Medidas recentes, como criação de universidades federais, ainda não têm resultado na distribuição da pesquisa no país
O Estado de São Paulo também conta com cerca de R$ 9,5 bilhões anuais vindos de empresas privadas
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Apesar de iniciativas recentes do governo para disseminar a ciência pelo país, o Estado de São Paulo ainda tem cerca de metade da produção científica nacional.
Mesmo com a criação de universidades federais e de fundos para distribuição regional de recursos, a concentração paulista intensificou-se nos últimos anos.
Em 2002, a região tinha 49,9% da produção de ciência nacional. Agora, de acordo com o último levantamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), o número foi para 51%.
Isso acontece porque a produção científica continua concentrada nas universidades públicas paulistas, especialmente USP, Unicamp, Unesp e Unifesp.
DINHEIRO PRIVADO
Além de liderar a produção científica "acadêmica", ou seja, o desenvolvimento de artigos científicos -o que é feito principalmente com dinheiro do governo-, os paulistas estão contando com um importante ingrediente no bolo: o dinheiro privado.
Hoje há mais recursos em São Paulo vindos de empresas do que de cofres públicos.
Do total gasto com ciência em São Paulo, 63% sai das empresas. A proporção praticamente se inverte nos demais Estados da nação.
As empresas paulistas gastaram R$ 9,5 bilhões em pesquisa (em 2008). Em todo o restante do país, o gasto empresarial foi de R$ 6,5 bilhões.
Já governo estadual e federal investiram, juntos, R$ 2,6 bilhões por ano com a pesquisa paulista no mesmo período. Esse número praticamente dobrou em dez anos.
O dispêndio total das empresas com pesquisa no país aumentou cerca de quatro vezes em dez anos.
MAIS INDÚSTRIA
Para o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, os gastos em pesquisa das empresas paulistas são mais altos porque São Paulo é mais industrializado.
"A indústria é mais exposta à competição internacional", diz Cruz. Ele é um dos autores da publicação trienal da Fapesp "Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo", que foi lançada nesta semana.
Ciência paulista não é de país desenvolvido
DE SÃO PAULO
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2408201102.htm
Apesar de ter mais gastos em pesquisa e mais recursos humanos qualificados, a atividade científica paulista ainda está distante dos centros de pesquisa desenvolvidos.
Em São Paulo, 16,4% dos jovens em idade universitária (18 a 24 anos) estão no ensino superior, incluindo a pós-graduação. No Brasil, o número cai para 12,7%.
Mas em países como os EUA, por exemplo, a taxa de matriculados no ensino superior em idade universitária gira em torno de 81%.
"A intensidade de pesquisa e desenvolvimento paulista está mais próxima da realidade nacional do que da dos países desenvolvidos", diz o economista André Rauen, coautor da obra.
Já o diretor científico da Fapesp é otimista. Cruz acredita que a pesquisa em São Paulo deve se aproximar mais da feita nos centros mais competitivos do mundo.
Para isso, diz Cruz, o governo federal precisaria aumentar seus investimentos.
Hoje, 13% do que se gasta em pesquisa no Estado de São Paulo vem do governo federal e 24% (quase o dobro) do governo estadual - que destina 1% seu do PIB (Produto Interno Bruto) à Fapesp. (SR)
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