terça-feira, 21 de agosto de 2012

Lucro do BNDES cai 48% no 1º semestre



Autor(es): Por Alessandra Saraiva | Do Rio
Valor Econômico - 21/08/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/8/21/lucro-do-bndes-cai-48-no-1o-semestre
 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encerrou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 2,744 bilhões, 48% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado. O desempenho foi influenciado pela perda de R$ 2,535 bilhões com participações societárias.

O resultado com participações societárias refletiu, sobretudo, o impacto da atual situação econômica mundial no desempenho das empresas que compõem a carteira do BNDESpar, braço de participações acionárias do banco. A instituição observou que o resultado com derivativos caiu de um ganho de R$ 330 milhões no primeiro semestre do ano passado, para uma perda de R$ 168 milhões no primeiro semestre de 2012, devido à queda, no período, na cotação dos ativos representados por ações cotadas em bolsa.

Outro fator que impactou o desempenho foi a despesa com provisão para risco de crédito no valor de R$ 320 milhões. No mesmo intervalo do ano passado, houve uma receita com reversão de provisões de R$ 853 milhões. Nos primeiros seis meses deste ano, houve rebaixamento de nível de risco de alguns clientes, por conta da inadimplência.

Em seu comunicado, o banco salientou que o percentual de clientes inadimplentes foi de 0,12% no primeiro semestre, inferior aos registrados em dezembro de 2011 (0,16%) e igual ao reportado em junho de 2011 (0,12%).

Adicionalmente, o resultado de equivalência patrimonial passou de um ganho de R$ 713 milhões, no primeiro semestre do ano passado, para uma perda de R$ 186 milhões entre janeiro e junho de 2012. Ainda segundo o banco, a receita com dividendos de juros sobre capital próprio mostrou queda de R$ 343 milhões, ou 16,6%, entre os primeiros semestres de 2011 e de 2012.

Mais da metade do lucro líquido banco foi originado de aplicações de renda fixa, que contribuiu com 68,2% do resultado. O segmento de renda variável foi responsável por 20,3%.

"O desempenho do mercado acionário fez com que o segmento de renda variável obtivesse um resultado inferior ao dos últimos anos, mas trabalhamos com uma carteira robusta, que tem nos proporcionado retornos significativos no longo prazo, e nossa perspectiva é que esses resultados continuem positivos", avaliou, no comunicado, o diretor da área de mercado de capitais do BNDES, Julio Ramundo.

O saldo da carteira de crédito e repasse atingiu R$ 441,7 bilhões em 30 de junho de 2012, dos quais 83,4% correspondiam a créditos de longo prazo.



Debênture não cobre meta de fundos

Autor(es): Por Silvia Rosa e Vinícius Pinheiro | De São Paulo
Valor Econômico - 21/08/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/8/21/debenture-nao-cobre-meta-de-fundos
 

A missão dos gestores de fundos de pensão de buscar aplicações que possibilitem superar a meta atuarial das fundações, na maior parte de 6% ao ano mais a variação da inflação, está cada vez mais difícil. Depois da queda das taxas das Notas do Tesouro Nacional - série B (NTN-B), que pagam hoje uma remuneração de até 5% mais a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o vencimento mais longo, em 2050, os fundos de pensão estão tendo dificuldade para bater a meta atuarial também nas aplicações em crédito privado, principalmente na alocação em debêntures.

Pelo menos três emissões de debêntures realizadas recentemente, por Lojas Renner, BR Properties e Companhia Energética do Maranhão (Cemar), vieram com remuneração abaixo da meta atuarial dos fundos de pensão. Esses papéis têm contado com grande demanda diante da tendência de queda da taxa Selic, o que contribui para pressionar os retornos dos papéis.

Nesse cenário, algumas fundações já estão revendo a política de aplicação em crédito privado enquanto a questão da redução da meta atuarial não está resolvida.

É o caso da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, que discute a revisão da meta de rentabilidade adotada para a carteira de crédito privado de 7,5% para 6,5% mais a variação da inflação, ainda acima da meta atuarial de 5,5% mais IPCA. "Está difícil achar emissões de empresas com bom nível de risco de crédito com essa taxa", diz Rodrigo Carvalho de Araújo, coordenador de operações estruturadas da Funcef.

A fundação tem 3,5% da carteira total em títulos de dívida corporativa, que somava R$ 1,6 bilhão. Dessa parcela, cerca de 50% estão alocados em debêntures. "Nossa carteira de crédito privado vinha crescendo 20% ao ano, mas em 2012 estamos com dificuldade para fazer as alocações", diz Araújo.

A Fundação Cesp também tem encontrado dificuldade para investir nesses papéis. "Estamos parados há três meses por causa das taxas muitos baixas das últimas emissões", diz Jorge Simino, diretor de investimentos da fundação.

Para Simino, o desenvolvimento do mercado secundário de renda fixa deve contribuir para melhorar a formação de preços. "A taxa média da nossa carteira de crédito é de 7,2% mais inflação, e não conseguimos substituir essas aplicações com a mesma taxa, a não ser que concordássemos em abrir mão de qualidade de crédito, o que não estamos dispostos a fazer", afirma Simino. A Fundação Cesp só investe em papéis com rating mínimo "AA".

A parcela em dívida privada representa menos de 2% da carteira de R$ 21 bilhões da fundação, alocada em debêntures, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Na Petros, fundo de pensão da Petrobras, que tem R$ 57 bilhões sob gestão, a parcela aplicada em dívida privada caiu de R$ 3,3 bilhões em 2009 para R$ 3,1 bilhões neste ano. Metade desses recursos está aplicada em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) e o restante em títulos com lastro imobiliário e FIDCs. "Em 2012 houve um recrudescimento de ofertas de boas operações, o que levou à estabilização da nossa carteira de crédito privado", diz Carlos Costa, diretor de investimento da Petros.

O diretor de investimentos e finanças da Valia, fundo de pensão da Vale, Maurício Wanderley, não vê como um problema a redução da rentabilidade dessas aplicações. "Não partimos do pressuposto de que a renda fixa tem que pagar a conta toda na busca da meta atuarial e acreditamos que isso deve vir da renda variável."

O diretor de renda fixa da HSBC Global Asset Management, Renato Ramos, tem a mesma visão. "Em países como os Estados Unidos, nenhum fundo bate a meta atuarial aplicando apenas em ativos de baixo risco." Segundo o executivo, a saída para as fundações é ajustar suas metas e ampliar a diversificação das carteiras.

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