quarta-feira, 1 de junho de 2011

Preços dos alimentos básicos devem dobrar até 2030, prevê ONG britânica

Mundo | 31/05/2011 | 07h43min

Líderes precisam regular mercados de commodities e criar fundo climático global para evitar aumento de custos, afirma Oxfam

Os preços de alimentos básicos devem dobrar em 20 anos, a não ser que líderes mundiais promovam reformas, alertou nessa segunda, dia 30, a organização não governamental (ONG) britânica Oxfam.

Até 2030, o custo médio de colheitas consideradas importantes para a alimentação da população global vai aumentar entre 120% e 180%, prevê a organização em seu relatório Plantando um Futuro Melhor.

Metade desse aumento de custos deverá ser creditada a mudanças climáticas. Sendo assim, para a Oxfam, é preciso que os líderes globais trabalhem tanto para regular os mercados de commodities como para a criação de um fundo climático global.

– O sistema de negociação de alimentos deve ser revisto se quisermos superar os crescentes desafios relacionados a mudanças climáticas, aumentos no preço da comida e
falta de terras, água e energia – disse a executiva chefe da Oxfam, Barbara Stocking.

No relatório, a Oxfam ressalta quatro áreas de alta insegurança alimentar – locais onde já existem dificuldades para alimentar os habitantes.

O primeiro deles é a
Guatemala, onde 850 mil pessoas são afetadas pela falta de investimentos estatais em pequenos agricultores e pela alta dependência de alimentos importados, diz a ONG.

O segundo é a
Índia, onde a população gasta em comida duas vezes mais que cidadãos britânicos, proporcionalmente ao que recebem de salário. Um litro de leite pode custar cerca de R$ 26 na Índia.

Em terceiro, a Oxfam cita o
Azerbaijão, onde a produção de trigo caiu 33% no ano passado em decorrência de más condições climáticas, forçando o país a importar grãos da Rússia e do Cazaquistão. Os preços dos alimentos no país subiram 20% em dezembro de 2010 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em quarto está o
Leste da África, onde oito milhões de pessoas enfrentam atualmente falta crônica de alimentos por causa da seca. Mulheres e crianças estão entre os mais afetados.

O Banco Mundial também advertiu que o aumento nos preços dos alimentos está levando milhões de pessoas para a pobreza extrema.

Em abril, a instituição informou que
os custos dos alimentos haviam aumentado 36% em um ano, em parte devido aos distúrbios no Oriente Médio e no Norte da África.

Para a Oxfam, é preciso que haja mais transparência nos mercados de commodities e regulamentação de mercados futuros. Além de um aumento de estoques de alimentos e o fim das políticas que promovam biocombustíveis, por supostamente ocupar terras que poderiam servir para a agricultura. Também ressalta os investimentos em cultivos familiares, em especial os comandados por mulheres.

– Uma em cada sete pessoas no planeta passa fome apesar de o mundo ser capaz de alimentar a todos – afirma Barbara.

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