domingo, 21 de agosto de 2011

ProUni tem taxa histórica de evasão de bolsistas


Autor(es): Demétrio Weber
O Globo - 21/08/2011
 


Um em cada quatro alunos abandona o programa; a maioria abre mão da bolsa, mas continua estudos, diz MEC
BRASÍLIA. Um em cada quatro bolsistas abandona o Programa Universidade para Todos (ProUni), revela balanço do Ministério da Educação (MEC). De 2005, ano em que o ProUni começou a funcionar, até o primeiro semestre de 2011, 893.102 estudantes de baixa renda foram contemplados em todo o país. Nesse período, 229.068 deixaram o programa. Segundo o MEC, porém, a maioria abriu mão da bolsa, mas continuou estudando.
O levantamento analisou, um a um, os CPFs dos bolsistas que saíram do ProUni antes de concluir o curso. Dos 229.068 estudantes nessa situação, 102.506 abandonaram o ensino superior - o equivalente a 11,5% do total de bolsistas. Os demais, segundo o MEC, migraram para instituições públicas ou mesmo privadas, ainda que sem a bolsa do ProUni.
Para o MEC, o índice de 11,5% é o que efetivamente retrata a evasão histórica no ProUni. O argumento é que os demais estudantes que largaram o programa não abandonaram o ensino superior. Assim, ainda que tenham saído, não podem figurar na categoria de evadidos.
- Com certeza, esse camarada melhorou, tanto que abriu mão da bolsa - diz o secretário de Educação Superior, Luiz Claudio Costa, referindo-se a quem deixou o ProUni, mas segue matriculado em cursos de graduação.
No ensino superior privado, evasão é ainda maior
Luiz Claudio diz que é preciso reduzir as taxas de evasão, um obstáculo a mais na lista de gargalos que fazem o Brasil ter, proporcionalmente, menos universitários que vizinhos como Chile, Argentina e Bolívia. Mas destaca que o problema seria menor entre bolsistas do ProUni, na comparação com o total dos estudantes de instituições particulares.
Enquanto o índice histórico do ProUni está em 11,5% - excluídos ex-bolsistas que continuaram estudando -, a evasão no conjunto do ensino superior privado atingiu 17,9%, em 2009. O dado do setor privado é calculado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). Mas não leva em conta eventuais transferências de estudantes para universidades públicas. No estado de São Paulo, segundo o Semesp, a evasão alcança 23,9%, subindo para 27% na região metropolitana da capital paulista.
Maior problema não é falta de dinheiro, mas despreparo
O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, afirma que a principal causa da evasão nas instituições particulares não é a falta de dinheiro para pagar mensalidades. Segundo ele, o maior problema é o despreparo de estudantes das classes C e D que cursaram o ensino médio na rede pública.
- Esse aluno ingressa, faz um baita esforço, mas não consegue acompanhar o curso. Hoje a gente discute muito mais a retenção do aluno do que a captação. Não adianta sair captando aluno, porque esse aluno não consegue acompanhar o curso. As instituições estão tendo que fazer nivelamento, dando aulas de português, matemática - diz Capelato.

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