Autor(es): Fabio Graner e Fernando Nakagawa |
O Estado de S. Paulo - 24/08/2011 |
Instituições vendem mais reais e quitam empréstimos em dólar no exterior e exposição cambial cai ao menor valor desde março de 2010 Com o aperto das regras impostas pelo governo de um lado e a crise internacional que tomou conta dos mercados nas últimas semanas do outro, bancos que operam no Brasil reduziram significativamente suas apostas na continuidade da valorização do real. Dados do Banco Central revelam o movimento ao mostrar que as instituições estão se aproximando da neutralidade em sua exposição no mercado de câmbio à vista, situação que não era observada há muito tempo. Por acreditar menos que o real continuará se valorizando, bancos estão desistindo da estratégia adotada nos últimos meses. Para isso, vendem reais e quitam empréstimos em dólar no exterior. Até sexta-feira, as apostas na valorização do real somavam apenas US$ 1,99 bilhão, o menor valor desde março de 2010, quando o sistema ainda estava apostando na desvalorização do real. Em julho, a chamada "posição vendida" dos bancos era de US$ 6,30 bilhões, já bem inferior ao verificado nos meses anteriores, quando chegou a bater a marca de US$ 16 bilhões e deflagrou as críticas frequentes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que classificou o movimento como uma "guerra cambial". Para o diretor da associação Brain, André Sacconato, o motivo maior para essa nova rodada de queda na exposição cambial dos bancos é a crise. Segundo ele, em momentos de elevada incerteza, como o atual, é natural que as instituições fiquem mais retraídas. Na visão do economista, a tendência é que, assim que o mercado se acalmar mais claramente, os bancos elevem suas apostas na alta do real. Mesmo assim, ele não acredita que a exposição cambial ficará muito elevada, por causa da restrição forte imposta pelo Banco Central. Silêncio. O chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel, se recusou a tecer comentários sobre "movimentos de mercado". Em uma lacônica resposta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou como "positiva" a redução da posição vendida dos bancos. O BC vem há muito tempo demonstrando inquietação com movimentos de mercado que demonstram não levar em conta o risco de que o dólar se move para os dois lados e, por isso, tem atuado para restringir movimentos excessivamente especulativos, especialmente de bancos. Em julho, os números já refletiam o fato de o governo ter limitado a possibilidade de os bancos tentarem ganhar com a alta do real, exigindo recolhimento de dinheiro extra em grandes operações desse tipo. Além disso, no fim daquele mês, o governo também apertou o cerco nas apostas feitas no mercado futuro. Fluxo. O Banco Central também informou ontem que o fluxo de dólares no Brasil em agosto, até a sexta-feira, estava positivo em US$ 7,76 bilhões. O resultado foi determinado principalmente pela balança comercial, onde as exportações superaram as importações em US$ 6,66 bilhões. No segmento financeiro - que registra investimentos, remessas e outros movimentos fora do comércio exterior -, o saldo foi positivo em US$ 1,10 bilhão. A autoridade monetária também informou que suas compras de dólares no mercado à vista, e também com entrega em data futura (à termo), somaram neste mês US$ 4,732 bilhões. |
Fluxo cambial atinge US$ 7,7 bi e bancos reduzem posição vendida
Autor(es): Mônica Izaguirre |
Valor Econômico - 24/08/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/24/fluxo-cambial-atinge-us-7-7-bi-e-bancos-reduzem-posicao-vendida |
As compras e vendas de moeda estrangeira no mercado de câmbio geraram superávit cambial de US$ 7,769 bilhões este mês, até o dia 19 de agosto, informou ontem o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel. O número preliminar de agosto sugere que o fluxo fechará o mês abaixo do que foi em julho, quando a oferta de moeda estrangeira superou a demanda em US$ 15,825 bilhões. A sobra registrada até agora no mês permitiu aos bancos reduzir novamente sua posição vendida em câmbio. Ao fim de julho, o saldo dessa carteira estava vendido (dólares a entregar) em US$ 6,302 bilhões. No último dia 19, a posição seguia vendida, mas em apenas US$ 1,988 bilhão, disse Maciel. Em relação ao fim de junho, quando o saldo era negativo em US$ 14,696 bilhões, a queda é mais acentuada ainda. Parte do superávit cambial das operações de bancos com clientes foi vendida no interbancário para o Banco Central. Ainda assim, sobraram dólares para encarteirar e reduzir a posição. Até dia 23, informou Túlio, o BC comprou US$ 4,732 bilhões, número apurado pelo critério de liquidação mas que se aproxima do valor contratado até dia 19. Em julho, o BC passou a exigir nível maior de recolhimento compulsório sobre a posição de câmbio dos bancos quando vendida. O objetivo foi inibir a tomada de linhas externas para abastecer a demanda por moeda estrangeira no mercado doméstico, suprimento que estava ajudando a derrubar a taxa de câmbio. Os números divulgados ontem por Túlio Maciel indicam o efeito dessa norma. O superávit parcial do mês refletiu sobretudo desaceleração de ingressos pelo segmento financeiro, que inclui todos os contratos que não aqueles vinculados ao comércio exterior. O saldo foi positivo em US$ 1,101 bilhão até dia 19, proporcionalmente inferior ao de julho inteiro, quando atingiu US$ 9,571 bilhões. O fluxo bruto de ingressos na parcial de agosto, para o segmento, foi cerca de US$ 20 bilhões menor do que o de julho fechado, o que aponta desaceleração do ingresso de capitais estrangeiros este mês. Esse fluxo, que chegou a expressivos US$ 39,316 bilhões em julho, foi de US$ 19,860 bilhões nos primeiros 19 dias de agosto, ou seja, com mais da metade do mês já transcorrida. O fluxo bruto de saídas pelo segmento financeiro do mercado cambial, que em agosto está em US$ 18,759 bilhões, também sinaliza que o movimento do mês será inferior ao de julho, que foi de 29,745 bilhões. O fluxo cambial do comércio exterior gerou saldo de US$ 6,66 bilhões nesses 19 dias, mais do que o verificado em todo o mês de julho (US$ 6,253 bilhões). O principal fator é a demanda dos importadores, que foi US$ 11,059 bilhões, ao passo que no mês de julho completo foi de US$ 17,415 bilhões. Já as exportações, que tinham gerado uma oferta de US$ 23,668 bilhões, foram responsáveis por fluxo bruto positivo de US$ 17,719 bilhões no mês. |
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