O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
encerrou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 2,744 bilhões, 48%
inferior ao apurado no mesmo período do ano passado. O desempenho foi
influenciado pela perda de R$ 2,535 bilhões com participações
societárias.
O resultado com participações societárias refletiu, sobretudo, o
impacto da atual situação econômica mundial no desempenho das empresas
que compõem a carteira do BNDESpar, braço de participações acionárias
do banco. A instituição observou que o resultado com derivativos caiu
de um ganho de R$ 330 milhões no primeiro semestre do ano passado, para
uma perda de R$ 168 milhões no primeiro semestre de 2012, devido à
queda, no período, na cotação dos ativos representados por ações
cotadas em bolsa.
Outro fator que impactou o desempenho foi a despesa com provisão para
risco de crédito no valor de R$ 320 milhões. No mesmo intervalo do ano
passado, houve uma receita com reversão de provisões de R$ 853 milhões.
Nos primeiros seis meses deste ano, houve rebaixamento de nível de
risco de alguns clientes, por conta da inadimplência.
Em seu comunicado, o banco salientou que o percentual de clientes
inadimplentes foi de 0,12% no primeiro semestre, inferior aos
registrados em dezembro de 2011 (0,16%) e igual ao reportado em junho de
2011 (0,12%).
Adicionalmente, o resultado de equivalência patrimonial passou de um
ganho de R$ 713 milhões, no primeiro semestre do ano passado, para uma
perda de R$ 186 milhões entre janeiro e junho de 2012. Ainda segundo o
banco, a receita com dividendos de juros sobre capital próprio mostrou
queda de R$ 343 milhões, ou 16,6%, entre os primeiros semestres de 2011
e de 2012.
Mais da metade do lucro líquido banco foi originado de aplicações de
renda fixa, que contribuiu com 68,2% do resultado. O segmento de renda
variável foi responsável por 20,3%.
"O desempenho do mercado acionário fez com que o segmento de renda
variável obtivesse um resultado inferior ao dos últimos anos, mas
trabalhamos com uma carteira robusta, que tem nos proporcionado
retornos significativos no longo prazo, e nossa perspectiva é que esses
resultados continuem positivos", avaliou, no comunicado, o diretor da
área de mercado de capitais do BNDES, Julio Ramundo.
O saldo da carteira de crédito e repasse atingiu R$ 441,7 bilhões em 30
de junho de 2012, dos quais 83,4% correspondiam a créditos de longo
prazo.
Debênture não cobre meta de fundos
Autor(es): Por Silvia Rosa e Vinícius Pinheiro | De São Paulo |
Valor Econômico - 21/08/2012 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/8/21/debenture-nao-cobre-meta-de-fundos |
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A missão dos gestores de fundos de pensão de buscar aplicações que
possibilitem superar a meta atuarial das fundações, na maior parte de 6%
ao ano mais a variação da inflação, está cada vez mais difícil. Depois
da queda das taxas das Notas do Tesouro Nacional - série B (NTN-B),
que pagam hoje uma remuneração de até 5% mais a variação do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o vencimento mais longo, em
2050, os fundos de pensão estão tendo dificuldade para bater a meta
atuarial também nas aplicações em crédito privado, principalmente na
alocação em debêntures.
Pelo menos três emissões de debêntures realizadas recentemente, por
Lojas Renner, BR Properties e Companhia Energética do Maranhão (Cemar),
vieram com remuneração abaixo da meta atuarial dos fundos de pensão.
Esses papéis têm contado com grande demanda diante da tendência de
queda da taxa Selic, o que contribui para pressionar os retornos dos
papéis.
Nesse cenário, algumas fundações já estão revendo a política de
aplicação em crédito privado enquanto a questão da redução da meta
atuarial não está resolvida.
É o caso da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, que
discute a revisão da meta de rentabilidade adotada para a carteira de
crédito privado de 7,5% para 6,5% mais a variação da inflação, ainda
acima da meta atuarial de 5,5% mais IPCA. "Está difícil achar emissões
de empresas com bom nível de risco de crédito com essa taxa", diz
Rodrigo Carvalho de Araújo, coordenador de operações estruturadas da
Funcef.
A fundação tem 3,5% da carteira total em títulos de dívida corporativa,
que somava R$ 1,6 bilhão. Dessa parcela, cerca de 50% estão alocados
em debêntures. "Nossa carteira de crédito privado vinha crescendo 20%
ao ano, mas em 2012 estamos com dificuldade para fazer as alocações",
diz Araújo.
A Fundação Cesp também tem encontrado dificuldade para investir nesses
papéis. "Estamos parados há três meses por causa das taxas muitos
baixas das últimas emissões", diz Jorge Simino, diretor de
investimentos da fundação.
Para Simino, o desenvolvimento do mercado secundário de renda fixa deve
contribuir para melhorar a formação de preços. "A taxa média da nossa
carteira de crédito é de 7,2% mais inflação, e não conseguimos
substituir essas aplicações com a mesma taxa, a não ser que
concordássemos em abrir mão de qualidade de crédito, o que não estamos
dispostos a fazer", afirma Simino. A Fundação Cesp só investe em papéis
com rating mínimo "AA".
A parcela em dívida privada representa menos de 2% da carteira de R$ 21
bilhões da fundação, alocada em debêntures, Fundos de Investimento em
Direitos Creditórios (FIDCs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários
(CRIs).
Na Petros, fundo de pensão da Petrobras, que tem R$ 57 bilhões sob
gestão, a parcela aplicada em dívida privada caiu de R$ 3,3 bilhões em
2009 para R$ 3,1 bilhões neste ano. Metade desses recursos está
aplicada em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) e o restante em títulos
com lastro imobiliário e FIDCs. "Em 2012 houve um recrudescimento de
ofertas de boas operações, o que levou à estabilização da nossa
carteira de crédito privado", diz Carlos Costa, diretor de investimento
da Petros.
O diretor de investimentos e finanças da Valia, fundo de pensão da
Vale, Maurício Wanderley, não vê como um problema a redução da
rentabilidade dessas aplicações. "Não partimos do pressuposto de que a
renda fixa tem que pagar a conta toda na busca da meta atuarial e
acreditamos que isso deve vir da renda variável."
O diretor de renda fixa da HSBC Global Asset Management, Renato Ramos,
tem a mesma visão. "Em países como os Estados Unidos, nenhum fundo bate
a meta atuarial aplicando apenas em ativos de baixo risco." Segundo o
executivo, a saída para as fundações é ajustar suas metas e ampliar a
diversificação das carteiras.
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