Redação *
A globalização encurtou distâncias e deixou até a China, do outro lado do globo, a menos de 24 horas de voo. Mas o caminho que a soja brasileira percorre para chegar até lá, no seu principal mercado, ainda é bem maior. Do município de Sorriso, no Mato Grosso, até o porto de Xangai, são 40 dias e 9 horas em média, a um preço de frete total de R$ 320 por tonelada.
Uma missão da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja) está na China para reduzir, pelo menos no sentido figurado, a distância para os compradores dos grãos brasileiros. A China é o maior parceiro comercial do Mato Grosso e o principal destino da soja exportada pelo Estado.
O caminho que a missão percorreu em 22 horas de avião não é suficiente nem para que a soja de Sorriso chegue até o porto de Santos, de onde saem a maior parte dos navios de carga do País.
Para chegar até os chineses, a soja mato-grossense viaja de caminhão, de trem e de navio. Uma carga de soja de Sorriso, 418 quilômetros ao norte de Cuiabá, primeiro percorre 830 quilômetros nas rodovias do Estado até chegar a Alto Araguaia. A viagem leva um dia e custa cerca de R$ 100 por tonelada transportada, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea).
Em Alto Araguaia, a soja é carregada no terminal ferroviário. Já a bordo dos trens, os grãos percorrem 1.401 quilômetros até o porto de Santos. São, em média, dois dias de viagem, cruzando a região metropolitana de São Paulo. No trecho ferroviário são mais R$ 135,08 de frete por tonelada transportada.
Mas engana-se quem pensa que a carga está perto de deixar o País. Em Santos, o carregamento da carga leva em média 11 dias.
Quando finalmente a soja enche os porões do navio graneleiro, começa o trecho mais longo da viagem: 20.475 quilômetros até Xangai. O preço do frete, no entanto, sai mais barato do que o dos trechos percorridos dentro do Brasil. Nos grandes navios de granéis, a viagem da soja de Santos a Xangai sai por R$ 85 a tonelada.
Trinta dias e nove horas depois, a soja chega à China. Somando todo o percurso, são 44 dias e nove horas de viagem. Ou seja: se o agricultor embarcasse em um avião ao mesmo tempo em que a sua soja deixa a fazenda, ele seria capaz de ir e voltar à China 24 vezes até que a carga chegasse até lá. E ainda sobraria um tempinho para esticar as pernas entre um voo e outro.
Confira o blog da Missão China com informações em tempo real.
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