quinta-feira, 30 de junho de 2011

Em 25 anos, dólar vai perder condição de moeda global

Autor(es): GJack Farchy | Financial Times, de Londres
Valor Econômico - 28/06/2011
 

O dólar vai perder sua condição de moeda global de reserva nos próximos 25 anos, segundo uma pesquisa feita entre gerentes de reservas de vários bancos centrais que controlam coletivamente mais de US$ 8 trilhões. 
Mais da metade dos gerentes, que foram consultados pelo UBS, preveem que o dólar será substituído por uma carteira de moedas em pouco mais de duas décadas. Isso representa uma mudança em relação a anos anteriores, quando vislumbravam que o dólar manteria seu status de única moeda de reserva.
O UBS consultou mais de 80 gerentes de reservas de bancos centrais, fundos soberanos de investimentos e instituições multilaterais com mais de US$ 8 trilhões em ativos. Os resultados não foram ponderados para os ativos sob administração.
Os resultados são o mais recente sinal de insatisfação com o dólar enquanto moeda de reserva, em meio a preocupações com a capacidade do governo dos Estados Unidos de conter seus gastos e com a enorme expansão do balanço do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
"No momento, há uma grande preocupação com a trajetória financeira que os Estados Unidos estão tomando", disse Larry Hatheway, principal economista do UBS.
A moeda americana acumula no ano uma desvalorização de 5% e está sendo negociada perto de seu mais baixo nível histórico em comparação a uma cesta das moedas mundiais de maior circulação.
Os detentores de grandes reservas, especialmente a China, estão diversificando suas posições, reduzindo a exposição ao dólar. Nos primeiros quatro meses do ano, três quartos do aumento de US$ 200 bilhões nas reservas em moeda estrangeira da China foram aplicados em ativos não denominados em dólar, segundo estimativas do Standard Chartered.
A previsão de um mundo cambial multipolar substituindo o atual domínio do dólar, está dentro do pensamento de alguns planejadores econômicos importantes. Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial (Bird), propôs no ano passado um novo sistema monetário envolvendo um série de grande moedas globais como o dólar, o euro, o iene, a libra e o yuan. O sistema, segundo Zoellick, também poderia fazer uso do ouro.
Os resultados da pesquisa feita pelo UBS também apontam para o papel crescente do ouro, já que 6% dos gerentes de reservas consultados disseram que a maior mudança em suas reservas na próxima década será a adição de mais ouro.
Em contraste com os anos anteriores, nenhum dos gerentes consultados disse ter intenção de realizar vendas significativas de ouro nos próximos dez anos. Os bancos centrais já compraram cerca de 151 toneladas de ouro neste ano, liderados pela Rússia e México, segundo dados do World Gold Council, e caminham para realizar as maiores compras anuais de ouro desde o colapso do sistema de Bretton Woods, em 1971, que atrelava o valor do dólar ao ouro.
Os gerentes de reservas acreditam que o ouro será a classe de ativo de melhor desempenho no próximo ano, citando os defaults soberanos como o maior risco à economia mundial.
O metal precioso acumulou uma valorização de 19,5% no último ano e ontem era negociado a US$ 1,5 mil a "onça troy", alimentado pelo surgimento das preocupações com a dívida soberana nos Estados Unidos e com os problemas da dívida na Europa.

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