sábado, 17 de março de 2012

Índice traz alerta sobre desenvolvimento do país

15/03/2012 17:57

Mensurada ao longo de 2011, a qualidade do desenvolvimento brasileiro apresentou instabilidade
O desempenho da qualidade do desenvolvimento do Brasil ao longo de 2011 reflete um cenário de estagnação e instabilidade, e o ano é de alerta. A constatação foi feita nesta quinta-feira, 15, na coletiva de lançamento do Comunicado 139 – Evolução do Índice de Qualidade do Desenvolvimento em 2011. O assessor técnico da Presidência do Ipea, André Calixtre, afirmou que o IQD é mais uma das pesquisas que têm apontado uma constante redução do desenvolvimento e de sua qualidade, que tem se acentuou nos últimos meses. “Não há tendência clara de queda, mas é um alerta”, definiu Calixtre.
Houve relativa estabilidade do índice em 2011, que começou com 280,78 em janeiro, atingiu o mínimo de 259,44 em março e seu máximo em 277,91 em agosto. Depois disso, com poucas variações, o índice fechou o ano em 269,35.
O país estagna na sua dinâmica de desenvolvimento”, declarou André Viana, pesquisador que apresentou o estudo. O Índice de Qualidade do Crescimento (IQC), um dos componentes do IQD, foi o que mais variou, começando o ano em 279,71 e terminando em 251,14. “Não temos como dizer se esta melhorando ou piorando o padrão qualitativo da produção e atuação da indústria. Não há nenhum indicador que nos dê real dimensão se estamos evoluindo favoravelmente na industrialização, além da massa salarial”, explicou.
Mercado internacional
No ano passado o Índice de Qualidade da Inserção Externa (IQIE) voltou a se recuperar em relação a 2009 e 2010. Sai de 216 pontos em janeiro e chega a 256,76 em outubro. Em dezembro o índice registrou 243,24 pontos. Viana atribuiu o bom desempenho ao grande investimento externo e à melhoria dos termos de troca a partir de fevereiro, o que só foi interrompido em dezembro. Apesar de as reservas internacionais apresentarem tendência de aumento, a fraca participação das manufaturas na pauta exportadora e o grande volume de recursos enviados ao exterior por empresas estrangeiras instaladas no Brasil prejudicaram o desempenho do índice.
Destaque positivo
Embora em queda, o Índice de Qualidade do Bem-Estar (IQBE) se manteve estável. A taxa de desenvolvimento aumentou no primeiro semestre e se estabilizou no meio do ano, voltando a melhorar em agosto. Ocorreu uma melhora quase constante no número de pessoas carteira assinada. A taxa de pobreza reduziu de 23% para 21% da população brasileira. Índice de Gini também diminuiu, mas de forma errática. “Embora haja melhora, não há um comportamento estável, mas a área social ainda sustenta a qualidade do desenvolvimento”, destacou André Viana.
Metodologia
Calixtre adiantou que o IQD continuará sendo calculado pelo Ipea, e que a pesquisa passará por melhorias metodológicas. Segundo ele, o índice “é um dos poucos que incorpora a questão ambiental na análise do desenvolvimento”. A intenção é aumentar o peso do componente para dar maior dimensão ao desenvolvimento sustentável.
“Não adianta apenas avaliar se estamos crescendo, mas onde estamos. Claramente, 2011 é um ano de alerta, de grande instabilidade. Mas a instabilidade do desenvolvimento brasileiro no pós-2010 é diferente daquela que existia na década de 1990. Hoje as variações se dão em uma conjuntura positiva”, considerou Calixtre.





Em nível metodológico, o IQD é composto pelos seguintes indicadores: a)
Índice de Qualidade do Crescimento, b) Índice de Qualidade da Inserção Externa e c)
Índice de Qualidade do Bem-Estar.

No caso do Índice de Qualidade do Crescimento, as principais variáveis que
compõem este indicador são: i) o crescimento da formação bruta de capital fixo; ii) o
crescimento da produção de bens de consumo; iii) a produção dos bens de consumo
duráveis; iv) produção de bens de consumo não-duráveis; v) foco de queimadas no país
e da emissão de carbono; vi) a massa salarial; e vii) expectativa dos empresários.

O Índice de Qualidade de Inserção Externa é composto pelas seguintes variáveis: i)
exportação de bens manufaturados; ii) Total das exportações; iii) Investimento direto
estrangeiro; iv) Total dos investimentos estrangeiros no Brasil; v) Termos de troca; vi) a
renda líquida enviada ao exterior e, por fim, vii) Reservas líquidas internacionais.

Por fim, o Índice de Qualidade do Bem-Estar é formado pelas seguintes variáveis: i)
Taxa de desemprego; ii) Ocupações formais em relação ao total; iii) Taxa de pobreza;
iv) a mobilidade social; e v) taxa de desigualdade de renda (índice de Gini).

Como método adota-se o analítico descritivo para a interpretação e análise do IQD e
seus componentes. Para tanto, as informações contidas na base de dados utilizadas na
elaboração do estudo são provenientes das seguintes fontes: a) IBGE (PIM e PME), b)
Banco Central (balanço de pagamentos), c) FGV e Ipea (expectativas), d) Ipea (termos
de troca) e e) Inpe (meio ambiente).


A evolução do Índice de Qualidade do Desenvolvimento em 2011 apresentou uma
relativa estabilidade, iniciando o ano registrando em janeiro 280,78 pontos e chegando 
ao mínimo anual de 259 pontos registrados ainda no mês de março, isto foi seguido por
uma gradual recuperação que levou o índice ao máximo registrado no ano com 277,91
pontos em agosto e desde então o índice girou em torno dos 270 pontos, fechando o ano 
em 269,35 pontos. Assim, o índice manteve-se dentro da área considerada como
“instável” para o desenvolvimento.


3. Componentes do Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD)

A análise do comportamento dos subíndices que compõem o IQD auxilia a
compreensão do processo.  O índice de desenvolvimento social, embora seja o único
que se manteve acima dos 300 pontos e, portanto, dentro da área considerada como boa

para o desenvolvimento, apresentou um comportamento declinante ao longo de 2011 
tendo iniciado o ano na marca dos 370,37 pontos e sendo reduzido de forma gradual aos 
324,07 pontos. Este comportamento se deu por conta de uma combinação de pioras nos
índices sociais. A taxa de desemprego aumentou ao longo do primeiro semestre de 2011
estabilizando-se por volta do meio do ano e voltando a apresentar melhora consistente
apenas a partir de outubro.

A melhora na taxa de formalização dos empregos ao longo de 2011 se deu quase de
forma constante, recuando apenas nos meses de abril, maio e novembro.  Embora a
porcentagem da população na zona de pobreza tenha mantido uma tendência de baixa, 
indo de 23% da população em janeiro para 21% em dezembro de 2011, esta se deu com 
flutuações que se refletiram de forma negativa no índice.  O volume de pessoas acima
da faixa de vulnerabilidade social e a melhora do índice de Gini também apresentaram
comportamento errático, apesar da tendência de alta. A conjunção de um desempenho 
negativo de todos os componentes no mês de maio, contudo, foi determinante para
puxar a média do índice para um patamar abaixo do registrado no ano anterior.

O índice de inserção externa teve, por sua vez, um comportamento quase espelhado 
com relação ao índice de indicadores sociais. Iniciando o ano tangenciando a zona 
considerada ruim para o desenvolvimento (entre 209 e 216 pontos nos quatro primeiros 
meses do ano) o índice evoluiu para um pico de 256 pontos em outubro contribuindo 
para a relativa estabilidade do IQD, embora nos últimos dois meses do ano tenha 
apresentado nova redução para 250 pontos em novembro e 243 pontos em dezembro.  
Em nenhum momento o índice abandonou a zona considerada como instável para o 
desenvolvimento.  Tal comportamento se deu devido a um constante aumento do 
Investimento estrangeiro direto ao longo de 2011 (o único mês com variação negativa 
foi janeiro) e da melhora dos termos de troca (revertida somente em dezembro) e a 
tendência de aumento das reservas internacionais que predominou entre março e agosto,
mas que tendeu à estagnação no final do ano. 
A participação das exportações de manufaturas sobre o total exportado que tendeu à 
baixa no primeiro semestre mostraram sinais de recuperação em particular no último 
trimestre do ano. E, finalmente, a marca negativa dominante foi dada pela renda líquida 
envidada ao exterior, puxada pelo envio de lucros que apresentou menor aceleração 
apenas nos meses de junho e julho.


O último índice que compõe o IQD é o índice de qualidade do crescimento que 
apresentou um comportamento oscilante abrindo o ano com 279 pontos, caindo até os 
245 pontos já em março, seguindo uma recuperação aos 277 pontos em agosto e 
voltando a oscilar para a casa dos 240 pontos em outubro novembro e fechando o ano 
com 251 pontos sempre dentro da região do índice considerada como instável para o
desenvolvimento.
A exemplo dos demais índices, seus componentes apresentaram tendências 
contraditórias. Os índices que medem a emissão de poluentes apresentaram melhoras a
partir de setembro de 2011 e a massa salarial cresceu durante a maior parte do ano. A
relação entre a formação Bruta de capital e a produção de bens de consumo e dentro dos
bens de consumo a proporção de crescimento dos bens de consumo duráveis vis à vis a
produção de bens de consumo não duráveis oscilaram durante todo o ano determinando
as altas e baixas do índice de qualidade do crescimento, enquanto o índice de confiança
dos empresários apresentou indicadores negativos ao longo de todo o ano.

4. Observações Finais
Em linhas gerais, este trabalho tem por objetivo mostrar como os componentes
do IQD têm contribuído para o crescimento econômico com distribuição dos frutos do
progresso técnico a população nacional. Para tanto, constatou-se que no ano de 2011 o
IQD mostrou-se instável.
De um lado, a área social permaneceu ao longo de 2011 como o setor mais
dinâmico da qualidade do desenvolvimento, no entanto, os avanços nesse setor têm-se
mostrado cada vez mais instáveis. De outro lado, o componente da inserção externa no
IQD mostrou-se como menos dinâmico, porém houve uma recuperação contínua deste
ao longo do ano, puxada pela melhoria dos termos de troca e pela liquidez internacional,
chegando, inclusive a ultrapassar o dinamismo do setor crescimento do IQD entre
outubro e novembro de 2011.
Sobre o componente crescimento na qualidade do desenvolvimento, observa-se que, além deste representar o maior peso no cálculo do IQD como um todo, seu dinamismo persistentemente instável foi determinante para qualidade do desenvolvimento durante o ano de 2011. As dificuldades em combinar 
crescimento do PIB e da distribuição de renda com melhorias no setor de bens de capital

e aumentos na produção industrial é um dos fatores fundamentais que induziram a
instabilidade deste indicador na composição do IQD.



Falta de estratégia nacional contribui para processo de desindustrialização do país
16/03/2012 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF http://www.agrosoft.org.br/agropag/221056.htm



A falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento está contribuindo para acabar com o setor industrial do país, sobretudo, o da indústria de transformação. A conclusão consta do boletim Conjuntura em Foco, divulgado ontem (15/03/12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto aponta que a falta de uma estratégia para o setor e de investimento em infraestrutura acentua o processo atual de desindustrialização precoce no Brasil.
De acordo com o coordenador do estudo, Roberto Messenberg, a falta de dinamismo e competitividade industrial está favorecendo o crescimento do peso relativo de serviços de má qualidade no Brasil e criando uma economia ruim.

"Acho que o governo está lidando com alguns aspectos do problema de maneira muito pontual, com efeitos de curto prazo. O setor público precisa organizar o processo de investimentos da economia. Em alguns setores, ele mesmo pode investir, em outros, fazer a concessão, criar as normas de exploração. Enfim, ele precisa de uma estratégia. Está faltando esse processo de socialização da decisão de investimento".

Algumas saídas, segundo Messenberg, seriam não deixar que o câmbio aprecie mais, manter a trajetória da taxa de juros em permanente queda, aumentar o ritmo da taxa de investimento, reduzir as estruturas de custos para o setor e buscar um modelo de desenvolvimento sustentável.

O estudo, que utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chama a atenção para a forte queda na produção da indústria de transformação. Um dos gráficos mostra que, entre 2008 e 2011, enquanto o setor financeiro cresceu 23,1%, a extração mineral cresceu 12,8% e o desempenho da indústria de transformação caiu 5,7%.

O boletim ressalta o fato de o consumo interno estar sendo cada vez mais suprido por produtos manufaturados. Reflexo disso seria a diminuição gradual da população ocupada na indústria, que representava 17,7% da população ocupada em 2004 e que caiu para 16,5% em 2001. O Ipea também ressalta que o déficit da balança comercial de produtos manufaturados, entre janeiro de 2011 e janeiro de 2012, ficou em US$ 94,3 bilhões.

"Enquanto discutimos ideias, países como os Estados Unidos já estão testando alternativas sustentáveis de desenvolvimento, como no setor energético, por exemplo. É preciso agir, antes que façam uma verdadeira queimada da indústria brasileira", concluiu Messemberg.

Para saber mais

Leia aqui a íntegra do Comunicado 139 - Evolução do Índice de Qualidade do Desenvolvimento em 2011 (arquivo PDF).


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16/03/2012 11:03 
Valor Econômico (SP): Conjuntura - Para Ipea, desonerar folha é paliativo
A estratégia do Ministério da Fazenda de estudar a desoneração da folha de pagamento apenas dos setores têxtil, de móveis, autopeças e aeronáutico, e não da indústria brasileira como um todo, é paliativa e seu efeito será de curto prazo. A afirmação é do coordenador do Grupo de Análises e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, na apresentação do estudo Conjuntura em Foco de março.

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