quarta-feira, 15 de junho de 2011

NE será o destino da maior parte dos novos empréstimos do Bird ao país

Autor(es): João Villaverde | De Brasília
Valor Econômico - 02/06/2011
 

Os Estados do Nordeste serão os maiores beneficiários da política mais agressiva que o Banco Mundial (Bird) vai adotar na concessão de empréstimos ao Brasil. Entre julho deste ano e junho de 2012, o Bird deve dobrar o financiamento a projetos no país, passando dos US$ 3,1 bilhões emprestados entre 2009 e 2010 para quase US$ 6 bilhões a partir de julho. O Nordeste vai abocanhar a maior parte - o equivalente a US$ 3,5 bilhões, valor 7,7 vezes superior ao emprestado nos últimos 12 meses. Ontem, em Brasília, o presidente da entidade, Robert Zoellick, afirmou que "o foco do Bird está todo no Nordeste". Zoellick se reúne hoje com a presidente Dilma Rousseff e depois viaja para Recife e Rio de Janeiro. Na conversa com Dilma, o presidente do Bird deve tratar do programa "Brasil Sem Miséria", aposta do governo federal para a eliminação da pobreza extrema no país. O Bird deve manifestar apoio à iniciativa.
"O Bolsa Família é um programa soberbo, mas ainda há 16 milhões de pessoas que se enquadram na categoria de pobreza extrema no país", disse Zoellick. "Eles precisam não apenas de aportes financeiros, mas também de serviços de qualidade em saúde e educação."
Segundo Zoellick, o programa, que é defendido pelo Ministério do Desenvolvimento Social como "passo seguinte" ao Bolsa Família, não deve "necessariamente" contar com recursos da entidade. "Mas teremos uma participação conjunta, se a presidente aprovar, na troca de conhecimento para administração do programa", disse. De acordo com Zoellick, os novos governos do Egito e Tunísia demonstraram interesse pelo modelo brasileiro de política social, durante reunião do G-20, na semana passada.
O Bird conta com operações em 19 dos 27 Estados brasileiros, e deve ampliar a relação para 21 nos próximos meses. Hoje, Zoellick visita Eduardo Campos, governador de Pernambuco. No encontro, outros nove governadores do Nordeste estarão presentes. "Mais que os aportes financeiros, que são crescentes e muito relevantes para esses Estados, queremos também aprender com os diferentes projetos regionais e federais brasileiros", afirmou o presidente do Bird.
"Nós precisamos nos distanciar do modelo tradicional de financiamento e de tomada de decisões", afirmou Zoellick, para quem os emergentes são cada vez mais centrais para a entidade. Atualmente, os países emergentes representam 47,2% do capital do Banco Mundial. "Tratamos os países emergentes como clientes, não como um órgão de Washington que chega com soluções definitivas às nações pobres", disse Zoellick.
O presidente do Bird esteve em São Paulo, na terça-feira, onde ouviu relatos de empresários, que criticaram o "elevado custo Brasil", disse. Segundo Zoellick, o governo brasileiro deve se preocupar especialmente com os setores "prejudicados pelo câmbio valorizado". Segundo ele, o país não deve depender excessivamente da exportação de commodities. "Todos sabemos que a alta de preços dos produtos básicos não vai durar para sempre."

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