terça-feira, 20 de março de 2012

Transgênico responde por 30,7% da renda no campo

Autor(es): » ANA CAROLINA DINARDO* » PAULA TAKAHASHI
Correio Braziliense - 19/03/2012
 

Brasil assume a vice-liderança no uso de sementes geneticamente modificadas. Apenas em 2011, elas movimentaram R$ 57,9 bilhões
Piracanjuba (GO) e Belo Horizonte — De grão em grão, os transgênicos estão invadindo o campo brasileiro. Juntos, a soja e o milho são os grãos mais cultivados no país, e é possível afirmar que as sementes geneticamente modificadas desses dois produtos já são responsáveis por quase um terço da renda bruta gerada na lavoura — R$ 57,9 bilhões (30,8%) do Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 188,2 bilhões em 2011, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Apesar dos fortes alertas contrários dos ambientalistas e das desconfianças dos consumidores, o plantio dos transgênicos só tenderá a crescer. Que o diga o agricultor Miguel Ma Tien Min, que cultiva milho e soja em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Para ele, são evidentes os benefícios das sementes geneticamente modificadas para a produção. "Sempre se procura usar essas sementes em pontos onde os produtores encontram mais problemas. Elas são mais resistentes a pragas e até à seca. Esse é hoje o caminho para o agricultor", ressalta.
Ma Tien Min acrescenta que, para ter uma produção de sementes convencionais, que não agregam qualquer tecnologia, seria necessário haver ganhos extras à produção. "Teria que ter um preço diferenciado que compensasse, já que o custo seria superior", pondera. Ele opta pelas sementes transgênicas desde que foram lançadas comercialmente e acredita que representaram avanços para as lavouras.
Na opinião do agricultor Paulo Roberto Fiatikoski, há razões de sobra para comemorar os resultados que os avanços da biotecnologia vêm trazendo para o campo. Suas terras, localizadas em Piracanjuba, interior de Goiás, foram palco de testes da semente de soja Intacta RR2 Pro, desenvolvida pela gigante norte-americana Monsanto. A nova variação plantada por Fiatikoski foi modificada geneticamente, ganhando proteção contra a Anticarsia gemmatalis (nome científico da lagarta da soja) e tolerância ao herbicida glifosato, garantindo, com isso, maior produtividade na comparação com a semente convencional.
Herbicidas
Além de produzir mais, Fiatikoski reduziu o número de aplicações de agrotóxicos, de quatro para uma. "Estamos economizando 15% nos custos do cultivo. Com isso, o produto ficou mais competitivo", diz. Com 25 anos de experiência no campo, Fiatikoski estima que conseguirá ampliar a produção em 20% neste ano. "Os resultados dos testes têm sido surpreendentes", conta. Em uma área plantada equivalente, foram colhidos 275 quilos da nova variedade de soja contra 239 quilos da mais antiga.
O produtor goiano é um exemplo dos brasileiros que estão se beneficiando com os avanços tecnológicos no campo. Depois da mecanização, os agricultores estão tendo à disposição novos tipos de sementes cada vez mais resistentes a diferentes tipos de pragas e aos herbicidas. Além da soja, o milho e o algodão já possuem versões modificadas geneticamente no país atualmente. Pesquisadores do setor estimam que a tendência de crescimento seja mantida e, para isso, aceleram os estudos, que levam de seis a oito anos.
(*) A repórter viajou a convite da Monsanto
Potências em desenvolvimentoÁrea mundial de culturas geneticamente modificadas.
Veja os seis maiores produtores
Posição    Países    Área em     Culturas geneticamente
2011*    modificadas
1ª    EUA    69,0    Soja, milho, algodão, canola,
abóbora, papaia, alfafa e beterraba
2ª    Brasil    30,3    Soja, milho e algodão
3ª    Argentina    23,7    Soja, milho e algodão
4ª    Índia    10,6    Algodão
5ª    Canadá    10,4    Canola, milho, soja e beterraba
6ª    China    3,9    Algodão, papaia, álamo, tomate, pimentão
* Em milhões de hectares
Destaque verde-amarelo
Em 2011, o país ampliou a área de plantio de sementes transgênicas
em 4,9 milhões de hectares (ou 19,3%). As principais culturas são:
Soja — 20,6 milhões de hectares (82,7% do total da produção nacional da cultura)
Milho — 9,1 milhões de hectares (64,9% do total da produção nacional da cultura)
Algodão — 0,6 milhão de hectares (39% do total da produção nacional de cultura)
Um grão atrás do outro
Sementes de grãos já comercializadas no Brasil
Feijão — possui uma variedade resistente ao vírus mosaico dourado
Algodão — nove variedades tolerantes ao glifosato, herbicidas e insetos variados
Milho — oito variedades tolerantes ao glifosato, insetos e herbicidas diversos
Soja — cinco variedades tolerantes ao glufosinato de amônio,
insetos e herbicidas químicos
Fonte: Isaaa e CTNbio

Nenhum comentário:

Postar um comentário