sábado, 9 de julho de 2011

País paga no exterior menor juro histórico

Autor(es): Adriana Fernandes
O Estado de S. Paulo - 08/07/2011
 

Na primeira emissão externa do governo, investidor compra US$ 500 milhões em bônus de 10 anos com retorno de 4,18% ao ano

O Tesouro Nacional conseguiu ontem captar recursos no mercado internacional com o custo mais baixo da história. Na primeira emissão externa do governo Dilma Rousseff, investidores compraram o equivalente a US$ 500 milhões de um bônus com vencimento de 10 anos e aceitaram receber uma taxa de retorno de 4,18% ao ano. A operação deve ajudar a diminuir os custos dos empréstimos feitos por empresas brasileiras lá fora.
Ao longo deste ano, as captações externas empresariais vêm batendo recordes, impulsionadas pelos ventos mais favoráveis para o Brasil no exterior e pela elevação da nota de grau de investimento do País por duas agências internacionais de classificação de risco, a Moody"s e Fitch.
Havia grande expectativa no mercado privado com a captação do Tesouro depois da dupla melhoria da avaliação brasileira. As taxas dos papéis vendidos pelo Tesouro servem de referência para as emissões das empresas. Um dos problemas disso é que a entrada de dólares no País pode se acentuar. Até a operação de ontem, a menor taxa de retorno já registrada na venda de um bônus do governo brasileiro havia sido de 4,54% ao ano.
Essa taxa foi fechada na segunda vez que o Tesouro vendeu o bônus Global 2021, o mesmo papel que foi ofertado ontem. Essa foi a terceira vez que o governo vendeu esse papel - as duas primeiras foram feitas em 2010.
O bônus brasileiro também foi vendido ontem com o menor spread (diferença de juros) da história: 105 pontos base acima do título do Tesouro americano com vencimento também em 2021. O spread mais baixo é um indicador de uma avaliação menor de risco por parte do investidor em relação ao Brasil.
Espera. Com a grande volatilidade do mercado externo devido às incertezas em relação à crise da Grécia e dos países da zona do euro, o Tesouro teve que esperar com paciência a abertura de uma "janela" de oportunidade para fazer a captação. Um dado ruim divulgado no dia da operação, como o rebaixamento da nota de Portugal na última terça-feira, poderia colocar em risco a operação.
A avaliação do Brasil pelos investidores internacionais, que já era favorável, ficou melhor nos últimos dias, depois do recuo da inflação e da divulgação dos últimos dados fiscais.
O governo optou em fazer a sua primeira captação do ano em dólar, como prazo de vencimento em 10 anos, devido às condições atuais do mercado financeiro no exterior. A preferência inicial era fazer a captação em reais, mercado de bônus que o governo tem interesse de desenvolver. Mas as condições do mercado não favoreceram essa alternativa.
O prazo de 10 anos escolhido pelo Tesouro tem sido o mais utilizado pelas empresas brasileiras nas suas captações externas. Investidores de vários países da Europa, Estados Unidos, América Latina e Oriente Médio participaram da operação. Os organizadores da operação identificaram também um aumento dos chamados investidores "crossover", que são aqueles que não costumam participar de operações feitas por países emergentes.

Tesouro paga menor juro da história em captação externa

Autor(es): João Villaverde | De Brasília
Valor Econômico - 08/07/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/7/8/tesouro-paga-menor-juro-da-historia-em-captacao-externa
 

O Tesouro emitiu ontem US$ 500 milhões em títulos com vencimento em 2021 para investidores americanos e europeus, que aceitaram receber a menor rentabilidade já oferecida pelo governo brasileiro para papéis com essas características. O yield (taxa de retorno) ficou em 4,188% ao ano, 0,36 pontos percentuais abaixo do oferecido na última emissão desse título, em julho de 2010, quando o yield ficou em 4,547%.O spread (diferença entre os juros oferecidos pelo governo brasileiro e os Treasuries americanos, com vencimento semelhante) ficou em 105 pontos-base, o menor já registrada pelo Tesouro. A operação será finalizada hoje pela manhã, quando mais US$ 50 milhões podem ser vendidos aos investidores asiáticos.
Segundo apurou o Valor, a demanda superou em nove vezes a oferta de títulos ao mercado americano e europeu. Ou seja, pouco mais de 190 investidores fizeram ordens de compra que totalizaram quase US$ 4,5 bilhões.
A operação foi liderada pelos bancos Goldman Sachs e Santander, tendo o BB Securities como co-líder. O preço de emissão foi de 105,348% do valor de face, com cupom de juros de 4,875% ao ano. A liquidação financeira dos contratos ocorrerá na semana que vem, e os cupons serão pagos em duas parcelas anuais, em janeiro e junho, até o vencimento do papel, em janeiro de 2021.
Trata-se da primeira emissão externa de títulos públicos em 2011, e a primeira após o país receber duas elevações de rating por parte de agências internacionais classificadoras de risco - a Fitch aumentou a nota brasileira em abril, e a Moody"s há duas semanas. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já havia indicado, na semana passada, que as condições externas estavam "muito propícias" à nova emissão do Tesouro - a última fora realizada em outubro de 2010, mas em títulos denominados em reais.
A última emissão de títulos denominados em dólares ocorreu em julho de 2010, quando o Tesouro vendeu US$ 825 milhões, a uma taxa de juros (yield) de 4,547% ao ano, com spread de 150 pontos-base sobre Treasury.
A emissão do Tesouro é importante para empresas e bancos brasileiros. Ao oferecer ao mercado internacional papéis de longo prazo a juros cadentes a cada nova emissão - títulos em dólar oferecidos em dezembro de 2004 à investidores estrangeiros pagaram yield de 8,24% ao ano, contando com spread de 398 pontos-base sobre o Treasury -, o Tesouro acaba servindo de "benchmark" (referência) para agentes do país que querem fazer emissões de bônus e dívida no exterior.
"Os títulos emitidos pelo Brasil se encaixam como uma luva para a demanda dos investidores mundiais", afirma Eduardo Müller Borges, diretor de credit market do Santander, "uma vez que os títulos mais seguros, que são os americanos, estão com juros extremamente baixos, enquanto os papéis brasileiros combinam um grau de risco mínimo e rendimentos interessantes". Para Borges, o governo brasileiro, que escolheu o Santander pela primeira vez como banco líder em operação de venda de títulos ao exterior, "está com a estratégia correta". Ao emitir pouco, diz, o Tesouro aumenta ainda o apetite do investidor, e, assim, conquista prazos mais longos e juros mais baixos.

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