Setor terá de investir alto para reduzir importações |
Autor(es): Por Mônica Scaramuzzo e Ivo Ribeiro | De São Paulo |
Valor Econômico - 30/08/2011 |
As indústrias químicas e petroquímicas vão, em seu conjunto, investir aproximadamente US$ 25 bilhões até 2015, como parte dos planos de expansão da cadeia para atender a demanda crescente no mercado interno. Deste total, US$ 5,2 bilhões já estão em andamento - boa parte do restante, de US$ 16,1 bilhões, já foi aprovado e deverá ser aplicado nos próximos meses. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira da Indústria Química, em um universo de mais de 50 empresas. Os investimentos, porém, ainda não serão suficientes para reverter o déficit do setor, segundo empresários e especialistas ouvidos pelo Valor. As indústrias químicas e petroquímicas têm um pacote de investimentos da ordem de US$ 25 bilhões programados até 2015, como parte do plano de expansão da cadeia para atender à crescente demanda no mercado interno. Deste total, US$ 5,2 bilhões referem-se a novos projetos e já estão em andamento - boa parte dos US$ 16,1 bilhões restantes já foi aprovada e deverá ser aplicada a partir do próximo ano. Cerca de US$ 3,4 bilhões estão sendo empregados para elevar a atual capacidade de produção das companhias. O levantamento foi feito pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), em um universo de mais de 50 empresas. Os investimentos, apesar de robustos, ainda são insuficientes para reverter o déficit do setor, segundo empresários e especialistas ouvidos pelo Valor. A cadeia química nacional é fortemente dependente das importações de matérias-primas básicas para atender suas necessidades. Neste primeiro semestre, o setor registrou saldo negativo (balanço das exportações menos importações) de US$ 11,67 bilhões. Em 2010, o saldo igualmente vermelho ficou em US$ 20,7 bilhões. Para cobrir esse rombo e se tornar superavitária, os desafios da indústria são grandes. Os aportes já anunciados até 2015 nem de longe conseguem reverter metade do déficit atual. Em um documento preparado pela Abiquim e entregue ao governo, o setor estima que as indústrias tenham de investir US$ 167 bilhões para que o Brasil reverta seu perfil deficitário, tenha pelo menos 10% das matérias-primas produzidas renováveis - a chamada química verde- e salte da oitava posição para quinta no ranking global no setor até 2020. Química renovável deverá receber aportes de US$ 20 bilhões e produtos oriundos do pré-sal outros US$ 15 bilhões. Até 2015, deverão ser investidos cerca de US$ 25 bi. Petrobras, Braskem e Vale ancoram principais projetos O Valor listou os 14 principais projetos em andamento e em estudos, considerados importantes para o desenvolvimento da cadeia. No topo dessa lista estão empresas nacionais como Petrobras, Vale, Braskem, Galvani, e multinacionais que querem ampliar presença no mercado interno, como Dow Chemical, Rhodia, Basf e estão interessadas na química verde. "O setor enfrenta uma fase crucial. Ou caminhamos para a desindustrialização ou de crescimento completo", afirmou Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim. "Desde a era Collor [governo Fernando Collor de Mello, entre 1990 e 1992], cerca de 1.470 linhas de produção foram desativadas e 57% dos volumes produzidos foram substituídos pelas importações." O déficit na balança do setor vem crescendo ano a ano, batendo recordes. No acumulado dos últimos 12 meses, até junho, atingiu US$ 23,6 bilhões. "Temos condições de reverter esse quadro porque temos reservas de petróleo e gás e o Brasil está fazendo apostas em matéria-prima renovável", disse Figueiredo. A China, considerado um grande mercado consumidor, tem pouca matéria-prima. "Os Estados Unidos e o Brasil têm as duas coisas juntas: mercado e matéria-prima", afirmou Figueiredo, acrescentando o país tem uma indústria química madura e que poderá crescer com consistência. "Os investimentos das indústrias que estão em curso e em estudos são plausíveis com as intenções de crescimento do Brasil", afirmou ao Valor Lucas Blender, analista da Geração Futuro. "O movimento de expansão do Brasil não se restringe mais à fronteira, não pode ser considerado regional." A partir de 2012, o setor passará por um novo ciclo de alta no mercado internacional. "O Brasil é considerado um dos grandes expoentes nesse setor", disse Blender, que considera que o Brasil terá condições de dar continuidade a investimentos bilionários para expandir a produção. Blender não acredita que o país consiga reverter o déficit e nem deve perseguir essa meta. "É uma questão de racionalidade dos investimentos." Ampliar imagem Para Otávio Carvalho, da consultoria petroquímica Maxiquim, as indústrias químicas têm todas as condições de avançar até 2020, quando os investimentos em gás natural e pré-sal, por exemplos, estarão maturados. "Para se viabilizar investimentos, só dinheiro e matéria-prima não são suficientes. É preciso ter matéria-prima competitiva", afirmou, lembrando que os investimentos em curso da Petrobras e as bacias de exploração de petróleo do empresário Eike Batista poderão estar maturadas. A petroquímica Braskem está concluindo aportes na fábrica de butadieno (matéria-prima para borracha), com investimentos de R$ 300 milhões. Já está em andamento a unidade de PVC em Alagoas, onde será investido R$ 1 bilhão. Em recente entrevista ao Valor, Carlos Fadigas, presidente da companhia, disse que o grupo deverá definir neste semestre onde erguerá sua primeira fábrica de polipropileno (PP) verde, que receberá aportes de R$ 170 milhões. "Será em uma tradicional região produtora de etanol [Centro-Sul do país]." A companhia inaugurou no ano passado a fábrica de polietileno verde (PE) em Triunfo (RS), dando início no país à nova onda de aportes em química verde. Seguindo a tendência, a Dow Chemical deverá investir cerca de US$ 1,5 bilhão para construir uma unidade de etanol integrada a uma fábrica química. O projeto de Santa Vitória (MG) foi anunciado em 2007, mas o martelo dos investimentos só foi batido este ano. Com projetos bilionários, a Vale Fertilizantes está finalizando aporte de R$ 432 milhões em Uberaba (MG), para ampliação da produção de ácido fosfórico e ácido sulfúrico, conforme comunicado da empresa. Um projeto de R$ 2 bilhões, denominado Projeto Salitre, em estudos na região de Patrocínio (MG), ainda depende do aval da companhia. Nesse projeto, a Vale prevê aportes de cerca de R$ 2 bilhões até 2013, com a abertura de uma mina de rocha fosfática e a construção de novas unidades para a produção de ácidos sulfúrico e fosfórico, além de fertilizantes fosfatados de alta concentração. Um dos projetos mais aguardados passa pela Petrobras. Somente no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de janeiro), em Itaboraí (RJ), serão cerca de US$ 8,5 bilhões. Parte desse investimento será tocado em parceria com a Braskem, que já aprovou o projeto na área petroquímica. A estatal também tem planos de investir cerca de US$ 2,4 bilhões em uma unidade de PET em Suape (PE), que tem a Braskem como parceira, mas ainda está em fase inicial de estudos. |
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Setor químico vai investir US$ 25 bilhões
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário