Autor(es): Daniel Rittner | De Buenos Aires |
Valor Econômico - 30/06/2011 |
América do Sul : Prioridade é garantir aquecimento residencial no inverno Com a queda das temperaturas, disparou o consumo de gás para a calefação das residências. A estagnação da produção e o esgotamento da rede de dutos obriga o governo a suspender o abastecimento às indústrias, o que ocorreu em quatro dos últimos cinco invernos. No auge do inverno, a demanda residencial pode alcançar 90 milhões de m3 por dia. Mas a demanda total chega a atingir 170 milhões de m3 /dia, pois outros setores consomem normalmente 80 milhões de m3 /dia - são 48 milhões pela indústria, cerca de 25 milhões para a geração de energia térmica e 7 milhões para veículos. A oferta está limitada a 130 milhões de m3 /dia - 102 milhões de produção própria, até 21 milhões de gás liquefeito importado por navios e 7 milhões da Bolívia. Mineradoras, siderúrgicas, petroquímicas e montadoras foram afetadas. Até segunda-feira, no mínimo, as empresas receberiam não mais do que 40% do gás solicitado. As usinas térmicas que funcionam com gás tiveram abastecimento comprometido. Muitas operam também com óleo combustível, o que lhes permite continuar operando, mas à base de importações. No ano passado, pela primeira em duas décadas, o país perdeu a autossuficiência energética. Analistas calculam que o déficit em energia pode chegar a US$ 3 bilhões em 2011, reduzindo o superávit comercial. Afetadas pelos cortes de gás, várias empresas brasileiras encontraram formas de driblar as restrições, por meio de investimentos em produção própria de energia. A Loma Negra, maior cimenteira da Argentina e controlada pela Camargo Corrêa, converteu quase todos seus fornos para o uso alternativo de coque de petróleo. E aposta na utilização de combustíveis como resíduos de pneus e químicos. A Acerbrag, controlada pela Votorantim e segunda maior fabricante de aços longos do país, analisava a possibilidade de erguer uma termelétrica a carvão ou a coque, para gerar 20 megawatts necessários às suas atividades em Bragado, Província de Buenos Aires. O projeto Potássio Rio Colorado, um investimento de US$ 4,5 bilhões da Vale na Província de Mendoza, terá abastecimento próprio de energia. A Vale firmou um acordo com a petrolífera YPF Repsol para explorar uma jazida recém-descoberta de gás não convencional. Isso envolverá um desembolso de US$ 150 milhões para produzir pelo menos 2 milhões de m3 /dia. "A situação está complicada e cada um foi se adaptando como pôde", disse Alberto Calsiano, chefe do departamento de infraestrutura da União Industrial Argentina (UIA), principal entidade empresarial do país. Na terça-feira, altos funcionários do Ministério do Planejamento estiveram na UIA para explicar os cortes de gás. Garantiram que a suspensão ocorrerá por alguns dias, enquanto o frio estiver forte e subir o consumo residencial, e afirmaram que a indústria recebeu 3% mais de gás do que em 2010. Os industriais reclamam porque foram atingidas não só empresas com contratos flexíveis (que pagam menos por um fornecimento que pode ser cortado), mas quem possui contratos firmes (com tarifas maiores, mas sem previsão de desabastecimento). |
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Corte de gás na Argentina ameaça atividade industrial
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