quinta-feira, 23 de junho de 2011

Cresce dívida na mão de estrangeiro

Autor(es): João Villaverde | De Brasília
Valor Econômico - 22/06/2011
 

Título público: Tendência, no entanto, deve se reverter em julho, quando há vencimento

Investidores estrangeiros se anteciparam às agências de rating e, um mês antes da Moody"s elevar a nota do Brasil, voltaram a comprar títulos públicos. Resultado: pela primeira vez em três meses, a participação dos chamados não residentes no total da dívida mobiliária aumentou entre abril e maio, de 11,29% para 11,45% - o equivalente a R$ 190,7 bilhões em títulos. Com esse avanço, a participação dos estrangeiros se aproximou do nível anterior a outubro, quando o governo elevou a alíquota do IOF sobre capital externo investido nesse papéis para 6%. Naquele mês, os não residentes detinham 11,47% do total.Entre especialistas, entretanto, a percepção é de que o crescimento do total de títulos públicos em mãos de estrangeiros não é uma tendência. E, já ao longo de julho, deve se reverter. Isso porque, no dia 1º de julho, acontece o vencimento de R$ 119 bilhões em títulos, sendo uma parcela relevante de NTN-Fs (Nota do Tesouro Nacional - série F) de longo prazo, os preferidos pelos estrangeiros (veja reportagem ao lado). Para profissionais, ainda que tenha havido uma demanda mais forte pelos papéis em maio, a alta do IOF continua afetando o apetite do estrangeiro e, portanto, dificilmente novas compras compensarão esses vencimentos.
Desde a alta do IOF, a única vez em que a fatia de estrangeiros voltou a subir foi em janeiro de 2011, mas como reflexo da redução do total da dívida. Desta vez, o crescimento do total de títulos nas mãos dos não residentes acompanha a evolução do total da dívida - o que confirma que houve compras novas. Em maio, a dívida pública total atingiu R$ 1,746 trilhão, com alta de 0,67% sobre abril.
"A elevação do rating nesta semana [por parte da Moody"s] apenas confirmou o que os estrangeiros sabiam desde o início de maio", avalia Fernando Garrido, coordenador-geral de operações da dívida pública, para quem a atitude do governo tem sido, desde então, a de "aproveitar a onda". A ideia é valer-se do aumento da demanda, que ocorre também entre os investidores nacionais, para oferecer rendimentos menores pelos papéis.
No mês passado, o que se viu foi uma procura acentuada por títulos prefixados, tanto por parte de estrangeiros quanto de investidores locais. Com maior demanda, o Tesouro conseguiu entregar ao investidor taxas menores pelos títulos, tanto por papéis de médio prazo (como as LTN com vencimento em julho de 2013), quanto de longo prazo, como os NTN-F que vencerão em 2021.
No primeiro caso, os juros oferecidos pelo Tesouro no primeiro leilão realizado em maio foram de 12,81% ao ano, remuneração que caiu a 12,72% na última semana de maio e já chegou a 12,59% no lote emitido na semana passada. Nas NTN-F, o movimento foi semelhante, saindo dos juros de 12,64% pagos nos papéis vendidos na primeira semana de maio para 12,37% nos colocados em mercado na semana passada.

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