Brasil tem maior inflação na AL entre países com regime de meta
Para analistas, indexação, meta elevada e estímulos fiscais dificultam estabilização dos preços
Autor(es): SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo - 15/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/15/brasil-tem-maior-inflacao-na-al-entre-paises-com-regime-de-meta
Para ex-presidente do BC, crédito do BNDES e atuação de bancos públicos reduzem eficácia da alta do juro
Depois de 17 anos de estabilidade econômica, a inflação ainda é uma carga pesada no Brasil. Entre os países da América Latina que adotam o regime de metas, o Brasil foi um dos que tiveram mais dificuldade para reduzir a inflação na recessão econômica após a crise mundial de setembro de 2008.
Além de registrar a maior taxa em 2010, foi o primeiro a ter que subir juros para conter reajustes de preços em razão da retomada de 2010.
O maior problema é que mais de um terço da inflação ainda é indexada e, portanto, vinculada à variação dos preços registrada um ano antes.
Combinam-se a isso três outros fatos importantes. Primeiro, o país tem uma das metas de inflação mais elevadas, o que, na avaliação de especialistas, é um convite à indexação na hora em que os contratos são negociados.
Além disso, os estímulos fiscais dados pelo governo nos últimos anos e a atuação de bancos e empresas públicas favoreceram o consumo e o gasto e, como consequência, novos reajustes.
"O resultado fiscal do Brasil não é tão ruim, mas tem mecanismos que enfraquecem a política monetária e fazem com que a ação precise ser mais forte", diz o ex-presidente do BC Gustavo Loyola.
Segundo ele, com operações do BNDES a custos mais baixos -desvinculados da taxa Selic fixada pelo BC- e a forte atuação da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na concessão de crédito, "uma parte da economia não responde à atuação do BC para controlar a inflação".
Por isso, o BC tem que elevar mais rápido e mais forte os juros em momentos de risco de descontrole de preços.META ALTA
Para completar, como a meta de 4,5% ao ano (podendo variar de 2,5% a 6,5%) é alta diante do resto do mundo, isso "sugere" sempre para trabalhadores e empresários que "a inflação vai ser maior no Brasil", iniciando um ciclo que se autoalimenta, segundo o economista do WestLB Roberto Padovani.
Diante desse cenário, a redução da meta de 4,5% ao ano -defendida pelo próprio presidente do BC, Alexandre Tombini- poderia ser feita já no ano que vem, segundo Loyola.
A avaliação é que, à medida que a inflação perseguida for menor, próxima a 3%, 2%, a necessidade de indexar contratos ficaria restrita às operações de longo prazo.
"Há um gatilho na economia que desencadeia a inflação inercial. Se a inflação for muito baixa, as pessoas não tendem a se preocupar muito em indexar os contratos."
Aluguel sobe 11,5%
Correio Braziliense - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/aluguel-sobe-11-5
IGP-M acumulado em 12 meses vai tornar a locação mais cara. Índice em janeiro foi influenciado pelas mensalidades escolaresOs aluguéis de imóveis residenciais cujos contratos serão renovados em fevereiro devem aumentar 11,5%, valor do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acumulado em 12 meses. Com esse reajuste, um inquilino que paga R$ 1.000 por mês em um apartamento no Plano Piloto, por exemplo, passará a desembolsar R$ 1.115 a partir do mês que vem, caso o proprietário não aceite negociar e aplique o indicador cheio. Segundo cálculo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação medida em janeiro foi de 0,79%, numa aceleração em relação ao 0,69% registrado em dezembro do ano passado.O IGP-M, principal referência para o ajuste dos aluguéis, é formado por três indicadores específicos. O Índice de Preços por Atacado (IPA) foi de 0,76%, também maior que o de dezembro (0,63%). O IPA dos produtos agrícolas passou de 1,15% em dezembro, número já considerado alto, para 1,27%. As principais altas foram verificadas nos seguintes itens: café em grão, algodão em caroço, milho em grão, laranja e cana-de-açúcar. O IPA industrial acelerou de 0,44% para 0,57%.O componente que mede a variação dos preços ao consumidor (IPC) aumentou de 0,92% para 1,08%. A influência mais marcante foi nos custos de educação, o que costuma ocorrer no início do ano. O salto foi de 0,42% para 2,75%, com destaque para as mensalidades do ensino fundamental, médio e superior. Os transportes subiram 1,94% na esteira dos reajustes das tarifas de ônibus urbano em algumas capitais do país. Além desses itens, o tomate teve alta significativa no varejo.Terceiro elemento do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) registrou elevação de 0,37% em janeiro, após subir 0,59% em dezembro. A alta é reflexo direto do aquecimento no mercado imobiliário, favorecido pelo crescimento do emprego, da renda e do crédito.
Comer em SP é mais caro que em NY
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
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Quem viaja ao exterior constata que também na Europa, na China e na vizinha Buenos Aires os preços dos restaurantes estão mais baratosSão Paulo é hoje uma das cidades mais caras do mundo para comer fora. Quem viaja para o exterior se assusta com as diferenças de preços. Num restaurante de classe média da capital paulista, 270 gramas de filé mignon grelhado, sem acompanhamento e taxa de serviço, custa R$ 41,80. Por esse valor se faz uma refeição completa e de qualidade em Paris, Nova York, Buenos Aires e Pequim.Duas referências: Em Nova York, por US$ 25 (R$ 42,15) se come o tradicional filé com fritas do Balthazar, um dos restaurantes mais badalados do mundo, com mais de duas horas de espera para conseguir uma mesa. Pelos mesmos US$ 25 se come uma entrada, prato principal com carne, sobremesa e, de quebra, água mineral em restaurantes do boa qualidade nos charmosos bairros de Palermo e Recoleta de Buenos Aires.Mesmo considerando que o real se valorizou 5% nos últimos 12 meses ante o dólar, os preços na cidade de São Paulo estão acima do que seria considerado razoável.Comer fora de casa se tornou um opção indigesta para os brasileiros também quando se compara os custos dos alimentos com o preço do prato. Com os R$ 41,80 desembolsados por 270 gramas de filé mignon no restaurante é possível comprar praticamente um quilo do mesmo corte de carne num supermercado em São Paulo (R$ 45,90).Donos de restaurante atribuem os preços elevados das refeições no País aos altos custos de mão de obra e de aluguel e à alta dos alimentos nos últimos meses. "A culpa é do bife", afirma Antonio Comune, coordenador do IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, a capital gastronômica do País.Com a escassez de chuvas e a diminuição na oferta de bois, o preço da carne subiu. E o produto é base das refeições fora de casa, explica o economista.Por isso, do tradicional prato feito e prato do dia à refeição à la carte, houve uma alta generalizada de preços em 2010. A alimentação fora de casa subiu quase o dobro dos índices gerais de inflação no ano passado e acompanhou de perto a subida dos alimentos em geral, apontam dois indicadores de inflação.Os preços da alimentação fora de casa aumentaram 10,62% no ano passado no IPCA, a medida oficial de inflação do País. Enquanto isso, o índice geral de inflação no período acumulou alta de 5,91%. Comer em restaurante, bar ou lanchonete foi o segundo maior fator de pressão da inflação: respondeu por 0,46 ponto porcentual do resultado IPCA de 2010. Só perdeu para a carne, que subiu 26,64% e respondeu por 0,64 ponto porcentual da inflação total.Comercial. Resultado semelhante foi constatado no IPC-Fipe. No ano passado, a inflação geral medida pelo indicador foi de 6,4% e a alimentação fora de casa subiu 12,10%. As maiores altas, todas na casa de dois dígitos, foram constatadas nas refeições que levam carne. O comercial foi campeão de alta e ficou 13,81% mais caro em 2010, seguido pelo filé com fritas (13,50%).Já o prato do dia, no qual é possível trocar a carne bovina pelo frango ou carne suína, e o feijão, que subiu 63,62% em 2010, pelo macarrão, aumentou 12,48% no ano passado. No caso da comida por quilo, a alta foi de 11,38% no período, segundo o IPC-Fipe."Não me lembro de o preço da carne ter subido tanto como ocorreu nos últimos meses", observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para ele, o principal fator que pressionou os preços da alimentação fora de casa foi a disparada da carne bovina. "O filé mignon subiu 67% e a picanha 57% em 2010." Ele diz que a carne bovina puxa as demais. Os alimentos respondem por 35% do custo do prato, diz. A mão de obra é o segundo maior custo dos restaurantes e pesa entre 22% e 23%. / COLABORARAM GUSTAVO CHACRA E ARIEL PALACIOS
Restaurantes têm receita recorde de R$ 73 bilhões
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
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Apesar da alta de preços, os brasileiros, com mais renda no bolso, não deixaram de comer fora de casa no ano passado, diz AbraselMesmo com os preços das refeições nas alturas, o brasileiro não deixou de comer fora de casa. Os restaurantes, bares e lanchonetes encerraram 2010 com faturamento recorde de R$ 73 bilhões, segundo os cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne cerca de um milhão de estabelecimentos espalhados pelo País."Foi o nosso melhor ano", afirma o presidente da entidade, Paulo Solmucci. Em relação a 2009, o crescimento real foi de 12%, isto é, descontada a inflação do período. Ele explica que os estabelecimentos repassaram a alta de preços dos alimentos para o valor das refeições e também buscaram alternativas para atenuar os custos e não espantar a clientela."Acabei de comprar mais um freezer", conta Gutemberg Ribeiro Aguiar, dono do restaurante comercial Paraíso das Delícias, na zona oeste da capital paulista. A aquisição do novo equipamento foi uma das saídas encontradas pelo empresário para estocar carne em oferta.Promoções. Ele conta que, nos últimos tempos, tem corrido atrás das promoções. "É só anunciar oferta de carne na TV que a gente vai atrás", diz. Depois da recentes chuvas, notou mudanças para pior também nos preços das verduras. "Já estou pagando R$ 3 por um pé de alface. Na semana passada, custava R$ 1."O empresário diz que apesar de ir atrás dos alimentos em oferta é praticamente impossível atenuar outros aumentos de custos. Ele tem dez funcionário atualmente e o menor salário pago é de R$ 1.300.Segundo Solmucci, da Abrasel, reajuste mínimo dos trabalhadores de restaurantes no ano passado foi de 10%. Para reter mão de obra mais experiente, os empresários deram aumento de 15%.
Governo controlará o preço dos alimentos
Governo intervém para conter alta da comida
Autor(es): Jorge Freitas Graziela Reis
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/governo-controlara-o-preco-dos-alimentos
Intervenção no mercado de produtos agrícolas tenta evitar a alta dos últimos meses, que afeta mais a população de baixa renda.Ministério da Agricultura decide vender parte dos estoques de grãos para forçar a queda dos preços dos alimentos, mas produtores duvidam que a medida vá surtir efeitos O governo vai intervir pesadamente no mercado de produtos agrícolas para controlar os preços dos alimentos, cuja alta tem castigado a população de baixa renda. Com a venda de parte dos estoques de grãos, que somam 7,29 milhões de toneladas, e a garantia de preços ao produtor, a equipe econômica quer derrubar o custo da comida e ajudar a manter na mesa dos brasileiros mais pobres feijão, arroz, carnes de aves e suínos, leite e ovos. Mas essa iniciativa pode ser insuficiente para enfrentar o salto nas cotações internacionais e a evolução da renda dos trabalhadores, que eleva o consumo e, em consequência, gera inflação.Com a venda de sacas de milho, o Ministério da Agricultura quer garantir a redução do preço do produto in natura e contribuir para diminuir os custos de produção de carne de aves e suínos. O milho é um importante insumo na produção das rações dos animais. Ontem mesmo, já foi realizado um leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com entrega de 83 mil toneladas — 66,5% do total de 125,9 mil toneladas oferecidas.
O governo promoverá leilões de arroz para garantir o pagamento mínimo estipulado aos produtores. No início, a oferta será de cerca de 60 mil toneladas do grão. Já os preços do feijão tendem a baixar quando a oferta subir. Segundo análise dos técnicos da Conab, os agricultores estão recebendo pela saca do produto recém-colhido entre R$ 50 e R$ 90, dependendo da qualidade. As recentes chuvas têm criado uma maior dificuldade de compra nas regiões produtoras. A primeira safra, ou safra das águas, terá redução de 1,1% na área plantada, mas será maior em 1,5 milhão do que a anterior.
Círculo vicioso
A equação formada por consumo aquecido e oferta reduzida tem levado à valorização dos alimentos. No caso da carne bovina, não há estoques e é impossível engordar um bezerro da noite para o dia. Nos grãos, as cotações previstas para as sacas é que definem o investimento do produtor. Se o preço baixar, o produtor acaba não plantando. Sem colheita, cai a oferta e o preço chega mais alto na safra seguinte, num círculo vicioso. Por isso, consultores, pesquisadores e, principalmente, produtores rurais não acreditam que qualquer intervenção feita “na marra”, por meio da venda dos estoques reguladores do governo, tenha efeitos duradouros.
O consultor de Mercado da Scot Consultoria Alex Lopes da Silva lembra que a arroba do boi atingiu a cotação recorde no Brasil no ano passado, chegando a R$ 118. “Falta matéria-prima e a renda está em alta. Por isso, houve o pico na entressafra”, explicou. Hoje, o preço da arroba está, em média, em R$ 100 e não há expectativa de queda. Segundo Silva, o preço da carne bovina é diretamente ligado ao aquecimento da economia. “Estudos mostram que, se a renda aumenta 1%, o consumo de carne, principalmente dos cortes traseiros, de maior valor agregado, sobe 0,5%.”
O proprietário da fazenda Agromill, Renato Müller, de Paracatu (MG), também duvida que uma intervenção do governo para baixar preços de grãos surta efeito. “O tiro pode sair pela culatra”, alertou. Ele planta feijão, milho, soja, abóboras e cebolas. Segundo Müller, a saca de 60 quilos de feijão esteve mais cara em agosto (R$ 80). Agora, a cotação está em R$ 50. “Não sei onde querem intervir.”
A onda de elevação de preços não é relacionada apenas ao aumento da renda dos pobres. Segundo Lucilio Alves, pesquisador da Área de Grãos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a recuperação de preços da soja e do milho foi ditada pelo mercado internacional. “Não se consegue ampliar a oferta rapidamente e muito menos reduzir a demanda”, observou. Segundo analistas, o consumo internacional continuará aquecido.
Exportações
As exportações brasileiras de produtos agrícolas bateram recorde em 2010, atingindo US$ 76,4 bilhões, num crescimento de 18% em relação aos US$ 64,7 bilhões de 2009.
Os produtos que se destacaram foram açúcar (US$ 12,7 bilhões), café (US$ 5,7 bilhões), milho (US$ 2,1 bilhões) e carnes bovinas, suínas e de aves (US$ 11,8 bihões). A Ásia se consolidou como principal destino, comprando 30,1% da pauta. Somente a China foi responsável por 14,4% do total. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, as vendas podem ultrapassar a casa dos US$ 85 bilhões neste ano. “Seria bastante razoável esperarmos incremento em torno ou acima de 10%”, disse ontem, ao anunciar os números.
Consumidor muda cardápio
Cristiane Bonfanti
A disparada no preço dos alimentos azedou o orçamento dos brasileiros mais pobres em 2010, que tiveram o bolso mais sacrificado que o restante da população e precisaram adaptar o cardápio, deixando de comprar carne e frango e reduzindo o açúcar. O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, encerrou o ano em 7,33%, muito acima dos 3,69% de 2009. O número é maior que os 6,24% do IPC-BR, indicador que leva em conta os gastos das famílias com ganhos até 33 mínimos.
A elevação nos preços dos alimentos foi condicionada pela quebra de safra de alguns produtos por causa de problemas climáticos, e pelo crescimento do consumo, resultado da melhora dos rendimentos dos trabalhadores. “Houve aumento no preço dos grãos em geral, que afetou outros alimentos, como o frango. Os problemas na oferta do trigo, por exemplo, encareceram o pãozinho francês, fundamental na mesa do brasileiro. As famílias de baixa renda sentiram muito, pois a alimentação é o que mais pesa na sua cesta”, disse o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.
A secretária Vânia de Sousa, 43 anos, sentiu o aperto no bolso e passou a ir ao supermercado só em dias de promoção. Mesmo assim, muitas vezes, precisou deixar o frango para trás. “Os preços estão um absurdo. Eu comprava o quilo por R$ 3. Agora, não encontro por menos de R$ 5”, reclamou. Na lista de compras da dona de casa Ireni Trindade, 48, o aumento mais sentido foi no açúcar. Nas contas dela, o preço saltou de R$ 6 para R$ 9. “Além disso, todas as verduras estão mais caras”, observou.
Coxão mole
Casado e pai de três filhos, o motorista Rui Bispo, 43 anos, vai várias vezes ao supermercado durante o mês para aproveitar a queda nos preços de produtos específicos. Apesar do trabalho, sofre com o preço da carne. “O valor do quilo do coxão mole subiu de R$ 9 para R$ 13. Dependendo do item, eu só levo quando tem liquidação”, afirmou. A maior inflação do IPC-C1 foi registrada na classe de despesas alimentação (11,03%), rubrica que consome 40% da renda das famílias mais pobres.
Lula terminou governo com novo recorde de impostos
Era Lula chega ao fim com recorde de arrecadação
Autor(es): MÁRIO SÉRGIO LIMA
Correio Braziliense - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/lula-terminou-governo-com-novo-recorde-de-impostos
O governo Lula bateu todos os recordes de coleta de impostos federais em 2010, com uma arrecadação de R$ 826 bilhões - ganho real de 9,85% sobre 2009. O resultado foi inflado por recolhimento, também recorde, de R$ 91 bilhões em dezembro.
Segundo a Receita, o desempenho se deve ao crescimento econômico e a mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias.
Dezembro ultrapassa todos os resultados da história em coleta de impostos.
Ano de 2010 terminou com uma arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante o ano anterior.
O último mês do governo Lula bateu todos os resultados históricos de coleta de impostos federais, contribuindo para que 2010 tenha encerrado com uma arrecadação recorde de tributos na história do país.
Em dezembro, a Receita Federal arrecadou R$ 90,8 bilhões, um crescimento real (corrigido pela inflação medida no IPCA) de 16,17% em relação a igual mês do ano passado, o melhor desempenho anterior mensal verificado na série histórica.
Utilizando valores de dezembro, o ano de 2010 terminou com arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante 2009. Em termos nominais, o contribuinte pagou R$ 805,7 bilhões no ano passado ou R$ 3,2 bilhões por dia útil.
Segundo o novo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, o desempenho da arrecadação no ano passado deve-se ao forte desempenho econômico, embora a esse fator some-se, em dezembro, mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias.
Ele citou que os principais fatores que influenciaram o desempenho foram os crescimentos da produção industrial, das vendas de bens e serviços e da massa salarial, que influenciaram diretamente a coleta de tributos.
Uma das principais receitas extraordinárias foi um depósito judicial realizado por uma instituição financeira, em dezembro, de R$ 4 bilhões, que permitiu uma alta de 14,66% na arrecadação de PIS/Cofins no ano.
No mesmo mês ocorreu arrecadação extraordinária de R$ 2 bilhões de tributos por instituições financeiras.
IMPOSTO DE RENDA
Já o IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) registrou, em dezembro, avanço de 54,52% ante igual mês de 2009. Além da massa salarial, segundo o governo, houve ganhos de capital em vendas de bens e direitos.
"Apesar dessa alta, não há nada de específico, além de grandes vendas ou de ações ou de imóveis, por exemplo", afirmou Barreto.
Em sua primeira entrevista concedida desde que assumiu o cargo, ele aproveitou para anunciar as prioridades do fisco para 2011.
Além da modernização do órgão e do aumento da fiscalização, citou o papel do fisco na defesa comercial. "Vamos fortalecer a fiscalização aduaneira para combater crimes como pirataria e descaminho", disse.
Ele esquivou-se de comentar o protesto de sindicatos contra a ausência de correção pela inflação da tabela do IR e, questionado sobre a crise da Receita em decorrência do vazamento de informações sigilosas de políticos do PSDB, reforçou que os sistemas do fisco são seguros.
"O problema maior, que foi o fator humano, ético, é mais difícil de controlar, mas já foram tomadas medidas para isso", disse o novo secretário do órgão.
GOVERNO LULA BATEU RECORDE EM IMPOSTOS
Saco sem fundo
Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/governo-lula-bateu-recorde-em-impostos
Arrecadação de impostos bate o recorde no ano passado, atingindo R$ 826,05 bilhões. Volume de recolhimento no governo Lula foi 63,6% maior do que nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso
Os oito anos de governo Lula deixaram um extenso legado econômico e social, mas custaram aos contribuintes e às empresas brasileiras 63,6% a mais do que os dois mandatos de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. A arrecadação de impostos federais acumulou desde 2003 o equivalente a R$ 5,4 trilhões, corrigidos pela inflação do período, enquanto, entre 1995 e 2002, a carga somou um volume que, hoje, valeria R$ 3,3 trilhões. O apetite voraz resultou, no ano passado, no recolhimento recorde de R$ 826,065 bilhões, avanço de 9,85% sobre o obtido em 2009 — somente em dezembro, os cofres públicos foram engordados em R$ 90,882 bilhões.
Os dois períodos tiveram peculiaridades. FHC subiu alíquotas de alguns impostos já existentes e criou outros, como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), para tentar sustentar o país durante a travessia de quatro crises internacionais — Rússia, México, Ásia e Brasil.
No único abalo internacional que enfrentou, Lula desonerou alguns setores, via redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e correção em 4,5% ao ano da tabela de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). O plano era estimular a economia e sustentar a pesada máquina pública, ampliada durante sua gestão. A estratégia deu certo, mas todo o dinheiro cobrado dos consumidores com a justificativa de manter os serviços públicos básicos funcionando continua longe de ser revertido em atendimento à população.
A vendedora Rosecleide Leal, 45 anos, está insatisfeita com o valor que desembolsa em tributos, dentre os quais destaca o Imposto de Renda, equivalente a quase um terço de seu salário. “Às vezes, dá vontade de ficar com a situação irregular mesmo, porque estar dentro da lei custa muito”, desabafou. Além dos impostos federais, ela reclama dos valores das tarifas cobradas em âmbito estadual — IPTU e IPVA — que, somados, chegaram a R$ 1,2 mil em 2010. “Esse é o valor de duas prestações do meu carro, que já está acabado por conta dos buracos na rua. Eu pago e não recebo nada em troca, nem uma pista decente.”
O novo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, considerou positivo o aumento do recolhimento de impostos durante o governo Lula. “Tirando o ano da crise, a arrecadação se conformou dentro do esperado, com base nos indicadores macroeconômicos, e respondeu ao crescimento da atividade no país”, afirmou. No ano passado, os índices mencionados pelo secretário deram o tom do avanço da arrecadação. A produção industrial cresceu 11,71%, enquanto o comércio varejista subiu 14,43% e a massa salarial teve incremento de 13,23%. “Esses fatores contribuíram significativamente para ultrapassarmos os R$ 90 bilhões em dezembro. Não poderia ser diferente”, completou.
Cada um desses indicadores influencia diretamente alguns dos tributos que registraram as maiores somas no ano passado. Entre eles, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o PIS, que, juntos, registraram R$ 184,7 bilhões, em alta de 14,66%, e a Receita Previdenciária, que se expandiu em 10,73%, chegando a R$ 239,2 bilhões. Apesar de o aquecimento econômico ser positivo para os empresários, a carga tributária dificulta o desenvolvimento dos negócios.
Pedro Alexandre Moura Barros, 22 anos, abriu uma microempresa de venda direta há quatro meses e, por causa dos impostos, ainda não conseguiu contratar funcionários. “Trabalhamos eu, meu sócio e minha irmã. Gastamos cerca de R$ 15 mil com tributos de notas fiscais no mês passado. É muito caro”, reclamou. Segundo ele, essa quantia poderia ser menor. “Pagamos e não vemos o benefício. Esse dinheiro poderia ir para investimentos internos.”
Barreto espera que o vigor da arrecadação continue forte e estimou um crescimento nominal este ano em torno de 10%. Entretanto, evitou fazer uma previsão de avanço real (acima da inflação). “É preciso esperar para ver como a economia e a inflação vão se comportar”, justificou. Ele evitou comentar a possibilidade de aumento na carga tributária total. “Torço para que a economia cresça, para que a produção aumente e o emprego avance, o que vai levar a uma arrecadação em níveis mais altos, mas a carga continua a mesma. O governo, aliás, continua reduzindo impostos para investimento.”
O secretário admitiu que, mesmo tendo um caráter regulatório predominante, com a função de evitar a entrada de capital estrangeiro de curto prazo no país, e não arrecadatório, o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 6% foi um dos reforços da arrecadação. O valor recolhido nessa rubrica foi de R$ 27,2 bilhões, 31,62% superior ao de 2009.
IMPOSIÇÃO DIRETA
» A ocupação do cargo de secretário da Receita Federal por Carlos Alberto Barreto foi uma imposição direta da presidente, Dilma Rousseff, na equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A nova chefe da República sempre foi ligada a Barreto que, na época em que era adjunto do então secretário Jorge Rachid, preparava, com a equipe da Casa Civil, as medidas provisórias de matéria tributária. Quando Rachid caiu, Dilma queria que Barreto assumisse o posto, mas perdeu a queda de braço com Mantega por ainda não ter a influência política necessária. Ao sentar-se na cadeira mais alta do Executivo, no entanto, Dilma fez valer a sua força e exigiu a nomeação de Barreto. Para completar, colocou no lugar de Nelson Machado — ex-secretário-executivo que indicou Lina Maria Vieira e Otacílio Dantas Cartaxo, antecessores de Barreto — seu queridinho Nelson Barbosa.
Calendário diferente
Entre os principais tributos federais afetados pela crise internacional, apenas o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) ainda não se recuperaram. Juntos, os dois renderam à União R$ 138,6 bilhões no ano passado, num recuo de 0,14%. A demora se deve à diferença nos calendários de pagamento dos impostos das companhias, de acordo com o tipo de atividade que exercem.
As empresas que recolhem pelo regime do lucro presumido (uma estimativa anual de vendas) já experimentaram no ano passado um avanço de 17,71% no pagamento dos impostos, uma vez que estavam sob o reflexo da recuperação econômica. O mesmo ocorreu com os grupos que pagam ao Fisco com base na estimativa mensal de lucros e amargaram alta de 6,50%. As companhias remeteram à Receita R$ 29,3 bilhões e R$ 72,1 bilhões, respectivamente.
Para as companhias que fazem os cálculos segundo balanços trimestrais, a arrecadação caiu 3,60% no ano passado, para R$ 7,9 bilhões. O recuo ocorreu porque os resultados registrados até agora estão influenciados ainda pelo último trimestre de 2009, período no qual a crise ainda prejudicava o funcionamento dos negócios. O menor ritmo de atividade ocasionou uma queda no recolhimento.
As pessoas jurídicas que acertam as contas com o Leão da mesma forma que as pessoas físicas — por meio de declaração de ajuste — foram as que menos contribuíram com o avanço do recolhimento de impostos. A queda foi de 32,65%, refletindo as operações de todo o ano de 2009, o que incluiu a maior parte das turbulências nos mercados doméstico e internacional.
O secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto, acredita que será possível observar uma recomposição desses tributos a partir do primeiro trimestre de 2011, começando pelos contribuintes que apuram lucro pelo balanço trimestral. “Não dá para ter uma previsão exata, porque algumas empresas podem preferir utilizar compensações e abatimentos de impostos a que têm direito. Mas vemos com otimismo a recuperação do recolhimento de IRPJ e de CSLL no ano que vem”, avaliou.
IOF garante receita extra de R$ 1,3 bi
Autor(es): Luciana Oton
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/iof-garante-receita-extra-de-r-1-3-bi
Banqueiros podem embolsar garantias
Autor(es): Murillo Camarotto e Fernando Travaglini
Valor Econômico - 21/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/banqueiros-podem-embolsar-garantias
Brasil tem maior inflação na AL entre países com regime de meta
Para analistas, indexação, meta elevada e estímulos fiscais dificultam estabilização dos preços
Autor(es): SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo - 15/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/15/brasil-tem-maior-inflacao-na-al-entre-paises-com-regime-de-meta
Para ex-presidente do BC, crédito do BNDES e atuação de bancos públicos reduzem eficácia da alta do juro
Depois de 17 anos de estabilidade econômica, a inflação ainda é uma carga pesada no Brasil. Entre os países da América Latina que adotam o regime de metas, o Brasil foi um dos que tiveram mais dificuldade para reduzir a inflação na recessão econômica após a crise mundial de setembro de 2008.
Além de registrar a maior taxa em 2010, foi o primeiro a ter que subir juros para conter reajustes de preços em razão da retomada de 2010.
O maior problema é que mais de um terço da inflação ainda é indexada e, portanto, vinculada à variação dos preços registrada um ano antes.
Combinam-se a isso três outros fatos importantes. Primeiro, o país tem uma das metas de inflação mais elevadas, o que, na avaliação de especialistas, é um convite à indexação na hora em que os contratos são negociados.
Além disso, os estímulos fiscais dados pelo governo nos últimos anos e a atuação de bancos e empresas públicas favoreceram o consumo e o gasto e, como consequência, novos reajustes.
"O resultado fiscal do Brasil não é tão ruim, mas tem mecanismos que enfraquecem a política monetária e fazem com que a ação precise ser mais forte", diz o ex-presidente do BC Gustavo Loyola.
Segundo ele, com operações do BNDES a custos mais baixos -desvinculados da taxa Selic fixada pelo BC- e a forte atuação da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na concessão de crédito, "uma parte da economia não responde à atuação do BC para controlar a inflação".
Por isso, o BC tem que elevar mais rápido e mais forte os juros em momentos de risco de descontrole de preços.META ALTA
Para completar, como a meta de 4,5% ao ano (podendo variar de 2,5% a 6,5%) é alta diante do resto do mundo, isso "sugere" sempre para trabalhadores e empresários que "a inflação vai ser maior no Brasil", iniciando um ciclo que se autoalimenta, segundo o economista do WestLB Roberto Padovani.
Diante desse cenário, a redução da meta de 4,5% ao ano -defendida pelo próprio presidente do BC, Alexandre Tombini- poderia ser feita já no ano que vem, segundo Loyola.
A avaliação é que, à medida que a inflação perseguida for menor, próxima a 3%, 2%, a necessidade de indexar contratos ficaria restrita às operações de longo prazo.
"Há um gatilho na economia que desencadeia a inflação inercial. Se a inflação for muito baixa, as pessoas não tendem a se preocupar muito em indexar os contratos."
Aluguel sobe 11,5%
Correio Braziliense - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/aluguel-sobe-11-5
IGP-M acumulado em 12 meses vai tornar a locação mais cara. Índice em janeiro foi influenciado pelas mensalidades escolaresOs aluguéis de imóveis residenciais cujos contratos serão renovados em fevereiro devem aumentar 11,5%, valor do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acumulado em 12 meses. Com esse reajuste, um inquilino que paga R$ 1.000 por mês em um apartamento no Plano Piloto, por exemplo, passará a desembolsar R$ 1.115 a partir do mês que vem, caso o proprietário não aceite negociar e aplique o indicador cheio. Segundo cálculo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação medida em janeiro foi de 0,79%, numa aceleração em relação ao 0,69% registrado em dezembro do ano passado.O IGP-M, principal referência para o ajuste dos aluguéis, é formado por três indicadores específicos. O Índice de Preços por Atacado (IPA) foi de 0,76%, também maior que o de dezembro (0,63%). O IPA dos produtos agrícolas passou de 1,15% em dezembro, número já considerado alto, para 1,27%. As principais altas foram verificadas nos seguintes itens: café em grão, algodão em caroço, milho em grão, laranja e cana-de-açúcar. O IPA industrial acelerou de 0,44% para 0,57%.O componente que mede a variação dos preços ao consumidor (IPC) aumentou de 0,92% para 1,08%. A influência mais marcante foi nos custos de educação, o que costuma ocorrer no início do ano. O salto foi de 0,42% para 2,75%, com destaque para as mensalidades do ensino fundamental, médio e superior. Os transportes subiram 1,94% na esteira dos reajustes das tarifas de ônibus urbano em algumas capitais do país. Além desses itens, o tomate teve alta significativa no varejo.Terceiro elemento do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) registrou elevação de 0,37% em janeiro, após subir 0,59% em dezembro. A alta é reflexo direto do aquecimento no mercado imobiliário, favorecido pelo crescimento do emprego, da renda e do crédito.
Comer em SP é mais caro que em NY
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/comer-em-sp-e-mais-caro-que-em-ny
Quem viaja ao exterior constata que também na Europa, na China e na vizinha Buenos Aires os preços dos restaurantes estão mais baratosSão Paulo é hoje uma das cidades mais caras do mundo para comer fora. Quem viaja para o exterior se assusta com as diferenças de preços. Num restaurante de classe média da capital paulista, 270 gramas de filé mignon grelhado, sem acompanhamento e taxa de serviço, custa R$ 41,80. Por esse valor se faz uma refeição completa e de qualidade em Paris, Nova York, Buenos Aires e Pequim.Duas referências: Em Nova York, por US$ 25 (R$ 42,15) se come o tradicional filé com fritas do Balthazar, um dos restaurantes mais badalados do mundo, com mais de duas horas de espera para conseguir uma mesa. Pelos mesmos US$ 25 se come uma entrada, prato principal com carne, sobremesa e, de quebra, água mineral em restaurantes do boa qualidade nos charmosos bairros de Palermo e Recoleta de Buenos Aires.Mesmo considerando que o real se valorizou 5% nos últimos 12 meses ante o dólar, os preços na cidade de São Paulo estão acima do que seria considerado razoável.Comer fora de casa se tornou um opção indigesta para os brasileiros também quando se compara os custos dos alimentos com o preço do prato. Com os R$ 41,80 desembolsados por 270 gramas de filé mignon no restaurante é possível comprar praticamente um quilo do mesmo corte de carne num supermercado em São Paulo (R$ 45,90).Donos de restaurante atribuem os preços elevados das refeições no País aos altos custos de mão de obra e de aluguel e à alta dos alimentos nos últimos meses. "A culpa é do bife", afirma Antonio Comune, coordenador do IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, a capital gastronômica do País.Com a escassez de chuvas e a diminuição na oferta de bois, o preço da carne subiu. E o produto é base das refeições fora de casa, explica o economista.Por isso, do tradicional prato feito e prato do dia à refeição à la carte, houve uma alta generalizada de preços em 2010. A alimentação fora de casa subiu quase o dobro dos índices gerais de inflação no ano passado e acompanhou de perto a subida dos alimentos em geral, apontam dois indicadores de inflação.Os preços da alimentação fora de casa aumentaram 10,62% no ano passado no IPCA, a medida oficial de inflação do País. Enquanto isso, o índice geral de inflação no período acumulou alta de 5,91%. Comer em restaurante, bar ou lanchonete foi o segundo maior fator de pressão da inflação: respondeu por 0,46 ponto porcentual do resultado IPCA de 2010. Só perdeu para a carne, que subiu 26,64% e respondeu por 0,64 ponto porcentual da inflação total.Comercial. Resultado semelhante foi constatado no IPC-Fipe. No ano passado, a inflação geral medida pelo indicador foi de 6,4% e a alimentação fora de casa subiu 12,10%. As maiores altas, todas na casa de dois dígitos, foram constatadas nas refeições que levam carne. O comercial foi campeão de alta e ficou 13,81% mais caro em 2010, seguido pelo filé com fritas (13,50%).Já o prato do dia, no qual é possível trocar a carne bovina pelo frango ou carne suína, e o feijão, que subiu 63,62% em 2010, pelo macarrão, aumentou 12,48% no ano passado. No caso da comida por quilo, a alta foi de 11,38% no período, segundo o IPC-Fipe."Não me lembro de o preço da carne ter subido tanto como ocorreu nos últimos meses", observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para ele, o principal fator que pressionou os preços da alimentação fora de casa foi a disparada da carne bovina. "O filé mignon subiu 67% e a picanha 57% em 2010." Ele diz que a carne bovina puxa as demais. Os alimentos respondem por 35% do custo do prato, diz. A mão de obra é o segundo maior custo dos restaurantes e pesa entre 22% e 23%. / COLABORARAM GUSTAVO CHACRA E ARIEL PALACIOS
Restaurantes têm receita recorde de R$ 73 bilhões
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/restaurantes-tem-receita-recorde-de-r-73-bilhoes
Apesar da alta de preços, os brasileiros, com mais renda no bolso, não deixaram de comer fora de casa no ano passado, diz AbraselMesmo com os preços das refeições nas alturas, o brasileiro não deixou de comer fora de casa. Os restaurantes, bares e lanchonetes encerraram 2010 com faturamento recorde de R$ 73 bilhões, segundo os cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne cerca de um milhão de estabelecimentos espalhados pelo País."Foi o nosso melhor ano", afirma o presidente da entidade, Paulo Solmucci. Em relação a 2009, o crescimento real foi de 12%, isto é, descontada a inflação do período. Ele explica que os estabelecimentos repassaram a alta de preços dos alimentos para o valor das refeições e também buscaram alternativas para atenuar os custos e não espantar a clientela."Acabei de comprar mais um freezer", conta Gutemberg Ribeiro Aguiar, dono do restaurante comercial Paraíso das Delícias, na zona oeste da capital paulista. A aquisição do novo equipamento foi uma das saídas encontradas pelo empresário para estocar carne em oferta.Promoções. Ele conta que, nos últimos tempos, tem corrido atrás das promoções. "É só anunciar oferta de carne na TV que a gente vai atrás", diz. Depois da recentes chuvas, notou mudanças para pior também nos preços das verduras. "Já estou pagando R$ 3 por um pé de alface. Na semana passada, custava R$ 1."O empresário diz que apesar de ir atrás dos alimentos em oferta é praticamente impossível atenuar outros aumentos de custos. Ele tem dez funcionário atualmente e o menor salário pago é de R$ 1.300.Segundo Solmucci, da Abrasel, reajuste mínimo dos trabalhadores de restaurantes no ano passado foi de 10%. Para reter mão de obra mais experiente, os empresários deram aumento de 15%.
Governo controlará o preço dos alimentos
Governo intervém para conter alta da comida
Autor(es): Jorge Freitas Graziela Reis
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/governo-controlara-o-preco-dos-alimentos
Intervenção no mercado de produtos agrícolas tenta evitar a alta dos últimos meses, que afeta mais a população de baixa renda.Ministério da Agricultura decide vender parte dos estoques de grãos para forçar a queda dos preços dos alimentos, mas produtores duvidam que a medida vá surtir efeitos O governo vai intervir pesadamente no mercado de produtos agrícolas para controlar os preços dos alimentos, cuja alta tem castigado a população de baixa renda. Com a venda de parte dos estoques de grãos, que somam 7,29 milhões de toneladas, e a garantia de preços ao produtor, a equipe econômica quer derrubar o custo da comida e ajudar a manter na mesa dos brasileiros mais pobres feijão, arroz, carnes de aves e suínos, leite e ovos. Mas essa iniciativa pode ser insuficiente para enfrentar o salto nas cotações internacionais e a evolução da renda dos trabalhadores, que eleva o consumo e, em consequência, gera inflação.Com a venda de sacas de milho, o Ministério da Agricultura quer garantir a redução do preço do produto in natura e contribuir para diminuir os custos de produção de carne de aves e suínos. O milho é um importante insumo na produção das rações dos animais. Ontem mesmo, já foi realizado um leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com entrega de 83 mil toneladas — 66,5% do total de 125,9 mil toneladas oferecidas.
O governo promoverá leilões de arroz para garantir o pagamento mínimo estipulado aos produtores. No início, a oferta será de cerca de 60 mil toneladas do grão. Já os preços do feijão tendem a baixar quando a oferta subir. Segundo análise dos técnicos da Conab, os agricultores estão recebendo pela saca do produto recém-colhido entre R$ 50 e R$ 90, dependendo da qualidade. As recentes chuvas têm criado uma maior dificuldade de compra nas regiões produtoras. A primeira safra, ou safra das águas, terá redução de 1,1% na área plantada, mas será maior em 1,5 milhão do que a anterior.
Círculo vicioso
A equação formada por consumo aquecido e oferta reduzida tem levado à valorização dos alimentos. No caso da carne bovina, não há estoques e é impossível engordar um bezerro da noite para o dia. Nos grãos, as cotações previstas para as sacas é que definem o investimento do produtor. Se o preço baixar, o produtor acaba não plantando. Sem colheita, cai a oferta e o preço chega mais alto na safra seguinte, num círculo vicioso. Por isso, consultores, pesquisadores e, principalmente, produtores rurais não acreditam que qualquer intervenção feita “na marra”, por meio da venda dos estoques reguladores do governo, tenha efeitos duradouros.
O consultor de Mercado da Scot Consultoria Alex Lopes da Silva lembra que a arroba do boi atingiu a cotação recorde no Brasil no ano passado, chegando a R$ 118. “Falta matéria-prima e a renda está em alta. Por isso, houve o pico na entressafra”, explicou. Hoje, o preço da arroba está, em média, em R$ 100 e não há expectativa de queda. Segundo Silva, o preço da carne bovina é diretamente ligado ao aquecimento da economia. “Estudos mostram que, se a renda aumenta 1%, o consumo de carne, principalmente dos cortes traseiros, de maior valor agregado, sobe 0,5%.”
O proprietário da fazenda Agromill, Renato Müller, de Paracatu (MG), também duvida que uma intervenção do governo para baixar preços de grãos surta efeito. “O tiro pode sair pela culatra”, alertou. Ele planta feijão, milho, soja, abóboras e cebolas. Segundo Müller, a saca de 60 quilos de feijão esteve mais cara em agosto (R$ 80). Agora, a cotação está em R$ 50. “Não sei onde querem intervir.”
A onda de elevação de preços não é relacionada apenas ao aumento da renda dos pobres. Segundo Lucilio Alves, pesquisador da Área de Grãos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a recuperação de preços da soja e do milho foi ditada pelo mercado internacional. “Não se consegue ampliar a oferta rapidamente e muito menos reduzir a demanda”, observou. Segundo analistas, o consumo internacional continuará aquecido.
Exportações
As exportações brasileiras de produtos agrícolas bateram recorde em 2010, atingindo US$ 76,4 bilhões, num crescimento de 18% em relação aos US$ 64,7 bilhões de 2009.
Os produtos que se destacaram foram açúcar (US$ 12,7 bilhões), café (US$ 5,7 bilhões), milho (US$ 2,1 bilhões) e carnes bovinas, suínas e de aves (US$ 11,8 bihões). A Ásia se consolidou como principal destino, comprando 30,1% da pauta. Somente a China foi responsável por 14,4% do total. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, as vendas podem ultrapassar a casa dos US$ 85 bilhões neste ano. “Seria bastante razoável esperarmos incremento em torno ou acima de 10%”, disse ontem, ao anunciar os números.
Consumidor muda cardápio
Cristiane Bonfanti
A disparada no preço dos alimentos azedou o orçamento dos brasileiros mais pobres em 2010, que tiveram o bolso mais sacrificado que o restante da população e precisaram adaptar o cardápio, deixando de comprar carne e frango e reduzindo o açúcar. O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, encerrou o ano em 7,33%, muito acima dos 3,69% de 2009. O número é maior que os 6,24% do IPC-BR, indicador que leva em conta os gastos das famílias com ganhos até 33 mínimos.
A elevação nos preços dos alimentos foi condicionada pela quebra de safra de alguns produtos por causa de problemas climáticos, e pelo crescimento do consumo, resultado da melhora dos rendimentos dos trabalhadores. “Houve aumento no preço dos grãos em geral, que afetou outros alimentos, como o frango. Os problemas na oferta do trigo, por exemplo, encareceram o pãozinho francês, fundamental na mesa do brasileiro. As famílias de baixa renda sentiram muito, pois a alimentação é o que mais pesa na sua cesta”, disse o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.
A secretária Vânia de Sousa, 43 anos, sentiu o aperto no bolso e passou a ir ao supermercado só em dias de promoção. Mesmo assim, muitas vezes, precisou deixar o frango para trás. “Os preços estão um absurdo. Eu comprava o quilo por R$ 3. Agora, não encontro por menos de R$ 5”, reclamou. Na lista de compras da dona de casa Ireni Trindade, 48, o aumento mais sentido foi no açúcar. Nas contas dela, o preço saltou de R$ 6 para R$ 9. “Além disso, todas as verduras estão mais caras”, observou.
Coxão mole
Casado e pai de três filhos, o motorista Rui Bispo, 43 anos, vai várias vezes ao supermercado durante o mês para aproveitar a queda nos preços de produtos específicos. Apesar do trabalho, sofre com o preço da carne. “O valor do quilo do coxão mole subiu de R$ 9 para R$ 13. Dependendo do item, eu só levo quando tem liquidação”, afirmou. A maior inflação do IPC-C1 foi registrada na classe de despesas alimentação (11,03%), rubrica que consome 40% da renda das famílias mais pobres.
Brasil tem maior inflação na AL entre países com regime de meta
Para analistas, indexação, meta elevada e estímulos fiscais dificultam estabilização dos preços
Autor(es): SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo - 15/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/15/brasil-tem-maior-inflacao-na-al-entre-paises-com-regime-de-meta
Para ex-presidente do BC, crédito do BNDES e atuação de bancos públicos reduzem eficácia da alta do juro
Depois de 17 anos de estabilidade econômica, a inflação ainda é uma carga pesada no Brasil. Entre os países da América Latina que adotam o regime de metas, o Brasil foi um dos que tiveram mais dificuldade para reduzir a inflação na recessão econômica após a crise mundial de setembro de 2008.
Além de registrar a maior taxa em 2010, foi o primeiro a ter que subir juros para conter reajustes de preços em razão da retomada de 2010.
O maior problema é que mais de um terço da inflação ainda é indexada e, portanto, vinculada à variação dos preços registrada um ano antes.
Combinam-se a isso três outros fatos importantes. Primeiro, o país tem uma das metas de inflação mais elevadas, o que, na avaliação de especialistas, é um convite à indexação na hora em que os contratos são negociados.
Além disso, os estímulos fiscais dados pelo governo nos últimos anos e a atuação de bancos e empresas públicas favoreceram o consumo e o gasto e, como consequência, novos reajustes.
"O resultado fiscal do Brasil não é tão ruim, mas tem mecanismos que enfraquecem a política monetária e fazem com que a ação precise ser mais forte", diz o ex-presidente do BC Gustavo Loyola.
Segundo ele, com operações do BNDES a custos mais baixos -desvinculados da taxa Selic fixada pelo BC- e a forte atuação da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na concessão de crédito, "uma parte da economia não responde à atuação do BC para controlar a inflação".
Por isso, o BC tem que elevar mais rápido e mais forte os juros em momentos de risco de descontrole de preços.META ALTA
Para completar, como a meta de 4,5% ao ano (podendo variar de 2,5% a 6,5%) é alta diante do resto do mundo, isso "sugere" sempre para trabalhadores e empresários que "a inflação vai ser maior no Brasil", iniciando um ciclo que se autoalimenta, segundo o economista do WestLB Roberto Padovani.
Diante desse cenário, a redução da meta de 4,5% ao ano -defendida pelo próprio presidente do BC, Alexandre Tombini- poderia ser feita já no ano que vem, segundo Loyola.
A avaliação é que, à medida que a inflação perseguida for menor, próxima a 3%, 2%, a necessidade de indexar contratos ficaria restrita às operações de longo prazo.
"Há um gatilho na economia que desencadeia a inflação inercial. Se a inflação for muito baixa, as pessoas não tendem a se preocupar muito em indexar os contratos."
Aluguel sobe 11,5%
Correio Braziliense - 29/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/29/aluguel-sobe-11-5
IGP-M acumulado em 12 meses vai tornar a locação mais cara. Índice em janeiro foi influenciado pelas mensalidades escolaresOs aluguéis de imóveis residenciais cujos contratos serão renovados em fevereiro devem aumentar 11,5%, valor do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acumulado em 12 meses. Com esse reajuste, um inquilino que paga R$ 1.000 por mês em um apartamento no Plano Piloto, por exemplo, passará a desembolsar R$ 1.115 a partir do mês que vem, caso o proprietário não aceite negociar e aplique o indicador cheio. Segundo cálculo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação medida em janeiro foi de 0,79%, numa aceleração em relação ao 0,69% registrado em dezembro do ano passado.O IGP-M, principal referência para o ajuste dos aluguéis, é formado por três indicadores específicos. O Índice de Preços por Atacado (IPA) foi de 0,76%, também maior que o de dezembro (0,63%). O IPA dos produtos agrícolas passou de 1,15% em dezembro, número já considerado alto, para 1,27%. As principais altas foram verificadas nos seguintes itens: café em grão, algodão em caroço, milho em grão, laranja e cana-de-açúcar. O IPA industrial acelerou de 0,44% para 0,57%.O componente que mede a variação dos preços ao consumidor (IPC) aumentou de 0,92% para 1,08%. A influência mais marcante foi nos custos de educação, o que costuma ocorrer no início do ano. O salto foi de 0,42% para 2,75%, com destaque para as mensalidades do ensino fundamental, médio e superior. Os transportes subiram 1,94% na esteira dos reajustes das tarifas de ônibus urbano em algumas capitais do país. Além desses itens, o tomate teve alta significativa no varejo.Terceiro elemento do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) registrou elevação de 0,37% em janeiro, após subir 0,59% em dezembro. A alta é reflexo direto do aquecimento no mercado imobiliário, favorecido pelo crescimento do emprego, da renda e do crédito.
Comer em SP é mais caro que em NY
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/comer-em-sp-e-mais-caro-que-em-ny
Quem viaja ao exterior constata que também na Europa, na China e na vizinha Buenos Aires os preços dos restaurantes estão mais baratosSão Paulo é hoje uma das cidades mais caras do mundo para comer fora. Quem viaja para o exterior se assusta com as diferenças de preços. Num restaurante de classe média da capital paulista, 270 gramas de filé mignon grelhado, sem acompanhamento e taxa de serviço, custa R$ 41,80. Por esse valor se faz uma refeição completa e de qualidade em Paris, Nova York, Buenos Aires e Pequim.Duas referências: Em Nova York, por US$ 25 (R$ 42,15) se come o tradicional filé com fritas do Balthazar, um dos restaurantes mais badalados do mundo, com mais de duas horas de espera para conseguir uma mesa. Pelos mesmos US$ 25 se come uma entrada, prato principal com carne, sobremesa e, de quebra, água mineral em restaurantes do boa qualidade nos charmosos bairros de Palermo e Recoleta de Buenos Aires.Mesmo considerando que o real se valorizou 5% nos últimos 12 meses ante o dólar, os preços na cidade de São Paulo estão acima do que seria considerado razoável.Comer fora de casa se tornou um opção indigesta para os brasileiros também quando se compara os custos dos alimentos com o preço do prato. Com os R$ 41,80 desembolsados por 270 gramas de filé mignon no restaurante é possível comprar praticamente um quilo do mesmo corte de carne num supermercado em São Paulo (R$ 45,90).Donos de restaurante atribuem os preços elevados das refeições no País aos altos custos de mão de obra e de aluguel e à alta dos alimentos nos últimos meses. "A culpa é do bife", afirma Antonio Comune, coordenador do IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, a capital gastronômica do País.Com a escassez de chuvas e a diminuição na oferta de bois, o preço da carne subiu. E o produto é base das refeições fora de casa, explica o economista.Por isso, do tradicional prato feito e prato do dia à refeição à la carte, houve uma alta generalizada de preços em 2010. A alimentação fora de casa subiu quase o dobro dos índices gerais de inflação no ano passado e acompanhou de perto a subida dos alimentos em geral, apontam dois indicadores de inflação.Os preços da alimentação fora de casa aumentaram 10,62% no ano passado no IPCA, a medida oficial de inflação do País. Enquanto isso, o índice geral de inflação no período acumulou alta de 5,91%. Comer em restaurante, bar ou lanchonete foi o segundo maior fator de pressão da inflação: respondeu por 0,46 ponto porcentual do resultado IPCA de 2010. Só perdeu para a carne, que subiu 26,64% e respondeu por 0,64 ponto porcentual da inflação total.Comercial. Resultado semelhante foi constatado no IPC-Fipe. No ano passado, a inflação geral medida pelo indicador foi de 6,4% e a alimentação fora de casa subiu 12,10%. As maiores altas, todas na casa de dois dígitos, foram constatadas nas refeições que levam carne. O comercial foi campeão de alta e ficou 13,81% mais caro em 2010, seguido pelo filé com fritas (13,50%).Já o prato do dia, no qual é possível trocar a carne bovina pelo frango ou carne suína, e o feijão, que subiu 63,62% em 2010, pelo macarrão, aumentou 12,48% no ano passado. No caso da comida por quilo, a alta foi de 11,38% no período, segundo o IPC-Fipe."Não me lembro de o preço da carne ter subido tanto como ocorreu nos últimos meses", observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para ele, o principal fator que pressionou os preços da alimentação fora de casa foi a disparada da carne bovina. "O filé mignon subiu 67% e a picanha 57% em 2010." Ele diz que a carne bovina puxa as demais. Os alimentos respondem por 35% do custo do prato, diz. A mão de obra é o segundo maior custo dos restaurantes e pesa entre 22% e 23%. / COLABORARAM GUSTAVO CHACRA E ARIEL PALACIOS
Restaurantes têm receita recorde de R$ 73 bilhões
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 16/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/16/restaurantes-tem-receita-recorde-de-r-73-bilhoes
Apesar da alta de preços, os brasileiros, com mais renda no bolso, não deixaram de comer fora de casa no ano passado, diz AbraselMesmo com os preços das refeições nas alturas, o brasileiro não deixou de comer fora de casa. Os restaurantes, bares e lanchonetes encerraram 2010 com faturamento recorde de R$ 73 bilhões, segundo os cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne cerca de um milhão de estabelecimentos espalhados pelo País."Foi o nosso melhor ano", afirma o presidente da entidade, Paulo Solmucci. Em relação a 2009, o crescimento real foi de 12%, isto é, descontada a inflação do período. Ele explica que os estabelecimentos repassaram a alta de preços dos alimentos para o valor das refeições e também buscaram alternativas para atenuar os custos e não espantar a clientela."Acabei de comprar mais um freezer", conta Gutemberg Ribeiro Aguiar, dono do restaurante comercial Paraíso das Delícias, na zona oeste da capital paulista. A aquisição do novo equipamento foi uma das saídas encontradas pelo empresário para estocar carne em oferta.Promoções. Ele conta que, nos últimos tempos, tem corrido atrás das promoções. "É só anunciar oferta de carne na TV que a gente vai atrás", diz. Depois da recentes chuvas, notou mudanças para pior também nos preços das verduras. "Já estou pagando R$ 3 por um pé de alface. Na semana passada, custava R$ 1."O empresário diz que apesar de ir atrás dos alimentos em oferta é praticamente impossível atenuar outros aumentos de custos. Ele tem dez funcionário atualmente e o menor salário pago é de R$ 1.300.Segundo Solmucci, da Abrasel, reajuste mínimo dos trabalhadores de restaurantes no ano passado foi de 10%. Para reter mão de obra mais experiente, os empresários deram aumento de 15%.
Governo controlará o preço dos alimentos
Governo intervém para conter alta da comida
Autor(es): Jorge Freitas Graziela Reis
Correio Braziliense - 13/01/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/13/governo-controlara-o-preco-dos-alimentos
Intervenção no mercado de produtos agrícolas tenta evitar a alta dos últimos meses, que afeta mais a população de baixa renda.Ministério da Agricultura decide vender parte dos estoques de grãos para forçar a queda dos preços dos alimentos, mas produtores duvidam que a medida vá surtir efeitos O governo vai intervir pesadamente no mercado de produtos agrícolas para controlar os preços dos alimentos, cuja alta tem castigado a população de baixa renda. Com a venda de parte dos estoques de grãos, que somam 7,29 milhões de toneladas, e a garantia de preços ao produtor, a equipe econômica quer derrubar o custo da comida e ajudar a manter na mesa dos brasileiros mais pobres feijão, arroz, carnes de aves e suínos, leite e ovos. Mas essa iniciativa pode ser insuficiente para enfrentar o salto nas cotações internacionais e a evolução da renda dos trabalhadores, que eleva o consumo e, em consequência, gera inflação.Com a venda de sacas de milho, o Ministério da Agricultura quer garantir a redução do preço do produto in natura e contribuir para diminuir os custos de produção de carne de aves e suínos. O milho é um importante insumo na produção das rações dos animais. Ontem mesmo, já foi realizado um leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com entrega de 83 mil toneladas — 66,5% do total de 125,9 mil toneladas oferecidas.
O governo promoverá leilões de arroz para garantir o pagamento mínimo estipulado aos produtores. No início, a oferta será de cerca de 60 mil toneladas do grão. Já os preços do feijão tendem a baixar quando a oferta subir. Segundo análise dos técnicos da Conab, os agricultores estão recebendo pela saca do produto recém-colhido entre R$ 50 e R$ 90, dependendo da qualidade. As recentes chuvas têm criado uma maior dificuldade de compra nas regiões produtoras. A primeira safra, ou safra das águas, terá redução de 1,1% na área plantada, mas será maior em 1,5 milhão do que a anterior.
Círculo vicioso
A equação formada por consumo aquecido e oferta reduzida tem levado à valorização dos alimentos. No caso da carne bovina, não há estoques e é impossível engordar um bezerro da noite para o dia. Nos grãos, as cotações previstas para as sacas é que definem o investimento do produtor. Se o preço baixar, o produtor acaba não plantando. Sem colheita, cai a oferta e o preço chega mais alto na safra seguinte, num círculo vicioso. Por isso, consultores, pesquisadores e, principalmente, produtores rurais não acreditam que qualquer intervenção feita “na marra”, por meio da venda dos estoques reguladores do governo, tenha efeitos duradouros.
O consultor de Mercado da Scot Consultoria Alex Lopes da Silva lembra que a arroba do boi atingiu a cotação recorde no Brasil no ano passado, chegando a R$ 118. “Falta matéria-prima e a renda está em alta. Por isso, houve o pico na entressafra”, explicou. Hoje, o preço da arroba está, em média, em R$ 100 e não há expectativa de queda. Segundo Silva, o preço da carne bovina é diretamente ligado ao aquecimento da economia. “Estudos mostram que, se a renda aumenta 1%, o consumo de carne, principalmente dos cortes traseiros, de maior valor agregado, sobe 0,5%.”
O proprietário da fazenda Agromill, Renato Müller, de Paracatu (MG), também duvida que uma intervenção do governo para baixar preços de grãos surta efeito. “O tiro pode sair pela culatra”, alertou. Ele planta feijão, milho, soja, abóboras e cebolas. Segundo Müller, a saca de 60 quilos de feijão esteve mais cara em agosto (R$ 80). Agora, a cotação está em R$ 50. “Não sei onde querem intervir.”
A onda de elevação de preços não é relacionada apenas ao aumento da renda dos pobres. Segundo Lucilio Alves, pesquisador da Área de Grãos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a recuperação de preços da soja e do milho foi ditada pelo mercado internacional. “Não se consegue ampliar a oferta rapidamente e muito menos reduzir a demanda”, observou. Segundo analistas, o consumo internacional continuará aquecido.
Exportações
As exportações brasileiras de produtos agrícolas bateram recorde em 2010, atingindo US$ 76,4 bilhões, num crescimento de 18% em relação aos US$ 64,7 bilhões de 2009.
Os produtos que se destacaram foram açúcar (US$ 12,7 bilhões), café (US$ 5,7 bilhões), milho (US$ 2,1 bilhões) e carnes bovinas, suínas e de aves (US$ 11,8 bihões). A Ásia se consolidou como principal destino, comprando 30,1% da pauta. Somente a China foi responsável por 14,4% do total. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, as vendas podem ultrapassar a casa dos US$ 85 bilhões neste ano. “Seria bastante razoável esperarmos incremento em torno ou acima de 10%”, disse ontem, ao anunciar os números.
Consumidor muda cardápio
Cristiane Bonfanti
A disparada no preço dos alimentos azedou o orçamento dos brasileiros mais pobres em 2010, que tiveram o bolso mais sacrificado que o restante da população e precisaram adaptar o cardápio, deixando de comprar carne e frango e reduzindo o açúcar. O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, encerrou o ano em 7,33%, muito acima dos 3,69% de 2009. O número é maior que os 6,24% do IPC-BR, indicador que leva em conta os gastos das famílias com ganhos até 33 mínimos.
A elevação nos preços dos alimentos foi condicionada pela quebra de safra de alguns produtos por causa de problemas climáticos, e pelo crescimento do consumo, resultado da melhora dos rendimentos dos trabalhadores. “Houve aumento no preço dos grãos em geral, que afetou outros alimentos, como o frango. Os problemas na oferta do trigo, por exemplo, encareceram o pãozinho francês, fundamental na mesa do brasileiro. As famílias de baixa renda sentiram muito, pois a alimentação é o que mais pesa na sua cesta”, disse o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.
A secretária Vânia de Sousa, 43 anos, sentiu o aperto no bolso e passou a ir ao supermercado só em dias de promoção. Mesmo assim, muitas vezes, precisou deixar o frango para trás. “Os preços estão um absurdo. Eu comprava o quilo por R$ 3. Agora, não encontro por menos de R$ 5”, reclamou. Na lista de compras da dona de casa Ireni Trindade, 48, o aumento mais sentido foi no açúcar. Nas contas dela, o preço saltou de R$ 6 para R$ 9. “Além disso, todas as verduras estão mais caras”, observou.
Coxão mole
Casado e pai de três filhos, o motorista Rui Bispo, 43 anos, vai várias vezes ao supermercado durante o mês para aproveitar a queda nos preços de produtos específicos. Apesar do trabalho, sofre com o preço da carne. “O valor do quilo do coxão mole subiu de R$ 9 para R$ 13. Dependendo do item, eu só levo quando tem liquidação”, afirmou. A maior inflação do IPC-C1 foi registrada na classe de despesas alimentação (11,03%), rubrica que consome 40% da renda das famílias mais pobres.
Brasil tem maior inflação na AL entre países com regime de meta
Comer em SP é mais caro que em NY
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Lula terminou governo com novo recorde de impostos
Era Lula chega ao fim com recorde de arrecadação | ||||||||||||||
Autor(es): MÁRIO SÉRGIO LIMA | ||||||||||||||
Correio Braziliense - 21/01/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/21/lula-terminou-governo-com-novo-recorde-de-impostos | ||||||||||||||
O governo Lula bateu todos os recordes de coleta de impostos federais em 2010, com uma arrecadação de R$ 826 bilhões - ganho real de 9,85% sobre 2009. O resultado foi inflado por recolhimento, também recorde, de R$ 91 bilhões em dezembro. Segundo a Receita, o desempenho se deve ao crescimento econômico e a mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias. Dezembro ultrapassa todos os resultados da história em coleta de impostos. Ano de 2010 terminou com uma arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante o ano anterior. O último mês do governo Lula bateu todos os resultados históricos de coleta de impostos federais, contribuindo para que 2010 tenha encerrado com uma arrecadação recorde de tributos na história do país. Em dezembro, a Receita Federal arrecadou R$ 90,8 bilhões, um crescimento real (corrigido pela inflação medida no IPCA) de 16,17% em relação a igual mês do ano passado, o melhor desempenho anterior mensal verificado na série histórica. Utilizando valores de dezembro, o ano de 2010 terminou com arrecadação de R$ 826 bilhões, um ganho real de 9,85% ante 2009. Em termos nominais, o contribuinte pagou R$ 805,7 bilhões no ano passado ou R$ 3,2 bilhões por dia útil. Segundo o novo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, o desempenho da arrecadação no ano passado deve-se ao forte desempenho econômico, embora a esse fator some-se, em dezembro, mais de R$ 6 bilhões de receitas extraordinárias. Ele citou que os principais fatores que influenciaram o desempenho foram os crescimentos da produção industrial, das vendas de bens e serviços e da massa salarial, que influenciaram diretamente a coleta de tributos. Uma das principais receitas extraordinárias foi um depósito judicial realizado por uma instituição financeira, em dezembro, de R$ 4 bilhões, que permitiu uma alta de 14,66% na arrecadação de PIS/Cofins no ano. No mesmo mês ocorreu arrecadação extraordinária de R$ 2 bilhões de tributos por instituições financeiras. IMPOSTO DE RENDA Já o IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) registrou, em dezembro, avanço de 54,52% ante igual mês de 2009. Além da massa salarial, segundo o governo, houve ganhos de capital em vendas de bens e direitos. "Apesar dessa alta, não há nada de específico, além de grandes vendas ou de ações ou de imóveis, por exemplo", afirmou Barreto. Em sua primeira entrevista concedida desde que assumiu o cargo, ele aproveitou para anunciar as prioridades do fisco para 2011. Além da modernização do órgão e do aumento da fiscalização, citou o papel do fisco na defesa comercial. "Vamos fortalecer a fiscalização aduaneira para combater crimes como pirataria e descaminho", disse. Ele esquivou-se de comentar o protesto de sindicatos contra a ausência de correção pela inflação da tabela do IR e, questionado sobre a crise da Receita em decorrência do vazamento de informações sigilosas de políticos do PSDB, reforçou que os sistemas do fisco são seguros. "O problema maior, que foi o fator humano, ético, é mais difícil de controlar, mas já foram tomadas medidas para isso", disse o novo secretário do órgão. GOVERNO LULA BATEU RECORDE EM IMPOSTOS
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Crédito externo ao Brasil aumenta 1.447% em 2010
Brasil é o sexto como destino de investimento
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Especulação cambial e controle de capitais
Autor(es): Mario Cordeiro de Carvalho Junior |
Valor Econômico - 31/01/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/especulacao-cambial-e-controle-de-capitais |
Os operadores das mesas de câmbio têm, hoje, no Brasil, incentivos para obterem ganhos diários, semanais e mensais, especulando com o real. A cada manhã, antes do mercado abrir, eles definem suas estratégias de ganhos. Esta convenção vem da época do Renascimento, quando se sentavam numa banca e compravam e vendiam moedas de diferentes origens. Para a mesma mercadoria - o real - eles estabeleceram preços diferentes para a compra e para a venda. Este preço depende da posição do exportador (que vende moeda) ou do importador (que a compra). A diferença entre esses preços é o spread. O lucro é obtido multiplicando-se este valor pelo número de transações feitas por dia. Como o que vai ocorrer ao longo do expediente bancário é incerto, sempre se esperava dos mercadores de moedas prudência e que estes nunca ficassem vendidos além do capital inicial. Depois, eles criaram uma inovação financeira, a "bill of exchange". Com isso, os lucros começaram a ser obtidos pela transferência de moedas entre reinos diferentes - o que hoje é feito eletronicamente pelo sistema Swift. Ao prestarem serviços aos exportadores e importadores, os mercadores de moedas do século XVIII perceberam uma regularidade: os clientes voltavam, mas em datas (dias) diferentes. Para juntar as partes, criaram uma outra inovação financeira: de uma operação pronta, à vista ("spot") derivaram uma operação para frente ("forward") em que se estabelece o preço de entrega futura das moedas a uma taxa pré-estabelecida entre exportadores e importadores. Desse modo, os mercadores criaram o primeiro mercado de derivativos da história. Por ser trabalhoso montar operação por operação, os mercadores criaram o mercado de futuros, no século XIX, que requereu concentração física, contratos por quantidade de moedas negociadas e margens de garantias; e, no final do século XX, eles introduziram o mercado de opções cambiais. Há vários instrumentos legais disponíveis para se inibir a arbitragem e os recursos indesejáveis Lucra-se em todas essas operações e todas são inovações financeiras, humanas e imperfeitas. O lucro foi ainda maior quando, ao invés de comprarem e venderem apenas moedas diferentes no mercado spot e/ou no futuro, os operadores começaram a fazer arbitragem de juros. Em outras palavras, passaram a ganhar com o diferencial entre o nível da taxa de juros interna e externa. Mas, esse ganho depende do grau de movimentação de capital. A história mostra que este é relativo. Houve momentos de liberdade, e outros de controle. E, a bem da verdade, esses mercadores têm historicamente função importante que é ajudar na melhor alocação de recursos na economia. Mas, junto com essa nobre função, eles também propiciam a especulação. Hoje em dia, face ao excesso de liquidez internacional, a especulação com o real ocorre no mercado de câmbio futuro. Este mercado é líquido e não envolve desembolsos grandes, o que viabiliza a "alavancagem" dos bancos. Para impor prudência aos operadores, o Banco Central (BC) estabeleceu um depósito compulsório sobre as posições vendidas com base no capital dos bancos. Essa exigência apenas reproduz a convenção existente desde o Renascimento de que os mercadores de moedas nunca deveriam ficar mais vendidos que o seu capital inicial. Se as autoridades quisessem realmente conter a especulação em curso, elas teriam de alterar também as garantias depositadas para honrar as margens no mercado futuro; e elevar ainda mais o IOF sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa para diminuir a rentabilidade da arbitragem. Além dessas medidas, seria necessário ainda reduzir a mobilidade do capital na nossa economia. Isso requer a imposição de controle inteligente de capital. Este tem de simultaneamente reduzir o volume líquido das entradas de capitais; alterar a composição dos fluxos de capitais; e reduzir as pressões sobre a taxa de câmbio real e efetiva. O Conselho Monetário Nacional (CMN) poderia autorizar o BC a não aceitar empréstimos e financiamento externos para financiamento de comércio exterior e entre empresas para financiamento ao consumo doméstico de bens duráveis. O BC adotaria leilões de liquidez em moeda nacional, como o Term Auction Facility (TAF) do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Em termos legais, esses leilões podem ser feitos face ao exposto no artigo primeiro da Lei 11.882/2008, e do artigo 4º da Lei 4.595/64, que confere competência para regulamentar as operações de redesconto. Essas operações substituiriam os financiamentos ao comércio exterior e intercompanhias, que também poderiam ser substituídas por empréstimos lastreados nas reservas internacionais, com base na Lei 11.882/2008. Esses empréstimos das reservas deveriam ser feitos para o Fundo Soberano, que por sua vez, poderia fornecer recursos para o setor privado e as exportações. O governo deve ainda encaminhar ao Congresso Nacional legislação para repatriar o capital brasileiro que fugiu do país. Para atuar sobre portfólio, o governo deveria determinar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o estabelecimento de novos critérios para a operação de fundos de investidores estrangeiros. Prioridade deveria ser dada para a constituição de fundos imobiliários, para infraestrutura e criação de empresas, impondo prazos de permanência e garantindo a não incidência de impostos, tributos e gravames sobre esses recursos. Uma medida que não deveria ser adotada de modo algum é exigir depósitos não remunerados como mecanismo de quarentena para a entrada de investimentos externos. Isto afugenta o capital internacional e cria fricções desnecessárias. Se tiver que ser adotado, este instrumento deve ser eventual e só aplicado sobre o capital especulativo. Estamos em guerra cambial, e não dá para esperar por medidas do G-20 e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Se as medidas aqui propostas forem adotadas serão reduzidos a entrada de capital estrangeiro, a apreciação da taxa de câmbio real e efetiva, e a especulação cambial. Depende apenas de decisão soberana e unilateral brasileira, e de governo. |
Emissão de emergente sobe 75% em 5 anos
Valor Econômico - 28/01/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/28/emissao-de-emergente-sobe-75-em-5-anos | ||||||||||||||
O total de títulos de dívida dos países emergentes emitidos no mercado internacional cresceu quase 75% desde 2005, conforme levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade dos maiores bancos do mundo. O montante total superou US$ 1,3 trilhão em setembro de 2010. Os emergentes da Ásia, Europa e América Latina representam cada um US$ 400 bilhões dos bônus. África e Oriente e Médico tem juntos US$ 165 bilhões. Brasil, Rússia, Índia e China emitiram mais de US$ 450 bilhões desde 2005. A Índia lidera, seguida pela China. Empresas dos emergentes recorrem mais a bônus, ao invés de empréstimos dos bancos. A fatia dos bônus de governos no mercado internacional caiu de 53% para 37% no período. Também o mercado doméstico de títulos de empresas e financeiras na América Latina mais que dobrou em cinco anos e representam 30% das operações na região. Exposição de bancos atinge US$ 71 bilhões
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O fim do superávit chinês
Autor(es): Martin Feldstein | ||||||||||||||||||
Valor Econômico - 31/01/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/o-fim-do-superavit-chines | ||||||||||||||||||
O superávit em conta corrente da China - combinação de seu superávit comercial e lucro líquido com investimentos no exterior - é o maior do mundo. Com um superávit comercial de US$ 190 bilhões e a renda proveniente de sua carteira de ativos estrangeiros de quase US$ 3 trilhões, o superávit externo da China é de US$ 316 bilhões, o equivalente a 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual. Como o superávit em conta corrente é denominado em moeda estrangeira, a China precisa usar esses fundos para investir no exterior, especialmente comprando bônus governamentais lançados pelos Estados Unidos e países europeus. Como resultado, as taxas de juros desses países estão mais baixas do que estariam sem essas compras. Tudo isso pode estar para mudar. As políticas que a China adotará como parte de seu novo plano de cinco anos encolherão seus superávits comercial e em conta corrente. É possível que, antes do fim da década, o superávit em conta corrente da China se transforme em déficit, com o país importando mais do que exportando; e gastando a renda de seus investimentos externos em importações e não em papéis estrangeiros. Se isso ocorrer, a China não será mais um comprador líquido de bônus dos EUA e de outros governos, o que pressionará as taxas de juros desses países para cima. É possível que, antes do fim da década, a China passe a ter déficit em conta corrente, com o país importando mais do que exportando; e gastando a renda de seus investimentos externos em importações e não em papéis estrangeiros Embora atualmente esse cenário possa parecer implausível, na verdade é bem possível. Afinal, as políticas que a China adotará nos próximos anos têm como alvo o enorme índice de poupança do país - a causa de seu grande superávit em conta corrente. Em qualquer país, o balanço em conta corrente é a diferença entre a poupança doméstica e o investimento nacional em fábricas, equipamentos, residências e estoques. Esse fato fundamental não é uma questão de teoria econômica ou algo historicamente periódico. É uma identidade contábil fundamental da renda nacional que vale para todos os países, todos os anos. Portanto, qualquer país que reduza sua poupança doméstica, sem cortar o investimento, verá um declínio em seu superávit em conta corrente. O índice de poupança doméstica da China - incluindo a poupança das pessoas físicas e das empresas - está agora em cerca de 45% do PIB, a maior no mundo. Mais à frente, no entanto, o plano quinquenal reduzirá o índice de poupança, uma vez que a China busca aumentar o consumo doméstico e, dessa forma, o padrão de vida média dos chineses. O plano almeja maiores salários reais, de forma que a renda familiar, enquanto participação do Produto Interno Bruto (PIB), aumentará. Além disso, as empresas estatais terão de distribuir uma maior parte de seus lucros na forma de dividendos. E o governo aumentará seus gastos em serviços como assistência médica, educação e habitação. Essas políticas são motivadas por considerações domésticas, uma vez que o governo chinês tenta elevar o padrão de vida em ritmo superior ao do PIB, que está se desacelerando. Seu impacto líquido será elevar o consumo como porcentagem do PIB e reduzir o índice de poupança nacional. E, com essa queda na poupança, virá uma queda no superávit em conta corrente. Como o superávit em conta corrente da China gira atualmente em torno dos 6% do PIB, se o índice de poupança cair dos atuais 45% para menos de 39% - ainda maior do que o de qualquer outro país - o superávit se tornará déficit. Essas perspectivas para o balanço em conta corrente não dependem do que vier a ocorrer com a taxa de câmbio do yuan em relação às demais moedas. O desequilíbrio poupança/investimento é fundamental e, sozinho, determina a posição externa do país. A queda na poupança doméstica, contudo, provavelmente levará o governo chinês a permitir uma maior valorização do yuan. Do contrário, o aumento no consumo doméstico criaria pressões inflacionárias. Permitir a valorização da moeda ajudará o país a compensar essas pressões e restringir o crescimento dos preços. Um yuan mais forte reduziria a conta com as importações, incluindo os preços pagos pelo petróleo e outros insumos, e tornaria os bens chineses mais caros para os compradores estrangeiros, além de deixar os produtos externos mais atraentes para os consumidores chineses. Isso reorientaria a produção voltada às exportações para o mercado interno e reduziria, portanto, o superávit comercial, além de restringir a inflação. O superávit comercial chinês e a taxa de câmbio do yuan estavam no topo da lista dos assuntos discutidos pelos presidentes da China, Hu Jintao, e dos Estados Unidos, Barack Obama, quando o primeiro foi a Washington neste mês. Os americanos estão ansiosos para que a China reduza seu superávit e permita uma maior valorização do yuan. Mas deveriam ter cuidado com o que desejam, porque um superávit menor e um yuan mais forte sugerem que, algum dia, a China não será mais compradora líquida de bônus do governo americano. Os EUA deveriam começar a planejar-se para esse dia. Martin Feldstein é professor de economia em Harvard, foi presidente do Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e foi presidente do National Bureau for Economic Research. 'Preços de imóveis nos EUA são risco à recuperação global''
A recuperação pegou, dizem ministros em Davos
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