Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP
Editoria: AGRONEGÓCIOS
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O salto agrícola é basicamente um reflexo da seca que dizimou a produção americana de soja e milho e impulsionou os preços internacionais. Só a valorização dessas matérias-primas engordou a carteira dos fundos em US$ 7,6 bilhões no mês. O movimento atraiu os olhares de investidores, ávidos por ganhos em um momento de vacas magras no mercado financeiro. No período, eles aplicaram US$ 400 milhões líquidos em commodities agrícolas, o maior aporte desde janeiro.
O montante corresponde a mais de 85% do que os fundos aplicaram em todas as commodities em julho (cerca de US$ 470 milhões), embora a carteira agrícola seja apenas a terceira em tamanho - atrás de metais preciosos, com US$ 181 bilhões, e de energia, com US$ 110 bilhões.
Mesmo assim, o saldo no ano continua negativo e a sinalizar que os resultados de 2012 podem ser um dos mais fracos desde o início da década passada. No ano, o valor dos saques da carteira agrícola superou o das novas aplicações em US$ 1,9 bilhão. Esse saldo ficou positivo em US$ 800 milhões, em 2011, US$ 15,5 bilhões, em 2010, e US$ 16,4 bilhões, em 2009.
Conforme os analistas do Barclays, o cenário macroeconômico continua a limitar o apetite dos investidores pelas commodities como um todo, ainda que as perspectivas sejam favoráveis para alguns desses produtos - caso particular dos GRÃOS. "Os investidores continuam a tratar com cautela todos os ativos sensíveis ao crescimento [econômico]", afirmam, em relatório.
A deterioração das condições na Europa e o desempenho medíocre dos Estados Unidos compõem um quadro ainda nebuloso. A situação é agravada pela sensibilidade das commodities ao crescimento da China, "onde os receios de um pouso forçado e uma contração potencialmente forte nas importações de matérias-primas continuam no centro das atenções dos investidores".
Por essa razão, o fluxo para os fundos de commodities (energia, metais e produtos agrícolas) está negativo em US$ 6 bilhões no ano, ante um resultado positivo de US$ 7,8 bilhões no mesmo período do ano passado e de quase US$ 17 bilhões em igual comparação para 2010.
"Acreditamos que não haverá uma melhora significativa até que as preocupações com a dívida soberana [europeia], a China e a economia global comece a perder força de maneira mais abrangente", sustenta o Barclays. Em contrapartida, uma nova rodada de estímulos monetários nos Estados Unidos pode dar novo impulso às commodities, pondera.
O Barclays vê uma tendência de leve queda para os preços dos GRÃOS até o fim do ano. No quarto trimestre, prevê, os contratos de soja e milho negociados na Bolsa de Chicago devem valer, respectivamente, 4% e 9% menos do que a média apurada em agosto. O mesmo vale para o trigo, com expectativa de retração de 4%.
Os analistas do banco ressalvam, no entanto, que os riscos de alta ainda são maiores do que os de queda nesse mercado. Novos cortes de produtividade nos EUA, em função da estiagem, e a persistência de condições desfavoráveis para o desenvolvimento das lavouras na região do Mar Negro podem colocar mais pressão sob os preços de soja, milho e trigo. O Barclays Capital sustenta que outras commodities agrícolas devem se valorizar até o fim do ano. São os casos do café e do cacau, com tendência de alta de 2% e 3%, respectivamente, e do algodão, que pode ficar até 9% mais caro até o fim do ano.
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