São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2012 |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Empreendimento terá investimento de R$ 1 bi; Josué Gomes da Silva nega que empresa vá deixar o setor têxtil
SHEILA D’AMORIM DE BRASÍLIA Em meio à crise do setor têxtil -causada pela valorização do real e pela concorrência das importações da China-, a Coteminas, uma das maiores empresas do Brasil nessa área, está desativando duas fábricas no Rio Grande do Norte para explorar um dos segmento que mais crescem no país: o imobiliário. A empresa usará o terreno de 885 mil metros quadrados que tem em São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal, para construir um complexo imobiliário que incluirá residências, escritórios, shopping center, hotel, centro de convenções, teatro e escola. Localizado no mesmo município em que foi entregue à iniciativa privada a construção do novo aeroporto internacional do Estado, destinado a atender a demanda da Copa de 2014, o empreendimento está orçado em R$ 1 bilhão e projeta um fluxo diário de até 45 mil pessoas. A ideia é que a primeira fase do projeto esteja pronta para "aproveitar o movimento da Copa". O restante dependerá da demanda no setor, mas a expectativa é que tudo esteja concluído em cinco anos, segundo o presidente da empresa, Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar. O empresário, que é colunista da Folha, nega que esteja abandonando o setor têxtil, que enfrenta um dos seus piores momentos. "Vamos continuar produzindo a mesma quantidade em outra unidade", disse à Folha. "Estudos de mercado apontaram qual era a melhor utilização do terreno." Ele admite que a indústria têxtil perdeu importância relativa na economia, mas destaca que "uma coisa não atrapalha a outra". Questionado se não abre caminho para mudar de área, desconversa: "O futuro a Deus pertence". Desde 2006, as importações brasileiras da área têxtil e de confecções superam as exportações. O deficit comercial vem crescendo num ritmo acelerado. A produção registrou queda no ano passado em relação a 2010, apesar do crescimento nas vendas, e os empresários do ramo negociam com o ministro Guido Mantega (Fazenda) medidas de socorro ao setor. TRANSFERÊNCIA A Coteminas abriu a primeira fábrica em São Gonçalo na década de 1980. Depois construiu uma segunda unidade ao lado. Nas duas trabalham 1.100 pessoas e são desenvolvidas cinco das sete etapas da produção da empresa, da fiação à confecção final de produtos de cama, mesa, banho e vestuário. Segundo Silva, num primeiro momento somente estão sendo desativadas as fases de fiação e tecelagem. O restante depende de uma redistribuição da empresa, pois é preciso manter o abastecimento da outra fábrica no Estado, responsável pela confecção dos produtos. Ele diz que provavelmente as unidades da Paraíba vão suprir a produção desativada inicialmente em São Gonçalo. Nas outras etapas, a transferência será mais lenta. Silva diz que ao menos metade dos funcionários será reaproveitada em outras unidades. Cerca de 550 dispensados farão cursos de capacitação para atender à nova demanda na área de comércio, hotelaria e escritórios. |
São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2012 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Setor prevê deficit de US$ 6 bi, alta de 25% em relação a 2011 DE BRASÍLIAhttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/31103-setor-preve-deficit-de-us-6-bi-alta-de-25-em-relacao-a-2011.shtmlSe nada for feito, o deficit comercial do setor têxtil e de confecções deve bater os US$ 6 bilhões neste ano, deixando as indústrias brasileiras ainda mais vulneráveis, diz o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo, Alfredo Bonduki. Em 2011, as importações já superaram as vendas ao exterior em US$ 4,8 bilhões, quase cinco vezes o valor de 2007. Esse cenário, diz, é fruto da combinação de um câmbio valorizado no Brasil com a crise financeira que assola, desde 2008, os EUA e a Europa, responsáveis pelo consumo de cerca de dois terços da produção têxtil global. A sobra de produção nos grandes exportadores, como China e Índia, foi direcionada a outros emergentes. O real valorizado ainda barateia as importações, dificultando a disputa em outros países. O setor têxtil estima que, em 2011, tenha demitido cerca de 20 mil trabalhadores a mais do que contrataram. Para Bonduki, a desativação de unidades da Coteminas "é uma pena" e serve como mais um alerta para o governo. |
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