Agronegócio | 21/06/2011 | 19h19min
Devido à inexistência de taxações sobre importação, é mais vantajoso consumir o insumo de fora do Brasil
Thais D'avila | Gramado (RS)
O preço dos fertilizantes vem crescendo no mercado internacional há anos. E mesmo que a dependência dos adubos importados diminua, frente aos investimentos das empresas nacionais na produção interna, a tendência ainda é de alta.
O Brasil consome, por ano, 24 milhões de toneladas de fertilizantes, 70% deste total vem de fora. Como não existem taxações sobre importação de adubo, no Rio Grande do Sul, por exemplo, é mais vantajoso importar do que trazer o insumo de outros Estados.
– O preço fica melhor. É mais vantajoso trazer o fertilizante fosfatado de Marrocos, ou o potássio da Rússia, do que trazer de Sergipe ou de Uberaba, por conta do custo que nós temos de impostos de logística. Por isso que o RS é um dos maiores importadores de fertilizantes, e isso não é nenhum problema – conta o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Solos, José Carlos Polidoro.
Durante palestra no seminário Resultados da Pesquisa Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), o pesquisador da Embrapa Solos tranquilizou os participantes, garantindo que não haverá falta de fertilizantes, mas afirmou que os preços mundiais dos adubos estão em alta há anos e não existe previsão de queda. Aliás, segundo o pesquisador, as altas devem continuar por mais um tempo, mesmo que o Brasil alcance 100% de autonomia na produção de fertilizantes.
– Não importa se qualquer país produza mais ou menos fertilizantes do que necessita consumir. Os preços são internacionais. Então todos os países do mundo formam seus preços baseados na cotação internacional. Que atualmente está com tendência de alta, mas esse mercado tem uma volatilidade muito grande e vários fatores afetam a mudança desta tendência de preços. O que importa para o país é que, ele tendo a autonomia na produção de fertilizantes, possa ter esse insumo disponível para o setor do agronegócio. Então a questão não é tão econômica e sim estratégica – explica.
Ainda é possível melhorar a rentabilidade, mexendo na adubação. Análise de solo e uma recomendação adequada de aplicação otimizam o uso do adubo. Outras ferramentas, como a agricultura de precisão, podem melhorar ainda mais a relação de troca para o produtor.
– A adubação compõe uma grande parte do custo de uma lavoura. Certamente vai ser o que o produtor vai levar bastante em conta. O aumento na eficiência é o que faz ele optar por fazer a agricultura de precisão. Exatamente por ter uma melhor resposta com esse custo que ele vem tendo. Ou seja, o custo vai deixar de ser fixo para ser variável – esclarece o engenheiro agrônomo Cláudio Lemainski.
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