Autor(es): Arícia Martins | De São Paulo |
Valor Econômico - 31/05/2011 |
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) acelerou apenas 0,03% entre abril e maio, menor taxa mensal registrada desde dezembro de 2009, quando foi verificada queda de 0,5% no indicador. O movimento atual foi puxado por uma deflação de 1,84% em produtos agropecuários, e uma alta nos produtos industriais, de 0,72%, inferior ao esperado pelo mercado. A quase estabilidade no Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, surpreendeu analistas de inflação. Enquanto a previsão mediana do mercado era de uma taxa de 0,6% em maio, ele variou 0,43%, um pouco abaixo do avanço de 0,45% registrado em abril. Segundo Salomão Quadros, economista da FGV e coordenador do índice, existem condições para o IGP-M continuar recuando. "No próximo mês, o movimento de desaceleração vai dar mais um passo. A partir de maio, esse movimento começou a se tornar mais nítido." Fábio Romão, economista da LCA Consultores, previa um IGP-M de 0,56% para maio. "Esperávamos que o minério tivesse alta mais intensa", explica. Commodity com mais peso na alta do IPA industrial, o minério de ferro avançou 9,3% na atual leitura, contra taxa de 0,59% no mês anterior. O aumento, embora expressivo, veio abaixo do esperado pelos economistas, já que esse preço é reajustado de três em três meses, por contrato. A deflação de 13,34% no álcool hidratado dentro do IPA, contra alta de 11,79% em abril, assim como a desaceleração na gasolina, foram outros movimentos mais acentuados do que o previsto por Romão. O álcool anidro, componente da gasolina, teve elevação de 5,85% neste mês no atacado, após aumento de 33,14% em abril. O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, destaca o que chama de "falso negativo": como o mercado estava trabalhando com um cenário muito pessimista, é normal que haja surpresa em alguns itens, e que as expectativas sejam revisadas para baixo de agora em diante. Perfeito, que havia previsto um IGP-M de 0,61% neste mês, agora trabalha com uma taxa de 0,37% para junho. economista ressalta que o IPC ainda veio em patamar desconfortável, com alta de 0,9%, diante de elevação de 0,78% em abril. "O grupo alimentação ainda subiu (de 0,87 para 1,09%), e ocorreram choques em habitação por conta de reajustes de tarifas de água e eletricidade." Esses itens, dizem os economistas, devem deixar de pressionar a inflação a partir de junho e, aliados a uma continuação da queda no IPA agropecuário, assim como na deflação do álcool e possível igual movimento na gasolina, trarão os preços ao consumidor para baixo no próximo mês. Essa é também a expectativa do Banco Central, para quem a taxa mensal de inflação no país deverá ficar próxima de zero em um prazo de dois a três meses, segundo disse ontem, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes. "Principalmente os preços dos alimentos devem cair o que refletirá numa forte queda no curto prazo", disse. Mendes afirmou que o governo continuará usando a taxa básica de juros (Selic) como principal instrumento para conter a demanda e, indiretamente, ajudar a manter a inflação sobre controle. O BC, disse ele, também continuará a adotar "medidas macroprudenciais" como expediente adicional para adequar os níveis do crédito à realidade do país e evitar o endividamento excessivo das famílias. |
Inflação do aluguel cede para 9,77%
O Globo - 31/05/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/5/31/inflacao-do-aluguel-cede-para-9-77 |
Acumulado em 12 meses até maio volta a um dígito, contra 10,60% em abril RIO e BRASÍLIA. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), usado para reajustar contratos de aluguel, subiu 0,43% em maio, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Em abril, ficara em 0,45%. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, o índice acumula alta de 9,77%, ante 10,60% do mês anterior. No ano, a alta é de 3,33%. Analistas consultados pela agência de notícias Reuters esperavam avanço de 0,58% em maio. A desaceleração, mais forte do que o previsto, coincidiu com a redução da projeção para a inflação feita pelo mercado no boletim Focus do Banco Central (BC), também divulgado ontem. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com peso de 60% no IGP-M, avançou apenas 0,03%, ante 0,29% no mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC, com impacto de 30% na taxa geral) subiu 0,90%, frente a 0,78% em abril. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou para 2,03%, comparado a 0,75% antes. Os produtos com maiores altas foram minério de ferro (9,30%), cana (12,28%), batata-inglesa (26,52%), gasolina (4,08%) e leite (4,60%). Os de maiores quedas foram algodão em caroço (-27,67%), laranja (-25,03%), laranja-lima (-19,87%), e aves (-3,65%). Mercado projeta IPCA menor. BC prevê IGP-M perto de zero Pela quarta vez seguida, o mercado reduziu a expectativa de inflação para 2011, mas ainda aposta que o aperto na política monetária continuará. Segundo o boletim semanal Focus, economistas calculam que o IPCA deste ano fechará a 6,23%, abaixo dos 6,27% estimados na semana anterior, e mantiveram as projeções de 2012 em 5,10%. Ambos estão acima do centro da meta do governo, de 4,5%. O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, comemorou a divulgação de índices de inflação abaixo das expectativas. No primeiro dia do seminário Rio Investors Day, ele também festejou os números do Focus. - Percebemos uma firme queda do IGP-M, que ficou abaixo da expectativa. Deveremos ter índices de inflação perto de zero nos próximos dois ou três meses - afirmou Mendes, acrescentando que os juros continuarão sendo a principal arma no combate à alta de preços. A pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado manteve a estimativa de que a Selic - hoje em 12% ao ano - chegará a 12,50% em julho, com mais duas altas de 0,25 ponto percentual cada. Para 2012, a taxa ficará em 12,25%, a mesma prevista nas últimas três semanas. O pessimismo da população sobre a inflação, no entanto, é o pior dos últimos dez anos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada ontem mostrou que 71% dos consumidores acreditam que os preços continuarão subindo. Para o economista da CNI Marcelo Azevedo, os aumentos de aluguéis, alimentos e combustíveis têm influenciado o pessimismo sobre a inflação. (Henrique Gomes Batista e Patrícia Duarte) |
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