursos para a quitação do passivo. "Só aí [depois do posicionamento do BC], poderemos escolher a opção mais vantajosa para o pagamento", afirmou Pegorini.
Já o Banorte deve optar pelo parcelamento da maior fatia de sua dívida, hoje em R$ 716 milhões. Desse montante, R$ 593 milhões referem-se às chamadas reservas bancárias, que o banco pretende financiar em 180 meses. O liquidante da instituição, Pedro Ataíde Pinheiro, afirmou que não haverá necessidade de apresentação de garantias para o parcelamento. "Se chegar em um momento em que a massa não tiver força para continuar pagando, o Banco Central retoma o processo de execução", argumentou Pinheiro. "Por isso não há necessidade de garantias."
A lei editada no ano passado é bastante ampla, tratando de temas diversos, mas um único artigo, perdido em meio a 140 outros, abriu a possibilidade de que todas as dívidas com autarquias e fundações públicas federais contraídas até novembro de 2008 sejam renegociadas. Segundo a lei, no caso de pagamento à vista, o BC poderá conceder desconto de até 100% das multas, de 45% dos juros e de 100% dos encargos legais. A dedução se reduz nos casos de parcelamento, chegando a 60% das multas e de 25% dos juros no limite de 180 prestações mensais. Os bancos, no entanto, precisaram abrir mão de qualquer disputa judicial.
Com o desconto, existe a possibilidade de que o valor devido se torne menor do que o montante em garantias depositados na época da intervenção, com os recursos excedentes podendo voltar à mão dos banqueiros falidos. O parágrafo 26 da lei explicita que, se o saldo das garantias exceder o valor do débito, o valor remanescente poderá ser "levantado" pelo banqueiro. Outro artigo, esse da Portaria 61.604 do BC, que regulamentou o tema para os casos do sistema financeiro, exime os bancos de apresentar novas garantias.
Todas as solicitações enviadas serão agora analisadas pelas áreas técnicas do BC e, ao final, pela diretoria. Os especialistas do BC vão verificar se os números apresentados têm divergências em relação ao que o próprio BC avalia como correto. Vão olhar ainda se os índices de correção estão adequados do ponto de vista legal e contratual (nos casos do Proer). O departamento jurídico também avaliará o caso.










Desembolsos do BNDES batem novo recorde: R$ 168 bi

Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/desembolsos-do-bndes-batem-novo-recorde-r-168-bi
 

Valor é quase 23% maior que o de 2009, em meio à recuperação da economia, atingida pela crise mundial

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manteve a trajetória de crescimento acelerada após a crise mundial e terminou 2010 com novo recorde de desembolsos: R$ 168,4 bilhões. A cifra, divulgada ontem, representa um crescimento de quase 23% em relação aos R$ 137,4 bilhões emprestados pelo banco de fomento em 2009, em meio à recuperação da economia.

Os números de 2010 e 2009 foram influenciados pelas operações especiais do banco para financiar investimentos da Petrobrás. Em 2009, o BNDES concedeu empréstimo de R$ 25 bilhões para a estatal. Em 2010, com recursos emprestados pelo Tesouro, num movimento que ajudou o governo a cumprir a meta de superávit fiscal, o BNDES aportou R$ 24,7 bilhões na capitalização da Petrobrás, ajudando a elevar a participação estatal na companhia.
O BNDES apresentou um cálculo que desconsidera o impacto da capitalização da Petrobrás, reduzindo para 5% a alta nos desembolsos, mais perto da projeção de Coutinho para o ano.
No entanto, a conta não excluiu o empréstimo especial de 2009 para a estatal. Em novembro, o banco havia descontado as duas operações em um balanço dos 12 meses anteriores a outubro que apontava crescimento de 43% nas liberações em relação ao mesmo período de 2009.
O desempenho recorde do BNDES em 2010 também se refletiu no número de operações aprovadas, que somaram pouco mais de R$ 200 bilhões, 18% a mais do que no ano anterior. O indicador aponta para a manutenção do crescimento do banco em 2011, embora o chefe do Departamento de Orçamento da Área de Planejamento do BNDES, Gabriel Visconti, diga que ainda não há previsão.
"O banco vai continuar com seu papel fundamental de estimular o investimento na economia. Não esperamos um crescimento explosivo, mas não vamos encolher", disse Visconti, referindo-se à perspectiva de crescimento das liberações para grandes empreendimentos de infraestrutura, como as hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.
Visconti admitiu que as medidas de incentivo ao financiamento privado de longo prazo lançadas pelo governo no ano passado ainda terão impacto reduzido este ano na demanda por crédito que hoje recai quase exclusivamente sobre o BNDES. Em 2010, a indústria ficou com 47% do total de recursos. A infraestrutura ficou com 31% e o setor de comércio e serviços, com 16%.
Diferentemente do ano passado, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, não concedeu entrevista ontem para divulgar o resultado de 2010. Ele está envolvido em negociações com a equipe econômica do governo para traçar o orçamento do banco para 2011 e prorrogar incentivos.

Desembolso recorde

Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 25/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/25/desembolso-recorde
 
 
A capitalização da Petrobras e a política de sustentar o investimento com incentivo público, executada no fim do governo Lula, levaram o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a registrar um volume recorde de desembolsos em 2010. A instituição concedeu R$ 168,4 bilhões em financiamentos, valor 24% superior ao liberado no ano anterior. Sem a operação com a petrolífera, no total de R$ 24,7 bilhões, o crescimento teria sido de 5% — desempenho “compatível com as projeções anteriores”, segundo avaliação do banco. A indústria foi o setor mais beneficiado, com R$ 78,8 bilhões e expansão de 47% — as companhias químicas e petroquímicas lideraram os empréstimos (R$ 33,8 bilhões).

“A soma dos desembolsos foi recorde, mas além do número é preciso avaliar o que está por trás dele. O ponto principal é que a participação das micro, pequenas e médias empresas no financiamento saiu de 18% para 27%”, ponderou o técnico do BNDES Gabriel Visconti. No ano passado, esse segmento recebeu R$ 45,7 bilhões em recursos, resultado obtido em função do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). A ação, lançada em julho de 2009 e com vigência prevista até março deste ano, proporcionou taxas de juros e condições mais amigáveis para financiamentos voltados, principalmente, à compra de máquinas e equipamentos.

Na visão de Leonardo dos Santos, economista da agência de classificação de risco Austing Ratings, “o BNDES teve papel importante para as empresas de pequeno e médio porte, principalmente na época da crise, quando as linhas de crédito do setor privado secaram”. Para ele, a atuação do banco foi positiva porque, além de garantir o fluxo de recursos para uma parcela mais ampla do setor produtivo, permitiu o crescimento de segmentos específicos. “Foi uma aposta em empresas que tinham, por exemplo, um enorme potencial de internacionalização. É uma política natural de canalização de recursos”, afirmou.

Apesar de garantir recursos para investimentos, a eficiência da postura expansionista é contestada por parte do mercado. “Com a quantidade de dívida que o governo emitiu em 2009 e 2010 para reforçar o caixa do BNDES, era esperado que os desembolsos subissem muito, incluindo as pequenas e médias. Mas a pouca eficiência disso nós vemos na taxa de formação bruta de capital fixo (investimento) que não passa ainda dos 19% do Produto Interno Bruto (PIB)”, afirmou Felipe Salto, da consultoria Tendências.

Para ele, a promessa de elevar a taxa de investimento para 24% do PIB até o fim do mandato não será cumprida, caso o governo continue confiando no banco como única fonte de fomento. “Se a instituição permanecer com esse tamanho (de caixa), quem vai ter que sustentar esse peso é o setor público”, completou. A avaliação de Salto é baseada no fato de que as emissões que capitalizaram o BNDES elevam a dívida bruta do país. A disposição demonstrada pelo governo, porém, é de reduzir o papel do BNDES no total de crédito concedido na economia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, no início de dezembro, medidas de incentivo ao financiamento de longo prazo pelos bancos privados.

Entre as iniciativas, está a isenção de Imposto de Renda (IR) para a emissão de debêntures (papéis de instituições privadas) voltadas ao financiamento de projetos de infraestrutura. “Ainda não há um volume fechado, mas não há dúvida que nesse aspecto, vale a palavra do presidente do BNDES (Luciano Coutinho). A intenção é aumentar a participação do setor privado para que o ritmo de crescimento dos investimentos seja mantido no longo prazo”, ressaltou Visconti.

O banco caminha na direção correta, avalia Salto. “Ele é importante e precisa existir, mas para fomentar projetos e segmentos estratégicos e não administrar um bolo de crédito gigantesco”, afirmou. Depois da indústria, o setor que mais recebeu recursos foi o de infraestrutura, com
R$ 52,4 bilhões em liberações e crescimento de 31%. Nessa rubrica, os projetos na área de transporte rodoviário e energia elétrica foram os maiores beneficiados, com R$ 25,9 bilhões e R$ 13,6 bilhões, respectivamente.

Justificativa
No período pós-crise, o Tesouro Nacional emitiu diretamente R$ 180 bilhões (R$ 100 bilhões em 2009 e o restante no início de 2010) em títulos da dívida pública com o objetivo de reforçar o caixa do BNDES. A justificativa era suprir a escassez de crédito que as grandes empresas enfrentavam no mercado doméstico e externo e contra a qual lutavam as pequenas companhias nos bancos privados médios.

Caixa forte
Desembolsos por segmento econômico em 2010
e crescimento em relação a 2009

Setor  -  Financiamentos   Variação (Em R$ bilhões)    (Em %)
» Indústria 78,8 / 47

» Infraestrutura 52,4 / 31

» Comércio e Serviços 27,1 / 16

» Agropecuária 10,1 / 6

Investimento da União atinge 3,5% do PIB

Autor(es): Sergio Lamucci | De São Paulo
Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/investimento-da-uniao-atinge-3-5-do-pib
 

Conjuntura: Inversões feitas pelo governo e pelas estatais federais sobem pelo sétimo ano seguido em 2010.

O investimento da União e das estatais federais subiu pelo sétimo ano seguido em 2010, atingindo perto de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O volume investido é um pouco superior aos 3,26% do PIB de 2009 e mais que o dobro do 1,59% do PIB registrado em 2003. As inversões do governo federal tiveram um impulso mais significativo em 2006, ganhando fôlego nos anos seguintes com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de 2007.
Entre as estatais, o grande destaque é a Petrobras, que, sozinha, investiu o equivalente a 2,03% do PIB nos 12 meses até outubro. É quase 70% a mais que o 1,21% do PIB investido pela União nos 12 meses até novembro de 2010. Uma pequena parte dos investimentos da Petrobras é feita fora do país, em torno de 5% do total.
Nesse quadro, a União e as estatais federais responderam por 17,9% do total investido na ampliação da capacidade produtiva no ano passado, considerando que a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe na construção civil e em máquinas e equipamentos) ficou em 19% do PIB em 2010 e a Petrobras faz 95% das inversões dentro do país. Em 2009, a fatia federal no investimento total havia sido um pouco maior - 18,7% de uma formação bruta de capital fixo de 16,9% do PIB.
Isso ocorreu porque, com a crise global, as inversões públicas se ampliaram no momento em que o setor privado se retraiu. Os números de 2009 e 2010 mostram que houve mudança significativa da participação da União e das estatais no investimento total em relação aos anos anteriores. Em 2003, ano de forte ajuste fiscal, a fatia foi de 10%. Mesmo em 2008, quando o investimento público já estava em recuperação, não chegou a 13,5%.
As inversões do governo federal ganham força a partir da segunda metade da década, depois de alguma recuperação esboçada em 2004 e 2005. O professor Francisco Luiz Lopreato, da Unicamp, diz que houve uma mudança de orientação na política econômica a partir de 2006, abrindo espaço para uma elevação mais consistente do investimento público.
Entre outras medidas, ele lembra que o governo lançou o PAC e fortaleceu as estatais e os bancos públicos, como o BNDES, além de ter reduzido o superávit primário (a economia para pagar os juros da dívida) a partir de 2009, para combater os efeitos da crise global. Com isso, os investimentos federais atingiram um nível que já faz diferença para a atividade econômica, acredita Lopreato. "A visão se tornou mais desenvolvimentista a partir de 2006, com a saída de Antonio Palocci e a entrada de Guido Mantega na Fazenda."
Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, houve uma percepção de que os investimentos precisavam se intensificar "desde 2007, com o PAC." O problema, na visão de Vale, é que o "programa ainda não funciona efetivamente, com muita concentração em projetos da Petrobras e da Eletrobras ".
Ele reconhece a "tentativa de aceleração dos investimentos" a partir da crise global, mas observa que, mesmo com a alta recente, o volume de investimento público no Brasil é pequeno em relação ao dos outros emergentes, "onde, em geral, fica acima de 7% do PIB". Se forem incluídas as inversões de Estados e municípios, o volume investido pelo setor público brasileiro em 2010 ficou em 5,1% do PIB, segundo números do Ministério da Fazenda.
Vale também vê com preocupação o fato de o volume de investimentos ser muito concentrado na Petrobras, que responde por quase 60% da soma de gasto da União e das estatais federais em 2010.
A análise das inversões da Petrobras ao longo da década mostra um salto impressionante a partir de 2002, quando a empresa passou a investir mais que a União. Em 2009, o volume investido pela companhia, equivalente a 1,97% do PIB, foi quase duas vezes superior ao 1,01% do investimento do governo federal. Para os próximos anos, a expectativa é que a empresa continue nessa trajetória, por conta da exploração do petróleo na camada pré-sal.
O economista Cláudio Fritschak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, diz que houve um esforço nos últimos anos para aumentar o investimento público, mas também considera muito baixo o volume destinado à infraestrutura. Ele estima que, entre 2008 e 2010, o país investiu no setor, somando recursos públicos e privados, uma média anual de 2,42% do PIB, abaixo dos 3% do PIB que seriam necessários para evitar a degradação do estoque de capital já existente.
Para Frishtak, enfrentar a questão fiscal é decisivo para elevar os recursos para a infraestrutura, por dois motivos. O primeiro é controlar o ritmo de alta dos gastos correntes (pessoal, aposentadorias, custeio da máquina) para abrir espaço para o investimento público crescer mais. O outro é permitir uma redução dos juros que facilite a criação de um mercado de títulos privados de longo prazo, importante para desenvolver alternativas para financiar o investimento por períodos dilatados.
Um dos principais desafios do governo neste ano será manter em alta a trajetória do investimento num quadro de ajuste fiscal. Se quiser buscar a todo custo a meta de superávit primário de 3,1% do PIB, será necessário sacrificar investimentos, dizem especialistas em contas públicas como Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para Vale, como os investimentos são prioridade para a presidente Dilma Rousseff, não deverá haver corte das inversões, que tenderiam a continuar a crescer acima da variação do PIB. Uma das consequências é que a meta fiscal não deverá ser cumprida, acredita ele.


Crédito externo ao Brasil aumenta 1.447% em 2010

Autor(es): Assis Moreira | De Bruxelas
Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/credito-externo-ao-brasil-aumenta-1-447-em-2010
 

 
Os créditos externos para o Brasil foram 1.447% mais elevados entre janeiro e setembro de 2010 do que no mesmo período do ano anterior, numa ilustração também de como o país está atraindo capital estrangeiro e impacta na valorização do real. Dados do Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, mostram que o financiamento externo para o país somou US$ 70,8 bilhões nos três primeiros trimestres de 2010, ante apenas US$ 4,5 bilhões no mesmo período de 2009.
Os dados do BIS sobre o dinheiro de fora que tomou o rumo do mercado brasileiro incluem todos os instrumentos, todas as moedas e todos os setores e foram ajustados pelo câmbio. Entre julho e setembro de 2010, o Brasil continuou a ser o emergente a mais obter crédito externo, depois da China. Foram US$ 27,9 bilhões, numa alta de 26,8% em relação ao trimestre de abril a junho, enquanto a China somou US$ 33,8 bilhões.
A evolução é significativa. Em 2006, o credito para o Brasil somou US$ 18,5 bilhões e cresceu forte para US$ 49,6 bilhões no ano seguinte. Com a crise global, o mercado secou em 2008 e o país sofreu retirada líquida de US$ 2,8 bilhões. Mas voltou a obter acesso ao crédito no ano seguinte, com os US$ 4,5 bilhões líquidos, quando globalmente ainda havia certa estagnação no setor financeiro.
Desde então, o BIS revela que entre janeiro de 2009 e setembro de 2010 o estoque total de financiamento externo para o Brasil cresceu 70,2%, pulando de US$ 140,9 bilhões para US$ 239,9 bilhões.
A exposição total dos bancos estrangeiros no Brasil, incluindo o crédito em moeda local pelas subsidiárias, alcançou US$ 447,7 bilhões no final de setembro, num aumento de de 5,6% em três meses.
A banca europeia domina com exposição de US$ 323,2 bilhões ao final de setembro, num crescimento de 10% em relação ao total de julho. Na liderança estão os espanhóis, com US$ 168 bilhões, com expansão de 6,7% comparado ao trimestre anterior. Os bancos norte-americanos tinham exposição de US$ 79 bilhões no país e os britânicos de US$ 76 bilhões no mercado brasileiro.
Globalmente, no terceiro trimestre de 2010 os financiamentos bancários para outros países cresceram US$ 624 bilhões, numa alta de 2,2%, depois de expansão de apenas 0,1% (US$ 10 bilhões) no segundo trimestre.
Em contraste com trimestres anteriores, o crédito bancário foi mais robusto em direção dos combalidos países desenvolvidos, enquanto os empréstimos externos para economias emergentes e centros "offshore" mantiveram seu crescimento.
O BIS registra uma forte reversão na moeda usada, com o dólar americano tendo atraído a maioria das novas operações em detrimento do euro, que continua submetido a forte pressão por causa da fragilidade de boa parte de suas economias. Os empréstimos de subsidiárias estrangeiras para residentes dos países onde atuam também cresceram significativamente. Os financiamentos externos e título de dívida da América Latina continuaram a aumentar em 9,8% e 11,2%, respectivamente. Na Ásia e Pacífico, a alta foi de 8% nos dois casos.

Conta corrente tem déficit menor que no governo FHC

Autor(es): Fernando Nakagawa e Fabio Graner
O Estado de S. Paulo - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/conta-corrente-tem-deficit-menor-que-no-governo-fhc
 
Os oito anos do governo Lula terminaram com menor déficit externo e maior entrada de Investimento Estrangeiro Direto na comparação com o governo anterior. O resultado da conta de transações correntes nas duas gestões do governo petista somou déficit de US$ 54,97 bilhões. O valor foi 70,5% menor que o observado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, quando o rombo atingiu US$ 186,16 bilhões.
A diferença é explicada porque as contas externas tiveram saldos positivos expressivos no início do governo Lula, quando a economia doméstica crescia em ritmo moderado e as exportações eram beneficiadas pelos preços das commodities exportadas pelo País. No segundo mandato, quando a economia passou a crescer mais rapidamente, os saldos voltaram ao vermelho, exatamente como em boa parte do governo FHC.


Brasil é o sexto como destino de investimento

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 26/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/26/brasil-e-o-sexto-como-destino-de-investimento
 
 volume de investimentos recebido pelo Brasil em 2010 coloca o País como o sexto maior destino de recursos do mundo no ano - sua melhor posição no ranking - e também apresenta a taxa de expansão mais elevada entre as maiores economias. Os dados são da ONU, que admite ter ficado surpresa com os mais de US$ 48 bilhões registrados pelo Brasil em investimentos produtivos no ano.
Com o volume registrado, quase o dobro de 2009, a economia brasileira superou tradicionais economias como Reino Unido, Japão, Itália, Alemanha e Holanda como destino de investimentos estrangeiros.
A expansão brasileira foi superior aos 9,7% de crescimento dos países emergentes. Na China, o crescimento foi de apenas 6,3%.
O contraste com os países ricos é ainda mais explícito. Os investimentos no mundo ficaram estagnados em 2010, somando apenas 0,7% a mais que em 2009, o ano da crise. No ano passado, os investimentos mundiais somaram US$ 1,12 trilhão, contra US$ 1,11 trilhão em 2009.
Nas economias ricas, o que se registrou foi uma queda de 7% no fluxo de investimentos em 2010. A Europa registrou uma queda de 22% nos investimentos recebidos, contra uma contração de 83% no Japão. A Irlanda sofreu uma queda de 66% no fluxo de investimentos, contra 20% na Dinamarca, 55% em Luxemburgo e 38% de queda na Grécia.
Em declarações ao Estado, o economista da ONU, James Zhan, admitiu que o desempenho do Brasil é "invejável" e que a busca por acesso ao mercado consumidor e de matérias-primas é o que levou à expansão de investimentos. "Esse crescimento é único no mundo hoje."
A avaliação publicada há apenas uma semana pela ONU indicava que os investimentos não passariam de US$ 30 bilhões no Brasil, baseado em projeções. Mas só em dezembro, US$ 15 bilhões entraram na economia nacional. Com a expansão, o Brasil também registrou o maior crescimento porcentual, dobrando o volume de recursos em um ano.
Em 2009, o Brasil ocupava a 13.ª colocação entre os maiores destinos, atrás da Rússia, Índia, Cingapura e outros emergentes.
A liderança é dos EUA, que receberam US$ 186,1 bilhões no ano passado. Em segundo lugar vem a China, com US$ 101 bilhões em investimentos. Em terceiro aparece Hong Kong, com US$ 62 bilhões. A quarta posição é da França, com US$ 57 bilhões recebidos, e em quinto aparece a Bélgica, com US$ 50,5 bilhões. O Reino Unido, com US$ 46 bilhões, foi superado pelo Brasil.
A ONU já havia confirmado uma transformação profunda na economia mundial. Pela primeira vez na história, os países emergentes receberam mais investimentos que os ricos, que ainda vivem as incertezas da recuperação por causa das altas taxas de desemprego e das turbulências no mercado financeiro. Juntos, os emergentes receberam, em 2010, mais de 53% de tudo que foi investido no mundo e tiveram uma expansão de 10%.

Bolsa reduz tarifas para comprador de título privado

Autor(es): Angelo Pavini | De São Paulo
Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/bolsa-reduz-tarifas-para-comprador-de-titulo-privado
 

Estratégia: Pacote de medidas, que diminui custos também para os emissores, busca estimular as ofertas e a negociação dos papéis na BM&FBovespa

A BM&FBovespa divulgou no fim da semana passada um pacote de redução de custos para quem quer negociar papéis de renda fixa privados na bolsa. O pacote diminui as taxas de custódia, manutenção e negociação de debêntures, cotas de fundos de recebíveis (FIDCs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras Financeiras. Com isso, aplicações até R$ 300 mil ficarão isentas de taxa de custódia. A medida deverá incentivar as aplicações de varejo nesses papéis.
A taxa de custódia era 0,10% ao ano, com teto de R$ 1,5 mil. Agora, apenas valores acima de R$ 300 mil pagarão a tarifa, que começa em 0,013% e vai até 0,0005% para quantias acima de R$ 10 bilhões (ver quadro). "Foi uma redução importante para o investidor", diz Sergio Goldenstein, diretor de renda fixa e câmbio da BM&FBovespa.
A bolsa reduziu também a taxa de negociação paga pelo investidor, que era de 0,10%, com mínimo de R$ 40. Agora, ela será de 0,001%, com mínimo de R$ 5 e máximo de R$ 1 mil. Foi criada também uma taxa de manutenção, de R$ 20 por ano sobre cada conta de debêntures, notas promissórias, Letras Financeiras, CRIs ou FIDCs que o investidor possua.
O objetivo da bolsa é incentivar as ofertas e a negociação desses papéis na BM&FBovespa, afirma Goldenstein, destacando a vantagem da possibilidade de pulverização das operações para um universo maior de investidores. "Queremos mostrar a capilaridade da bolsa, que permite uma distribuição pública que vai além dos grandes investidores institucionais, bancos e fundos, chegando também ao varejo", diz.
Hoje, lembra ele, as emissões de debêntures são, na verdade, operações de crédito, em que um banco ou dois apenas compram todos os papéis diretamente. "Mas no futuro isso vai mudar, elas vão ser vendidas em ofertas públicas e vão se tornar mais operações típicas de mercado de capitais, e a bolsa é o espaço que vai permitir essa pulverização junto ao varejo via corretoras", diz Goldenstein. Hoje, a bolsa tem cerca de 2% do mercado de títulos privados do mercado, excluindo os CDBs, o que equivale a cerca de R$ 10 bilhões.
Junto com os custos para o investidor, a bolsa reduziu também as tarifas para os emissores dos papéis. E criou regras para as ofertas de Letras Financeiras, emitidas pelos bancos, que poderão ser lançadas e negociadas na bolsa em ofertas públicas.
Para as empresas, a bolsa baixou a taxa de distribuição dos papéis, antes de 0,035% sobre o valor da emissão. Foram criadas três faixas, sendo a primeira, sem o uso do "pool" de corretoras na distribuição, de 0,002%, menos de 10% da taxa anterior, observa Goldenstein. A segunda, com as corretoras, sobe para 0,01%, mas mesmo assim menos de um terço do custo antigo. E, com corretoras e serviços adicionais, como controle das contas dos investidores, o custo vai a 0,02%.
A taxa de análise para registro de debêntures também foi reduzida, de R$ 51 mil para R$ 9,9 mil. E a anuidade paga pelas empresas, de R$ 9,9 mil, foi eliminada. "E se a empresa fizer a emissão da debênture exclusivamente na bolsa, ela estará isenta de taxa de análise", diz Goldenstein. Apenas os FIDCs continuarão com taxa de análise, de R$ 7,7 mil, e anuidade, de mesmo valor. A taxa de registro mensal de debêntures, que tinha três faixas, de 0,0010%, 0,0012% e 0,0014%, foi transformada em apenas uma de 0,001%.
"Esperamos um crescimento forte das emissões de debêntures e de outros papéis privados nos próximos anos para financiar o crescimento do país, e será preciso criar um mercado secundário forte para atrair investidores e pulverizar a distribuição", afirma Goldenstein.

Carteiras com ações captam menos em 2010

Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/carteiras-com-acoes-captam-menos-em-2010
 

O fraco desempenho do Índice Bovespa em 2010 diminuiu o apetite dos investidores pelos fundos de previdência aberta (PGBL e VGBL) que aplicam parte do seu patrimônio em ações. Depois de amealhar R$ 7,9 bilhões em 2009, essas carteiras atraíram R$ 6,7 bilhões no ano passado. O curioso é que os aportes de 2010 se concentraram nas carteiras quem podem ter até 49% dos recursos em ações (R$ 3,38 bilhões). O restante se dividiu entre os fundos com até 30% (R$ 1,72 bilhão) e com até 15% em ações (R$ 1,65 bilhão).
A volatilidade da bolsa, por conta de episódios como a crise das dívidas soberanas na Europa, acabou assustando o investidor, afirma Altair César, gerente de investimentos da BrasilPrev Seguros e Previdência. Em 2010, cerca de 25% da captação da instituição foi para os fundos de renda variável. "Durante 2009, a captação dos fundos com ações chegou a representar até 35% da captação", diz.
A exemplo da renda fixa, a rentabilidade dos fundos de renda variável não foi lá essas coisas em 2010. O melhor desempenho ficou com as carteiras com até 49%, com ganhos de 6,64% no ano. Em 2009, esses fundos haviam apresentado rentabilidade de 28,10%,
Com a captação mais tímida e a rentabilidade reduzida pela falta de fôlego da bolsa, os fundos com renda variável fecharam 2010 representando apenas 24,87% do patrimônio líquido total do setor, o equivalente a R$ 45,26 bilhões. "É um percentual de alocação baixíssimo, principalmente para uma modalidade que quer ganhar no longo prazo", afirma Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant.
Ele ressalta que, em média, os fundos mantêm aplicado em ações um percentual menor que o permitido. Assim, um fundo com permissão para ter até 15% em renda variável mantém algo por volta de 10% em ações. "Isso faz com que o valor do patrimônio do setor realmente em ações seja ainda menor, de cerca de 20%", afirma Nazareth.
Na BrasilPrev, por exemplo, a ordem é manter a parcela em ações sempre ao redor de quatro ou cinco pontos percentuais abaixo do permitido. Isso porque o volume do patrimônio em ações varia de acordo com o vaivém da bolsa. "Se o mercado subir rapidamente, podemos estourar o limite e ter que vender muitos papéis", afirma o gerente de investimentos da instituição.

Especulação cambial e controle de capitais

Autor(es): Mario Cordeiro de Carvalho Junior
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/especulacao-cambial-e-controle-de-capitais
 


Os operadores das mesas de câmbio têm, hoje, no Brasil, incentivos para obterem ganhos diários, semanais e mensais, especulando com o real. A cada manhã, antes do mercado abrir, eles definem suas estratégias de ganhos. Esta convenção vem da época do Renascimento, quando se sentavam numa banca e compravam e vendiam moedas de diferentes origens.
Para a mesma mercadoria - o real - eles estabeleceram preços diferentes para a compra e para a venda. Este preço depende da posição do exportador (que vende moeda) ou do importador (que a compra). A diferença entre esses preços é o spread. O lucro é obtido multiplicando-se este valor pelo número de transações feitas por dia. Como o que vai ocorrer ao longo do expediente bancário é incerto, sempre se esperava dos mercadores de moedas prudência e que estes nunca ficassem vendidos além do capital inicial.
Depois, eles criaram uma inovação financeira, a "bill of exchange". Com isso, os lucros começaram a ser obtidos pela transferência de moedas entre reinos diferentes - o que hoje é feito eletronicamente pelo sistema Swift. Ao prestarem serviços aos exportadores e importadores, os mercadores de moedas do século XVIII perceberam uma regularidade: os clientes voltavam, mas em datas (dias) diferentes. Para juntar as partes, criaram uma outra inovação financeira: de uma operação pronta, à vista ("spot") derivaram uma operação para frente ("forward") em que se estabelece o preço de entrega futura das moedas a uma taxa pré-estabelecida entre exportadores e importadores.
Desse modo, os mercadores criaram o primeiro mercado de derivativos da história. Por ser trabalhoso montar operação por operação, os mercadores criaram o mercado de futuros, no século XIX, que requereu concentração física, contratos por quantidade de moedas negociadas e margens de garantias; e, no final do século XX, eles introduziram o mercado de opções cambiais.
    Há vários instrumentos legais disponíveis para se inibir a arbitragem e os recursos indesejáveis
Lucra-se em todas essas operações e todas são inovações financeiras, humanas e imperfeitas. O lucro foi ainda maior quando, ao invés de comprarem e venderem apenas moedas diferentes no mercado spot e/ou no futuro, os operadores começaram a fazer arbitragem de juros. Em outras palavras, passaram a ganhar com o diferencial entre o nível da taxa de juros interna e externa.
Mas, esse ganho depende do grau de movimentação de capital. A história mostra que este é relativo. Houve momentos de liberdade, e outros de controle. E, a bem da verdade, esses mercadores têm historicamente função importante que é ajudar na melhor alocação de recursos na economia. Mas, junto com essa nobre função, eles também propiciam a especulação.
Hoje em dia, face ao excesso de liquidez internacional, a especulação com o real ocorre no mercado de câmbio futuro. Este mercado é líquido e não envolve desembolsos grandes, o que viabiliza a "alavancagem" dos bancos. Para impor prudência aos operadores, o Banco Central (BC) estabeleceu um depósito compulsório sobre as posições vendidas com base no capital dos bancos.
Essa exigência apenas reproduz a convenção existente desde o Renascimento de que os mercadores de moedas nunca deveriam ficar mais vendidos que o seu capital inicial.
Se as autoridades quisessem realmente conter a especulação em curso, elas teriam de alterar também as garantias depositadas para honrar as margens no mercado futuro; e elevar ainda mais o IOF sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa para diminuir a rentabilidade da arbitragem.
Além dessas medidas, seria necessário ainda reduzir a mobilidade do capital na nossa economia. Isso requer a imposição de controle inteligente de capital. Este tem de simultaneamente reduzir o volume líquido das entradas de capitais; alterar a composição dos fluxos de capitais; e reduzir as pressões sobre a taxa de câmbio real e efetiva.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) poderia autorizar o BC a não aceitar empréstimos e financiamento externos para financiamento de comércio exterior e entre empresas para financiamento ao consumo doméstico de bens duráveis.
O BC adotaria leilões de liquidez em moeda nacional, como o Term Auction Facility (TAF) do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Em termos legais, esses leilões podem ser feitos face ao exposto no artigo primeiro da Lei 11.882/2008, e do artigo 4º da Lei 4.595/64, que confere competência para regulamentar as operações de redesconto. Essas operações substituiriam os financiamentos ao comércio exterior e intercompanhias, que também poderiam ser substituídas por empréstimos lastreados nas reservas internacionais, com base na Lei 11.882/2008.
Esses empréstimos das reservas deveriam ser feitos para o Fundo Soberano, que por sua vez, poderia fornecer recursos para o setor privado e as exportações.
O governo deve ainda encaminhar ao Congresso Nacional legislação para repatriar o capital brasileiro que fugiu do país. Para atuar sobre portfólio, o governo deveria determinar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o estabelecimento de novos critérios para a operação de fundos de investidores estrangeiros. Prioridade deveria ser dada para a constituição de fundos imobiliários, para infraestrutura e criação de empresas, impondo prazos de permanência e garantindo a não incidência de impostos, tributos e gravames sobre esses recursos.
Uma medida que não deveria ser adotada de modo algum é exigir depósitos não remunerados como mecanismo de quarentena para a entrada de investimentos externos. Isto afugenta o capital internacional e cria fricções desnecessárias. Se tiver que ser adotado, este instrumento deve ser eventual e só aplicado sobre o capital especulativo.
Estamos em guerra cambial, e não dá para esperar por medidas do G-20 e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Se as medidas aqui propostas forem adotadas serão reduzidos a entrada de capital estrangeiro, a apreciação da taxa de câmbio real e efetiva, e a especulação cambial. Depende apenas de decisão soberana e unilateral brasileira, e de governo.

Emissão de emergente sobe 75% em 5 anos

Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/emissao-de-emergente-sobe-75-em-5-anos
 

O total de títulos de dívida dos países emergentes emitidos no mercado internacional cresceu quase 75% desde 2005, conforme levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade dos maiores bancos do mundo. O montante total superou US$ 1,3 trilhão em setembro de 2010.
Os emergentes da Ásia, Europa e América Latina representam cada um US$ 400 bilhões dos bônus. África e Oriente e Médico tem juntos US$ 165 bilhões.
Brasil, Rússia, Índia e China emitiram mais de US$ 450 bilhões desde 2005. A Índia lidera, seguida pela China.
Empresas dos emergentes recorrem mais a bônus, ao invés de empréstimos dos bancos. A fatia dos bônus de governos no mercado internacional caiu de 53% para 37% no período.
Também o mercado doméstico de títulos de empresas e financeiras na América Latina mais que dobrou em cinco anos e representam 30% das operações na região.

Exposição de bancos atinge US$ 71 bilhões

Autor(es): Assis Moreira | De Bruxelas
Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/exposicao-de-bancos-atinge-us-71-bilhoes
 

 
A exposição de bancos brasileiro no exterior alcançou US$ 71,6 bilhões no terceiro trimestre de 2010, um crescimento 16% em relação ao trimestre anterior, revela o Banco Internacional de Compensações (BIS) em relatório consolidado divulgado ontem. Os bancos tinham exposição de US$ 37,1 bilhões nos países desenvolvidos em setembro, com alta de 11,7% comparado ao segundo trimestre. Nos países em desenvolvimento, o total era de US$ 15 bilhões (+15%).
A maior alta na exposição dos bancos brasileiros foi em direção dos Estados Unidos. Chegou a US$ 18,8 bilhões, representando 41,6% a mais do que no segundo trimestre. Na Europa, os bancos brasileiros tem US$ 19,2 bilhões (+15,6%).
Os centros "offshore" representam 26,2% de toda a exposição dos bancos brasileiros no exterior, com US$ 18,8 bilhões, montante estável. A preferência é pelas Ilhas Caimans, com cerca de US$ 14 bilhões.

Inflação implícita em títulos vai a 6,5%

Valor Econômico - 28/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/inflacao-implicita-em-titulos-vai-a-6-5
 
A tarefa de ancoragem das expectativas inflacionárias, citado na ata do Copom como um dos pontos mais importantes para as decisões de política monetária, se torna cada dia mais difícil para o Banco Central (BC). Puxada por índices de inflação piores do que o esperado ao longo de janeiro, a taxa de inflação implícita nos juros dos títulos públicos se aproxima de 6,5%, teto do intervalo de tolerância da meta de inflação, para os papéis com vencimento em agosto de 2012.
O cálculo é feito com o preço dos títulos atrelados à inflação (NTN-B), negociados no mercado secundário, em comparação com papéis prefixados (LTN). Essa relação aponta que a inflação esperada pelos investidores está próxima a 6,4%.
O pico aconteceu no dia 20 de janeiro, dia seguinte à elevação da Selic pelo BC, quando essa relação chegou a 6,42%. A deterioração das expectativas inflacionárias ocorreu, portanto, mesmo após o BC sancionar a alta dos juros esperadas pelo mercado, de 50 pontos base, para 11,25% ao ano.
O Boletim Focus, publicado no dia 21, sexta-feira, corroborou a piora da visão dos analistas para o comportamento dos preços em 2012. A mediana das projeções registradas no relatório saiu do centro da meta, em 4,5%, onde estava estacionada há 121 semanas, para 4,54%.
Na ata da última reunião do Copom, o BC sinalizou que suas projeções pioraram e se encontram acima do valor central da meta para a inflação para este ano (cenário de mercado).
Para 2012, a projeção se encontra acima do valor central da meta no cenário de referência e ao redor da meta no cenário de mercado.

Tesouro quer captar em reais no exterior em 2011

Valor Econômico - 24/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/24/tesouro-quer-captar-em-reais-no-exterior-em-2011
 

A prioridade do Tesouro neste ano é a construção da curva em reais no mercado externo para emissão de dívida, com a possível criação de "benchmarks" (referencial de preço) entre 10 e 30 anos, disse na sexta-feira passada Paulo Valle, subsecretário de Dívida Pública do Tesouro.
"Queremos consolidar a curva em reais no mercado externo para aumentar a base de investidores na dívida pública e fomentar esse mercado para as empresas nacionais, tendo em vista a redução de risco dos emissores ao deverem na sua própria moeda", afirmou Valle no chat do "Trading Brazil", comunidade da "Thomson Reuters" para o mercado financeiro.
"A nossa prioridade será a construção da curva em reais no mercado externo."
Segundo Valle o Tesouro também pretende dar mais liquidez aos benchmarks em dólares de 10 e 30 anos. O programa de recompra será mantido.
O Tesouro já havia declarado no ano passado que, após aumentar a taxação sobre as aplicações de estrangeiros na dívida interna, as emissões externas em reais ganhariam mais importância. Assim, o governo diminuiria a entrada de capital e a consequente valorização do real.
A demanda por títulos de longo prazo não foi afetada, segundo ele, pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital para renda fixa.
"Houve uma redução de entrada, mas não houve saída, mantendo a participação estável em torno de 10 por cento. A medida do IOF teve como objetivo reduzir o capital de curto prazo e atingiu o seu objetivo. Quanto ao de longo prazo, creio (que) continuaremos tendo demanda", afirmou.
De acordo com Valle, a substituição das NTN-Fs para 2015 por LTNs para 2015 no cronograma de leilões deste mês ocorreu para capturar uma "demanda maior", visto "que o mercado prefere a LTN por sua simplicidade vis à vis a NTN-F, que tem cupom." Ele negou que a troca tenha ocorrido devido a redução da demanda por estrangeiros após o IOF. "A NTN-F de 3 anos, isto é, 2015, já tinha uma demanda prioritariamente de investidores locais."
Valle disse também que o Tesouro cumpriu o resultado do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2010 "com louvor". Os resultados devem ser comentados na semana que vem pelo secretário Arno Augustin, acrescentou, e até o fim do mês o PAF de 2011 deve ser detalhado pelo governo.

China cresce 10,3% e investidores temem risco de aperto monetário

Autor(es): Cláudia Trevisan
O Estado de S. Paulo - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/china-cresce-10-3-e-investidores-temem-risco-de-aperto-monetario
 

Expansão do PIB no maior nível em 4 anos e inflação em alta reacendem debate sobre necessidade de novas medidas de restrição ao consumo

O PIB chinês cresceu acima do esperado no quarto trimestre de 2010 e fechou o ano com expansão de 10,3%, o mais alto patamar desde 2007. A aceleração surpreendente e a inflação de 4,6% em dezembro reacenderam o debate sobre risco de superaquecimento e a necessidade de novas medidas de aperto monetário, com potencial efeito negativo sobre a atividade produtiva.
Os dados assustaram os investidores e levaram a quedas nas Bolsas de Xangai (-2,92%), Hong Kong (-1,7%), Tóquio (-1,13%), Sidney (-1,05%) e Seul (-0,43%). Depois de desacelerar de 10,3% para 9,6% entre o segundo e o terceiro trimestres, o PIB cresceu 9,8% no quarto trimestre, apesar das medidas adotadas pelo governo para esfriar a economia.
O PIB fechou o ano em 39,798 trilhões de yuans (US$ 6,05 trilhões). A cifra consolidou a posição da China como segunda maior economia do mundo, posto ocupado pelo Japão por quatro décadas, até o ano passado.
O bom resultado foi acompanhado da pressão sobre os preços, que registraram alta acumulada de 3,3%, acima da meta oficial de 3%. O custo dos alimentos foi o principal responsável pela inflação, com alta de 7,2% no ano. A alta nos preços é um pesadelo para os líderes chineses, que temem o impacto negativo do aumento do custo de vida sobre o humor da população, especialmente em um segmento essencial como comida.
Durante a divulgação dos resultados ontem, Ma Jiantang, do Escritório Nacional de Estatísticas, afirmou que o governo tem "total confiança" em sua capacidade de manter a inflação sob controle em 2011.
Salários. Entre os fatores que elevaram o índice, Ma citou a política de expansão monetária nos países ricos - que estimulou o fluxo de capitais para nações em desenvolvimento - e os aumentos de salários na China.
No começo de dezembro, os líderes chineses anunciaram que passariam a adotar uma política monetária "prudente" em substituição à "moderadamente frouxa" que estava em vigor até então. A mudança colocou o combate à inflação em primeiro plano e abriu caminho para o aperto monetário.
Só nos últimos dois meses o Banco do Povo da China (banco central) aumentou em quatro ocasiões o depósito compulsório dos bancos, que é a quantidade de dinheiro que eles devem manter imobilizada, sem emprestar a seus clientes. O objetivo é reduzir o volume de moeda em circulação e limitar o capital disponível para financiamentos.
Imóveis. O governo também impôs restrições ao segmento imobiliário, na tentativa de conter a alta de preços que ameaça criar uma imensa bolha, cujo estouro teria consequências negativas sobre o sistema bancário e o bolso dos proprietários.
A economista-chefe do banco UBS na China, Wang Tao, acredita que é infundado o temor dos investidores de que Pequim adotará forte aperto monetário.
Segundo ela, o governo ainda está preocupado com a frágil recuperação dos países ricos e acredita que a origem da inflação é a alta no preço dos alimentos.
Mas eventuais medidas que o governo venha a adotar podem ter impacto sobre o excesso de liquidez na economia chinesa. Durante 2010, os bancos concederam financiamentos no valor de 7,9 trilhões de yuans (US$ 1,16 trilhão), superando a meta de 7,5 trilhões de yuans que havia sido fixada pela autoridade monetária. No ano anterior, o volume de novos empréstimos foi de 9,5 trilhões yuans (US$ 1,4 trilhão).
Impulsionada pela injeção de capital, a atividade industrial cresceu 15,7%, índice 4,7 ponto porcentual superior ao do ano anterior. Depois de cair 16% em 2009, as exportações se recuperaram em 2010, com alta de 31,3% e US$ 1,578 trilhão. Refletindo o forte ritmo de atividade na China, as importações cresceram ainda mais, 38,7%, e somaram US$ 1,395 trilhão.
Com alta de 18,7% em relação ao ano anterior, as reservas internacionais chinesas atingiram US$ 2,85 trilhões, dos quais US$ 900 bilhões estão aplicados em títulos do Tesouro dos EUA.




O fim do superávit chinês

Autor(es): Martin Feldstein
Valor Econômico - 31/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/o-fim-do-superavit-chines
 

O superávit em conta corrente da China - combinação de seu superávit comercial e lucro líquido com investimentos no exterior - é o maior do mundo. Com um superávit comercial de US$ 190 bilhões e a renda proveniente de sua carteira de ativos estrangeiros de quase US$ 3 trilhões, o superávit externo da China é de US$ 316 bilhões, o equivalente a 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual.
Como o superávit em conta corrente é denominado em moeda estrangeira, a China precisa usar esses fundos para investir no exterior, especialmente comprando bônus governamentais lançados pelos Estados Unidos e países europeus. Como resultado, as taxas de juros desses países estão mais baixas do que estariam sem essas compras.
Tudo isso pode estar para mudar. As políticas que a China adotará como parte de seu novo plano de cinco anos encolherão seus superávits comercial e em conta corrente. É possível que, antes do fim da década, o superávit em conta corrente da China se transforme em déficit, com o país importando mais do que exportando; e gastando a renda de seus investimentos externos em importações e não em papéis estrangeiros. Se isso ocorrer, a China não será mais um comprador líquido de bônus dos EUA e de outros governos, o que pressionará as taxas de juros desses países para cima.
    É possível que, antes do fim da década, a China passe a ter déficit em conta corrente, com o país importando mais do que exportando; e gastando a renda de seus investimentos externos em importações e não em papéis estrangeiros
Embora atualmente esse cenário possa parecer implausível, na verdade é bem possível. Afinal, as políticas que a China adotará nos próximos anos têm como alvo o enorme índice de poupança do país - a causa de seu grande superávit em conta corrente.
Em qualquer país, o balanço em conta corrente é a diferença entre a poupança doméstica e o investimento nacional em fábricas, equipamentos, residências e estoques. Esse fato fundamental não é uma questão de teoria econômica ou algo historicamente periódico. É uma identidade contábil fundamental da renda nacional que vale para todos os países, todos os anos. Portanto, qualquer país que reduza sua poupança doméstica, sem cortar o investimento, verá um declínio em seu superávit em conta corrente.
O índice de poupança doméstica da China - incluindo a poupança das pessoas físicas e das empresas - está agora em cerca de 45% do PIB, a maior no mundo. Mais à frente, no entanto, o plano quinquenal reduzirá o índice de poupança, uma vez que a China busca aumentar o consumo doméstico e, dessa forma, o padrão de vida média dos chineses.
O plano almeja maiores salários reais, de forma que a renda familiar, enquanto participação do Produto Interno Bruto (PIB), aumentará. Além disso, as empresas estatais terão de distribuir uma maior parte de seus lucros na forma de dividendos. E o governo aumentará seus gastos em serviços como assistência médica, educação e habitação.
Essas políticas são motivadas por considerações domésticas, uma vez que o governo chinês tenta elevar o padrão de vida em ritmo superior ao do PIB, que está se desacelerando. Seu impacto líquido será elevar o consumo como porcentagem do PIB e reduzir o índice de poupança nacional. E, com essa queda na poupança, virá uma queda no superávit em conta corrente.
Como o superávit em conta corrente da China gira atualmente em torno dos 6% do PIB, se o índice de poupança cair dos atuais 45% para menos de 39% - ainda maior do que o de qualquer outro país - o superávit se tornará déficit.
Essas perspectivas para o balanço em conta corrente não dependem do que vier a ocorrer com a taxa de câmbio do yuan em relação às demais moedas. O desequilíbrio poupança/investimento é fundamental e, sozinho, determina a posição externa do país.
A queda na poupança doméstica, contudo, provavelmente levará o governo chinês a permitir uma maior valorização do yuan. Do contrário, o aumento no consumo doméstico criaria pressões inflacionárias. Permitir a valorização da moeda ajudará o país a compensar essas pressões e restringir o crescimento dos preços.
Um yuan mais forte reduziria a conta com as importações, incluindo os preços pagos pelo petróleo e outros insumos, e tornaria os bens chineses mais caros para os compradores estrangeiros, além de deixar os produtos externos mais atraentes para os consumidores chineses. Isso reorientaria a produção voltada às exportações para o mercado interno e reduziria, portanto, o superávit comercial, além de restringir a inflação.
O superávit comercial chinês e a taxa de câmbio do yuan estavam no topo da lista dos assuntos discutidos pelos presidentes da China, Hu Jintao, e dos Estados Unidos, Barack Obama, quando o primeiro foi a Washington neste mês. Os americanos estão ansiosos para que a China reduza seu superávit e permita uma maior valorização do yuan. Mas deveriam ter cuidado com o que desejam, porque um superávit menor e um yuan mais forte sugerem que, algum dia, a China não será mais compradora líquida de bônus do governo americano. Os EUA deveriam começar a planejar-se para esse dia.
Martin Feldstein é professor de economia em Harvard, foi presidente do Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e foi presidente do National Bureau for Economic Research.

'Preços de imóveis nos EUA são risco à recuperação global''

O Estado de S. Paulo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/precos-de-imoveis-nos-eua-sao-risco-a-recuperacao-global
 

Robert Shiller, Economista da Universidade de Yale: Economista, célebre por apontar irracionalidade dos mercados, também vê sintomas de bolha no entusiasmo pelos Brics
Fernando Dantas
No momento em que banqueiros, empresários e ministros das Finanças dos mais diversos países respiram aliviados e garantem que o pior da crise já passou, o economista Robert Shiller, da Universidade Yale, mantém o tom cauteloso.
Ele é uma voz muito respeitada, como pioneiro na contestação da ideia de que os mercados são necessariamente eficientes, e criador do principal índice de valorização do mercado residencial americano. Sua crença na influência do comportamento irracional nas oscilações de mercado ganharam força com o crash da bolsa americana em 1987.
Em best sellers, como Exuberância Irracional, lançado em 2000, e trabalhos acadêmicos, Shiller identificou, antes do estouro, as bolhas do mercado de ações de empresas de internet e alta tecnologia e do mercado residencial americano.
Agora, Shiller preocupa-se com os efeitos das novas quedas dos preços residenciais americanos na recuperação global. Ele também indicou que vê sintomas de bolha na badalação em torno dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Como o sr. vê a situação da economia global?
Tem havido um renovado crescimento econômico em boa parte do mundo. A crise extrema ficou para trás, mas ainda há fatores problemáticos.
Quais?
Os preços dos imóveis, pelo menos nos Estados Unidos, ainda estão caindo. Não muito, é verdade, mas me parece que o nosso sentimento de otimismo foi danificado. É uma espécie de modismo, as atitudes em geral movem-se na mesma direção durante alguns anos. Em nossas pesquisas temos notado um declínio na crença dos compradores de residências de que casas são um bom investimento. Havia antes a percepção de que não há realmente nenhum risco nos investimentos residenciais. Agora, as pessoas parecem mais ariscas. Os preços de casas passam por longas tendências, que podem durar décadas. Tem um declínio hoje, com o pico tendo ocorrido há cinco anos. Não sei se essa tendência vai continuar. Essa é uma das incertezas.
Essa tendência pode puxar a economia americana para baixo de novo?
Sim, pode, porque parte do problema que nós estamos enfrentando é que tantos proprietários de casas estão abaixo da linha d"água - há estimativas de que pelo menos 15 milhões estejam nessa situação. É claro que quando a sua casa vale menos do que a hipoteca - o que quero dizer com abaixo da linha d"água - há incentivos para dar o calote. E haverá repercussões por meio de todo o sistema financeiro, se isso acontecer.
Isso não era para ter derrubado a economia dos EUA de novo?
Ela está crescendo, mas abaixo do potencial. O PIB real está no mesmo nível em que estava antes da recessão. O fato de estarmos substancialmente abaixo do potencial (de crescimento da economia) explica a alta taxa de desemprego.
O que causa bolhas imobiliárias?
As bolhas têm a sua própria dinâmica interna. Altas de preços geram entusiasmo dos investidores, geram histórias de uma "nova era". Tudo isso encoraja os investidores, e faz com que comece a proliferar a ideia de que casas são o melhor investimento, que são um investimento seguro, que seus preços nunca caem. Isso aconteceu nessa crise. As pessoas queriam comprar a maior casa que pudessem. E talvez comprar duas casas, três casas. Eu gosto de pensar em bolhas como um epidemiologista pensa na disseminação de uma doença.
Como assim?
Você olha para a recente epidemia de gripe, e ela parece uma bolha, vai crescendo em todos os países do mundo. É um simples contágio, como também acontece com as bolhas. Elas têm a ver com mudanças nas taxas de contágio das ideias. São como novos vírus, a formação de novas ideias. A história dos Brics, por exemplo.
Os Brics são uma bolha?
Bem, é um tipo de história de "nova era", não é? É um símbolo, certo? Alguém teve o insight de juntar o Brasil com a China, e isso deu um impulso. Todo mundo está maravilhado com a China, e pensar que o Brasil é parte da mesma história impulsiona os espíritos animais no Brasil.
O sr. não investiria no Brasil?
Não estou dizendo isso. Eu seria cauteloso. De fato, não estou investindo no Brasil no momento. Não gosto de investir em mercados muito valorizados.

Economia dos EUA acelera e PIB avança 3,2% no quarto trimestre

O Estado de S. Paulo - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/economia-dos-eua-acelera-e-pib-avanca-3-2-no-quarto-trimestre

O crescimento da economia dos EUA acelerou nos últimos três meses de 2010. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu à taxa anualizada - ajustada à inflação - 3,2% no quarto trimestre, segundo o Departamento do Comércio. Os economistas esperavam uma expansão de 3,5%.
O PIB americano cresceu 2,6% no terceiro trimestre, 1,7% no segundo trimestre, e 3,7% no primeiro trimestre de 2010. O aumento leva a produção total do país para o seu maior patamar desde o fim de 2007, quando a recessão começou.
Os gastos com consumo, que correspondem a 70% da demanda na economia dos EUA, subiram 4,4% no quarto trimestre, taxa mais alta desde 2006.
A economia americana também foi beneficiada pela queda do superávit comercial no quarto trimestre de 2010. As exportações líquidas contribuíram com 3,44 pontos porcentuais para o crescimento do PIB. No terceiro trimestre, a diferença entre as exportações e importações do país retirou 1,7 ponto porcentual do PIB.
Os gastos com bens duráveis saltaram 21,6%, enquanto os com bens não duráveis subiram 5%. No entanto, os gastos dos consumidores continuam baixos. Nos quatro trimestres que se seguiram à crise de 1982, os aumentos dos gastos foram de 4% a 8%. /


A recuperação pegou, dizem ministros em Davos

Autor(es): Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo - 30/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/30/a-recuperacao-pegou-dizem-ministros-em-davos
 
 Empresas dos Estados Unidos e do Reino Unido têm US$ 8 trilhões aplicados em fundos e US$ 3 trilhões em caixa para financiar o crescimento

A recuperação global, iniciada em 2010, vai ser consolidada em 2011, embora haja muita arrumação por fazer nos países mais avançados e o desemprego continue elevado. O crescimento pegou, disse a ministra de Economia e Finanças da França, Christine Lagarde, resumindo as perspectivas da União Europeia.
Um dia antes, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, havia mostrado otimismo sobre a reativação americana - ritmo anual de 3,2% no trimestre passado - e as possibilidades de ajuste das contas públicas. Lagarde e seus colegas da Alemanha, do Reino Unido e da Índia participaram ontem, junto com outros especialistas, de um painel sobre as perspectivas de reativação promovido pelo Fórum Econômico Mundial.
As empresas dos EUA e do Reino Unido têm muito dinheiro para investir: cerca de US$ 8 trilhões em fundos e uns US$ 3 trilhões em caixa, segundo o executivo principal do Barclays Bank, Robert Diamond. As companhias americanas detêm dois terços do dinheiro em caixa. Também o ministro do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, mencionou o grande volume de recursos à disposição das empresas. Falta a decisão de investir e disso dependerá, em boa parte, a redução do desemprego.
Os preços das matérias-primas e a inundação de dólares desencadeada pelo banco central americano são preocupações tanto para os avançados quanto para os emergentes. Para a China, a maior ameaça é a inflação, disse o economista Yu Yongding, membro sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Bolha. Também a bolha imobiliária pode causar dificuldades, mas há, acrescentou, "uma tremenda demanda de habitação". O crescimento econômico, 10,3% no ano passado, deverá diminuir este ano (o FMI prevê 9,6%) e acomodar-se em 8% ou abaixo disso nos próximos anos, acrescentou. Não há problemas fiscais a curto prazo, mas o país terá de seguir um novo modelo de crescimento, mais dependente do mercado interno. Um câmbio chinês mais flexível interessa não só aos EUA, mas também à China, segundo o economista.
A França deve crescer entre 1,6% e 1,7% neste ano, segundo Lagarde. A expansão alemã deve ficar em torno de 2,2%, de acordo com o ministro Wolfgang Schäuble. São as mesmas estimativas divulgadas na semana anterior pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Na projeção do Fundo, a economia do mundo rico vai crescer 2,5% neste ano e 2,5% em 2012. O crescimento do grupo foi maior no ano passado (3%), mas a boa notícia é a continuação do movimento. A recessão ficou para trás.
Há uma enorme tarefa de ajuste pela frente. A dívida pública das economias mais desenvolvidas continuará preocupando o mercado. A redução do déficit é uma precondição do crescimento sustentável, disse Schäuble. O ajuste não impedirá a manutenção do crescimento, concordou Lagarde. Na zona do euro, o déficit médio, segundo ela, está em torno de 6,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Na média, a dívida equivale a uns 85% da produção bruta e os problemas estão sendo enfrentados.
O governo conservador do Reino Unido, eleito no ano passado, tentará combinar o crescimento com um amplo programa de reformas, disse o ministro do Tesouro, George Osborne: redução do déficit fiscal, corte de impostos e renovação de setores importantes para a competitividade, como a educação.
A Índia, como outros emergentes, continuará crescendo mais que os países desenvolvidos. A expansão deve ficar em 8,5% neste ano fiscal (até março), segundo o vice-presidente da Comissão de Planejamento, Montek Singh Ahluwalia. Mas a inflação também está rodando em 8,5% e essa é a má notícia. Embora cresçam com maior rapidez, as economias emergentes, observou o economista, não estão desconectadas do mundo desenvolvido.

A salvação das multinacionais

Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/a-salvacao-das-multinacionais
 

Gigantes mundiais já tiram a maior parte de seus ganhos dos países emergentes, onde o emprego e a renda crescem aceleradamente
 
A dissolução de paradigmas econômicos, processo acelerado pela recessão que engolfou os países mais ricos do mundo, está provocando uma profunda alteração no planejamento estratégico de gigantes empresariais. Confrontadas com um forte encolhimento das vendas de suas sedes, as multinacionais foram obrigadas a partir com tudo para as nações em desenvolvimento, onde o emprego e a renda crescem a um ritmo acelerado. Não sem motivo, 2010 ficou marcado como o ano no qual, pela primeira vez na história, os países em desenvolvimento receberam mais investimentos de conglomerados estrangeiros do que os aportes feitos pelos mesmos grupos em economias maduras.

Os sinais são evidentes no Brasil, onde já estão presentes 480 das 500 maiores empresas do mundo, mas se repetem em diversos emergentes. O fator primordial para o apetite estrangeiro é o crescimento sustentado pelo consumo interno e pelo incremento da renda per capita — fatores que praticamente desapareceram nos países desenvolvidos. Para alguns analistas, a época de vacas magras nessas nações perdurará, no mínimo, pelos próximos cinco anos, o que empurrará os empresários para onde há potencial de lucro. “A dispersão de investimentos em direção aos emergentes já vinha ocorrendo, mas a crise acelerou esse processo”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima.

“A perspectiva de taxa média de crescimento de 5% dos emergentes em comparação com os esperados 2% dos países mais ricos será determinante na escolha das empresas”, concorda Luciana Acioly, coordenadora de Estudos de Relações Econômicas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ela lembra que a participação brasileira nos investimentos diretos estrangeiros (IDE) provenientes de economias desenvolvidas passou de 1,7% para 7% na última década, enquanto a da Índia saltou de 0,4% para 6% e a da China, de 0,7% para 17,8%.

No caso do Brasil, o segmento que mais atrai as multinacionais é o industrial. Além do segmento automobilístico, de insumos químicos e de maquinários para a produção, uma das vedetes dos empresários é o setor de alimentos e de bebidas, que, entre janeiro e novembro de 2010, atraiu US$ 1,5 bilhão em investimentos diretos. Há espaço para ganhos maiores e foi de olho nessa janela que a Heineken — cervejaria holandesa presente em 175 países — reforçou a sua estratégia de produção no mercado brasileiro. A ordem é tornar o país um de seus cinco maiores mercados no planeta.

Renata Zveibel, gerente da Comunicação Externas da Heineken, explica que o potencial nos emergentes é muito maior do que nas economias maduras. “Recentemente, adquirimos operações em diversos continentes, além das de México e Brasil, garantindo uma forte presença na América Latina, que é hoje um dos mercados de cerveja mais lucrativos e que mais cresce no mundo”, relata.

A bonança também atrai outros setores, como o das instituições financeiras. Dados do Banco Central, entre janeiro e novembro, os serviços financeiros foram responsáveis por aportes diretos de US$ 1,5 bilhão. As oportunidades são tantas que a equipe do Banco Credit Suisse elegeu o Brasil como campo preferencial para investimentos. Na avaliação de 11 analistas da instituição, 2011 será um ano favorável no país para a produção e a comercialização de commodities (mercadorias com cotação internacional), e para o setor bancário, cujos negócios serão influenciados pelo aumento na taxa de juros e pela expansão média de 15% na oferta de crédito.

Segurança
Não é só o lucro que empurra os grandes grupos para os países em desenvolvimento. O sócio da empresa de finanças e prospecção de investimentos Hampton Solfise, Luciano Araújo, adverte que, para companhias que atuam em escala global, buscar novos mercados é uma condição básica para a manutenção das operações — isto é, sobrevivência. “É o mesmo conceito utilizado pelos aplicadores do mercado financeiro, quando diversificam suas carteiras de operações. Uma empresa com braços em vários países vai aos poucos se blindando contra possíveis turbulências em um ou outro mercado. Se uma companhia como a IBM tiver recursos para montar uma unidade hoje, vai fazer isso no Brasil e não na Europa”, ressalta.

No último balanço contábil divulgado pela gigante do setor de tecnologia, referentes ao terceiro trimestre do ano passado, atribuem-se aos mercados emergentes os bons resultados do período. As operações nas Américas renderam faturamento de US$ 10,2 bilhões, enquanto as receitas na Europa, Oriente Médio e África juntas somaram US$ 7,4 bilhões. “Conseguimos um excelente desempenho em nossas unidades instaladas nos mercados em crescimento, o que reflete os investimentos mantidos nesses locais durante a recessão e ao aumento contínuo da demanda por tecnologia nesses países”, declara Samuel J. Palmisano, presidente da companhia.

Potencial enorme
O Brasil está em quarto lugar no ranking de produção de cerveja, atrás da China, Estados Unidos e Rússia. Somente em 2010, foram consumidos 120 bilhões de litros da bebida. O consumo per capta anual, no entanto, gira em torno de 50 litros, contra 81 litros da Venezuela, o que sugere o potencial de crescimento do setor na economia brasileira.

Via de mão dupla
Enquanto as multinacionais buscam alternativas para sustentar seus negócios nos países em desenvolvimento, os grupos provenientes dessas nações aproveitam as moedas valorizadas em relação ao resto do mundo para se internacionalizar. Entre 2000 e 2009, os investimentos diretos partidos de economias maduras caíram de 89% para 75%. Já os emergentes aumentaram sua participação de 11% para 25%.


Sem entraves

Os graves problemas de infraestrutura do Brasil são uma das fontes de aumento de custos para os produtores nacionais que exportam, mas não devem afugentar as companhias estrangeiras. Muito pelo contrário. Para Luciano Araújo, sócio da Hampton Solfise, o momento favorável da economia pode transformar tais deficiências em grandes oportunidades de negócios.

“Atualmente, o campo é fértil não só para quem processa alimentos ou vende computadores, mas também para empreiteiras e para toda cadeia em que o negócio é prover estrutura”, destaca. Na avaliação de Araújo, os entraves afetam as empresas multinacionais somente nos casos em que a atividade delas é orientada para o mercado externo, caso da mineradora AngloAmerican. “Nosso gargalo está nos portos, por exemplo, mas, normalmente, as empresas que vêm de fora escolhem o país para atender o mercado interno”, acredita.

A disposição das multinacionais em virem para cá pode ser uma oportunidade que não se repetirá por muitos anos, na análise do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério Souza. “Os países desenvolvidos vão demorar de cinco a seis anos para se recuperarem e, até lá, seremos a bola da vez”, diz. (GC)

PIB da Alemanha cresce 3,6%, a maior alta desde 1992

O Estado de S. Paulo - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/pib-da-alemanha-cresce-3-6-a-maior-alta-desde-1992
 

O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha cresceu 3,6% em 2010, em termos ajustados pelos preços, depois de recuar 4,7% em 2009, informou ontem o Escritório Federal de Estatísticas.
A taxa foi a mais alta desde 1992. O crescimento foi levemente menor do que as previsões dos economistas, que esperavam expansão de 3,7% do PIB no ano passado.
O PIB alemão cresceu "cerca de 0,5%" no quarto trimestre de 2010 ante o trimestre anterior - em termos sazonalmente ajustados -, após avançar 0,7% no terceiro trimestre, informou Norbert Raeth, economista sênior do Escritório Federal de Estatísticas. "Nós ajustamos recentemente os dados para levar em conta o clima de inverno muito forte no mês de dezembro", disse.
O escritório publicará a estimativa preliminar do crescimento do PIB no quarto trimestre de 2010 em 15 de fevereiro. Levando-se em conta o número de dias trabalhados no ano, o PIB da Alemanha teve expansão de 3,5%. A taxa de crescimento da economia vai desacelerar para cerca de 2,5% neste ano por causa de uma perspectiva de enfraquecimento das exportações, projetam economistas do setor privado. / DOW JONES NEWSWIRES

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