quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O milho e a soja no nosso dia a dia

Ração básica para bois, frangos e suínos, grãos também são usados na fabricação de cosméticos, tintas, vernizes, combustíveis, entre tantos outros produtos
Juliana Ribeiro

Em agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA em inglês), divulgou o relatório mensal com os dados sobre oferta e demanda mundial dos principais produtos agrícolas para a safra 2011/12.

Entre eles está o milho, que teve sua previsão revista e passou dos 872,4 milhões de toneladas para 860,5 milhões de toneladas. A soja também viu sua estimativa de produção mundial cair dos 261,4 milhões de toneladas, para 257,5 milhões de toneladas.

As oscilações na safra e no preço desses produtos, responsáveis por, muitas vezes, deixar produtores e compradores de cabelos em pé, acabam passando despercebidas para a maioria dos brasileiros. Afinal, para que produzir tantos grãos assim?
Sem milho e soja não há carne

O que muita gente talvez desconheça é que as variações nos preços do milho e da soja, além da oferta desses produtos no mercado, têm impacto direto também na carne bovina, suína e de frango que são vendidas nos açougues e supermercados em todo o País. Isso porque os animais são alimentados com farelos produzidos a partir desses grãos.

Dados do indicador Esalq/BM&F Bovespa, que medem as cotações dos preços dos principais produtos agrícolas no mercado, mostram que em 30 de agosto do ano passado, o milho era comercializado à vista, a R$ 21,82 a saca de 60 quilos. Na mesma data deste ano, o valor estava cotado em R$ 30,75. Já a soja era cotada a R$ 44,08 em 2010 e neste ano, subiu para R$ 51,2.

“Essa variação significa aumento de custo para o produtor, que alimenta seus animais com o farelo”, explica Flávio França Júnior, analista da consultoria Safras & Mercado. Ele lembra ainda que o impacto chega até o varejo. “Mais cedo ou mais tarde isso se reverte em aumento nos preços das carnes para o consumidor”.

Indústria de cosméticos e tintas 

Na outra ponta, parte da soja e do milho que são produzidas no País é destinada para a indústria alimentícia, para fabricação de óleos, bebidas, margarinas, farinhas e também na produção de biocombustíveis. Segundo dados da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), cerca de 15% de toda a soja em grão produzida no País é destinada à fabricação de óleos vegetais.

O setor de cosméticos também se beneficia do uso de proteína de soja, para a fabricação de produtos como cremes antienvelhecimento, enquanto a indústria química a utiliza para fabricação de tintas, vernizes e revestimentos.

Para atender a esse consumo voraz, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostram que a produtividade de soja na safra 2010/11 cresceu 9,6% em relação à safra anterior, saltando dos 68,69 milhões de toneladas, para 75,31 milhões de toneladas.

Já a produtividade do milho na primeira safra aumentou 3,6%, em relação à safra 2009/10, passando dos 4.412 quilos por hectare para 4.571 quilos por hectare. Esses dados fazem do Brasil o segundo maior produtor de soja do mundo e o quarto na produção de milho.


Tecnologia a serviço da produção

Seja para o consumo dos animais ou para o uso desses grãos pela indústria, a qualidade é fundamental. Preocupada em contribuir com a melhora da produtividade por hectare, a Embrapa desenvolve pesquisas constantemente, buscando variedades que possam oferecer resistência a doenças e ervas daninhas, o que acaba resultando na melhora da produtividade, sem que para isso seja necessário aumentar a área plantada.

“Temos quatro programas de pesquisa principais, voltados a estudar e desenvolver variedades que auxiliem o produtor rural”, diz Amélio Dall’Agnol, chefe do departamento de transferência de tecnologia da Embrapa Soja.

Ele explica que as pesquisas de produtos transgênicos são importantes porque possibilitam o desenvolvimento de sementes que resistam a pragas e até à falta de chuvas. Tudo isso é fundamental, porque garante a produtividade da lavoura e a alimentação humana e animal. “Com o aumento do consumo mundial de carnes, é primordial aumentarmos a produtividade de grãos também”, diz.

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