quinta-feira, 30 de junho de 2011

Crédito avança 15,1% sobre a safra passada

Autor(es): Lauro Veiga Filho | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 28/06/2011
 

A um mês do encerramento oficial do ciclo agrícola de 2010/2011, as aplicações de recursos do crédito rural acumuladas entre julho do ano passado e maio deste ano somavam R$ 95,22 bilhões, envolvendo operações de custeio, comercialização e investimento para a agricultura empresarial e familiar. Registrou-se um avanço de 15,1% em relação ao mesmo período da safra passada, quando as liberações atingiram R$ 82,71 bilhões.
O crescimento ficou integralmente concentrado na agricultura empresarial, que contratou R$ 12,73 bilhões a mais, num total de R$ 84,80 bilhões, quase 18% acima do volume contratado entre julho de 2009 e maio de 2010. As operações para a agricultura familiar sofreram recuo de 2%, encolhendo para R$ 10,42 bilhões. O saldo das operações do crédito rural correspondeu a 82,1% do valor programado para a safra, que teve reservado um volume de R$ 116,0 bilhões. Para atingir a meta, seria preciso liberar, apenas em junho, perto de R$ 20,78 bilhões.
O histórico recente do setor sugere que esse objetivo dificilmente será alcançado. Entre as safras 2002/2003 e 2009/2010, foram colocados à disposição dos produtores valor correspondente a R$ 372,350 bilhões, mas R$ 352,425 bilhões foram de fato tomados como empréstimo por produtores, cooperativas, empresas rurais e agroindústrias. Como resultado, "sobraram" nada menos do que R$ 19,925 bilhões, cerca de 5,4% do crédito total programado para o período.
A exceção da safra 2007/2008, quando os empréstimos efetivamente contratados superaram o valor previsto em R$ 3,244 bilhões, tem sobrado dinheiro desde o ciclo 2005/2006, com o recorde negativo batido na safra terminada em junho de 2010, quando R$ 12,336 bilhões foram deixados nos guichês dos bancos. Esse valor correspondeu a 11,4% dos R$ 108,0 bilhões aprovados no Plano Safra 2009/2010. Entre 2005/2006 e a safra passada, o volume de recursos programados para as safras mais que dobrou, saindo de R$ 53,350 bilhões para aqueles R$ 108,0 bilhões, mas os valores realmente emprestados ao setor rural aumentaram 87,4% (de R$ 51,038 bilhões para R$ 95,664 bilhões), de acordo com dados apurados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para a próxima safra, segundo anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff no dia 17 deste mês, em Ribeirão Preto (SP), o governo anunciou um valor de R$ 107,2 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 16,0 bilhões para produtores familiares, num total de R$ 123,2 bilhões ou 6,2% acima do limite autorizado para o ciclo 2010/2011.
Analisadas por modalidade de financiamento, as liberações para investimento observaram maior crescimento relativo, saltando de R$ 9,03 bilhões para R$ 12,31 bilhões (mais 36,4%), sempre na comparação entre os primeiros 11 meses das safras atual e passada. Nas linhas de custeio e comercialização, os produtores contrataram R$ 63,61 bilhões entre julho do ano passado e maio deste ano, frente a R$ 56,11 bilhões no ciclo anterior, num avanço de 13,4%. Dados preliminares do Mapa sugerem que o dinheiro do crédito rural tem escoado mais rapidamente em direção às regiões com melhor desempenho nesta safra. Tomando como base o ano civil, as regiões Centro-Oeste e Nordeste haviam recebido, cada uma, R$ 12,77 bilhões e R$ 5,79 bilhões no ano passado, respondendo respectivamente por 19,8% e pouco menos de 9,0% de todo o crédito rural liberado para custeio, comercialização e investimento.
Nos primeiros cinco meses de 2011, a fatia das duas regiões aumentou, pela ordem, para 23,4% e 9,4%. Em conjunto, Centro-Oeste e Nordeste ampliaram sua fatia no crédito rural de 28,8% para 32,8%. Esse comportamento indica uma melhoria nas condições de pagamento dos produtores do Centro-Oeste, região que vinha perdendo terreno no crédito para a agropecuária como reflexo do elevado endividamento. Os dados do Banco do Brasil confirmam esse movimento, demonstrando ainda uma tendência de antecipação no pagamento de dívidas. O saldo das operações vencidas a mais de 90 dias sofreu queda de 30,6% entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano.

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