domingo, 21 de agosto de 2011

Alta dos preços do milho no Paraná é especulação, diz Conab

http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2011/08/alta-dos-precos-do-milho-no-parana-e-especulacao-diz-conab-3378183.html


Diretor da companhia afirmou que valor de paridade de exportação está em torno de R$ 25 por saca no Estado

  • Ayr Aliski
A alta dos preços do milho no Paraná, apurada depois do período de geadas, supera o valor de paridade de exportação e não tem justificativa, avaliam as equipes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
– O que nos preocupa, atualmente, é a questão de preço, não de oferta – disse nesta quarta, dia 6, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, na divulgação do 10º Levantamento da Safra de Grãos 2010/2011.
– Os preços foram a R$ 30 a saca no Paraná e isso é fruto de especulação – disse Porto.
O diretor da Conab argumentou que ainda é muito cedo para dimensionar a perda causada pelas recentes geadas no Paraná, mas alerta que os prejuízos não foram tão graves a ponto de gerar problemas de abastecimento e, assim, pressionar os preços para cima. Em Mato Grosso do Sul, alerta ele, chegou a circular a informação de que as perdas atingiriam 40% da lavoura do milho safrinha.
– Ontem, essa estimativa caiu para 17% – argumentou.
De acordo com o diretor da Conab, o preço de paridade de exportação, no Paraná, está em torno de R$ 25 por saca. Negociações acima desse valor, adverte, representam especulação. A estimativa da Conab para a produtividade das lavouras de milho no Paraná era de quatro toneladas por hectare. Com as geadas, estima-se que será aplicada uma redução, mas não muito forte.
– É factível fecharmos com 3,8 toneladas por hectare – disse Porto.
Dados definitivos sobre as perdas causadas pelas geadas somente serão conhecidos, no entanto, dentro de pelo menos15 dias.
Porto anunciou que um técnico da Conab viajou ao Paraná para verificar, in loco, a situação das lavouras de milho. Ele já verificou que as perdas não foram tão pesadas, pois o frio mais forte poupou as principais áreas produtoras do grão.
– A geada foi mais forte na região de Guarapuava em direção a Santa Catarina, mas o principal da produção de milho está em outras regiões do Estado – afirmou.
A área afetada pelas geadas tem maior concentração na produção de trigo, informa a Conab. Mesmo assim, também é prematuro falar em quebra na oferta de trigo, alerta o diretor.
– Se a qualidade do trigo cair, podemos utilizá-lo no suprimento para ração animal, reduzindo a pressão sobre o milho – advertiu.
A estimativa total de produção de milho (1ª e 2ª safras) é de 57,1 milhões de toneladas (ante 56 milhões de toneladas na safra passada). O estoque final de milho, ao final da safra 2010/2011, de acordo com dados da Conab, será de 10,9 milhões de toneladas (ante 9,6 milhões de toneladas na safra 2009/2010).
Plantio
Embora não haja expectativas de problemas de abastecimento, o preço do milho continuará estimulando o plantio, alertou o secretário de Política Agrícola do Mapa, José Carlos Vaz.
– Vai ter milho, mas o milho vai ser mais caro – advertiu.
Esse realinhamento de preços já começa a gerar pressão sobre as cadeias produtivas de aves e suínos, admitiu Vaz. O governo, no entanto, está atento para adotar medidas que atenuem o problema. Para o Rio Grande do Sul, por exemplo, está em fase final de estudos a estratégia de direcionar parte do excedente da oferta de arroz para a produção de ração animal, utilizando grãos de menor qualidade.
Conforme a mais recente estimativa da Conab, a colheita total de grãos da safra 2010/2001 deverá chegar a 162,05 milhões de toneladas, com 49,49 milhões de hectares de área plantada. Na 9ª estimativa, divulgada no mês passado, a Conab calculava uma produção de 161,50 milhões de toneladas e uma área cultivada de 49,24 milhões de hectares. Ou seja, os números ficaram ainda melhores, principalmente com ajustes relativos à produtividade, explicou o secretário.
O governo afirma que não haverá problemas com estoques e que os números desta safra prometem estimular o plantio no próximo ano agrícola. Para a soja, por exemplo, Vaz avaliou que a área cultivada será mantida ou até expandida.
– É um produto que tem alta liquidez e bons preços – afirmou.
Sozinha, a produção de soja, na safra 2010/2011, alcança 75 milhões de toneladas, com 24,1 milhões de hectares cultivados.
Agência Estado

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