sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Banco privado deve demorar a entrar no programa


Banco privado deve demorar a entrar no programa

Autor(es): João Villaverde
Valor Econômico - 25/08/2011

Os bancos privados devem demorar muito para entrar no novo programa de microcrédito lançado ontem pelo governo, segundo avaliação de técnicos. Afirmam que a forte redução nas taxas de juros - das atuais 60% ao ano para 8% ao ano -, além do corte de 3% para 1% na taxa de abertura de crédito - não abrirão o apetite das instituições privadas, mesmo com a disposição do governo de oferecer até R$ 500 milhões em recursos do Tesouro para compensar a "equalização".
Na entrevista coletiva concedida após o lançamento do programa, ontem, no Palácio do Planalto, o secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, afirmou que, provavelmente, os bancos privados devem optar, num primeiro momento, por repassar aos bancos públicos parte do limite de 2% do total de recursos captados via depósitos à vista.
Na apresentação das medidas, tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, provocaram o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, presente na plateia. Mantega, que falou primeiro, afirmou que "vamos ampliar os recursos para o microcrédito e reduzir radicalmente os juros... o presidente da Febraban está me olhando um pouco torto, mas é o que vai acontecer". Pouco depois foi a vez de Dilma. "Tenho certeza de que nossos quatro bancos públicos federais vão dar o exemplo, e que a Febraban, através do Murilo Portugal, no futuro, tenho certeza, vai se engajar nesse projeto". A avaliação de técnicos do governo é que a participação de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal servirá como "símbolo" de que o programa de microcrédito é "atrativo".

Crédito a 8% ao ano

Autor(es): Vera Batista
Correio Braziliense - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/credito-a-8-ao-ano

Governo derruba os encargos de empréstimos para pequenos que atuam na informalidade
O governo expandiu o programa de microcrédito para pequenos empreendedores com juros subsidiados pelo Tesouro Nacional. Com o novo nome de Crescer — Programa Nacional de Microcrédito, as taxas cobradas nos empréstimos e financiamentos cairão dos atuais 60% ao ano para 8%. A taxa de abertura de crédito, conhecida como TAC, também baixará, de 3% para 1% do valor do crédito. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mais de 3,4 milhões de pessoas que trabalham por conta própria na informalidade, como artesãos e vendedores ambulantes, serão beneficiadas até o fim de 2013. O governo bancará até R$ 483 milhões para garantir a redução dos juros.
Inicialmente, apenas as instituições públicas — Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia — participarão. A intenção é que, no futuro, os bancos privados também participem, já que um terço, ou R$ 1,1 bilhão de um total de R$ 3,2 bilhões de recursos alocados para tal linha, é proveniente dos depósitos à vista retidos compulsoriamente pelo Banco Central. Por lei, as instituições financeiras têm que aplicar 2% desses depósitos em operações de microcrédito. Os recursos que não são destinados a esse fim ficam no BC sem remuneração. "O pessoal da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) está me olhando o tempo todo. Mas é isso mesmo. Conto com os bancos privados para ampliar o programa", desafiou Mantega.
O ministro explicou também que a complementação do Tesouro para o programa será gradual, até atingir os R$ 483 milhões em 2013. Em 2011, serão R$ 50 milhões. Em 2012, R$ 310 milhões. "Podemos dizer que, com esse programa, estamos dando um passo decisivo para a democratização do crédito no Brasil", afirmou. Segundo ele, as instituições privadas apostam mais no consumo, por meio do microcrédito, do que no financiamento ao setor produtivo. Tanto que têm R$ 973 milhões emprestados a microempreendedores e R$ 1,1 bilhão para os consumidores. A presidente Dilma Rousseff destacou que o Programa Crescer ganha relevância em meio à turbulência internacional.
O programa ainda depende de regulamentação pelo governo e só deverá começar a funcionar em 30 dias. Os grandes bancos privados não se empolgaram com o apelo do governo. O Bradesco informou que "está aguardando a divulgação das normativas para avaliação". O HSBC respondeu que "o microcrédito não faz parte da sua estratégia de negócios". O Santander informou que, desde 2002, quando iniciou experiência piloto, em São Paulo, concedeu R$ 1 bilhão em crédito para apoiar pequenos empreendedores.


Governo vai baixar juro do microcrédito

Autor(es): Edna Simão
O Estado de S. Paulo - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/governo-vai-baixar-juro-do-microcredito

Programa prevê gasto de R$ 843 milhões até 2013 para reduzir de 60% para 8% ao ano a taxa das operações de microcrédito produtivo
O governo federal vai desembolsar R$ 843 milhões até 2013 para bancar uma redução de 87% na taxa de juros das operações de microcrédito produtivo. A nova versão do Programa Nacional de Microcrédito Orientado, lançada ontem pela presidente Dilma Rousseff como Crescer, prevê queda do juro de 60% para 8% ao ano, redução de 3% para 1% do valor da operação da Taxa de Abertura de Crédito (TAC) e metas de empréstimos a serem atingidas pelos bancos públicos.
Desde 2004, os bancos são obrigados a aplicar 2% dos depósitos à vista em operações de microcrédito. Por causa do alto custo das operações, muitas instituições têm optado por deixar o dinheiro depositado, sem remuneração, nos cofres do Banco Central (BC). Em julho, as instituições deveriam ter liberado R$ 3,15 bilhões para o microcrédito, mas algo em torno de R$ 1 bilhão ficou parado no BC.
Ao tentar destravar o microcrédito, o governo quer estimular os pequenos negócios e, com isso, garantir renda para a chamada nova classe média em um cenário de desaceleração por causa dos impactos da crise global. "O objetivo é elevar a produtividade e gerar emprego", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O programa Crescer é dirigido a empreendedores informais e individuais com faturamento de até R$ 120 mil anuais. O valor de cada operação pode chegar a R$ 15 mil, com prazo de pagamento negociado entre o banco e o tomador de crédito.
Obrigação. Mas, para subsidiar a queda dos juros e a redução da TAC, o governo está obrigando quatro bancos públicos - Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste (BNB) e Banco do Brasil - a aplicarem os 2% de depósito à vista, com metas para empréstimo.
Para o Banco do Nordeste e Banco do Brasil não haverá problemas, pois já emprestam mais do que os 2% exigidos. A exigibilidade do Banco do Nordeste, por exemplo, é de R$ 346 milhões e o banco aplicou R$ 857 milhões. Já o BB deveria emprestar R$ 1,1 bilhão e liberou R$ 1,2 bilhão.
Já a Caixa e o Banco da Amazônia terão de melhorar o desempenho. A exigência para a Caixa era de R$ 400 milhões e a instituição liberou algo em torno de R$ 350 milhões. O Banco da Amazônia tinha de emprestar R$ 11 milhões, mas repassou apenas R$ 2,5 milhões. A expectativa é de que essas instituições acelerem as liberações para o microcrédito para conseguir atingir as metas fixadas pela presidente: R$ 3 bilhões em empréstimo e 3,46 milhões de novos clientes até 2013.
Para mudar o perfil do microcrédito, voltado ao consumo, para o setor produtivo, o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai estabelecer qual o porcentual de recursos da exigibilidade que será destinado ao microcrédito produtivo orientado. Pelo escalonamento, a partir de janeiro de 2012 as instituições devem ter 10% da exigibilidade aplicada nesse tipo de crédito. Esse valor sobe para 40% em julho de 2012, para 60% em janeiro de 2013 e para 80% em julho de 2013.
Os bancos privados também poderão solicitar o subsídio do governo desde que se comprometam a reduzir os juros a 0,64% ao mês ( 8% ao ano) e a TAC para 1% do valor da operação. Como a redução é abrupta, o secretário adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gilson Bittencourt, acredita que, inicialmente, a participação será concentrada nos bancos públicos.
Segundo ele, se for necessário mais subsídio do governo, a medida provisória encaminhada ao Congresso prevê que o Tesouro poderá desembolsar R$ 500 milhões por ano ou R$ 1,5 bilhão até 2013 para equalizar os juros desses empréstimos.
CARA NOVA
O Governo Federal alterou o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado. Principal mudança é redução da taxa de juros que passa de 60% ao ano para 8% ao ano.
Quem pode receber
O programa continua direcionado a empreendedores informais (pessoas físicas), empreendedores individuais e microempresas com faturamento de até R$ 120 mil anuais.
Principal mudança
A taxa de juros cairá de até 60% ao ano para 8% ao ano. Taxa de Abertura de Crédito (TAC) passa de 3% sobre o valor financiado para 1% sobre o valor do crédito.
Valor das operações
Cada operação de crédito, destinado a capital de giro ou investimento, pode chegar a R$ 15 mil. Prazo de pagamento é pactuado entre bancos e tomador, de acordo com o tipo de empreendimento e uso do dinheiro.
Beneficiados
As autoridades do governo acreditam que mais de 3,4 milhões de clientes deverão ser beneficiados com o programa até o final de 2013.
Carteira
A carteira ativa do programa poderá alcançar R$ 3 bilhões, divididos entre Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia.
Equalização
Governo vai subsidiar até R$ 500 milhões por ano para garantir a redução dos juros e orientação para o crédito.
Tramitação
Para que as operações comecem a ser feitas, o governo vai editar Medida Provisória autorizando a União a conceder a subvenção. Conselho Monetário Nacional (CMN) vai editar resolução determinando que 2% dos depósitos à vista sejam destinados ao microcrédito. O Ministério da Fazenda editará duas portarias de equalização.


Microcrédito focará capital de giro e investimento

Autor(es): João Villaverde
Valor Econômico - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/microcredito-focara-capital-de-giro-e-investimento
 

O governo vai privilegiar, na concessão de microcrédito, a partir de hoje, os empréstimo para capital de giro e investimento, em vez do consumo. As operações contarão com uma redução radical das taxas de juros, que passarão de 60% ao ano, como praticadas hoje pelos bancos, a 8% ao ano. Além disso, a taxa de abertura de crédito será cortada de 3% para 1%. Para convencer os bancos a operarem essas linhas, o governo vai colocar à disposição um subsídio de R$ 500 milhões anuais até 2013, que devem compensar a adequação.
O novo pacote de condições para a modalidade de microcrédito faz parte do programa "Crescer- Programa Nacional de Microcrédito", lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff. Os dispositivos e as condições para acessar os subsídios do Tesouro Nacional estão detalhados em Medida Provisória (MP) que o governo publica hoje no Diário Oficial da União. Os bancos poderão dispor da exigibilidade de 2% dos depósitos à vista deixados compulsoriamente com o Banco Central (BC). O Conselho Monetário Nacional (CMN) divulga hoje a exigibilidade de cada instituição. O limite de empréstimo é de R$ 15 mil.
À frente do programa estão os quatro bancos públicos federais - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Nordeste (BNB) e Banco da Amazônia (Basa). São eles que, num primeiro momento, impulsionarão o cumprimento das metas lançadas por Dilma. Juntos, os quatro terão à disposição R$ 3,1 bilhões referentes aos 2% de exigibilidade que recolhem ao BC. A meta do governo é que a carteira ativa dos quatro, em operações de microcrédito, atinja R$ 654,5 milhões já neste ano, e termine 2013 com R$ 2,9 bilhões.
A equipe econômica espera incluir 734,2 mil novos clientes no Crescer entre o fim de setembro, quando o governo estima que os quatro bancos públicos estarão habilitados a receber os subsídios, e o fim do ano. Como trunfo, o governo conta com os 570 mil clientes de operações de microcrédito já realizadas pelo BNB, que, segundo Abidias Junior, presidente do banco, serão automaticamente inseridos no programa.
Em 2012, a estimativa do governo é chegar a 2,2 milhões de novos clientes e outros 3,4 milhões de novos tomadores. Os técnicos do governo avaliam que os R$ 500 milhões em subsídios anuais que serão disponibilizados pelo Tesouro não deverão ser utilizados integralmente pelos bancos. Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, os bancos deverão usar cerca de R$ 50 milhões neste ano, outros R$ 310 milhões ao longo de 2012 e R$ 483 milhões em 2013.
Na MP, o governo exige que os bancos públicos direcionem já em janeiro de 2012 o equivalente a 10% do total de R$ 3,1 bilhões que terão a disposição para linhas de microcrédito produtivo. Essa exigência passará a 40% do total em junho, 60% em janeiro de 2013 e 100% em junho de 2013.
Atualmente, os quatro bancos públicos utilizam R$ 2,1 bilhões da exigibilidade para microcrédito- R$ 1,05 bilhão permanecem no BC.



Revolução à vista

Correio Braziliense - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/revolucao-a-vista

Inspirado no programa de microcrédito do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o governo federal desenvolveu um projeto para todo o país com o objetivo de democratizar os empréstimos e financiamentos à população de mais baixa renda. A meta é atender parte dos 16 milhões de brasileiros classificados como extremamente pobres e ajudá-los a ter seu próprio negócio. A exemplo do ocorrido em Bangladesh no início no ano 2000, quando Muhammad Yunus fundou o Grameen Bank e desenvolveu o primeiro projeto de microcrédito do mundo — ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz com a ideia —, o BNB e o governo federal tentam repetir a fórmula de sucesso. Ao Correio, Jurandir Santiago, presidente da instituição, conta como está sendo a execução do projeto no Nordeste. Faz ainda um balanço dos resultados obtidos até agora. "A nossa carteira soma R$ 912 milhões em financiamentos", afirma. Segundo ele, mais de 1,2 milhão de operações foram contratadas apenas em 2011, a um valor médio de R$ 800. "O BNB é um banco de fomento completo, financia desde um carrinho de pipoca até uma obra de infraestrutura mais complexa", garante. Leia os principais trechos da entrevista.
O microcrédito é um bom negócio para os bancos?
O projeto existe desde 1998, mas ganhou força a partir de 2003, quando passou a ter status de política de governo. Atualmente, a instituição realiza 8,1 mil contratos por dia, sendo que a maioria deles é de até R$ 1 mil. Trabalhamos com opções de financiamento que vão de R$ 100 a R$ 15 mil. E só temos a comemorar os resultados.
Qual o público do projeto?
Entre os principais clientes estão trabalhadores informais. O objetivo é ajudar as pessoas a crescer por meio do crédito e do próprio esforço, para que se formalizem e possam viver melhor. Normalmente, os projetos que as pessoas querem financiar são realmente pequenos. Por isso, os valores pedidos são tão baixos. Pode ser, por exemplo, para a compra de um carrinho de pipoca.
Mas os juros ainda não são altos?
Até ontem, o BNB oferecia microcrédito com taxas de 1,2% ao mês, já bem inferiores à média do mercado. Com o novo projeto do governo federal, abriremos uma nova carteira com juros de 0,64% mensais. Isso deve proporcionar um aumento significativo da nossa carteira, que, até o fim do ano, deve chegar com R$ 475 milhões. A carteira antiga, até julho, soma R$ 912 milhões, com um total de 1,2 milhão de operações.
Emprestar a pessoas de poucos recursos é um bom negócio? Qual é a taxa de inadimplência?
O atraso nos pagamentos é mínimo, de 0,9%, bem inferior à média do mercado (no crédito tradicional, a taxa é de 6,6%). Para garantir o bom funcionamento do programa, o BNB atua com 3,3 mil assessores em todas as regiões do Nordeste. Eles trabalham com os tomadores de empréstimo antes do contrato, acompanham a assinatura e prestam ajuda posteriormente, oferecendo cursos de capacitação para evitar que o microempreendimento não dê resultados.
O projeto do governo federal vai criar concorrentes para o BNB?
De forma alguma. Não vejo a entrada de mais bancos públicos nesse projeto como concorrência e, sim, como algo positivo. O que estamos fazendo é uma política social para tirar milhões de brasileiros da informalidade e da pobreza. Vejo a chegada de novos bancos como algo complementar. Se pensarmos na quantidade de pessoas no mercado informal de trabalho, que são quase 10 milhões, e compararmos ao público com acesso a crédito, constataremos que há muito para crescer. Apenas 6% desse total têm acesso a financiamentos.


Concessão de crédito desacelera em julho, mas em ritmo lento

Autor(es): Monica Izaguirre
Valor Econômico - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/concessao-de-credito-desacelera-em-julho-mas-em-ritmo-lento

O volume de empréstimos e financiamentos novos concedidos pelo sistema financeiro nacional caiu 5,1% em julho, em comparação ao mês anterior, segundo o Banco Central (BC). Foi a quarta queda desde o início do ano, apontando para uma tendência de desaceleração do crédito em 2011. A redução do ritmo é menos intensa, porém, quando se olham dados dessazonalizados, pondera o economista Alexandre Andrade, da Consultoria Tendências.
Feitos os ajustes sazonais e descontada a inflação, o recuo do fluxo de concessões foi de apenas 0,4% no mês. No ano, Andrade calcula retração de 0,8%, também inferior à queda apurada com base em valores nominais, de 6,2%.
A redução do fluxo de crédito novo em julho foi concentrada nas operações com empresas, que tomaram nos bancos volume de recursos 6,9% inferior ao de junho, pelos números do BC. Com ajuste sazonal, também se verifica queda, mas de apenas 0,9%, destaca Andrade. Também no acumulado do ano (fluxo de julho ante o de dezembro), esses ajustes revelam variação negativa mais suave, de 2,2%, contra 10,9% de diminuição nominal.
Nas operações com pessoas físicas, o critério mais refinado de apuração sequer aponta queda. Ao contrário, indica que o volume tomado por essa clientela subiu 0,2% em julho, ao passo que a variação nominal foi negativa em 2,5%. Já no acumulado do ano até julho, o dado dessazonalizado mede aumento de 1,3%, inferior ao de 1,5% divulgado ontem pelo BC.
Em ambos os critérios, o levantamento diz respeito ao mesmo universo de operações olhado pelo BC para medir as taxas de juros, consideradas as que efetivamente se sujeitam às condições de mercado. O saldo das chamadas operações referenciais representa perto de 85% do estoque de crédito oriundo de recursos de livre aplicação e pouco mais da metade do estoque total de crédito do sistema financeiro, que inclui aplicações obrigatórias dos bancos.
Refletindo o menor volume de concessões, o saldo do crédito referencial subiu apenas 1,1%, para R$ 978,5 bilhões. Idêntica foi a taxa de expansão do saldo total de ativos de crédito do sistema, que fechou julho em R$ 1,854 trilhão e inclui aplicações obrigatórias. Os bancos públicos, que respondem por 42% dessa carteira, mais uma vez tiveram desempenho mais agressivo do que os privados e cresceram 1,4%, variação acima da média, portanto. A carteira do BNDES particularmente se destacou, com aumento de 1,7%.
Independentemente do critério de mensuração, o economista Alexandre Andrade acredita que a taxa de expansão do crédito em 2011 será efetivamente mais moderada do que a de 2010. O Banco Central projeta aumento nominal de 15% no saldo, ritmo inferior ao de 20,6% visto em 2010.
Mesmo que seja em termos reais mais lento do que parece, o ritmo de desaceleração visto até agora não compromete as expectativas de queda de inflação, acredita ele. Isso porque o crédito afeta mais a demanda por bens de consumo duráveis e não a demanda por serviços, cuja pressão sobre o IPCA tem sido maior. Assim, embora seja considerado, o crédito não ocupa mais o topo das preocupações do BC ao fazer o balanço de riscos para a inflação e definir a taxa básica de juro.
A expansão do crédito seguirá moderada, avalia Andrade, entre outros fatores pela conjuntura de crescimento econômico também menor, interno e mundial, e de juros ainda muito elevados. As medidas macroprudenciais tomadas pelo governo no fim do ano passado também ajudam a inibir qualquer retomada mais forte.
Por outro lado, tanto o aumento de juro quanto as medidas resultaram em nova elevação de inadimplência das operações com pessoas físicas, cuja taxa subiu de 6,4% em junho para 6,6% em julho, acumulando elevação de 0,9 ponto percentual sobre dezembro de 2010. A das empresas ficou estável em 3,8%, número, porém, ainda acima do de dezembro (3,5%).
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, não vê nesses números motivo de preocupação. Ele acredita em acomodação e posterior queda em função da melhora de indicadores de emprego e renda. Alexandre Andrade concorda.
No caso das famílias, as medidas de desestímulo ao crédito do ano passado ajudaram a aumentar o índice de operações com pagamentos em atraso porque induziram tomadores a migrar de modalidades mais baratas, como crédito consignado e leasing, para outras mais caras, como crédito pessoal, destaca ainda o economista.
Os juros ao tomador final até caíram para esse segmento em julho, em 0,4 ponto percentual, na média, para 45,7% ao ano. Mas a média ainda supera a do fim de 2010 (40,6%). O custo do cheque especial, historicamente o mais alto, foi na contramão da média em julho e subiu 3,3 pontos percentuais, para 188% ao ano, a maior taxa desde abril de 1999.

Juro retrai crédito de cartão e cheque

Autor(es): Fernando Nakagawa e Fabio Graner
O Estado de S. Paulo - 25/08/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/8/25/juro-retrai-credito-de-cartao-e-cheque

Taxas mais altas e medidas macroprudenciais brecaram essas modalidades, mas ritmo segue forte no empréstimo habitacional e do BNDES
As medidas prudenciais e a alta do juro conseguiram reduzir a expansão do crédito. A desaceleração ocorreu basicamente nas operações que os bancos podem fazer livremente, em especial as modalidades mais caras, como cheque especial e cartão de crédito. Nos empréstimos direcionados, como o habitacional e o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém, o ritmo segue forte.
Enquanto as operações livres cresceram 0,7% em julho, os financiamentos com destinação específica avançaram 1,9%. O primeiro grupo tem vivenciado um processo de alta na taxa de juros, que em julho chegou, na média geral, a 39,7% ao ano. O crédito direcionado trabalha com taxas mais baixas e subsidiadas pelo governo. Exemplo claro do encarecimento do crédito livre é o cheque especial, cuja taxa de juro atingiu 188% ao ano, o nível mais alto em mais de 12 anos.
Alheio às medidas do governo para desacelerar o crédito, os empréstimos direcionados - normalmente operados por bancos públicos - seguem em firme expansão. Dados do Banco Central divulgados ontem mostram que o avanço de 1,9% dessas operações em julho foi o mais elevado de 2011, superior à média mensal de 1,2% de janeiro a junho. Em 12 meses, essas operações cresceram R$ 104,6 bilhões, o equivalente a uma alta de 23,6%.
O crédito para a compra da casa própria - segmento dominado pela Caixa Econômica Federal - liderou o movimento, com expansão de 3,5% apenas em julho. Atualmente, o estoque de dívida imobiliária é de R$ 173,3 bilhões. Outro destaque é o BNDES, cujos créditos em julho avançaram 1,7%.
"Os dados mostram uma aposta do governo para reduzir os efeitos da crise", afirma o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida. "De um lado, bancos públicos aceleram o crédito para empresas para tentar afastar problemas como demissões. Por outro, o imobiliário não pode parar agora porque construtoras estão entregando imóveis que foram vendidos há dois anos, durante boom do mercado nas grandes cidades."
Para Almeida, o reforço do crédito direcionado "parece interessante" enquanto se espera definição da crise internacional. Ao mesmo tempo, apoia a redução de ritmo nas operações voltadas ao consumo. Ele acredita que a inflação mais elevada dos últimos meses exige uma ação coordenada para conter a demanda.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, destacou que o crédito segue crescendo, mas com ritmo mais moderado. "A moderação vem em linha com a expectativa do BC após as medidas prudenciais e a mudança na política de juros." O economista Adriano Lopes, do Banco Itaú, ressalta em relatório para clientes que, com a desaceleração recente, "o patamar das concessões de crédito à pessoa física finalmente aproximou-se do nível de novembro de 2010, mês imediatamente anterior à primeira rodada de medidas macroprudenciais".
Cheque especial. Além de emprestar menos, bancos estão cobrando mais. O encarecimento ocorreu sobretudo no cheque especial. O preço do dinheiro pré-aprovado aumentou 3,3 pontos em 30 dias e atingiu a taxa mais elevada desde abril de 1999. Isso quer dizer que, se um cliente estiver com a conta negativa em R$ 1.000 hoje e permanecer no vermelho por 365 dias, vai dever R$ 2.880.
"Esse juro tem mostrado esse comportamento de alta há alguns meses e reflete o perfil do cliente. O cheque especial é uma operação que oferece taxas diferenciadas conforme o tomador", explicou Maciel, ao citar a entrada de novos clientes com um perfil de risco mais elevado no sistema.
Movimento idêntico foi visto no segmento empresarial. O cheque especial das empresas, chamado de conta garantida, saltou 5,5 pontos em apenas um mês até os 111,7% anuais, o mais alto nível em mais de 15 anos, desde março de 1996.

Nenhum comentário:

Postar um comentário