Valor Econômico - 28/06/2011 |
Depois de ter conquistado a direção da Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil tentará eleger outro candidato brasileiro em entidade da área agrícola: a Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. O candidato Robério Silva, diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, vinha fazendo uma campanha discreta, a pedido do Itamaraty e apenas junto ao setor privado de países produtores e consumidores. A estratégia era concentrar esforços na eleição de José Graziano da Silva na FAO. A partir da vitória na FAO, "todos os esforços se concentrarão na eleição na OIC, que será dentro de três meses", diz Silva. Ele estima que a eleição de Graziano "traz novo alento" a sua candidatura. Já o futuro diretor da FAO vê a situação bem menos complicada. "O numero de países para conquistar votos é menor (191 na FAO, 77 na OIC) e o Robério é quase um candidato de consenso." O México, que votou contra o Brasil na FAO, já lançou candidato para concorrer contra o brasileiro na OIC: Rodolfo Trampe Taudert, representante do setor privado. Ele tem site na internet em espanhol, português, inglês e francês. Silva também tem seu site e a campanha agora vai esquentar. O Brasil é o principal produtor e exportador e o segundo maior consumidor de café. A última vez que dirigiu a OIC foi em 2000-2002, com Celsiu Lodder. Atualmente, o brasileiro José Sette dirige interinamente a entidade, depois da saída antecipada do colombiano Nestor Osório, que foi representar seu país na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que lançou o nome de Silva, diz que o Brasil está muito firme na intenção de trabalhar na OIC para fortalecer o mercado mundial de café e reforçar a relação entre os países produtores e consumidores. Segundo ele, a situação é positiva para o setor. Os estoques estão baixos, o consumo continua a crescer e a OIC pode ajudar a fortalecer o mercado. Para Silva, a conquista da OIC é estratégica para o Brasil, que pode transmitir para a entidade sua experiência de expansão do consumo. "O mercado interno age como estabilizador, com 34 milhões de sacas exportadas e 19 milhões de sacas consumidas internamente." "O setor cafeeiro só tem dado alegrias", diz Silva. "Na crise global, houve retração no consumo de vários produtos, mas não do café." Segundo ele, os cafeicultores brasileiros até anteciparam o pagamento de dívidas. O Vietnã, segundo maior produtor de café, e a Colômbia, o terceiro, apoiam formalmente o candidato brasileiro. Vários produtores menores, como Cuba e Filipinas, também manifestam apoio. Do lado dos países consumidores, também há sinais de simpatia. O secretário-geral da Federação Europeia de Café, do setor privado, esteve em Brasília e disse a Silva que o Brasil terá de procurar a Comissão Europeia para discutir eventual apoio. Vários países consumidores são também reexportadores de café, mesmo sem produzirem a bebida. A reexportação por países importadores totalizou 39,1 milhoes de sacas em 2010. A liderança é da Alemanha (8,6 milhões de sacas), seguida pela Bélgica (3,5 milhões), Estados Unidos (2,6 milhões e Itália (1,8 milhão). Esses países compram o grão, agregam valor ao produto e faturam bem mais. Mas não deixam entrar o produto já elaborado de produtores como o Brasil, por causa de tarifas de importação proibitivas. |
quarta-feira, 29 de junho de 2011
País quer também assumir comando da Organização Internacional do Café
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